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Paraná aposta no Fiagro e prepara fundo soberano para impulsionar o agro
Governador Ratinho Junior destaca protagonismo do Estado no setor e aponta crédito e inovação como bases para o futuro.

O governador Carlos Massa Ratinho Junior destacou o bom momento do Paraná no campo ao participar da 6ª edição do Fórum do Agronegócio, na manhã desta quinta-feira (4), em Londrina, Norte do Estado. Ele voltou a lembrar o esforço para transformar o Estado no supermercado do mundo e valorizou o financiamento de investimentos para os agricultores, por meio do Fiagro (Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais ). Disse ainda que o grande acerto do Paraná é o planejamento a longo prazo.
Esses temas foram explorados pelo chefe do Executivo paranaense durante o painel “Geopolítica no agro: produção eficiente e acesso a mercados”. A proposta da atividade, que contou com mais três debatedores, era desenvolver uma avaliação conjunta sobre como o país pode se posicionar de forma estratégica frente às novas dinâmicas globais, considerando a integração entre governo, lideranças e entidades representativas, em busca de protagonismo global.
“O agro é o carro-chefe do Paraná. A nossa base econômica, quase 40%, vem derivada da agroindústria. É por isso que o Paraná tem se transformado cada vez mais no supermercado do mundo”, falou o governador. “Isso porque, além de produzir tudo aquilo que a gente já faz na roça, nós também hoje passamos a ter uma industrialização, que é a transformação desses alimentos, gerando muito emprego nas empresas, cooperativas, indústrias e consolidando o Paraná cada vez mais como um grande exportador. Somos o maior produtor de proteína animal do país”, complementou. Em 2024, o Paraná exportou para 210 países, principalmente soja, carnes (frango e suíno), café, madeira, bebidas e derivados.

Foto: Jonathan Campos/AEN
Para garantir uma evolução crescente no setor, de suma importância para o território paranaense, mas também brasileiro, Ratinho Junior apontou o Fiagro como uma solução viável e fundamental. A função desse projeto é permitir acesso dos produtores a recursos financeiros com juros abaixo do mercado para investir na ampliação e aprimoramento dos negócios. “O Fiagro é a carta de alforria do agricultor, dando independência para ele usar como convier, desde que seja para investimento, como infraestrutura, maquinário”, resumiu o governador. O Fundo de Investimento Agrícola do Paraná (FIDC Agro Paraná) é o primeiro crédito rural criado por um governo estadual no país.
Com o sucesso do Fiagro, Ratinho Junior revelou outra iniciativa também voltada ao acesso de crédito, com modelagem sendo atualmente feita em conjunto com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). “Nós vamos criar o primeiro fundo soberano do Brasil. Teremos dinheiro para ser aplicado dentro do Paraná. A ideia é entrar junto com a iniciativa privada em grandes investimentos para estruturar o Estado”.
Ratinho Junior destacou também a necessidade de a propriedade rural estar cada vez mais mecanizada, para se tornar ainda mais competitiva, falou sobre a importância da implantação dos sistemas de irrigação para aumentar a produtividade e do esforço para o crescimento da energia limpa, por meio de biogás, energia solar, metanol, e pequenas centrais hidrelétricas. “É importante podermos debater o agronegócio, suas questões logísticas, que são tão importantes. Do mesmo modo, discutir novas tecnologias, que nos ajudam na produção de alimento mais saudável, por exemplo. Hoje nos consolidamos como o maior produtor de alimento orgânico do Brasil”, declarou o governador.
Presente ao evento, o secretário das Cidades, Guto Silva, explicou a ligação estreita de sua pasta com o segmento. “O agronegócio está muito vinculado à infraestrutura urbana dos municípios. Nós temos muitos empreendimentos industriais, agroindustriais, frigoríficos, grandes unidades que têm pressionado as cidades também na ampliação da sua infraestrutura urbana: mais habitação, mais creche, mais escola”, comentou. “Temos trabalhado em sintonia com o setor produtivo, sobretudo com as cooperativas, para identificar onde correrão esses investimentos nos próximos dez anos, para levar água, esgoto, luz, habitação, justamente para que as cidades possam acompanhar esse crescimento do agronegócio, que é vertiginoso no Paraná”, finalizou.
Já o prefeito de Londrina, Tiago Amaral, valorizou a realização do encontro na cidade. “Esse evento é fundamental, porque posiciona Londrina como realmente uma das capitais do agro no Brasil. Estamos posicionando a nossa cidade, de fato, como uma das principais cidades e destinos para investimento no agronegócio, principal fonte de investimento hoje do país”, analisou.
O painel teve como moderador o jornalista Cassiano Ribeiro, do Globo Rural, e contou, além de Ratinho Junior, com: Marcelo Janene El-Kadre, presidente da Sociedade Rural do Paraná; Pedro Lupion, deputado federal e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária; Wagner Kronbauer, vice-presidente Institucional da APEX Partners.
Fórum
O Fórum do Agronegócio é um evento anual promovido pela Sociedade Rural do Paraná, com o intuito de reunir toda a cadeia produtiva do setor. A 6ª edição é intitulada “Agro 360: competitivo, sustentável e bem compreendido” e tem a premissa de olhar de modo amplo para o segmento, debatendo caminhos para torná-lo mais competitivo e sustentável.
Composto por quatro painéis e uma palestra magna com a jornalista e especialista em ESG Giuliana Morrone, o encontro visou promover a troca de ideias e a elaboração de soluções para os desafios de um mundo em transformação. Se propôs ainda a ser um espaço de diálogo estratégico que conecta lideranças e estimula a inovação, contribuindo para o fortalecimento do setor.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



