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Suínos Mudanças Globais

“Países em desenvolvimento são as molas do futuro na suinocultura. A Europa está morta”, crava Osler Desouzart

Em 2031 a China será responsável por 44,3% da carne suína no mundo, mas vai consumir 45,5%. Vários experimentos mostram que praticamente 10% de redução de consumo de alimento vem das micotoxinas.

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Consultor Osler Desouzart: “A China depende e dependerá de abastecimentos externos para seu consumo de alimentos” - Fotos: Giuliano De Luca/OP Rural

Profundo, sincero, emotivo, enfurecido, nostálgico, irônico, apaixonado. Foram tantos os sentimentos que Osler Desouzart deixou transbordar em sua palestra que encerrou o Pork Nutrition 2022 que o impacto da China no futuro da suinocultura da América Latina, tema de sua apresentação, quase ficou em segundo plano.

Quem viu este senhor apaixonado pelo agronegócio brasileiro naquele auditório, em 22 de setembro, em Foz do Iguaçu, PR, certamente pensou que aquelas mãos trêmulas são as marcas do tempo, mas parecia mesmo o resultado de um coração pulsante, um V8 que vibra em toda sua potência para ajudar a desenvolver a suinocultura do continente latino-americano. Com seu show particular a parte, Osler fechou com brilhantismo o evento que discutiu alternativas para a suinocultura e as oportunidades para os próximos anos.

O assunto quase ficou em segundo plano. Quase! Mais do que falar da influência chinesa, o consultor em agronegócio falou sobre o contexto mundial de produção e consumo de carnes, que, em sua opinião, estão cada vez mais concentrados em países em desenvolvimento, como o Brasil. “Todos os países em desenvolvimento são as molas do futuro na suinocultura, seja em produção, seja em consumo. A Europa está morta, só esqueceu de comparecer ao próprio funeral. Essa é uma realidade estatística, a Europa está morta. Ela deixou de ser o driver, seja em produção, seja em consumo”, destaca.

“Até o final da década de 80 o mundo era América do Norte, Europa e Tigres Asiáticos. O futuro desde então é Ásia, África e América Latina”, arrebatou.

Ele lembra que com o aumento da renda per capita faz com que europeus, por exemplo, deixem de comer carne para comer conceitos. “Em um estudo que participei, percebemos que até termos US$ 7 dólares por dia (hoje corrigido é US$ 9,47), a prioridade é melhorar a alimentação. A partir de US$ 54 dólares por dia, você só gasta 20% para comer e tende a consumir conceitos”, destacou.

“O futuro do mercado de alimentos não está entre aqueles que comem, mas em quem não come o suficiente ou adequadamente às suas necessidades”, emendou o palestrante.

Ásia

Osler destacou que a Ásia vai demandar cada vez mais alimentos nos próximos dez anos, o que exigirá uma logística mais eficiente para o setor produtivo. “Alguém vê algum tipo de problema no fato de que a Ásia responderá por 67,84% da demanda de carnes no próximo decênio? A logística vai se complicar, já que mais toneladas de mercadorias viajarão distâncias maiores, exigindo mais navios, contêineres… E basta um porto asiático enfrentar problemas, como fechamento por causa da Covid-19, para a equação logística se complicar”, alertou o palestrante.

Ele reforço sua preocupação com a dependência de exportações brasileiras para a China. “Tenho um fascínio pela China porque sou masoquista (risadas). Na Ásia a demanda cresce mais pelo aumento do consumo do que aumento populacional. Em 2031 a China será responsável por 44,3% da carne suína no mundo, mas vai consumir 45,5%”, destacou, orientando, no entanto, que “devemos nos próximos três anos desnacionalizar a nossa exportação”.

Zootecnista, mestre em Produção e Nutrição de Monogástricos Gustavo Freire Resende Lima destacou prós e contras do arraçoamento ad libitum e controlado

Osler deixou algumas conclusões e muitas inquietudes na cabeça dos congressistas do Pork Nutrition 2022. “O planeta China tornou-se o principal importador mundial de alimentos, posição que consolidará no próximo decênio. Muitos dos meus clientes se preocupam que o agronegócio mundial se tornou sino dependente, mas digo que há uma contrapartida. A China depende e dependerá de abastecimentos externos para seu consumo de alimentos. A exportação global do rebanho, combinada com a melhoria contínua na criação, manejo e tecnologia de animais, aumentará a produtividade, principalmente em países de baixa e média renda, o que vai impulsionar o crescimento da produção”, enfatizou.

Também em sua palestra falou sobre o mercado de grãos. “Os custos de grãos permanecerão elevados em 2023, portanto façam mais com menos. Isso só se consegue com tecnologia. A partir de 2024 podemos esperar uma volta ao histórico de preços nominais ascendentes, mas preços reais ligeira e progressivamente descendentes”, prevê o consultor.

O professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), doutor Carlos Augusto Mallmann, falou sobre novas fronteiras estratégicas para gerenciar micotoxinas na cadeia produtiva

O último dia do evento contou também com outras duas palestras. O professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), doutor Carlos Augusto Mallmann, falou sobre novas fronteiras estratégicas para gerenciar micotoxinas na cadeia produtiva.

“Vários experimentos mostram que praticamente 10% de redução de consumo de alimento vem das micotoxinas. Se o suíno não come, não cresce. As perdas em peso vivo podem chegar a 18%, além de problemas na taxa de conversão, aumento do peso do fígado (+ 17%) e pulmão (+ 20%)”, frisou, salientando que hoje existem modelos ainda pouco difundidos de produção com o máximo de controle possível. “Temos o gerenciamento de silos em tempo real”, exemplificou.

Já o zootecnista, mestre em Produção e Nutrição de Monogástricos Gustavo Freire Resende Lima destacou os prós e contras de dois diferentes planos alimentares: arraçoamento ad libitum e controlado.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes.

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos

Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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