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Para cruzamento e seleção: Tabapuã nelas
Vantagens da raça e a capacidade de imprimir as características produtivas e reprodutivas nas suas progênies destacam a genética em projetos de cruzamento industrial

Entre as zebuínas, a raça Tabapuã é uma das que mais se destacam na produção de bezerros de qualidade e cruzados de alta performance para o abate. Além das características aparentes como a da carcaça volumosa e do caráter mocho, são fortes as de aspecto zootécnico, econômico e de temperamento como habilidade materna, precocidade e docilidade.
Nos relatórios estatísticos da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), há décadas o Tabapuã também brilha como uma das raças com maior volume de animais registrados em um gráfico de crescimento estável. O plantel puro ocupa a segunda colocação em emissões de registros definitivos para um rebanho de seleção disseminado em quase todos os estados brasileiros.
A origem desse zebu sintético data de mais de um século atrás, com influências genéticas do gado mocho nacional e animais de origem indiana que foram cruzados por fazendeiros do estado de Goiás para criar o Mocho Nacional ou Baio Mocho. Em 1912, os animais começaram a ser levados para exposições na Feira da Cidade de Goiás e a partir da década de 40, no município de Tabapuã (SP), a raça foi reconhecida e assumiu as características que perduram até hoje.
As vantagens da raça e a capacidade de imprimir as características produtivas e reprodutivas nas suas progênies destacam a genética em projetos de cruzamento industrial. Seja no pasto ou em confinamento, os animais têm bom ganho de peso e demonstram acabamento de carcaça exemplar. A precocidade do Tabapuã é um fator valioso, assim como os resultados na balança.
- Ótimo ganho de peso
- Caráter mocho
- Docilidade
- Habilidade materna
- Menor idade ao primeiro parto
- Excelente potencial de criar o bezerro com uma ótima conformação de úbere e caracterização racial
Estudos feitos na Universidade de Lavras (UFLA), mostram que o Tabapuã acumula grande potencial em rendimento de carcaça chegando a mais de 54% nos lotes pesquisados.
Com uma base consistente o criador pode diversificar, produzindo animais com aptidão tanto para corte como para leite pois o Tabapuã proporciona essas duas características.
Nos diversos cruzamentos destaca-se o Tabanel, fruto da cobertura do touro Tabapuã em vaca Nelore, que é o mais utilizado no território brasileiro, além do cruzamento com a zebuína Gir que possibilita a formação de uma base consistente, com a vantagem da ausência de chifres, na produção de leite. E com as raças europeias, as mais utilizadas são: Aberdeen Angus, Limousin e Senepol, sendo assim cruzamentos que geram resistência e rusticidade aliadas a produção de carne de qualidade que é muito demandada pelo mercado interno e externo com valor agregado.
Na virada do semestre dois eventos irão destacar a raça Tabapuã na programação do mercado pecuário em nível nacional, além de movimentar a equipe da Connect Leilões e do Canal do Boi. O Shopping “2ª Semana Tabapuã da G 05”, que vai vender reprodutores, fêmeas comerciais e animais de pista, começa no dia 19 de junho e segue até 26. O evento chancelado pelo Pró-Genética da ABCZ, vai ofertar lotes do promotor e de convidados, apartados por características de precocidade, performance e força racial, além de avaliações positivas no Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos.
“Estamos ofertando uma raça que traz muitos benefícios e heterose em vacadas comerciais pelas várias habilidades que agrega ao rebanho. O Tabapuã vem acompanhando uma evolução de mercado com curva crescente e números sustentáveis e isso gera uma base sólida até para projetarmos investimentos. A demanda é intensa, pois a necessidade de touros de qualidade e também por fêmeas para produção de gado de corte é grande. O Tabapuã vai muito bem em todo o Brasil principalmente nas regiões quentes e que são polo de produção pecuária. Espero o melhor do nosso shopping com bons negócios e disseminar essa genética para nossos clientes”, disse o promotor do evento João Trivelato Neto.
E no mês de julho entra em cartaz a “2ª Semana Tabapuã Copacabana”. O shopping acontece de 5 a 10 de julho com animais que representam a ponta do criatório que tem 47 anos de seleção genética fundamentada em avaliações do PMGZ, biotipo, funcionalidade e padrão racial com ultrassonografia de carcaça há mais de uma década.
“Nós entramos na raça porque ela foi selecionada cumprindo regulamentos do MAPA que determinavam a participação do gado em provas de ganho em peso. Por essa questão científica e zootécnica passou por todos os modismos de raças importadas e segue firme principalmente nesse momento positivo que o mercado busca o cruzamento. O Tabapuã emprega nesse rebanho docilidade, habilidade materna e além de mais peso, acabamento de carcaça. Sendo que a genética também é ideal para produzir o tricross com o Tabanel. Nossa expectativa é positiva com relação aos resultados do remate porque o mercado por touros melhoradores com genética de quem realmente faz seleção está aquecido”, explicou o criador Edson de Azevedo Ribeiro, representante do condomínio de Maria Mendonça de Azevedo Ribeiro promotor do evento que além dos lotes especiais da raça Tabapuã, vai ofertar animais Mangalarga Marchador e Quarto de Milha.
“A genética da raça Tabapuã tem tido excelentes resultados nos projetos de cruzamento. A heterose traz muita coisa boa e muita qualidade para o gado comercial que acima de tudo fica muito pesado. Esses dois eventos são oportunidades para todos pecuarista que precisa de bons reprodutores para a vacada ou para criadores que querem reforçar seus plantéis”, diz o diretor da Connect Leilões, Silvestre Marinho do Carmo.

Notícias
Brasil assume protagonismo global ao liderar nova coalizão de mercados de carbono
Iniciativa lançada na COP30 integra países na precificação de emissões e reforça o papel brasileiro na diplomacia climática e na regulação ambiental.

Anunciada durante a COP30, a criação da Coalizão Aberta de Mercados Regulados de Carbono reposicionou o Brasil no centro da diplomacia climática ao reunir países e blocos que já adotam ou estão estruturando mecanismos de precificação de emissões. Idealizada pelo Ministério da Fazenda e formalizada em 07 de novembro, a iniciativa promete integrar sistemas regulados de comércio de emissões e fortalecer a cooperação técnica entre governos e reguladores.
“A Coalizão se diferencia por ser aberta, técnica e colaborativa. O desenho cria um ambiente permanente de troca entre autoridades e instituições reguladoras, aproximando metodologias de monitoramento, relato e verificação, padrões de contabilidade, mecanismos de registro e critérios de integridade, o que é bastante positivo para todo o mercado”, avalia o engenheiro químico com mestrado em Gestão de Resíduos, Fernando Beltrame, que acompanhou as discussões em Belém (PA).
Segundo o especialista, a intenção é promover convergência regulatória, ampliar transparência e construir bases comuns para que diferentes mercados conversem entre si, aumentando a liquidez, reforçando a previsibilidade de preços e oferecendo mais segurança a investidores, empresas e desenvolvedores de projetos socioambientais.

Fernando Beltrame, engenheiro químico com mestrado em Gestão de Resíduos: “A Coalizão se diferencia por ser aberta, técnica e colaborativa”
O movimento se apoia em um princípio clássico da economia ambiental: atividades poluidoras precisam ter um preço. Ao atribuir um valor financeiro às emissões de gases de efeito estufa, os mercados de carbono criam incentivos para que governos e empresas reduzam seus impactos e direcionem investimentos a modelos produtivos mais limpos. Foi com essa lógica que tanto os mercados regulados quanto os voluntários se consolidaram como instrumentos centrais da transição para uma economia de baixo carbono.
Durante o maior evento climático, a proposta ganhou força com a adesão de 18 países e regiões, entre eles a União Europeia, responsável pelo maior mercado regulado do mundo, e a China, que opera o segundo maior sistema global. A entrada conjunta desses dois atores, somada ao engajamento de países de diferentes continentes, foi interpretada como sinal de maturidade da agenda e de compromisso com sistemas de carbono mais alinhados e confiáveis.
Para Beltrame, a conferência marcou um ponto de virada para o Brasil e para o mercado global. “A COP30 reforçou o papel brasileiro como articulador de soluções climáticas de escala internacional e mostrou que o mundo busca, e requer, harmonização regulatória e integridade ambiental”, afirma.
Segundo ele, os resultados abrem caminhos concretos para o setor produtivo, ampliando a segurança jurídica, atraindo investimentos e aproximando o país das cadeias globais de descarbonização.
Apesar do avanço diplomático, Fernando Beltrame avalia que o país ainda não está pronto para capturar todo o potencial desse novo cenário. O principal gargalo é a falta de projetos de alta integridade em volume suficiente para atender à demanda crescente. “É urgente fortalecer o pipeline de iniciativas de qualidade, com metodologias consistentes, auditorias independentes e impactos reais para territórios e comunidades”, ressalta.

Foto: Freepik
Na visão do especialista, a integridade será o critério decisivo da nova fase dos mercados de carbono. A busca por adicionalidade comprovada, rastreabilidade total e benefícios socioambientais tangíveis deve impulsionar o surgimento de uma nova geração de projetos no país e separar, na prática, iniciativas estruturadas de operações oportunistas.
Beltrame destaca ainda o papel das tecnologias digitais na ampliação do acesso e na construção de confiança. Plataformas brasileiras como a Carbonfair cumprem função de dar transparência e rastreabilidade ao ciclo de vida dos créditos, além de simplificar a entrada de empresas e pequenos produtores nesse mercado. “Quando organizamos dados, padronizamos informações e permitimos acompanhar cada etapa, criamos as condições para que mais atores participem com segurança”, salienta.
Para ele, o Brasil vive um momento histórico, com capacidade técnica crescente e um ambiente regulatório em evolução. “A COP30 deixou claro que existe expectativa internacional pela liderança brasileira nessa pauta. Transformar esse potencial em resultados concretos exigirá ampliar o número de projetos qualificados, atrair investimentos e fortalecer a credibilidade do mercado nacional. Os elementos já estão postos, agora é preciso ganhar velocidade”, evidencia.
Colunistas
Adaptação climática redefine estratégias do agronegócio brasileiro
Setor avança em tecnologias, gestão e políticas para reduzir riscos e garantir produção em um cenário de clima cada vez mais instável.

O agronegócio brasileiro convive com um paradoxo evidente quando o assunto é mudanças climáticas. O setor responde por parcela significativa das emissões, ao mesmo tempo em que está entre os mais expostos ao avanço da temperatura, aos períodos prolongados de ondas de calor e à instabilidade do regime de chuvas. Esse conjunto de pressões biofísicas transforma a adaptação em pauta importante nas negociações do ramo. As discussões sobre riscos climáticos já não comunicam mais apenas tragédias do horizonte. Atualmente elas se fazem presente no cotidiano de produtores e fazem com que estes e as cooperativas, setor público e instituições financeiras precisem tomar decisões hoje para evitar perdas amanhã.

Artigo escrito por Milena Magalhães Oliveira, pesquisadora da Cepea.
Essa mudança de postura tem feito o agronegócio ocupar lugar de destaque na formulação de ações de adaptação. Produtores expandem o uso de sistemas integrados de produção, rotação de culturas, adotam cultivares mais tolerantes ao calor e ajustam calendários agrícolas de plantio com base em informações climáticas. A digitalização avança com sensores, monitoramento em tempo quase real e ferramentas que orientam o manejo da água, tornando a irrigação inteligente. Do lado do governo, programas de crédito rural e seguros agrícolas incorporam exigências ambientais e critérios técnicos alinhados à resiliência climática. Essas estratégias aproximam as políticas públicas das necessidades dos produtores no campo e priorizam investimentos que mitigam os riscos e vulnerabilidade climática, e, consequentemente, produtiva.
O setor privado tem se movimentado com rapidez. Grandes empresas do agronegócio já entendem que seguir padrões ambientais consistentes é uma questão de continuidade operacional, acesso a mercados e manutenção de reputação. As negociações multilaterais traçam um tortuoso e árduo mapa do caminho para salvar o planeta e metas globais ambiciosas permanecem distantes, ao passo que cadeias produtivas já direcionam recursos para inovação focada na adaptação, biotecnologia, manejo sustentável e redução de riscos climáticos.
Nesse caminho, empresas líderes funcionam como sinalizadoras. Elas orientam fornecedores, organizam programas de conformidade, estabelecem metas próprias de redução de emissões e estimulam o uso de tecnologias que reduzem perdas e ampliam a segurança da produção. Esse movimento gera referências para o restante do setor e reforça a ideia de que adaptação não é apenas resposta a eventos climáticos extremos. É uma estratégia de permanência econômica em um ambiente climático que já mudou e seguirá pressionando para um novo (e sustentável) formato de produção no campo.
Notícias
Plantio da soja desacelera e safra 2025/26 acende alerta
Irregularidade das chuvas mantém o ritmo abaixo do ano passado e aumenta as incertezas sobre o potencial produtivo, com apenas 78% da área semeada até 22 de novembro.

O ritmo de semeadura da soja da safra 2025/26 segue abaixo do registrado na temporada passada. Segundo pesquisadores do Cepea, esse cenário é reflexo da distribuição irregular das chuvas em grande parte do território nacional nos últimos três meses.
No Sul do País, o excesso de umidade ainda tem limitado o acesso às lavouras. Já no Centro-Oeste e no Matopiba, a distribuição desigual das precipitações resultou em umidade abaixo do necessário para avançar nos trabalhos de campo.
Apesar do aumento recente dos acumulados pluviométricos no Centro-Oeste e no Matopiba e da redução dos volumes de chuvas no Sul especialmente no Paraná, colaboradores do Cepea relatam que o cenário é de incertezas quanto ao potencial produtivo da safra 2025/26.
De acordo com a Conab, 78% da área nacional havia sido semeada até 22 de novembro, abaixo dos 83,3% registrados no mesmo período do ano passado.



