Avicultura
Panorama da Influenza aviária e seus impactos nos Estados Unidos
Desde o início do atual surto, em fevereiro de 2021, até o início de julho, a doença causou a morte de 58,8 milhões de aves em mais de 300 granjas comerciais em 47 estados, representando o pior desastre de saúde animal já registrado no país norte-americano.

Maior produtor mundial de frango de corte e de perus, os Estados Unidos vivem atualmente uma emergência sanitária no setor avícola. O atual surto de Influenza aviária de Alta Patogenicidade (IAAP – H5N1) assola o país e já provocou consequências devastadoras para a cadeia produtiva, que já estima prejuízos superiores a US$ 1 bilhão.

Presidente da United Egg Producers, Chad Gregory – Foto: Divulgação/United Egg Producers
Desde o início do atual surto, em fevereiro de 2021, até o início de julho, a gripe aviária já havia causado a morte de 58,8 milhões de aves em mais de 300 granjas comerciais em 47 estados, representando o pior desastre de saúde animal já registrado no país norte-americano, cenário esse que impactou na alta dos preços de ovos, frangos e perus. “Essa situação coloca uma pressão adicional sobre os produtores, que já estão lidando com as perdas econômicas e os desafios impostos pelo vírus”, frisou Chad Gregory, presidente da United Egg Producers, uma cooperativa agrícola que atua de forma colaborativa para lidar com questões legislativas, regulatórias e de defesa que impactam a produção de ovos norte-americana, durante sua participação online na 4ª Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Ovos (Conbrasul Ovos), realizada entre os dias 18 e 20 de junho, em Gramado, na serra gaúcha.
Apenas Havaí, Louisiana e Virgínia Ocidental ainda não haviam relatado focos de gripe aviária. Iowa, o maior produtor americano de ovos, lidera o surto no país com cerca de 16 milhões de aves abatidas.
Para mitigar os efeitos e lidar com essa crise, o governo estadunidense já destinou US$ 793 milhões em resposta ao surto, incluindo a eliminação de aves mortas, implementação de quarentenas, implementação de estratégias de prevenção, controle e vigilância a fim de evitar uma propagação ainda maior do vírus e para minimizar danos futuros. Em junho, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) anunciou mais US$ 502 milhões para garantir uma resposta rápida a possíveis futuros casos de gripe aviária, mesmo que o pior surto da história do país esteja se estabilizando. “Esses recursos são cruciais para financiar medidas de controle, pesquisa, diagnóstico e possíveis indenizações aos produtores”, destacou Gregory, acrescentando: “É necessário investir cada vez mais em medidas de biossegurança nas granjas avícolas e fortalecer a capacidade de resposta das autoridades sanitárias”.
De acordo com Gregory, ao contrário dos anos anteriores, o vírus H5N1 encontrou uma maneira de sobreviver ao calor do verão, provocando um aumento nos casos relatados durante o outono norte-americano. “Em comparação com o surto de 2014/2015, quando o primeiro caso positivo foi registrado em 02 de abril, a disseminação atual da IAAP é mais ampla. Há oito anos, o surto afetou mais de 36 milhões de poedeiras e seis milhões de frangos nos estados do Centro-Oeste, sendo controlado no final de junho daquele ano. Enquanto que no surto atual a disseminação está muito mais ampla, agravando a situação e os desafios enfrentados pelos produtores avícolas”, analisou, ampliando: “A capacidade do vírus de resistir ao calor do verão e continuar se espalhando durante o outono indica uma maior adaptabilidade e persistência em comparação com os surtos anteriores”.
Segundo o USDA, desde 19 de abril não houve novos registros da doença em lotes de aves comerciais, nem em lotes de criação doméstica desde 18 de maio.
Preços
No início deste ano, os preços dos ovos chegaram a atingir US$ 4,82 por dúzia, em comparação com US$ 1,93 no ano anterior. Nos meses seguintes apresentou queda, passando a US$ 4,20 no começo de julho, redução de US$ 0,62 por dúzia.
Enquanto que o preço de meio quilo de peito de frango em janeiro era comercializado a US$ 4,32; e o peru aumentou de US$ 1,29 por libra para US$ 1,72 por libra. “Esses números refletem um aumento considerável nos custos para os consumidores, impactando seus orçamentos e opções alimentares. A variação nos preços dos ovos, peito de frango e peru reflete a complexa interação entre fatores como a demanda, a oferta e as condições de mercado”, pontua Gregory.
Mitigações dos impactos econômicos
Com base nas informações fornecidas pelo USDA, a experiência adquirida desde o surto ocorrido há oito anos destacou a importância de fortalecer a biossegurança, intensificar a vigilância e melhorar os testes e a presença in loco de profissionais do Serviço de Inspeção Sanitária Animal para uma resposta ágil aos casos, controle e prevenção da disseminação da doença. Com isso, durante o atual surto, o USDA conseguiu obter uma economia significativa de custos, com uma redução estimativa em quase 50% em comparação ao surto anterior. “Ao mesmo tempo, o USDA trabalhou para garantir acordos de regionalização e manter os mercados abertos com os principais parceiros comerciais. Essas medidas foram fundamentais para mitigar os impactos econômicos e proteger a indústria avícola durante a crise”, expôs Gregory.
Durante uma mesa redonda que reuniu líderes da indústria avícola e representantes de vários estados para discutir a estratégia atual e futura de combate à gripe aviária, a subsecretária de Agricultura para Programas Regulatórios e de Marketing do USDA, Jenny Moffitt, enfatizou as lições aprendidas que influenciaram a estratégia atual de eliminação e erradicação dos focos da doença. “No surto de gripe aviária ocorrido em 2015, cerca de 70% dos casos foram atribuídos à disseminação lateral, propagação essa que foi reduzida para 15% no atual surto. Mas precisamos permanecer vigilantes, especialmente porque as aves selvagens continuam a representar riscos de doenças. Todos nós devemos reconhecer o importante papel desempenhado pela biossegurança como limitadora do impacto ocasionado por aves selvagens em granjas e suas instalações”, salientou.
Produção de ovos
A produção de ovos norte-americana está concentrada em apenas seis estados, representando 47% do total produzido. Essa concentração geográfica destaca a importância dessas regiões na oferta nacional de ovos. Com o surto de IAAP houve uma perda significativa no plantel de poedeiras, com 43,3 milhões de poedeiras abatidas, com 30,7 milhões entre fevereiro e junho e 12,6 milhões ainda entre setembro e dezembro de 2022.
Essa perda de plantel impactou a disponibilidade de ovos no mercado, com o setor registrando picos de preço durante os períodos festivos, devido à alta demanda combinada com baixos estoques, que registraram uma queda de 29% em dezembro. Os preços dos ovos orgânicos e livres de gaiolas atingiram o valor de US$ 11,49 nesse período. “As mudanças no consumo também impactaram a indústria de ovos norte-americana e muitos restaurantes tiveram que alterar seus cardápios, buscando opções mais diversificadas, situação essa que tem influenciado a demanda de consumidores e as estratégias de produção atual”, comentou a médica-veterinária e gerente de Inteligência de Mercado da DSM-firmenich, Stephanie Hajaj, que participou do Painel Novos Mercados e Novos Horizontes na 4ª Conbrasul Ovos.
Exportações

Médica-veterinária e gerente de Inteligência de Mercado da dsm-firmenich, Stephanie Hajaj – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural
A exportação de carne de frango dos Estados Unidos se manteve estável nos 12 meses encerrados em abril de 2023, de acordo com os dados mais recentes divulgados pelo USDA. Neste período, 3,327 milhões de toneladas de carne de frango foram exportadas, apenas três mil toneladas a menos em comparação entre maio de 2021 e abril de 2022, representando uma queda de 0,01%. Também houve um resultado negativo em relação ao total acumulado nos 12 meses encerrados em abril de 2021.
Em abril passado, o volume de exportação foi de aproximadamente 275 mil toneladas, o que representa um aumento de quase 2% em relação ao ano anterior. No acumulado do quadrimestre, o total exportado foi um pouco acima de 1,123 milhão de toneladas, um aumento de 2,34% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Essas exportações representaram cerca de dois terços do total exportado pelo Brasil no mesmo período, que foi um pouco mais de 1,710 milhão de toneladas. No entanto, o USDA não inclui as exportações de pés/patas de frango em seus levantamentos, produtos esses que vêm sendo vendidos em volumes bastante significativos.
No que diz respeito às exportações de ovos, algumas nações importantes reduziram suas compras dos Estados Unidos. A Coréia do Sul interrompeu os embarques em janeiro, seguida pelos Emirados Árabes em abril e pela Malásia posteriormente. Além disso, as exportações para o Canadá diminuíram em 83%, para o México em 29% e para Hong Kong em 98%. Esses três países representavam 80% das exportações totais.
Com isso, os embarques de ovos totais tiveram uma queda significativa de 47%, passando de três bilhões de unidades em 2021 para 1,6 bilhão em 2022. Além disso, as exportações de produtos derivados de ovos diminuíram em 33% em comparação com o ano anterior. “Essas tendências e mudanças na indústria de ovos têm impactado produtores, consumidores e o mercado internacional, que buscam estratégicas para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades futuras”, mencionou Stephanie.
Biossegurança
As medidas de biossegurança implementadas pela indústria comercial tiveram um impacto significativo na redução do número de focos no setor. Um exemplo disso é o registro de apenas sete casos em aves comerciais no terceiro mês deste ano frente aos 51 focos encontrados em março de 2022, representando uma queda de 85% em comparação ao ano anterior. “O Serviço de Inspeção Sanitária Animal e Vegetal do USDA continua a colaborar com parceiros estaduais e da indústria para realizar uma vigilância ativa para erradicação rápida de lotes positivos. Esses esforços são particularmente intensificados durante os meses mais quentes, quando os casos tendem a aumentar. O objetivo é identificar prontamente os focos de infecção e tomar as medidas necessárias para controlar e erradicar o vírus”, evidencia Gregory.
Essas medidas de biossegurança incluem práticas como a implementação de barreiras físicas (cercas e telas, para impedir o acesso de animais selvagens e vetores ao local); controle rigoroso do tráfego de pessoas e veículos; protocolos estritos de higiene pessoal e desinfecção de equipamentos; monitoramento regular de aves para detecção precoce de qualquer sinal de doença; e restrição do contato entre aves comerciais e aves migratórias. “Por meio dessas ações, a indústria comercial está trabalhando para garantir a saúde e o bem-estar das aves, proteger a segurança alimentar e reduzir o risco de propagação de doenças. A colaboração contínua entre o Serviço de Inspeção Sanitária Animal e Vegetal, parceiros estaduais e da indústria é essencial para manter a eficácia dessas medidas e garantir a segurança do setor avícola”, reforça o presidente da United Egg Producers.
Desenvolvimento de vacinas
O Serviço de Inspeção Sanitária Animal e Vegetal é o órgão regulador responsável pela avaliação e aprovação de produtos biológicos veterinários, incluindo vacinas para animais. A agência realiza uma análise cuidadosa das vacinas candidatas para garantir sua segurança, potência, pureza, eficácia e compatibilidade com a genética da cepa atual do vírus.
Em abril, o Serviço de Pesquisa Agrícola do USDA iniciou os testes de vacinação contra a gripe aviária. Os pesquisadores estão atualmente conduzindo estudos com várias candidatas a vacinas, com previsão de divulgação dos resultados dos testes vacinais com duas doses ainda este ano.
Caso os testes sejam bem-sucedidos e o USDA decida dar continuidade ao desenvolvimento, o próximo passo será identificar fabricantes interessados na produção das vacinas. Após a identificação de um ou mais fabricantes, serão necessárias 20 etapas distintas antes da entrega da vacina. Essas etapas incluem avaliação de viabilidade do fabricante e finalizam com o envio e revisão do rótulo do produto. Em geral, o processo leva entre dois anos e meio a três anos. No entanto, em situações de emergência, os fabricantes podem acelerar o desenvolvimento, resultando em prazos menores para o licenciamento.
Desde o desenvolvimento da vacina até a produção em larga escala e distribuição para os lotes, há diversos fatores que tornam a implementação de uma estratégia de vacinação um desafio e requer tempo para fornecer uma vacina eficaz. O USDA estima que, na melhor das hipóteses, levará de 18 a 24 meses para ter uma vacina disponível em quantidades comerciais, que corresponda à cepa viral atualmente circulante e possa ser facilmente administrada na avicultura comercial.
Estratégias de vacinação
De acordo com os dados mais recentes do USDA, os Estados Unidos estão considerando a possibilidade de implementar uma estratégia de vacinação contra a gripe aviária, concentrando-se especificamente em perus e nos estados com maior concentração de granjas com esses animais.
No entanto, segundo a vice administradora do programa de Serviços Veterinários do USDA, Rosemary Sifford, essa abordagem busca equilibrar os custos e benefícios envolvidos. “Ainda não temos uma decisão final em relação à vacinação, mas defendemos que qualquer estratégia de vacinação precisa estar muito focada. Estamos olhando para um alvo muito específico, potencialmente geográfico e orientado para as espécies, que talvez se concentre em certos perus de uma determinada área. Esses são os cenários sobre os quais estamos conversando”, frisou.
A regionalização e compartimentação por granjas ou espécies são permitidas pelas regras da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), o que geralmente resulta na redução do risco de enfrentar barreiras comerciais em todo o país.
Estimativas do USDA apontam que a carne de peru represente cerca de 10% da produção total de aves nos Estados Unidos em 2023, enquanto as exportações desse tipo de carne devem corresponder em torno de 7% da produção total de peru. Em contraste, as exportações de carne de frango são estimadas em aproximadamente 16%.
O atual surto de gripe aviária tem levado alguns governos a reconsiderar a estratégia de vacinação para frangos de corte. No entanto, outros países, como os Estados Unidos, ainda apresentam relutância devido às possíveis restrições comerciais que essa medida acarretaria. “Essas preocupações comerciais são um fator importante a ser considerado na tomada de decisões, juntamente com outros aspectos relacionados à eficácia e aos impactos econômicos da vacinação”, informou Rosemary.
Aprendizados

Vice administradora do programa de Serviços Veterinários do USDA, Rosemary Sifford – Foto: Divulgação/USDA
Dentre os inúmeros aprendizados que a IAAP proporcionou ao setor avícola, Stephanie cita que a colaboração entre o governo e a indústria se fortaleceram, gerando uma melhora significativa na comunicação e na coordenação de esforços para mitigar os efeitos causados pelo surto. “A agilidade nas ações e processos de tomada de decisão foi aprimorada, permitindo uma resposta mais rápida diante de surtos da doença. Além disso, as medidas de biossegurança foram aperfeiçoadas, visando prevenir a disseminação de doenças avícolas”, frisou.
Esses avanços na gestão da gripe aviária resultaram em uma redução nos desembolsos necessários para lidar com surtos futuros, além de fortalecer a segurança e a saúde das aves de criação.
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Avicultura
Com 33 anos de atuação, Sindiavipar reforça protagonismo do Paraná na produção de frango
Trabalho conjunto com setor produtivo e instituições públicas sustenta avanços em biosseguridade, rastreabilidade e competitividade.

O Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) celebra, nesta quarta-feira (19), 33 anos de atuação em defesa da avicultura paranaense. Desde sua fundação, em 1992, a entidade reúne e representa as principais indústrias do setor com objetivo de articular políticas, promover o desenvolvimento sustentável e fortalecer uma cadeia produtiva que alimenta milhões de pessoas dentro e fora do Brasil.

Foto: Shutterstock
Ao longo dessas mais de três décadas, o Sindiavipar consolidou seu papel como uma das entidades mais relevantes do país quando o assunto é sanidade avícola, biosseguridade e competitividade internacional. Com atuação estratégica junto ao poder público, entidades setoriais, instituições de pesquisa e organismos internacionais, o Sindiavipar contribui para que o Paraná seja reconhecido pela excelência na produção de carne de frango de qualidade, de maneira sustentável, com rastreabilidade, bem-estar-animal e rigor sanitário.
O Estado é referência para que as exportações brasileiras se destaquem no mercado global, e garantir abastecimento seguro a diversos mercados e desta forma contribui significativamente na segurança alimentar global. Esse desempenho se sustenta pelo excelente trabalho que as indústrias avícolas do estado executam quer seja através investimentos constantes ou com ações contínuas de prevenção, fiscalização, capacitação técnica e por uma avicultura integrada, inovadora, tecnológica, eficiente e moderna.

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Nos últimos anos, o Sindiavipar ampliou sua agenda estratégica para temas como inovação, sustentabilidade, educação sanitária e diálogo com a sociedade. A realização do Alimenta 2025, congresso multiproteína que reuniu autoridades, especialistas e os principais players da cadeia de proteína animal, reforçou a importância do debate sobre biosseguridade, bem-estar-animal, tecnologias, sustentabilidade, competitividade e mercados globais, posicionando o Paraná no centro das discussões sobre o futuro da produção de alimentos no país.
Os 33 anos do Sindiavipar representam a trajetória de um setor que cresceu com responsabilidade, pautado pela confiança e pelo compromisso de entregar alimentos de qualidade. Uma história construída pela união entre empresas, colaboradores, produtores, lideranças e parceiros que acreditam no potencial da avicultura paranaense.
O Sindiavipar segue atuando para garantir um setor forte, inovador e preparado para os desafios de um mundo que exige segurança, eficiência e sustentabilidade na produção de alimentos.
Avicultura
União Europeia reabre pre-listing e libera avanço das exportações de aves e ovos do Brasil
Com o restabelecimento do sistema de habilitação por indicação, frigoríficos que atenderem às exigências sanitárias poderão exportar de forma mais ágil, retomando um mercado fechado desde 2018.

A União Europeia confirmou ao governo brasileiro, por meio de carta oficial, o retorno do sistema de habilitação por indicação da autoridade sanitária nacional, o chamado pre-listing, para estabelecimentos exportadores de carne de aves e ovos do Brasil. “Uma grande notícia é a retomada do pré-listing para a União Europeia. Esse mercado espetacular, remunerador para o frango e para os ovos brasileiros estava fechado desde 2018. Portanto, sete anos com o Brasil fora”, destacou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

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Com a decisão, os estabelecimentos que atenderem aos requisitos sanitários exigidos pela União Europeia poderão ser indicados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e, uma vez comunicados ao bloco europeu, ficam aptos a exportar. No modelo de pre-listing, o Mapa atesta e encaminha a lista de plantas que cumprem as normas da UE, sem necessidade de avaliação caso a caso pelas autoridades europeias, o que torna o processo de habilitação mais ágil e previsível. “Trabalhamos três anos na reabertura e, finalmente, oficialmente, o mercado está reaberto. Todas as agroindústrias brasileiras que produzem ovos e frangos e que cumprirem os pré-requisitos sanitários podem vender para a Comunidade Europeia”, completou.
A confirmação oficial do mecanismo é resultado de uma agenda de trabalho contínua com a Comissão Europeia ao longo do ano. Em 2 de outubro, missão do Mapa a Bruxelas, liderada pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luís Rua, levou à União Europeia um conjunto de pedidos prioritários, entre eles o restabelecimento do pre-listing para proteína animal, o avanço nas tratativas para o retorno dos pescados e o reconhecimento da regionalização de enfermidades.
Na sequência, em 23 de outubro, reunião de alto nível em São Paulo entre o secretário Luís Rua e o comissário europeu para Agricultura, Christophe Hansen, consolidou entendimentos na pauta sanitária bilateral e registrou o retorno do sistema de pre-listing para estabelecimentos brasileiros habilitados a exportar carne de aves, o que agora se concretiza com o recebimento da carta oficial e permite o início dos procedimentos de habilitação por parte do Mapa. O encontro também encaminhou o avanço para pre-listing para ovos e o agendamento da auditoria europeia do sistema de pescados.

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Na ocasião, as partes acordaram ainda a retomada de um mecanismo permanente de alto nível para tratar de temas sanitários e regulatórios, com nova reunião prevista para o primeiro trimestre de 2026. O objetivo é assegurar previsibilidade, transparência e continuidade ao diálogo, reduzindo entraves técnicos e favorecendo o fluxo de comércio de produtos agropecuários entre o Brasil e a União Europeia.
Com o pre-listing restabelecido para carne de aves e ovos, o Brasil reforça o papel de seus serviços oficiais de inspeção como referência na garantia da segurança dos alimentos e no atendimento às exigências do mercado europeu, ao mesmo tempo em que avança em uma agenda de facilitação de comércio baseada em critérios técnicos e cooperação regulatória.
Avicultura
Exportações gaúchas de aves avançam e reforçam confiança do mercado global
Desempenho positivo em outubro, expansão da receita e sinais de estabilidade sanitária fortalecem o posicionamento do estado no mercado externo.

O setor agroindustrial avícola do Rio Grande do Sul mantém um ritmo consistente de recuperação nas exportações de carne de frango, tanto processada quanto in natura. Em outubro, o estado registrou alta de 8,8% no volume embarcado em relação ao mesmo mês do ano passado. Foram 60,9 mil toneladas exportadas, um acréscimo de 4,9 mil toneladas frente às 56 mil toneladas enviadas em outubro de 2023.
A receita também avançou: o mês fechou com US$ 108,9 milhões, crescimento de 5% na comparação anual.
No acumulado de janeiro a outubro, entretanto, o desempenho ainda reflete os impactos do início do ano. Os volumes totais apresentam retração de 1%, enquanto a receita caiu 1,8% frente ao mesmo período de 2024, conforme quadro abaixo:

O rápido retorno das exportações de carne de aves do Rio Grande do Sul para mercados relevantes, confirma que, tanto o estado quanto o restante do país permanecem livres das doenças que geram restrições internacionais.
Inclusive, o reconhecimento por parte da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e muitos outros mercados demonstram a importância do reconhecimento da avicultura do Rio Grande do Sul por parte da China, ainda pendente. “Estamos avançando de forma consistente e, em breve, estaremos plenamente aptos a retomar nossas exportações na totalidade de mercados. Nossas indústrias, altamente capacitadas e equipadas, estão preparadas para atender às demandas de todos os mercados, considerando suas especificidades quanto a volumes e tipos de produtos avícolas”, afirmou José Eduardo dos Santos, Presidente Executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs).
Indústria e produção de ovos
O setor da indústria e produção de ovos ainda registra recuo nos volumes exportados de -5,9% nos dez meses de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, ou seja, -317 toneladas. Porém, na receita acumulada o crescimento foi de 39,2%, atingindo um total de US$ 19 milhões de dólares de janeiro a outubro deste ano.
A receita aumentou 49,5% em outubro comparada a outubro de 2024, atingindo neste mês a cifra de US$ 2.9 milhões de dólares de faturamento. “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”, pontua Santos.

Exportações brasileiras
As exportações brasileiras de carne de frango registraram em outubro o segundo melhor resultado mensal da história do setor, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Ao todo, foram exportadas 501,3 mil toneladas de carne no mês, saldo que superou em 8,2% o volume embarcado no mesmo período do ano passado, com 463,5 mil toneladas.

Presidente Eeecutivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos: “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”
Com isso, as exportações de carne de frango no ano (volume acumulado entre janeiro e outubro) chegaram a 4,378 milhões de toneladas, saldo apenas 0,1% menor em relação ao total registrado no mesmo período do ano passado, com 4,380 milhões de toneladas.
A receita das exportações de outubro chegaram a US$ 865,4 milhões, volume 4,3% menor em relação ao décimo mês de 2024, com US$ 904,4 milhões. No ano (janeiro a outubro), o total chega a US$ 8,031 bilhões, resultado 1,8% menor em relação ao ano anterior, com US$ 8,177 bilhões.
Já as exportações brasileiras de ovos (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 2.366 toneladas em outubro, informa a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O número supera em 13,6% o total exportado no mesmo período do ano passado, com 2.083 toneladas.
Em receita, houve incremento de 43,4%, com US$ 6,051 milhões em outubro deste ano, contra US$ 4,219 milhões no mesmo período do ano passado. No ano, a alta acumulada chega a 151,2%, com 36.745 toneladas entre janeiro e outubro deste ano contra 14.626 toneladas no mesmo período do ano passado. Em receita, houve incremento de 180,2%, com US$ 86,883 milhões nos dez primeiros meses deste ano, contra US$ 31,012 milhões no mesmo período do ano passado.




