Bovinos / Grãos / Máquinas
Palestrante aponta estratégias para maximizar rentabilidade e qualidade na fase de cria
Trouxe uma análise aprofundada das principais oportunidades e desafios enfrentados pelos pecuaristas de cria no Brasil.

O mercado pecuário de cria, essencial para a sustentabilidade e competitividade da cadeia produtiva da carne bovina, foi tema central da palestra do zootecnista, mestre em Produção Animal e diretor do Instituto Inttegra, Antonio Chaker, durante o 28º Seminário Nacional de Criadores e Pesquisadores, promovido pela Associação Nacional dos Criadores e Pesquisadores (ANCP). O evento, que faz parte da programação da ExpoGenética 2024, foi realizado no dia 16 de agosto, no Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG).
Reconhecido por sua expertise na área, Chaker trouxe uma análise aprofundada das principais oportunidades e desafios enfrentados pelos pecuaristas de cria no Brasil. Em um cenário marcado por oscilações de mercado, avanços tecnológicos e impacto ambiental, a palestra apresentou reflexões importantes aos pecuaristas que buscam aprimorar suas estratégias produtivas, garantir rentabilidade e se adaptar às novas demandas do setor.
De acordo com o profissional, a fase de cria é o momento da atividade pecuária com mais oportunidades dentro do sistema de produção. Essa etapa é composta por diversos indicadores, como fertilidade, perda pré-parto e taxas de desmame, cada um oferece oportunidades específicas para melhorias ao longo do ciclo produtivo.
Além disso, o avanço das novas tecnologias, especialmente nos programas de suplementação, inseminação artificial em tempo fixo (IATF), e a crescente oferta de animais com alta qualidade genética, tem potencializado ainda mais o valor do animal na fase de cria. “A fase de cria na pecuária é a que apresenta o maior potencial de rentabilidade. Mesmo durante os períodos de baixa no ciclo pecuário, as fazendas de criação mais eficientes conseguem atingir margens superiores a 30%. Esse desempenho supera ao das outras etapas, como a recria e a terminação, que frequentemente registram margens abaixo de 20%”, ressalta o mestre em Produção Animal.

Zootecnista, mestre em Produção Animal e diretor do Instituto Inttegra, Antonio Chaker: “Hoje, não é incomum encontrar fazendas que desmamem mais de 400 quilos de bezerros por hectare, enquanto a média brasileira atinge em torno de 70 quilos por hectare” – Foto: Fernando Samura
Mercado
A crescente demanda por carne bovina de alta qualidade tem gerado grandes mudanças no mercado de cria, especialmente na valorização dos bezerros. Segundo o zootecnista, essa demanda, além de impulsionar o consumo, também redefine os rumos da produção e da seleção genética na pecuária de corte. “Com o consumidor cada vez mais exigente, a busca por carne de excelência se intensifica, e uma vez que experimentam um produto superior, passam a exigir de forma contínua”, salienta Chaker.
A qualidade da carne é resultado tanto de características genéticas quanto de práticas produtivas. Do ponto de vista produtivo, fatores como a idade ao abate e a consistência no ganho de peso são fundamentais. “Embora os sistemas de terminação sejam determinantes para atingir esses padrões técnicos e produtivos, eles só atingem seu pleno potencial quando os animais já possuem predisposições genéticas desenvolvidas. Características como espessura de gordura subcutânea, marmoreio e área de olho de lombo (AOL) são características que vão conferir a qualidade final da carne”, detalha o zootecnista.
Diante desse cenário, a seleção genética tem se intensificado, com foco em atributos que garantem essa qualidade. Como resultado, a valorização dos bezerros de alto padrão genético está crescendo, se tornando cada vez mais uma exigência do mercado. “Para se manterem competitivos, os criadores precisam direcionar seus esforços para atender a essas demandas, garantindo que seus animais possuam as características desejadas para a produção de carne de excelência”, aponta o especialista.
Sustentabilidade do negócio

A gestão de custos e a sustentabilidade do negócio na pecuária de cria estão mais intimamente ligadas ao modelo produtivo e à eficiência operacional da propriedade do que ao custo dos insumos em si, evidencia o mestre em Produção Animal. Em outras palavras, a saúde econômica de uma propriedade depende muito mais de seu desempenho produtivo do que dos preços dos insumos. “Fazendas que alcançam índices elevados, como mais de 160 quilos de bezerro desmamados por vaca exposta e taxas de desmame superiores a 75%, conseguem estruturar suas finanças de maneira muito mais eficiente do que aquelas com menor produtividade”, salienta.
No sistema de cria, o diferencial da gestão de custos está em atingir altos índices de desempenho mantendo um sistema produtivo focado na produção e colheita de forragens de qualidade. “O equilíbrio entre a gestão de custos e a sustentabilidade depende de práticas produtivas que não apenas reduzem os custos, mas também promovem um uso responsável e eficiente dos recursos disponíveis. Por isso é preciso ter um sistema de produção de elevada eficiência operacional, garantindo que a produtividade seja feita em pastagens de alta qualidade”, pontua Chaker.
Eficiência na produção de bezerros
O especialista afirma que setor vivencia um superciclo tecnológico, marcado pela chegada de inúmeras inovações. A inteligência artificial, a sensorização e as câmeras de monitoramento, por exemplo, já oferecem grandes diferenciais no acompanhamento do desempenho das fazendas. Contudo, o impacto mais profundo vem das práticas de manejo. “Já é amplamente reconhecido que animais manejados de forma adequada, com foco no bem-estar, apresentam um desempenho até 15% superior, devido ao seu comportamento mais calmo”, relata Chaker.
Além disso, a atenção à qualidade da água, à altura de entrada e saída dos animais, ao tamanho dos lotes e aos indicadores de bem-estar – sejam eles nutricionais, sanitários ou reprodutivos – tem sido realizada de maneira cada vez mais tecnológica. “Novos processos reprodutivos estão impulsionando avanços inovadores em eficiência produtiva. Hoje, não é incomum encontrar fazendas que desmamem mais de 400 quilos de bezerros por hectare, enquanto a média brasileira atinge em torno de 70 quilos por hectare”, cita o palestrante, enfatizando: “Esse progresso é resultado não apenas das inovações tecnológicas, mas principalmente da implementação de novas práticas de manejo, alinhadas ao bem-estar animal”.
Planejamento de longo prazo
As mudanças climáticas têm tornado cada vez mais imprevisíveis os ciclos de chuvas e secas em todo o planeta. Dada a alta demanda por alimentos na pecuária, especialmente pastagens, que é o modelo predominante no Brasil, é essencial que o pecuarista esteja bem preparado para enfrentar períodos de seca e veranicos inesperados ou muito prolongados.
Para garantir consistência nos resultados, Chaker diz que é fundamental que o planejamento forrageiro garanta pelo menos 500 quilos de matéria seca armazenada por unidade animal. “Esse estoque proporciona maior segurança durante os períodos mais desafiadores, especialmente em secas prolongadas”, expõe, acrescentando: “Em sistemas com maiores densidades de lotação, é pesado até uma tonelada de matéria seca por unidade animal em fazendas de criação. Ou seja, um planejamento forrageiro de longo prazo é determinante a esse êxito”.
Estratégias para melhorar a qualidade dos bezerros
Chaker destaca que, para aumentar a produtividade e a qualidade dos bezerros, os criadores devem focar em dois indicadores principais: o quilo de bezerro desmamado por matriz exposta e o quilo de bezerro desmamado por hectare.
Conforme o palestrante, para melhorar o primeiro indicador, é importante manter uma alta taxa de desmame e um elevado peso ao desmame, buscando superar 160 quilos de bezerro por vaca exposta. Já o segundo indicador exige não apenas um alto volume de quilos desmamados por matriz, mas também uma alta densidade de matrizes por hectare.
As estratégias para alcançar esses objetivos incluem práticas avançadas de manejo e colheita de forragens, ou seja, excelente manejo de pastagens e estratégias eficazes para a entressafra, além de ter uma estação de montagem bem planejada para que o nascimento dos bezerros ocorra no período ideal para cada bioma, técnica conhecida como bezerro do cedo.
O zootecnista menciona ainda que é importante garantir taxas rápidas de reconcepção para que se possa emprenhar de novo essa vaca o mais rápido possível, e descartar matrizes vazias, que deverão ser comercializadas antes do início da seca. “A combinação de práticas reprodutivas e alimentares eficientes é fundamental para o sucesso na atividade de criação”, frisa.
Sistemas integrados de produção
A integração da pecuária com outras atividades agrícolas, como lavoura e a produção de florestas pode ser mais rentável. De acordo com o Instituto Integra, que monitora 813 propriedades, aquelas que adotam práticas integradas demonstram uma maior capacidade de geração de caixa.
A lavoura pode fornecer uma importante fonte de alimentação durante a entressafra, enquanto as florestas oferecem sombra, promovendo o bem-estar animal. Além disso, a interação entre agricultura e pecuária é mutuamente benéfica: enquanto a agricultura sustenta a pecuária, a pecuária também beneficia a agricultura. Estudos mostram que fazendas de integração lavoura-pecuária têm aumentos na produtividade da soja, com uma média de cinco sacas nas mais áreas em que houve pastejo. Dessa forma, o sistema brasileiro de produção é, sem dúvida nenhuma, potencializado por práticas integradas.
Exigências de mercado
Chaker destaca que os mercados internacionais que importam a carne brasileira frequentemente exigem características específicas, especialmente aqueles que pagam os melhores preços. “Para atender a essas demandas, é essencial que o animal possua uma genética adequada, que garanta a qualidade da carne”, pondera. “É inquestionável que a excelência na cadeia pecuária começa com a produção de bezerros de alta qualidade. Isso exige que os criadores estejam continuamente atentos às necessidades de recria e de terminação para atender às exigências desses mercados”, complementa.
Tendências
O palestrante sugere que para que os criadores que queiram manter a competitividade nos próximos anos, é importante que se concentrem na monetização de seus ativos. Em termos econômicos, existem dois ativos principais a serem considerados: a terra e o gado. Os criadores devem buscar monetizar a terra em pelo menos 4% e o gado em pelo menos 20% ao ano, sugere.
Para alcançar essas metas, é fundamental otimizar a arquitetura do rebanho de cria. Isso significa reduzir a idade da primeira monta e do primeiro parto dentro da fisiologia do animal. “Animais mais jovens no início da reprodução e um desempenho reprodutivo eficiente aumentam a proporção de fêmeas produtivas e melhoram a reprodução geral do rebanho”, enfatiza Chaker.
A grande tendência é maximizar a eficiência do rebanho, garantindo que os ventres em reprodução produzam altos volumes de bezerros por hectare e por matriz exposta. Além disso, a arquitetura dos rebanhos deve ser ajustada para garantir o melhor aproveitamento das categorias de criação, maximizando a produtividade e a rentabilidade. “Além da cria ser a maior oportunidade de rentabilidade na pecuária, é também a atividade de maior potencial de melhora através da seleção genética e do avanço tecnológico. Cada novo ciclo, cada nova safra, se renovam as oportunidades de touros e de encontrar novos indivíduos. Somado a isso, o produtor pode através do melhoramento genético conseguir sistematicamente melhorar seu rebanho ano após ano”, evidencia.
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Brasil avança em norma que libera exportação de subprodutos de bovinos e bubalinos
Proposta moderniza regras sanitárias e permite que empresas do Sisbi-Poa destinem materiais sem demanda interna a plantas com inspeção federal para exportação.

O Brasil deu um passo importante para ampliar o aproveitamento de subprodutos de bovinos e bubalinos destinados ao mercado internacional. O Projeto de Lei 4314/2016, de autoria do ex-deputado Jerônimo Goergen (RS), moderniza regras sanitárias e autoriza que empresas integrantes do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-Poa) destinem ao exterior materiais que não têm demanda alimentar no mercado interno, desde que o envio seja feito por estabelecimentos com fiscalização federal.
A proposta, aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara, na terça-feira (18), recebeu ajustes de redação e correções técnicas apresentadas pelo relator, deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB).
Ele destacou que versões anteriores do texto acumulavam vícios materiais e erros de referência à Lei 1.283/1950, que regula a inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal no país, o que comprometia a clareza normativa e poderia gerar insegurança jurídica.
Adequação técnica e segurança jurídica

Deputado Cabo Gilberto Silva: “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas” – Foto: Divulgação/FPA
Cabo Gilberto apontou que substitutivos anteriores citavam equivocadamente o artigo 11 da Lei 1.283/1950, quando a referência correta deveria ser o artigo 12, que trata diretamente das condições de inspeção sanitária. Para o relator, manter o erro poderia abrir brechas interpretativas. “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas”, afirmou.
Ele também corrigiu dispositivos que, segundo sua avaliação, extrapolavam a competência do Parlamento ao abordarem temas típicos de regulamentação pelo Poder Executivo. “Alguns trechos invadiam competências próprias do Poder Executivo. Ajustamos essas inconsistências para preservar a constitucionalidade e a técnica legislativa”, explicou.
Exportação via estabelecimentos com inspeção federal
Com essas correções, o texto final deixa claro que estabelecimentos estaduais ou municipais integrados ao Sisbi-Poa poderão destinar subprodutos sem demanda local a plantas industriais com inspeção federal, habilitadas pelo Ministério da Agricultura para exportação.
A medida atende mercados externos que utilizam esses materiais em diversas aplicações industriais e contribui para ampliar o aproveitamento de resíduos do abate, fortalecer a cadeia produtiva e garantir conformidade sanitária nas operações internacionais.
Avanço regulatório
Para o deputado Cabo Gilberto, a atualização moderniza a legislação e posiciona o Brasil para aproveitar melhor oportunidades no comércio global. “A atualização aperfeiçoa a legislação, reforça o papel do Sisbi-Poa e contribui para que o país aproveite oportunidades no mercado internacional sem comprometer a fiscalização sanitária”, destacou o relator.
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Aliança Láctea debate crise do leite e traça estratégias para fortalecer o setor no Sul e Sudeste
Encontro em Florianópolis reuniu lideranças de vários estados para discutir competitividade, exportações, antidumping e ações conjuntas para reverter a crise da cadeia produtiva.

Os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor foram destaques na reunião da Aliança Láctea Sul Brasileira (ALSB), realizada na terça-feira (18), na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis. O evento, realizado de forma híbrida, reuniu lideranças das federações de agricultura, representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, bem como de governos estaduais e entidades dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo, para discutir temas estratégicos para o futuro da cadeia produtiva do leite.
A abertura do evento reforçou a importância da atuação conjunta para a construção de políticas públicas que assegurem competitividade, sustentabilidade e crescimento para o segmento. Durante sua explanação, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo, expressou a satisfação em sediar o encontro e expôs a preocupação com essa grave crise que afeta diretamente a economia rural e a sobrevivência de mais de milhares de famílias produtoras.

Registro das lideranças que participaram da reunião de forma presencial – Foto: Enzo Santiago
O dirigente lembrou da audiência pública, recém-realizada pela Alesc, para discutir a atual situação da cadeia produtiva. “A Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado estadual Altair Silva, promoveu essa audiência pública que oportunizou discussões relevantes sobre o tema. Representamos a Federação da Agricultura do nosso estado e, para nossa surpresa, a mobilização foi tão significativa que contou com mais de 700 pessoas. O evento resultou na criação de uma comissão que trabalhará estrategicamente junto ao governo federal e ao governo catarinense nas sugestões indicadas”.
Pedrozo também ressaltou que em janeiro deste ano levou à CNA, a preocupação com a queda constante no preço pago aos produtores. “A CNA imediatamente solicitou a aplicação de um antidumping provisório, pedindo a verificação dos preços do leite em pó importado da Argentina e do Uruguai”, afirmou.
As atividades seguiram com explanação do presidente da ALSB, Rodrigo Ramos Rizzo, que destacou a importância estratégica da reunião e mediou os debates. Entre os destaques da programação esteve a apresentação do Modelo de Negócios para exportação de lácteos, que focou nas oportunidades para ampliar a presença brasileira no mercado internacional e tornar a cadeia mais competitiva. A explanação foi conduzida pelo consultor Airton Spies e o objetivo é entregar a proposta ao CODESUL e ao BRDE.
“O documento foi elaborado pelo Grupo de Trabalho da Aliança está finalizado. Agora, estamos formatando para entregar de uma maneira formal ao CODESUL no mês de dezembro, com as adequações que cada uma das entidades julgar necessário”, afirmou Rodrigo Rizzo.
Outro item da pauta foi a apresentação do “Termo de Prorrogação” da ALSB, conduzida por Orlando Pessuti, representando o CODESUL. A Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, representada por José Carlos de Faria Cardoso Junior, ampliou o diálogo da ALSB com outros Estados interessados em participar e fortalecer a Aliança Láctea Sul Brasileira.
Também ganhou ênfase a apresentação do presidente da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Caio Viana, e sua equipe que relataram o case sobre o status sanitário do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT) da cooperativa. O encontro abordou, ainda, a definição da direção da ALSB para o período 2026–2027, que ficará sob responsabilidade da Faep, e abriu espaço para contribuições gerais dos participantes, que ampliaram o diálogo para fortalecer a cadeia produtiva.
Encontro produtivo para o futuro do setor
Rodrigo Rizzo fez uma avaliação positiva da reunião, destacando que foi produtiva ao trazer diversos itens de pauta que refletem o cenário atual do setor. Segundo ele, um dos temas de impacto foi a questão da brucelose e da tuberculose, apontada como uma melhoria ainda necessária para aprimorar todo o processo e fortalecer o acesso ao mercado internacional.
Na visão de Rizzo, a união das entidades tem sido fundamental, especialmente para enfrentar a ação antidumping movida pela CNA, relacionada ao leite em pó importado, principalmente do Uruguai e da Argentina, que tem prejudicado o setor. “Esse produto tem entrado no país e afetado tanto as indústrias, que perdem competitividade, quanto os produtores, que enfrentam a queda nos preços”, destacou.

Reunião discutiu os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor – Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação
O presidente da Aliança Láctea frisou, ainda, que é importante seguir atento ao monitoramento que que vem sendo realizado em relação à ação antidumping movido pela CNA. “Também discutimos sobre as exportações e competitividade. Somos competitivos em praticamente todos os aspectos. Temos alta qualidade e excelência na produção do nosso leite. O único ponto que ainda precisamos melhorar é o preço. O Brasil ainda não é competitivo nesse quesito. Isso depende de tempo e de um trabalho interno que precisa ser realizado.”, ressaltou.
O presidente Pedrozo também avaliou positivamente o encontro. Em sua mensagem final, reforçou o papel da Aliança Láctea Sul-Brasileira como um fórum essencial para a articulação institucional, debate técnico e construção de estratégias conjuntas capazes de contribuir para a superação da crise enfrentada pelo setor e para impulsionar o desenvolvimento da cadeia láctea. “Agradeço a participação de todos e espero que esse encontro represente mais um passo para a busca por soluções que fortaleçam o setor, promovendo o crescimento não apenas nos Estados envolvidos, mas em todo o Brasil. “
Representação
Também participaram e contribuíram com suas que contribuíram com análises e encaminhamentos essenciais para o fortalecimento da cadeia láctea, as seguintes autoridades e representantes de entidades: o presidente do Sindileite/SC e Conseleite/SC, Selvino Giesel; o secretário adjunto da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Admir Edi Dalla Cort; o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias; o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi; o presidente do Sindileite/PR, Elias José Zydek; o presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portela; o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni; representantes da Farsul e da Faep; o secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Marcio Fernando Nunes; o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Elias Verruck; o presidente do SILEMS, Abraão Giuseppe Beluzi; representantes da secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, da Secretaria de Articulação Nacional, representantes do Sindilat, do Sebrae/RS; Conseleite/RS; do Codesul/PR, da Epagri, da Cidasc; entre outros.
Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária no Pampa
Produtores da Campanha conhecem tecnologias para bovinos e gestão do clima
Tarde de Campo em Hulha Negra apresentou ferramentas de rastreabilidade, controle de pragas, nutrição animal e agrometeorologia aplicada ao campo.

Produtores da região da Campanha gaúcha tiveram a oportunidade de conhecer, na terça-feira (18), tecnologias aplicadas à pecuária de corte durante a Tarde de Campo organizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA). O evento ocorreu no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (Cesimet).
O foco da atividade foram pesquisas e ferramentas práticas para manejo de bovinos, nutrição, controle de carrapatos, identificação biométrica e agrometeorologia, voltadas especialmente para produtores da região.
Segundo Gabriel Fiori, médico-veterinário do Cesimet e coordenador do evento, o objetivo é integrar pesquisa aplicada e necessidade do produtor. “Estamos apresentando uma seleção de experimentos e resultados-chave desenvolvidos pela Secretaria, após um longo período de interrupção desse tipo de atividade. Este momento simboliza a revitalização do Centro. As tecnologias e ferramentas demonstradas são direcionadas especialmente aos produtores da Campanha”, afirmou.

Fiori reforçou o papel estratégico do Cesimet para a região. “A força da pesquisa aplicada e da inovação está no coração do Pampa. Mais do que um centro de pesquisa, somos um espaço que integra produtores e poder público. Não é apenas um evento técnico, mas um ambiente de troca e construção de conhecimento conectado às tendências atuais”, completou.
Márcio Amaral, diretor-geral da Seapi, destacou a importância de conciliar produtividade e sustentabilidade. “O desafio é trabalhar em uma atividade que precisa aumentar a produtividade sem descuidar da questão ambiental. A pecuária está retomando força na região, e integrar lavoura e pecuária é o caminho ideal”, disse.
Agrometeorologia e planejamento do produtor
Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), apresentou dados em tempo real de 102 estações meteorológicas no Estado. O sistema permite ao produtor acessar informações sobre irrigação, umidade do solo e temperatura, tanto pelo site quanto pelo aplicativo gratuito. “Hoje contamos com previsão do tempo e dados agroclimáticos integrados. O produtor gaúcho tem, na tela do celular, informações essenciais para planejar suas atividades”, explicou Varone.
Geovanna Klassen Gielow, estudante de Agronomia da Urcamp, avaliou o aprendizado. “A palestra sobre clima agrometeorológico foi essencial para ver na prática a aplicação do que aprendemos na sala de aula”, comentou.
Rastreabilidade e sanidade animal
O controle de carrapatos foi apresentado pelo pesquisador José Reck Junior, do IPVDF/Seapi. O Rio Grande do Sul mantém testes gratuitos há 40 anos para avaliar a eficácia de carrapaticidas, um diferencial do Estado. “As condições climáticas da região favorecem a proliferação do carrapato durante grande parte do ano, e a resistência aos produtos usados no campo é um desafio constante”, disse.
A identificação biométrica de bovinos foi demonstrada pelo CEO da QR Cattle, Flávio Mallmann. A tecnologia permite rastrear cada animal, registrar sua localização georreferenciada e o tempo de permanência em cada propriedade. “Quando o animal se desloca, o sistema registra automaticamente essa mudança. A plataforma deve estar disponível ao público a partir de janeiro de 2026”, afirmou.
Além disso, o evento abordou nutrição e reprodução de bovinos, reforçando a integração entre pesquisa aplicada e necessidade produtiva da região.



