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Bovinos / Grãos / Máquinas Polocentro

Paolinelli atraiu sonhadores que se tornaram gigantes do agro, como Décio Bruxel

Décio Bruxel foi um daqueles que acreditou no programa de Paolinelli, o Polocentro, e ainda em 1976 mudou para o Cerrado

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O cerrado brasileiro ofereceu a oportunidade para muitas pessoas se desenvolver, criar suas famílias e realizar sonhos. Desenvolvido por Paolinelli, o Programa de Desenvolvimento dos Cerrados (Polocentro) fez com que Décio Bruxel saísse de sua cidade natal, no Rio Grande do Sul, para ir até Minas Gerais. Engenheiro agrônomo recém-formado, Bruxel mudou em 1976 para o Sudeste. Se tornou um gigante do agronegócio brasileiro, produzindo de genética suína a látex, de café a milho e soja, de tomate a carne de boi.

“Sai de Não-Me-Toque e cheguei em Patos de Minas em 19 de fevereiro de 1976. Era eu e o companheiro Paulo Piva, que infelizmente faleceu em um acidente aéreo em 1984. Compramos as primeiras terras no município de Presidente Olegário, há cerca de 30 quilômetros de Patos, no Chapadão do São Pedro da Ponte Firme”, conta.

Bruxel lembra que logo após se formar, as perspectivas do que fazer eram poucas. “Não tínhamos dinheiro, éramos de uma família sem condições financeiras para aquisição de terras. Então, algo diferente tinha que acontecer para que a gente tivesse essa oportunidade”, recorda. “Sempre falo que na vida são as oportunidades que valem. Para mim, surgiu esta de vir até Patos de Minas a convite do Paulo. Na época ele comentou sobre o programa criado pelo então ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli. Isso nos atraiu e motivou a vir até aqui, foi a causa principal, para não dizer a única, de estarmos aqui hoje”, diz. O que também chamou a atenção dos jovens na época foi que o Polocentro contava com financiamentos a longo prazo e juros mais acessíveis.

O agrônomo lembra de quando chegaram ao local pela primeira vez. “Quando chegamos não tinha um metro quadrado aberto, era tudo Cerrado. E hoje eu vejo os campos de soja e de milho que estão nesse mesmo lugar. Tudo isso se deve ao Polocentro. De 1976 até 2021 são muitos anos de trabalho e luta”, afirma. Bruxel comenta que as dificuldades enfrentadas na região no início eram grandes. “Ela foram enormes, assim como para todos os desbravadores do Brasil. Foi um pouco diferente porque nós não tínhamos recursos e, trabalhar assim, com produtividades baixas, era difícil. Nós não tínhamos condições de usar totalmente as tecnologias, mas felizmente fomos evoluindo e hoje a gente realmente sabe que pode explorar o potencial desse solo do Cerrado, que é muito produtivo. Estávamos em busca do nosso crescimento pessoal também e deu muito certo”, confirma.

A partir do incentivo de ir até o Cerrado, Bruxel constituiu uma empresa na região, que hoje, com diversos elos, mostra como acreditar no Polocentro foi uma decisão acertada. A empresa da família do engenheiro agrônomo se chama DB Agricultura e Pecuária. A partir dela, alguns anos depois surgiram os braços fortes DB Genética Suína, DB Estate Coffe, DB Sementes e DB Algodão. Juntas, produzem soja, milho, trigo, algodão, café, feijão, tomate, ervilha, milho doce, gado de corte e látex.

Polocentro e Embrapa: a dupla que deu certo

Segundo Bruxel, outro ponto fundamental que garantiu o sucesso daqueles que acreditaram no Polocentro foi a Embrapa. “Eu me lembro que em 1978/1980 cerca de 90% das variedades de soja plantadas no Cerrado, no Mato Grosso e em Goiás, eram todas criadas pela Embrapa. Então a dupla Polocentro e Embrapa deu muito certo”, afirma. Para ele, tanto o programa desenvolvido por Paolinelli quanto a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária foram fundamentais para a agricultura brasileira e o desenvolvimento do Cerrado.

O engenheiro agrônomo diz que Polinelli foi visionário durante a sua permanência no Ministério da Agricultura, uma vez que além do programa feito para o desenvolvimento do Cerrado ele ainda criou a Embrapa Cerrados, polo específico para a criação de tecnologias para aquela localidade. “O Polocentro nos permitiu plantar soja no Cerrado em 1977. E já em 1978 nós produzíamos sementes que eram vendidas para todo o Brasil Central. Tínhamos o privilégio de estarmos situados em uma região de altitude, que é propício para a produção de sementes que foram espalhadas Brasil afora”, recorda.

Para Bruxel, o trabalho feito pela Embrapa no Cerrado com tecnologias adaptadas àquele solo e clima permitem que até hoje a produção seja farta. “São cultivares que hoje podem ser plantadas com altas produtividades, como a soja, milho, algodão e café. E por ser uma região muito propícia para a irrigação, também podemos plantar o tomate rasteiro e trigo. Dessa forma, quase todas as culturas que são possíveis de plantar são produzidas aqui”, diz.

Gratidão por Paolinelli

Bruxel comenta que o sentimento que existe entre aqueles que há 50 anos foram para o Cerrado e aqueles que lá produzem é de gratidão por tudo que Paolinelli fez e ainda faz pela agricultura brasileira. “Nós tivemos essa alavanca que deu o impulso para a produção nacional, e o Paolinelli teve a ideia e a coragem de lançar um programa para o desbravamento e produção do Cerrado”, afirma.

Ele comenta que Paolinelli é uma pessoa que sempre esteve à procura de fazer as melhores variedades, mais adaptáveis para que o meio agropecuário se fortificasse e ajudasse no desenvolvimento do Brasil. “Hoje nós vemos a potencialidade que representa esse Brasil agrícola e quanto é que se deve a esse homem. Estamos aqui para continuar e contribuir um pouco do desejo dele de desenvolver o Cerrado”, menciona.

O engenheiro agrônomo conta que o ex-ministro sempre teve a visão voltada para o desenvolvimento e que ser indicado ao Prêmio Nobel da Paz é reflexo de tudo o que fez. “Com muita alegria e merecimento vemos essa indicação. Porque o que mais traz paz para uma pessoa é ela estar de barriga cheia, bem nutrido”, afirma.

Bruxel comenta que conhece Paolinelli pessoalmente e o considera um amigo. “Assim, temos muita facilidade e tranquilidade para falar sobre ele, é uma coisa que brota do coração, esse reconhecimento. A agricultura mineira e o Cerrado brasileiro contribuem muito para o desenvolvimento do Brasil e para sustentar a balança comercial do país”, conta. “Nós podemos dizer que o Cerrado representa hoje uma realização profissional, onde usamos o solo como deve ser usado, respeitando e tratando devidamente. Eu sempre falo que a terra é muito grata, se tratarmos ela bem, ela nos responde bem”, sustenta o desbravador.

Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de março/abril de 2021 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Bovinos / Grãos / Máquinas

Primeiro trimestre de 2024 se encerra com estabilidade nos custos

Apesar da leve recuperação nas cotações de grãos no período, os preços de insumos destinados à dieta animal continuaram recuando.

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O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira se manteve estável de fevereiro para março, considerando-se a “média Brasil” (bacias leiteiras de Bahia, Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul). Com isso, o primeiro trimestre de 2024 se encerrou com uma leve retração no custo, de 0,3%. Apesar da leve recuperação nas cotações de grãos no período, os preços de insumos destinados à dieta animal continuaram recuando.

Dessa forma, os custos com o arraçoamento do rebanho acumulam queda de 1,8%. Sendo este o principal componente dos custos de produção da pecuária leiteira, reforça-se que a compra estratégica dos mesmos pode favorecer o produtor em períodos adversos.

No mercado de medicamentos, o grupo dos antimastíticos foi o que apresentou maiores elevações em seus preços, sobretudo em MG (1,2%) – este movimento pode ter sido impulsionado por chuvas intensas em algumas regiões do estado ao longo do mês.

Por outro lado, produtos para controle parasitário registraram leves recuos, enquanto vacinas e antibióticos ficaram praticamente estáveis. Tendo em vista o preparo para o plantio das culturas de inverno nesta época do ano, foi possível observar valorização de 7,4% das sementes forrageiras na “média Brasil”, com os avanços chegando a ficar acima de 10% no Sul do País.

Tal atividade também impacta diretamente o mercado de fertilizantes, que registou recuperação de 0,3% na “média Brasil”. Por outro lado, o mercado de defensivos agrícolas apresentou queda de 0,4%, a qual foi associada ao prolongamento das chuvas em algumas regiões, o que reduz, por sua vez, a demanda por tais insumos.

De maneira geral, a estabilidade nos preços dos principais insumos utilizados e a elevação do preço do leite pago ao produtor contribuíram para a diluição dos custos da atividade leiteira no período, favorecendo a margem do produtor.

Cálculos do Cepea em parceria com a CNA, tomando-se como base propriedades típicas amostradas no projeto Campo Futuro, apontam elevações de 4% na receita total e de 30% na margem bruta (o equivalente a 9 centavos por litro de leite), considerando-se a “média Brasil”.

Relação de troca

Em fevereiro, a combinação entre valorização do leite e a queda no preço do milho seguiu favorecendo o poder de compra do pecuarista leiteiro. Assim, o produtor precisou de 28 litros de leite para adquirir uma saca de 60 kg do grão – o resultado vem se aproximando da média dos últimos 12 meses, de 27 litros/saca.

Fonte: Por Victoria Paschoal e Sérgio Lima, do Cepea
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Menor oferta de matéria-prima mantém preços dos derivados em alta

Cotações médias do leite UHT e da muçarela foram de R$ 4,13/litro e R$ 28,66/kg em março, respectivas altas de 3,9% e 0,25%, em termos reais, quando comparadas às de fevereiro.

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Foto: Rubens Neiva

Impulsionados pela menor oferta no campo, os preços do negociados no atacado de São Paulo subiram pelo terceiro mês consecutivo. De acordo com pesquisas diárias do Cepea, realizadas em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB ), as cotações médias do leite UHT e da muçarela foram de R$ 4,13/litro e R$ 28,66/kg em março, respectivas altas de 3,9% e 0,25%, em termos reais, quando comparadas às de fevereiro.

Já em relação ao mesmo período do ano passado, verificam-se desvalorizações reais de 9,37% para o UHT e de 8,53% para a muçarela (valores deflacionados pelo IPCA de março).

O leite em pó fracionado (400g), também negociado no atacado de São Paulo, teve média de R$ 28,49/kg em março, aumento de 0,99% no comparativo mensal e de 9,6% no anual, em termos reais.

A capacidade do consumidor em absorver altas ainda está fragilizada, e o momento é delicado para a indústria, que tem dificuldades em repassar a valorização da matéria-prima à ponta final.

Agentes de mercado consultados pelo Cepea relatam que as vendas nas gôndolas estão desaquecidas e que, por conta da baixa demanda, pode haver estabilidade de preços no próximo mês.

Abril

As cotações dos derivados lácteos seguiram em alta na primeira quinzena de abril no atacado paulista.

O valor médio do UHT foi de R$ 4,21/litro, aumento de 1,99% frente ao de março, e o da muçarela subiu 0,72%, passando para R$ 28,87/kg.

O leite em pó, por outro lado, registrou queda de 2,04%, fechando a quinzena à média de R$ 27,91/

Colaboradores do Cepea afirmaram que os estoques estão estáveis, sem maiores produções devido às dificuldades de escoamento dos produtos

Fonte: Por Ana Paula Negri e Marina Donatti, do Cepea.
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Preço ao produtor avança, mas dificuldade em repassar altas ao consumidor preocupa

Movimento altista no preço do leite continua sendo justificado pela redução da oferta no campo.

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Foto: JM Alvarenga

O preço do leite captado em fevereiro registrou a quarta alta mensal consecutiva e chegou a R$ 2,2347/litro na “Média Brasil” do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

Em termos reais, houve alta de 3,8% frente a janeiro, mas queda de 21,6% em relação a fevereiro de 2023 (os valores foram deflacionados pelo IPCA). Pesquisas em andamento do Cepea apontam que o leite cru captado em março deve seguir valorizado, com a Média Brasil podendo registrar avanço em torno de 4%.

Fonte: Cepea/Esalq/USP

O movimento altista no preço do leite continua sendo justificado pela redução da oferta no campo. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea caiu 3,35% de janeiro para fevereiro, acumulando baixa de 5,2% no primeiro bimestre deste ano. Nesse contexto, laticínios e cooperativas ainda disputam fornecedores para garantir o abastecimento de matéria-prima.

A limitação da produção se explica pela combinação do clima (seca e calor) com a retração das margens dos pecuaristas no último trimestre do ano passado, que reduziram os investimentos dentro da porteira. Porém, a elevação da receita e a estabilidade dos custos neste primeiro trimestre têm contribuído para melhorar o poder de compra do pecuarista frente aos insumos mais importantes da atividade.

A pesquisa do Cepea, em parceria com a CNA, estima que a margem bruta se elevou em 30% na “média Brasil” nesse primeiro trimestre. Apesar da expectativa de alta para o preço do leite captado em março, agentes consultados pelo Cepea relatam preocupações em relação ao mercado, à medida que encontram dificuldades em realizar o repasse da valorização no campo para a venda dos lácteos.

Com a matéria-prima mais cara, os preços dos lácteos no atacado paulista seguiram avançando em março. Porém, as variações observadas na negociação das indústrias com os canais de distribuição são menores do que as registradas no campo.

Ao mesmo tempo, as importações continuam sendo pauta importante para os agentes do mercado. Os dados da Secex mostram que as compras externas de lácteos em março caíram 3,3% em relação a fevereiro – porém, esse volume ainda é 14,4% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.

Fonte: Por Natália Grigol, do Cepea.
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