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Os planos, estratégias e a visão da Coopavel pelo olhar e voz de Dilvo Grolli
Presidente da Coopavel concede entrevista exclusiva ao quadro Voz do Cooperativismo do O Presente Rural.

O programa Voz do Cooperativismo, do jornal O Presente Rural, entrevistou o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, que contou um pouco dos planos, estratégias e a visão da Coopavel sob diversos prismas, como a produção, a preocupação com a gripe aviária e a confiança na defesa sanitária brasileira, a produção de proteína animal e muito mais. Confira alguns trechos da entrevista concedida ao programa Voz do Cooperativismo.
Voz do Cooperativismo – Conte um pouco sobre a sua trajetória, sua vida e como ela está ligada ao cooperativismo.
Dilvo Grolli – Eu nasci em Cascavel. Meus avós, e pais, todos agricultores e pecuaristas, morei por muitos anos chácara e fazenda. A cooperativa para mim é uma extensão da casa, não tive dificuldade em vir para a cooperativa. Um fator que contribuiu bastante para a minha permanência é que eu fiz Administração de Empresas, trabalhei muitos anos em banco, tive facilidade na área financeira porque foi a profissão bancária que me deu isso. Isso é o que vive a cooperativa. Tem que ser de agricultor para agricultor, de pecuarista para pecuarista, mas só isto não basta. Você tem que ter um conhecimento técnico. Para mim foi um engajamento gradativo e natural.
Voz do Cooperativismo – Onde a Coopavel tem investido e onde pretende investir nos próximos anos?
Dilvo Grolli – A Coopavel investiu R$ 367 milhões basicamente em filiais para atender os agricultores cooperados e pecuaristas cooperados, ampliação de nossas agroindústrias e indústrias novas para atender a demanda da cooperativa, mas também na área de logística. Os principais investimentos de 2022 foram centralizados em logística, armazéns para grãos, armazéns de insumos e também agroindústrias. Em 2023 o nosso investimento será menor, entre R$ 200 milhões e R$ 240 milhões, na mesma linha de agroindústrias. Estamos trabalhando fortemente numa nova indústria de bioinsumos, que será uma indústria nova, voltada para dar uma resposta à sociedade nesta área de diminuir o espaço dos químicos na agricultura e na pecuária pelos biológicos.
Voz do Cooperativismo – Algumas das principais atividades da Coopavel, como suinocultura e avicultura, sofreram com o preço dos grãos. Como está esse cenário nesse momento que o senhor almeja?
Dilvo Grolli – Nós temos cinco produtos aqui e o desejo de que nenhum atinja mais do que 25% do faturamento total para que as crises passem à margem da Coopavel. Trabalhamos com 95% do nosso faturamento com valor agregado. Aqueles preços de 2021 e 2022 afetaram toda a cadeia. A avicultura e a suinocultura foram fortemente atingidos pelo efeito do valor de milho e de soja, foram anos que nós atravessamos uma tempestade, quando o preço final do produto não cobria os custos. Vou ser bem claro. Isso pertence ao passado. O ano de 2023 está sendo um ano bom para todos, porque os grãos, mesmos tendo um valor menor, tem liquidez para o produtor. E o valor menor está dando a liquidez que a empresa precisa, liquidez positiva na carne.
Voz do Cooperativismo – Hoje (entrevista feita em junho) a Influenza Aviária como preocupação se chegar aos planteis comerciais. De que forma isso afetaria a avicultura brasileira?
Dilvo Grolli – Eu conheço várias integrações do mundo todo e digo com toda a segurança para toda a sociedade brasileira, nós temos o melhor controle sanitário do mundo. Se não for o melhor, está entre os melhores controles sanitários do mundo não só na avicultura, mas extensivo à agricultura suinocultura… O Brasil está em cima dessa premissa, que é um grande cuidado e um grande conhecimento técnico que nós temos. Não somente os veterinários, os técnicos, mas também esse conhecimento foi levado aos produtores rurais. As empresas integradoras são fortes e sempre tiveram um plano estratégico para não ter problema sanitário nos aviários, nem na logística e nem nos seus abatedouros e até a produto chegar na gôndola do mercado. Pois bem, é a razão para que o Brasil até hoje não tenha influenza aviária. Não é por acaso.
Mas se a influenza aviária entrar na avicultura brasileira, nosso ponto número um será apresentar aquilo que nós somos, aquilo que nós fizemos e aquilo que nós sempre tivemos, que são os cuidados com os nossos animais. Não é todo o país do mundo que tem esse cuidado. Teremos alguns momentos de estresse, evidente, mas com aquilo que nós temos de cuidados e os planos estratégicos eu tenho certeza que nós vamos recompor mais rapidamente os nossos mercado. Eu acho muito lógico. No primeiro momento você tem o impacto de 100% e depois você vai ter a análise desse impacto e como é que todos podem sair dele. Mas a certeza absoluta, pela experiência que eu tenho na avicultura, pela experiência que eu tenho do mercado externo, eu diria com toda certeza que nós teríamos um impacto momentâneo, mas conseguiríamos resolver. Não estamos isentos, mas estamos tomando todos os cuidados possíveis.
Voz do Cooperativismo – A produção de suínos tem os seus desafios e tem as suas oportunidades. Quais são elas na opinião do senhor?
Dilvo Grolli – Temos condições de crescer na suinocultura pela qualidade dos nossos animais e pela qualidade dos cortes. Indo direto na resposta, quais as oportunidades, primeiro a divulgação do nosso suíno. Segundo, o melhor aproveitamento da carcaça do suíno em cortes especiais que está acontecendo muito nos últimos anos, empresas investindo em frigoríficos de última geração e novos produtos. A imagem da suinocultura no Brasil tem que ser melhor vendida no exterior. E outra coisa, o Brasil é o país que mais tem proteção ao meio ambiente no mundo. Não tem país no mundo que tem 60% de seu território preservado. Isso tem que colocar junto com a venda do suíno, porque isso faz parte da vida humana, faz parte da vida do suíno. Quando eu vou vender o produto carne, eu devo vender não carne como carcaça ou valor agregado, tem que vender esse produto de um país que preserva o meio ambiente.
Voz do Cooperativismo – E por que o senhor acha que a gente não consegue? São muitas coisas positivas para o agronegócio brasileiro e por que ainda falta essa comunicação?
Dilvo Grolli – Vamos fazer silêncio… As pessoas que devem falar do agronegócio são aquelas que têm conhecimento ou assessoria de pessoas com conhecimento, não falar muito, falar com conhecimento de causa.
Voz do Cooperativismo – O Show Rural Coopavel é um dos maiores eventos de transferência de tecnologia do agronegócio do mundo. A gente vê ele cada vez mais digital, mas no campo essa tecnologia ainda não chegou com a velocidade que deveria. Como o senhor avalia o cenário do digital no campo e no agronegócio?
Quando nós começamos o Show Rural digital, em 2019, era um evento acanhado. Em 2023, construímos um prédio de 4.600 metros quadrados, para abrigar de 30 a 40 startups voltadas para agronegócio, mas apareceram 120 empresas.
E como é que o campo vai ter (tecnologias) sem conectividade? Temos que estar atentos a esse detalhe. Conectividade. O produtor rural é ligado em inovação, porque senão eu não ia no Show Rural. Ele está sentindo isso. Entre 2023 e 2030, teremos 70 mil empregos no campo ou ligados ao campo que tenham conhecimento de TI, a Tecnologia da Informação. O tratorista não é mais a pessoa que troca marcha e vira o volante. Ele será uma pessoa que tem uma noção sobre TI. Esse especialista é que o campo está precisando. Nós estamos atrasados porque o a indústria, o comércio, a prestação de serviços andam bem na frente da agricultura, da pecuária, mas a experiência de todos os outros setores da economia está acelerando o agronegócio e será muito mais rápido que nós imaginamos.
Voz do Cooperativismo – O senhor é um bom conhecedor e apreciador dos números. Pode citar alguns do cooperativismo agro?
Dilvo Grolli – Ah, o cooperativismo nos ensina. Hoje 70% de toda a soja do Paraná passa pelo cooperativismo, 60% do milho passa pelo cooperativismo, 56% do trigo passa pelo cooperativismo. E o cooperativismo não é aquela empresa que compra, armazena e vende. Tanto é que o cooperativismo hoje é responsável por mais de 44% da produção de frango, 56% da produção de suínos, 30% da produção de peixe.
Se preferir você pode acompanhar esta entrevista em vídeo clicando neste link.
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Brasil explora inovação agrícola na Coreia do Sul
Delegação visita LG e CJ Bio para conhecer tecnologias de bioinsumos e soluções sustentáveis que podem transformar o futuro do agro brasileiro.

Em missão oficial à Coreia do Sul, a delegação brasileira liderada pelo secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Goulart, realizou, na segunda-feira (24), visitas técnicas a fábricas e centros de pesquisa das empresas LG e CJ Bio.
A agenda teve como objetivo aprofundar a cooperação entre os dois países nas áreas de inovação em agrotóxicos, bioinsumos e tecnologias voltadas à agricultura sustentável, com foco no desenvolvimento de produtos mais modernos, seguros e eficientes.
Para o secretário Goulart, as visitas reforçam o interesse mútuo do Brasil e da República da Coreia em ampliar a parceria técnica e comercial no setor agropecuário. “A agricultura brasileira é baseada em inovação. Somos a potência que somos por conta da inovação. Por isso, estreitar relações entre os países é essencial para manter a competitividade do agro”, afirmou.
Compõem a delegação pelo Mapa o coordenador-geral de Agrotóxicos e Afins, José Victor Torres, e a coordenadora de Registro, Tatiane Nascimento. Pela Anvisa, participam a gerente-geral de Toxicologia, Cassia Fernandes, a gerente de Avaliação de Segurança Toxicológica, Marina Aguiar, o gerente de Produtos Equivalentes, Juliano Malty e a assessora da Terceira Diretoria, Letícia Filier.
Visita ao parque de inovações da LG
Na LG, a delegação conheceu a estrutura global do grupo, que atua em setores como eletrônicos, telecomunicações, química e soluções para agricultura. A empresa apresentou sua visão de gestão baseada em inovação, sustentabilidade e governança, além dos investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento.
A LG também destacou o papel da LG Chem e da FarmHannong, divisão agrícola líder na Coreia em proteção de cultivos, sementes e fertilizantes. A companhia reforçou o interesse em ampliar sua atuação no Brasil e dar continuidade às parcerias com o Mapa e a Anvisa.
CJ Bio apresenta avanços em biotecnologia e soluções sustentáveis
A delegação visitou ainda a CJ Bio, referência mundial em biotecnologia aplicada à agricultura, nutrição e biomateriais. A empresa apresentou seus laboratórios e plataformas de desenvolvimento de microrganismos, fermentação, purificação e produção de bioinsumos.
Foram demonstradas tecnologias voltadas à produção de inoculantes, pesticidas e bioestimulantes, com foco em soluções de baixo impacto ambiental, redução de emissões e recuperação de solos. A CJ Bio também reforçou o interesse em desenvolver produtos biológicos para soja, milho e outras culturas estratégicas para o Brasil.
Colunistas
Saiba por que fungos e nematoides seguem tirando bilhões do agro
Organismos invisíveis avançam silenciosamente sobre as raízes, derrubam a produtividade e já geram prejuízos acima de R$ 35 bilhões por ano, enquanto a biotecnologia ganha espaço no manejo.

No agronegócio brasileiro, algumas das maiores ameaças à produtividade estão escondidas sob os nossos pés. Fungos e nematoides do solo são organismos microscópicos que, muitas vezes, sem darem sinais aparentes, comprometem as raízes, reduzem a absorção de água e nutrientes e minam o vigor das plantas. Quando os sintomas se tornam visíveis, os prejuízos já estão instalados.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), doenças fúngicas radiculares, como as causadas por Rhizoctonia, Fusarium e Sclerotium, podem permanecer no solo por longos períodos graças às suas estruturas de resistência, dificultando o controle e impactando culturas como soja, milho, feijão e hortaliças.

Artigo escrito por Bruno Arroyo, engenheiro agrônomo, com pós-graduação em Agronegócio.
Entre os inimigos invisíveis do solo, os nematoides ocupam lugar de destaque. Esses vermes microscópicos parasitam as raízes, formando galhas ou causando lesões que reduzem a eficiência do sistema radicular. Os reflexos são diretos: menor absorção de nutrientes, estresse hídrico precoce e queda na produtividade.
Pesquisas da Embrapa apontam que áreas infestadas por Pratylenchus brachyurus (nematoide das lesões radiculares) podem ter perdas médias de 21% na soja, o equivalente a 12 sacas por hectare. Além das evidências experimentais, estimativas da Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN) indicam que os prejuízos anuais no agro superam R$ 35 bilhões, sendo cerca de R$ 16,2 bilhões apenas na soja.
O desafio do manejo
O controle de nematoides e doenças fúngicas é particularmente complexo porque não existe uma solução única. A própria Embrapa recomenda o manejo integrado, combinando práticas, como rotação de culturas com espécies não hospedeiras, para reduzir a população de patógenos no solo; o uso de cultivares resistentes, quando disponíveis; adubação equilibrada e correção do solo, que fortalecem as defesas naturais da planta; e o controle biológico, por meio de microrganismos benéficos (bactérias e fungos), que competem com fungos patogênicos e estimulam o crescimento vegetal. Essas práticas, quando aplicadas em conjunto, aumentam a resiliência do sistema produtivo e reduzem a dependência exclusiva de defensivos químicos.
Biotecnologia como aliada

Foto: SAA SP
A biotecnologia vem se consolidando como parceira estratégica do produtor. O uso de bioinsumos, seja via aplicação direta ou tecnologia On Farm, permite ampliar populações de microrganismos benéficos e fortalecer a saúde do solo.
Já desde 2023, dados da Spark Inteligência Estratégica citados pela Embrapa, indicam que o uso de bionematicidas no Brasil ultrapassou o de nematicidas químicos em importantes culturas. Na soja, os produtos biológicos já representavam cerca de 94% do mercado de nematicidas, enquanto no milho esse índice chegava a 100%, consolidando a liderança dos biológicos no controle de nematoides.
Esse movimento continua se ampliando em outras cadeias produtivas. Levantamento da Kynetec mostra que, em 2024, mesmo com a retração de 18% no mercado de defensivos para cana-de-açúcar, os produtos de matriz biológica já respondiam por 7% do total financeiro do setor, com bionematicidas e bioinseticidas representando 75% desse segmento. Esses números confirmam que a biotecnologia deixou de ser apenas uma alternativa e passou a ocupar papel central nas estratégias de manejo do solo e de controle de nematoides no agronegócio brasileiro.
Quando adotamos práticas integradas e combinamos biotecnologia com as recomendações científicas, damos passos importantes para preservar a produtividade e a sustentabilidade do agro. Em um cenário de custos crescentes de insumos, pressão por sustentabilidade e exigência de maior eficiência, deixar de lado esses inimigos invisíveis também significa renunciar margens que fazem diferença no resultado da safra.
A boa notícia é que hoje temos conhecimento científico e tecnologias biológicas robustas para transformar esse desafio em oportunidade. O futuro do agronegócio passa pela capacidade de unir ciência, inovação e sustentabilidade. Não se trata apenas de controlar patógenos, mas de preservar o potencial produtivo de cada hectare, garantindo alimento de qualidade e competitividade para o Brasil no cenário global.
Notícias 02, 03 e 04 de dezembro
Dia de Campo da C.Vale estreia formato antecipado em dezembro
Mudança busca evitar conflito com a colheita de soja e reforça a participação dos produtores.

Para evitar a coincidência com o início da colheita de soja no Oeste do Paraná, a C.Vale decidiu antecipar seu principal evento técnico. A primeira edição do Dia de Campo no novo formato será realizada nos dias 02, 03 e 04 de dezembro, no Campo Experimental da cooperativa, em Palotina (PR).
A programação inclui lançamentos de máquinas e implementos com condições diferenciadas de compra, além da apresentação de novilhas leiteiras, gado de corte, caprinos e ovinos. O evento também mostrará resultados de trabalhos técnicos conduzidos no local. Entre as novidades estão concurso de receitas, maior interação com o público, ações ampliadas das empresas parceiras e mais áreas de sombra para quem aguarda o deslocamento nos ônibus internos.
A edição realizada em janeiro de 2025 reuniu 12 mil visitantes nas proximidades do complexo agroindustrial da C.Vale.
Antecipação estratégica
A decisão de mudar o calendário para dezembro ocorreu porque o plantio mais cedo das lavouras vinha aproximando o início da colheita da soja do período tradicional do evento, em meados de janeiro. A sobreposição afetava a participação dos produtores, levando a cooperativa a estabelecer, a partir de 2025, a realização do Dia de Campo sempre no último mês do ano.
Raio X – Dia de Campo 2025/26
147 empresas participantes
45 cultivares de soja
58 híbridos de milho
16 cultivares de mandioca
65 parcelas de agroquímicos
17 parcelas de produtos biológicos
63 parcelas de programas nutricionais
17 parcelas com tratamento de sementes
14 parcelas de tecnologia de aplicação
16 espécies forrageiras
9 parcelas de plantas de cobertura de solo
4 instituições de pesquisa
1 instituição de ensino
4 instituições financeiras



