Avicultura
Papel da nutrição para maximizar o equilíbrio do microbioma das aves
Saúde intestinal das aves é um pilar fundamental para o sucesso da produção avícola. A qualidade dos ingredientes da ração influencia além do crescimento das aves na eficiência da digestão e do metabolismo.

A saúde intestinal das aves é um pilar fundamental para o sucesso da produção avícola. A qualidade dos ingredientes da ração influencia além do crescimento das aves na eficiência da digestão e do metabolismo. Um substrato residual – nutrientes que não são totalmente absorvidos pelo intestino – de baixa qualidade cria um ambiente propício para a proliferação de enterobactérias, o que compromete a integridade intestinal, afeta o desempenho produtivo e a saúde das aves. “Essa atenção à qualidade e à composição dos nutrientes disponíveis na ração das aves é essencial para garantir que o substrato seja de fácil fermentação, para que a microbiota realize seu papel de forma eficiente e em um curto intervalo de tempo”, enfatizou a médica-veterinária, mestre em Nutrição e Produção Animal e doutora em Zootecnia, Jovanir Inês Müller Fernandes durante o Simpósio Produção de uma Ave: interconexões entre saúde e nutrição, realizado na Conferência Científica Latino-Americana (PSA Latam), entre os dias 08 e 10 de outubro em Foz do Iguaçu, PR.
A especialista explica que o substrato não fermentado pela microbiota intestinal das aves acaba sendo excretado na cama do aviário. “Esse substrato contém água, elevando a umidade do ambiente. O excesso de umidade na cama, aliado ao acúmulo de substratos, favorece a elevação dos níveis de amônia, uma condição prejudicial ao sistema respiratório das aves e que favorece o surgimento de problemas como pododermatites. Essa condição afeta diretamente a locomoção das aves, podendo agravar problemas locomotores e deformidades esqueléticas devido ao crescimento rápido do frango de corte”, avalia Jovanir.
Outro problema apontado pela doutora em Zootecnia em virtude do excesso de substrato e água na cama do aviário decorrente da interação microbiota-dieta é a ocorrência de celulites, dermatites e dermatoses. “Essas condições levam a uma maior taxa de notificação das carcaças nos abatedouros, podendo gerar além da perda da carne, descaracterização dos cortes, o que acarreta também em problemas operacionais. As linhas de produção mais lentas por conta dessas condenas parciais causa prejuízo financeiro e compromete os próximos lotes que devem ser abatidos exigindo, muitas vezes, que alguns lotes sejam devolvidos aos aviários ou redirecionados para outros abatedouros”, enfatiza.
Microbioma intestinal estável
A principal influência de um microbioma intestinal estável é a produção consistente de metabólitos e a interação eficaz com o sistema imunológico, em uma relação bidirecional. Um microbioma equilibrado contribui para a estabilidade do sistema imune, assim como um sistema imune pouco desafiado ajuda a manter a estabilidade da microbiota intestinal. “O que buscamos hoje é o desenvolvimento de um genoma coletivo, em que a microbiota intestinal funcione como uma comunidade que produz metabólitos de maneira contínua e uniforme, favorecendo a nutrição e a imunidade das aves”, expõe Jovanir.

Foto: Embrapa
Outro aspecto fundamental para o desenvolvimento de uma microbiota saudável é a qualidade da matéria-prima utilizada na alimentação. Uma dieta precisa em termos de digestibilidade, garante que a microbiota seja uniforme e eficaz na produção de metabólitos. Nessa linha, fatores como a motilidade intestinal e o funcionamento adequado da moela – órgão central na trituração e mistura dos alimentos com o ácido gástrico – são primordiais. “A moela permite uma digestão química eficaz, com melhor proteólise e ação enzimática, especialmente da fitase, além de contribuir para um ambiente controlado para proteção de patógenos”, menciona Jovanir
Aditivos nutricionais
Os aditivos nutricionais mais eficazes para promover a saúde intestinal das aves são aqueles que melhoram a qualidade do substrato dietético. Nesse contexto, as enzimas desempenham um papel relevante, pois ajudam a quebrar e disponibilizar os nutrientes essenciais para a microbiota intestinal. Com isso, a microbiota consegue utilizar esses nutrientes de forma eficiente, gerando metabólitos e outros compostos derivados do seu metabolismo, que são fundamentais para a manutenção da saúde intestinal.
A especialista ressalta que aditivos como os pós-bióticos ajudam a modular o metabolismo da microbiota, mantendo-a estabilizada e otimizada para produzir metabólitos essenciais para a saúde das aves. “Quando as barreiras intestinais – mucosa, epitélio, imunológica e microbiológica – estão em equilíbrio, os mesmos nutrientes que alimentam a ave sustentam a integridade da mucosa intestinal. O equilíbrio dessas barreiras é muito importante para garantir o bom funcionamento do sistema imunológico e da microbiota”, aponta.
Manejo nutricional

Médica-veterinária, mestre em Nutrição e Produção Animal e doutora em Zootecnia, Jovanir Inês Müller Fernandes: “Quando as barreiras intestinais estão em equilíbrio, os mesmos nutrientes que alimentam a ave sustentam a integridade da mucosa intestinal” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural
Para reduzir o uso de antibióticos, é essencial minimizar os desafios enfrentados pelas aves. “Ao controlar fatores como manejo, ambiência e dieta desafiamos menos a microbiota e o sistema imune do animal, evitando assim o uso excessivo de antibióticos”, expõe.
Atualmente, Jovanir diz que tem sido observado um aumento no uso de antibióticos terapêuticos em alguns casos, devido ao fato dos desafios enfrentados pelas aves superarem a capacidade de resposta do sistema imunológico. “Quando isso ocorre, o sistema imunológico reage de forma agressiva, muitas vezes resultando em perda de apetite, febre e direcionando os nutrientes para a defesa imunológica. Nesse cenário, há um desvio de recursos nutricionais, que são usados para reposição de tecidos e defesa imune, em vez de serem destinados ao crescimento”, explica Jovanir.
Desafios na formulação da dieta
De acordo com Jovanir, um dos principais desafios enfrentados pelos nutricionistas avícolas ao tentar alinhar a dieta das aves com a promoção de um microbioma robusto e resiliente é o uso de ingredientes desconhecidos. Embora o milho e a soja sejam os principais componentes usados na nutrição das aves, a especialista reforça que esses grãos carregam consigo fatores antinutricionais que podem prejudicar a saúde intestinal. “Há uma variabilidade nutricional muito grande em relação às variedades de milho e de soja, o que torna o controle da dieta ainda mais complexa”, evidencia.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR
O processamento inadequado da soja também pode gerar problemas, pois a soja contém fatores alergênicos e imunogênicos que ativam a resposta do sistema imunológico, fazendo com que o organismo se defenda desses compostos. “Essa reação no sistema imune compromete a funcionalidade da mucosa intestinal, prejudicando a digestão e a absorção de nutrientes pelo animal”, afirma.
Para a mestre em Nutrição e Produção Animal, o grande desafio para os nutricionistas reside em formular uma dieta de qualidade que atenda à fisiologia da ave. “Isso além de melhorar a conversão alimentar, também minimiza os impactos negativos sobre a mucosa intestinal, contribuindo para a saúde geral e o desempenho das aves”, menciona Jovanir.
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Avicultura
Com 33 anos de atuação, Sindiavipar reforça protagonismo do Paraná na produção de frango
Trabalho conjunto com setor produtivo e instituições públicas sustenta avanços em biosseguridade, rastreabilidade e competitividade.

O Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) celebra, nesta quarta-feira (19), 33 anos de atuação em defesa da avicultura paranaense. Desde sua fundação, em 1992, a entidade reúne e representa as principais indústrias do setor com objetivo de articular políticas, promover o desenvolvimento sustentável e fortalecer uma cadeia produtiva que alimenta milhões de pessoas dentro e fora do Brasil.

Foto: Shutterstock
Ao longo dessas mais de três décadas, o Sindiavipar consolidou seu papel como uma das entidades mais relevantes do país quando o assunto é sanidade avícola, biosseguridade e competitividade internacional. Com atuação estratégica junto ao poder público, entidades setoriais, instituições de pesquisa e organismos internacionais, o Sindiavipar contribui para que o Paraná seja reconhecido pela excelência na produção de carne de frango de qualidade, de maneira sustentável, com rastreabilidade, bem-estar-animal e rigor sanitário.
O Estado é referência para que as exportações brasileiras se destaquem no mercado global, e garantir abastecimento seguro a diversos mercados e desta forma contribui significativamente na segurança alimentar global. Esse desempenho se sustenta pelo excelente trabalho que as indústrias avícolas do estado executam quer seja através investimentos constantes ou com ações contínuas de prevenção, fiscalização, capacitação técnica e por uma avicultura integrada, inovadora, tecnológica, eficiente e moderna.

Foto: Shutterstock
Nos últimos anos, o Sindiavipar ampliou sua agenda estratégica para temas como inovação, sustentabilidade, educação sanitária e diálogo com a sociedade. A realização do Alimenta 2025, congresso multiproteína que reuniu autoridades, especialistas e os principais players da cadeia de proteína animal, reforçou a importância do debate sobre biosseguridade, bem-estar-animal, tecnologias, sustentabilidade, competitividade e mercados globais, posicionando o Paraná no centro das discussões sobre o futuro da produção de alimentos no país.
Os 33 anos do Sindiavipar representam a trajetória de um setor que cresceu com responsabilidade, pautado pela confiança e pelo compromisso de entregar alimentos de qualidade. Uma história construída pela união entre empresas, colaboradores, produtores, lideranças e parceiros que acreditam no potencial da avicultura paranaense.
O Sindiavipar segue atuando para garantir um setor forte, inovador e preparado para os desafios de um mundo que exige segurança, eficiência e sustentabilidade na produção de alimentos.
Avicultura
União Europeia reabre pre-listing e libera avanço das exportações de aves e ovos do Brasil
Com o restabelecimento do sistema de habilitação por indicação, frigoríficos que atenderem às exigências sanitárias poderão exportar de forma mais ágil, retomando um mercado fechado desde 2018.

A União Europeia confirmou ao governo brasileiro, por meio de carta oficial, o retorno do sistema de habilitação por indicação da autoridade sanitária nacional, o chamado pre-listing, para estabelecimentos exportadores de carne de aves e ovos do Brasil. “Uma grande notícia é a retomada do pré-listing para a União Europeia. Esse mercado espetacular, remunerador para o frango e para os ovos brasileiros estava fechado desde 2018. Portanto, sete anos com o Brasil fora”, destacou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

Foto: Freepik
Com a decisão, os estabelecimentos que atenderem aos requisitos sanitários exigidos pela União Europeia poderão ser indicados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e, uma vez comunicados ao bloco europeu, ficam aptos a exportar. No modelo de pre-listing, o Mapa atesta e encaminha a lista de plantas que cumprem as normas da UE, sem necessidade de avaliação caso a caso pelas autoridades europeias, o que torna o processo de habilitação mais ágil e previsível. “Trabalhamos três anos na reabertura e, finalmente, oficialmente, o mercado está reaberto. Todas as agroindústrias brasileiras que produzem ovos e frangos e que cumprirem os pré-requisitos sanitários podem vender para a Comunidade Europeia”, completou.
A confirmação oficial do mecanismo é resultado de uma agenda de trabalho contínua com a Comissão Europeia ao longo do ano. Em 2 de outubro, missão do Mapa a Bruxelas, liderada pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luís Rua, levou à União Europeia um conjunto de pedidos prioritários, entre eles o restabelecimento do pre-listing para proteína animal, o avanço nas tratativas para o retorno dos pescados e o reconhecimento da regionalização de enfermidades.
Na sequência, em 23 de outubro, reunião de alto nível em São Paulo entre o secretário Luís Rua e o comissário europeu para Agricultura, Christophe Hansen, consolidou entendimentos na pauta sanitária bilateral e registrou o retorno do sistema de pre-listing para estabelecimentos brasileiros habilitados a exportar carne de aves, o que agora se concretiza com o recebimento da carta oficial e permite o início dos procedimentos de habilitação por parte do Mapa. O encontro também encaminhou o avanço para pre-listing para ovos e o agendamento da auditoria europeia do sistema de pescados.

Foto: Ari Dias
Na ocasião, as partes acordaram ainda a retomada de um mecanismo permanente de alto nível para tratar de temas sanitários e regulatórios, com nova reunião prevista para o primeiro trimestre de 2026. O objetivo é assegurar previsibilidade, transparência e continuidade ao diálogo, reduzindo entraves técnicos e favorecendo o fluxo de comércio de produtos agropecuários entre o Brasil e a União Europeia.
Com o pre-listing restabelecido para carne de aves e ovos, o Brasil reforça o papel de seus serviços oficiais de inspeção como referência na garantia da segurança dos alimentos e no atendimento às exigências do mercado europeu, ao mesmo tempo em que avança em uma agenda de facilitação de comércio baseada em critérios técnicos e cooperação regulatória.
Avicultura
Exportações gaúchas de aves avançam e reforçam confiança do mercado global
Desempenho positivo em outubro, expansão da receita e sinais de estabilidade sanitária fortalecem o posicionamento do estado no mercado externo.

O setor agroindustrial avícola do Rio Grande do Sul mantém um ritmo consistente de recuperação nas exportações de carne de frango, tanto processada quanto in natura. Em outubro, o estado registrou alta de 8,8% no volume embarcado em relação ao mesmo mês do ano passado. Foram 60,9 mil toneladas exportadas, um acréscimo de 4,9 mil toneladas frente às 56 mil toneladas enviadas em outubro de 2023.
A receita também avançou: o mês fechou com US$ 108,9 milhões, crescimento de 5% na comparação anual.
No acumulado de janeiro a outubro, entretanto, o desempenho ainda reflete os impactos do início do ano. Os volumes totais apresentam retração de 1%, enquanto a receita caiu 1,8% frente ao mesmo período de 2024, conforme quadro abaixo:

O rápido retorno das exportações de carne de aves do Rio Grande do Sul para mercados relevantes, confirma que, tanto o estado quanto o restante do país permanecem livres das doenças que geram restrições internacionais.
Inclusive, o reconhecimento por parte da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e muitos outros mercados demonstram a importância do reconhecimento da avicultura do Rio Grande do Sul por parte da China, ainda pendente. “Estamos avançando de forma consistente e, em breve, estaremos plenamente aptos a retomar nossas exportações na totalidade de mercados. Nossas indústrias, altamente capacitadas e equipadas, estão preparadas para atender às demandas de todos os mercados, considerando suas especificidades quanto a volumes e tipos de produtos avícolas”, afirmou José Eduardo dos Santos, Presidente Executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs).
Indústria e produção de ovos
O setor da indústria e produção de ovos ainda registra recuo nos volumes exportados de -5,9% nos dez meses de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, ou seja, -317 toneladas. Porém, na receita acumulada o crescimento foi de 39,2%, atingindo um total de US$ 19 milhões de dólares de janeiro a outubro deste ano.
A receita aumentou 49,5% em outubro comparada a outubro de 2024, atingindo neste mês a cifra de US$ 2.9 milhões de dólares de faturamento. “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”, pontua Santos.

Exportações brasileiras
As exportações brasileiras de carne de frango registraram em outubro o segundo melhor resultado mensal da história do setor, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Ao todo, foram exportadas 501,3 mil toneladas de carne no mês, saldo que superou em 8,2% o volume embarcado no mesmo período do ano passado, com 463,5 mil toneladas.

Presidente Eeecutivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos: “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”
Com isso, as exportações de carne de frango no ano (volume acumulado entre janeiro e outubro) chegaram a 4,378 milhões de toneladas, saldo apenas 0,1% menor em relação ao total registrado no mesmo período do ano passado, com 4,380 milhões de toneladas.
A receita das exportações de outubro chegaram a US$ 865,4 milhões, volume 4,3% menor em relação ao décimo mês de 2024, com US$ 904,4 milhões. No ano (janeiro a outubro), o total chega a US$ 8,031 bilhões, resultado 1,8% menor em relação ao ano anterior, com US$ 8,177 bilhões.
Já as exportações brasileiras de ovos (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 2.366 toneladas em outubro, informa a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O número supera em 13,6% o total exportado no mesmo período do ano passado, com 2.083 toneladas.
Em receita, houve incremento de 43,4%, com US$ 6,051 milhões em outubro deste ano, contra US$ 4,219 milhões no mesmo período do ano passado. No ano, a alta acumulada chega a 151,2%, com 36.745 toneladas entre janeiro e outubro deste ano contra 14.626 toneladas no mesmo período do ano passado. Em receita, houve incremento de 180,2%, com US$ 86,883 milhões nos dez primeiros meses deste ano, contra US$ 31,012 milhões no mesmo período do ano passado.




