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Otimização da absorção de Cálcio e Fósforo em aves

A farinha de carne e ossos é amplamente utilizada por seu baixo custo e por agregar proteína e aminoácidos essenciais à formulação, além de ser um ingrediente sustentável. Entretanto, representa alto risco sanitário, sendo a principal fonte de patógenos como salmonela e clostridium.

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Fotos: Shutterstock

Cálcio (Ca) e fósforo (P) são dois macroelementos minerais fundamentais para a produção de aves, sejam de corte ou de postura, sendo ambos de suplementação obrigatória. A farinha de carne e ossos é amplamente utilizada por seu baixo custo e por agregar proteína e aminoácidos essenciais à formulação, além de ser um ingrediente sustentável. Entretanto, representa alto risco sanitário, sendo a principal fonte de patógenos como salmonela e clostridium.

Por essa razão, não é utilizada na alimentação de matrizes e quando se busca mais alto grau sanitário na criação, como no caso de alguns países destino de exportação. Além disso, a farinha de carne e ossos é muito utilizada em petfood e aquacultura, o que tende a fazer subir seu custo. Assim sendo, observa-se crescente uso de fosfato bicálcico como a principal fonte de P para produção animal. O fosfato bicálcico é um ingrediente finito, não sustentável, e de alta demanda para agricultura, com custos em elevação e risco crescente de escassez. A redução do uso de fontes de P é um tema central dentro do moderno conceito de gestão ESG, com respeito às questões de ambientais, sociais e de governança.

Para a redução do uso de fontes de Ca e P, dois pontos devem ser considerados. Um diz respeito aos requerimentos nutricionais de cada categoria animal, para cada um dos elementos. O outro ponto diz respeito à digestibilidade das fontes de cada um, sejam os grãos, farinhas de origem animal, ou ingredientes de origem mineral. Vale observar que o estudo de um aspecto sempre estará intimamente associado ao outro, nos experimentos com animais.

O estudo da digestibilidade desses minerais pelas aves tem sido uma preocupação recente. Apesar de sua importância, a realidade é que é bastante difícil avaliar com precisão a digestibilidade de cada um desses minerais. Há vários fatores em ação simultaneamente, como pH de cada parte do trato digestivo, presença de outros íons, relação entre Ca e P, vitamina D, grau de hidratação, granulometria, etc. Se cada um deles não for cuidadosamente abordado nos experimentos, resultados discrepantes serão obtidos, inclusive com digestibilidade negativa. Essa ocorrência se deve ao fato de que tanto Ca como P endógenos são também excretados ao longo do trato digestivo, dificultando a mensuração de quanto de cada mineral de fonte exógena foi retido no organismo.

Considerando essas dificuldades, frequentemente os níveis utilizados nas formulações apresentam uma certa margem de segurança, que garante que os níveis de cada mineral disponível não sejam limitantes ao máximo desempenho. Como já mencionado, o P tem alto custo econômico e ambiental. O Ca, por outro lado, tem baixo custo e é ainda abundante na natureza. Porém, há cada vez mais evidências de que níveis excessivos de Ca interferem negativamente com várias funções do organismo, inclusive a própria absorção do P. Considerando o exposto, busca-se trabalhar com níveis cada vez menores e mais precisos de cada mineral.

Espaço para melhoria

A eficácia das fitases microbianas na liberação do P fítico das matérias-primas de origem vegetal, como os grãos e farelos é amplamente conhecida. O valor exato de quanto P e quanto Ca serão efetivamente utilizados pelos animais, por outro lado, ainda deixa espaço para discussão, justamente pela interferência de vários outros fatores. Este fato, aliado à digestibilidade variável dos ingredientes, nos permite concluir que há espaço para melhoria na absorção e retenção de Ca e P pelas aves, permitindo a redução de custo das formulações, além da redução do impacto ambiental pela excreção dos mesmos.

Com este objetivo, uma molécula inovadora vem sendo estudada. Trata-se de um ácido graxo de cadeia longa, com hidroxilas em substituição a hidrogênio. A mesma tem alta ação emulsificante, mas, além disso, age também como carreadora de Ca e P. Uma vez ionizados pelo baixo pH do proventrículo e da moela, e liberados do inositol pelas fitases, os íons fosfato e Ca formam complexos com essa molécula, seja por ligação iônica entre o fosfato e a hidroxila, seja por reação de saponificação com a carboxila terminal. Nessa forma de sabões de Ca e fosfolipídeos, os íons são absorvidos pela via de absorção de lipídeos, em micelas contendo sais biliares, esteróides, mono e diglicerídeos, e vitaminas lipossolúveis. Sua ação emulsificante inclusive melhora a formação dessas micelas, aumentando a absorção de lipídeos da dieta e a consequente energia metabolizável da mesma.

Experimento

De modo a validar a ação emulsificante e carreadora de íons da molécula, e quantificar sua atividade, um experimento com frangos de corte foi realizado na Granja Santa Lívia, RS. Um total de 770 frangos de corte foram distribuídos entre 5 tratamentos, cada um com 7 repetições, de 22 aves cada. Foi feito um tratamento controle, formulado com os níveis recomendados pela genética, em um padrão de dietas típicas brasileiras a base de milho, farelo de soja, óleo de soja e contendo 2 enzimas exógenas comumente utilizadas, fitase e carboidrase.

A fitase foi utilizada na dosagem de 1000 ftu, com valorização de 0,15% de Ca e 0,15% de P e uma carboidrase a base de xilanase valorizando 50 kcal/kg de energia metabolizável. Fosfato bicálcico e calcário calcítico foram utilizados como fonte de P e Ca. Outros 3 tratamentos foram feitos, com reduções gradativas de energia metabolizável (-20, -40 e -60 kcal/kg) e iguais reduções de Ca e P disponível de 150% (0,15%). À dieta com menor nível de energia (-60kcal) foi adicionada a molécula. Todas as demais condições de criação foram iguais para todos os tratamentos, distribuídos em um delineamento experimental inteiramente casualisado.

O resultado acumulado de ganho de peso e o de conversão alimentar mostraram que a adição da molécula à ração de menores níveis nutricionais permitiu desempenho estatisticamente igual a uma dieta intermediária aos níveis de -20 e -40 kcal, validando a matriz esperada de 36000 kcal por kg da preparação contendo 20% da molécula. O teor de matéria-seca e o teor de cinzas das tíbias dos animais que receberam a dieta com níveis reduzidos de Ca e P e tratada com a molécula foram iguais às da dieta controle, enquanto os outros tratamentos foram estatisticamente inferiores ao controle positivo, validando a matriz de 150% de Ca e 150% de P disponível.

Além desses resultados, a quantidade de Ca e P depositada nas tíbias dos animais tratados foi superior à dos demais tratamentos (Figuras 1 e 2). Isso se deve provavelmente ao fato de que a maior disponibilidade de P permitiu maior formação de hidroxiapatita versus carbonato de Ca. Essa formação é particularmente importante para frangos de corte, para resistência óssea, especialmente dos ossos longos das pernas. Para aves de postura (poedeiras e matrizes) a maior deposição na formação do osso medular, necessário para a formação da casca dos ovos, permitirá menos defeitos relacionados à qualidade das cascas e maior longevidade da produção.

Figura 1 – Concentração de cálcio na cinza das tíbias de frangos de corte aos 42 dias de idade

 

Figura 2 – Concentração de fósforo na cinza das tíbias de frangos de corte aos 42 dias de idade

Estes resultados nos levam a concluir que o uso desse emulsificante, associado a doses normais de fitase exógena, permitem a redução dos níveis de fontes de Ca e P das dietas de aves de produção (frangos e matrizes pesadas), na medida da matriz proposta de 36000 kcal em, 150% de Ca e 150% de P disponível por quilo de uma preparação contendo 20% da molécula.

As referências bibliográficas estão com os autores. Contato: luciano.andriguetto@gfs.group.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo na avicultura de corte e postura do Brasil acesse a versão digital de Avicultura Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: Por José Luciano Andriguetto, médico-veterinário, PhD em Nutrição Animal e professor do Departamento de Zootecnia da UFPR; e André Favero, zootecnista, PhD em Zootecnia e administrador e coordenador da Granja Santa Lívia Produção e Pesquisa Agropecuária Ltda
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Sustentabilidade em foco na Conbrasfran 2024

Evento acontece de 25 a 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.

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Foto: Divulgação/Asgav e Sipargs

A importância de uma produção mais sustentável foi a lição mais importante que este ano deixou aponta o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos. “A natureza nos lembrou que é soberana e da necessidade de nos reciclarmos cada vez mais do que fizemos no passado. Eu digo a humanidade como um todo. As práticas sustentáveis que tanto se fala e que vamos discutir na Conbrasfran, essas práticas que estamos implementando agora é para amenizar o que vem pela frente, já que estamos enfrentando agora as consequências do que foi feito no passado”.

Então, para ele, a lição é a necessidade de insistirmos no tema da sustentabilidade ambiental e social, insistir na educação, na orientação e na disciplina ambiental com o objetivo de mitigar os efeitos climáticos no futuro. “Os efeitos podem ser vistos no mundo todo. Aumento dos dias de calor extremo, chuvas recordes no Brasil, na Espanha e outros países, além das queimadas em várias regiões do mundo também”.

A Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha, vai reunir empresários, indústrias, produtores e lideranças de todo o país para discutir todas as áreas estratégicas. “Vamos falar sobre sanidade avícola, um simpósio tradicional da Asgav será absorvido pela programação da Conbrasfran 2024. Vamos debater qualidade industrial, que trata questões de inspeção, controle, autocontrole e processo produtivo, entre outros temas. Teremos também um seminário sobre segurança do trabalho com uma abordagem do ambiente laboral dos colaboradores e da proteção deles em um quadro em que surgem novos desafios na medida em que aumentamos a produção”, pontuou.

Um dos destaques do evento será o 1º Seminário de Sustentabilidade Ambiental e Adequação Global. “Também teremos discussões sobre a área comercial, que impulsiona a nossa economia e é responsável por levar o nosso produto até a mesa do consumidor brasileiro e de mais de 150 países”, salientou Santos. Ele destaca ainda os debates sobre questões jurídicas e tributárias. “São temas que permeiam o nosso dia a dia e estamos diante de uma reforma tributária, que também será abordada”, afirmou mencionando o Agrologs, que vai falar sobre logística, outro desafio para a cadeia produtiva. “O Brasil precisa avançar em ferrovias, hidrovias é uma necessidade para garantir sustentáculos de competitividade”. “É um evento que vai trazer temas estratégicos”, encerrou.

Os interessados podem se inscrever através do site do evento. E a programação completa da Conbrasfran 2024 também está disponível clicando aqui.

Fonte: Assessoria Asgav e Sipargs
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Conbrasfran 2024 ressalta superação e resiliência da avicultura gaúcha em meio a desafios históricos

Evento será realizado entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.

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Presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos: "São muitos os empresários que acreditam nesses movimentos e nos dão carta branca para seguir em frente" - Foto: Divulgação

Se desafio é uma palavra que faz parte do dia a dia da avicultura, este ano levou o seu significado a um novo patamar, especialmente falando do Rio Grande do Sul. O estado enfrentou enchentes e depois um caso isolado de Doença de Newcastle. “Tudo isso nos abalou sim. Redirecionamos toda a atenção e os nossos esforços para ser o elo de ligação do setor com o poder público, com a imprensa e a atender as demandas dos setores. A organização do evento já estava em curso quando tivemos 45 dias de interdição do prédio onde fica a nossa sede, localizado à beira do rio Guaíba. Tivemos enchente. Para se ter uma ideia, a água chegou até 1,80 metro do 1º andar e não pudemos entrar por conta da falta de luz, de água e outra série de dificuldades”, ressaltou o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos.

Ainda assim, estes entraves não foram suficientes para desistir da realização da Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha. “Não houve um único questionamento sequer por parte de associados e dirigentes, o que demonstra que o setor está convencido da importância deste encontro e das discussões que ele vai trazer. Serão vários temas, técnicos, conjunturais, temas estratégicos, de planejamento e de superação de desafios, entre outros. E tudo isso fez com que o setor mantivesse acesa a chama para realizar este evento”, destacou Santos.

De acordo com ele, diante dos desafios, as atividades da organização da Conbrasfran 2024 foram acumuladas com o trabalho da linha de frente para atender as demandas cruciais que chegaram, além da interação com órgãos oficiais, imprensa e parceiros estratégicos, como a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). “E mesmo assim, continuamos com a manutenção e organização do evento. E isso nos sobrecarregou sim. Temos uma equipe enxuta, mas que trabalhou bravamente, com máximo empenho, naqueles dias”.

Santos destaca que os esforços levaram a realização de um evento muito especial, que teve a colaboração de grande parte empresários e técnicos do setor. “São muitos os empresários que acreditam nesses movimentos e nos dão carta branca para seguir em frente, que sabem que apesar das dificuldades, continuamos um estado atrativo, com indústrias e produtores de pequeno, médio e grande portes que continuam produzindo por acreditar no empreendedorismo, na pujança na mão-de-obra, na gestão”, disse o executivo lembrando que apesar dos desafios, o estado conseguiu valorizar a produção, manter empresas e ainda está recebendo novos empreendimentos.

Superação
A superação das dificuldades trazidas pelo ano exigiu muito trabalho, organização e confiança. “Precisamos valorizar a confiança daqueles que são nossos associados e dirigentes. A confiança que recebi deles e da minha equipe como dirigente executivo foi importante. Também vale mencionar as estratégias e ações que colocamos em prática para atender todas as demandas que nos chegaram. Sempre buscamos a melhor forma de atender e ajudar os associados”.

E foi também de maneira virtual que estes desafios foram enfrentados. “Interagimos muitas vezes através de plataforma virtual com os serviços oficiais , seguimos em conjunto e dentro das diretrizes da ABPA e tivemos o apoio incondicional da nossa Federação. Com uma soma de esforços, com a confiança de dirigentes que depositam confiança em nosso trabalho, conseguimos ir para a linha de frente e atender as diferentes demandas do setor e da imprensa”, contou Santos que agiu com firmeza em seus posicionamentos e conseguiu liderar o setor na retomada até chegarmos neste momento.

Os interessados podem se inscrever e conferir a programação completa da Conbrasfran 2024 clicando aqui. Outras informaçõe podem ser obtidas pelo e-mail conbrasfran@asgav.com.br, através do telefone (51) 3228-8844, do WhatsApp (51) 98600-9684 ou pelo Instagram do encontro.

Fonte: Assessoria Asgav
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Brasileiros são homenageados no Congresso Latino-Americano de Avicultura 2024 

Presidente do Conselho Consultivo da ABPA, Francisco Turra, foi incluído no Hall da Fama da Avicultura Latino-Americana junto com José Carlos Garrote, presidente do Conselho da São Salvador Alimentos, e Mário Sérgio Assayag Júnior, veterinário especialista em prevenção da Influenza aviária.

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Foto: Divulgação

O ex-ministro da Agricultura Francisco Turra, presidente do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e uma das figuras mais importantes da história da avicultura brasileira, entrou na última sexta-feira (15) para o Hall da Fama da Avicultura Latino-Americana.

A nomeação aconteceu durante o Congresso Latino-Americano de Avicultura (OVUM), realizado entre 12 e 15 de novembro, em Punta del Este, no Uruguai. Outros dois nomes foram destacados na cerimônia por indicação da ABPA: José Carlos Garrote, que recebeu homenagem especial como empresário líder no Brasil, e Mário Sérgio Assayag Júnior como técnico destacado.

Garrote é presidente do Conselho da São Salvador Alimentos (SSA), uma das maiores indústrias de alimentação do Brasil, e membro do Conselho de Administração da ABPA. Assayag Júnior é veterinário e membro do grupo técnico de prevenção e monitoramento da Influenza aviária. “A homenagem aos três neste congresso de relevância internacional, mostra a importância e a contribuição da avicultura brasileira para o desenvolvimento mundial do setor”, disse Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Fonte: Assessoria
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