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Os desafios e oportunidades da suinocultura do Nordeste

O desempenho brasileiro está ancorado em mudanças organizacionais e no incremento tecnológico contínuo em todos os elos da cadeia produtiva, além de ter sido impulsionado pela Peste Suína Africana (PSA).

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Consolidado entre os maiores produtores e exportadores de carne suína, o Brasil detém atualmente a quarta posição global e figura entre os cinco maiores consumidores mundiais da proteína. O rebanho suíno brasileiro cresceu 4,3% em 2022, chegando ao recorde de 44,4 milhões de animais, com a região Sul concentrando 51,9% do efetivo nacional, conforme dados da Pesquisa da Pecuária Municipal, divulgada em setembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O desempenho brasileiro está ancorado em mudanças organizacionais e no incremento tecnológico contínuo em todos os elos da cadeia produtiva, além de ter sido impulsionado pela Peste Suína Africana (PSA), que afetou nos últimos anos a produção na China, maior produtor e consumidor mundial de carne suína, que desde então se tornou o principal destino das exportações brasileiras de carne suína.

Além disso, as associações ligadas ao setor vêm trabalhando para reduzir os gargalos no consumo interno, trazendo novos cortes e facilidades no preparo. Com isso, o consumo per capita nacional vem crescendo, atingindo 18 kg por habitante em 2022.

Para 2023, as projeções da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) apontam para um crescimento de 1,5% na produção, podendo chegar a 5,05 milhões de toneladas. A disponibilidade para o mercado interno deve se manter estável, com 3,85 milhões de toneladas. O consumo per capita também deve se manter em 18 quilos. As exportações, por sua vez, devem crescer 12%, chegando a 1,25 milhão de toneladas.

Neste contexto, o Nordeste do país, apesar dos diversos desafios que enfrenta para o desenvolvimento da suinocultura, vem conquistando espaço e hoje já representa 12,9% da produção nacional. De acordo com o IBGE, a região possui um total de 5,76 milhões de suínos e 1,06 milhão de matrizes. Dentre os nove estados, o Ceará é o maior produtor, detendo 19,7% do rebanho nordestino, seguido pelo Piauí, com 16,9%; Bahia, com 16,2%; Maranhão, com 16,1%; Pernambuco, com 15,5%; Rio Grande do Norte, com 9,4%; Paraíba, com 4,8%; Alagoas, com 2%; e Sergipe, com 1,2%.

Gargalos do setor

Com condições climáticas e ambientais favoráveis à criação de suínos, o Nordeste se depara com alguns gargalos que devem ser superados para que a atividade se desenvolva e conquiste novos mercados, inclusive o internacional. O Presente Rural ouviu produtores da região e entidades setoriais que apontaram que entre os desafios estão a cultura de que a carne suína faz mal à saúde, a concorrência com a região Sul, a baixa adoção de tecnologia e inovação, infraestrutura precária, questões de sanidade animal e a presença da Peste Suína Clássica (PSC) em sete dos nove estados nordestinos, uma vez que a Bahia e o Sergipe já são considerados áreas livres de PSC.

Diretor de mercado da ABPA, Luís Rua: “A carne suína é uma das proteínas mais saudáveis que existe, saborosa e com baixos índices de gordura”

Conforme o diretor de mercado da ABPA, Luis Rua, um dos principais desafios é a crença em relação à saudabilidade da carne. “É um mito que vai ser superado conforme as próprias marcas realizam campanhas que atestam a qualidade e sanidade de seus produtos. Embora ainda exista tal ideia, há um esforço setorial em desfazer este mito, seja por meio de campanhas e ações junto à própria imprensa, reiterando informações que já são de conhecimento comum: a carne suína é uma das proteínas mais saudáveis que existe, saborosa e com baixos índices de gordura”, ressalta.

A ABPA também desempenha um papel fundamental no apoio à sanidade animal na região Nordeste. Através da colaboração com órgãos da União e dos Estados, a associação impulsiona projetos que visam melhorar a saúde dos rebanhos suínos. Isso não apenas aumenta a qualidade dos produtos, mas também permite que as empresas da região tenham a perspectiva de exportar parte de sua produção no futuro.

O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes, ressalta que a logística é uma das barreiras que precisam ser rompidas para melhorar o escoamento da produção nordestina ao mercado consumidor. “Essa é uma barreira que precisamos ainda romper. Tenho certeza que com o aumento da demanda essas soluções vão vir da própria indústria”, pontua.

Lopes também destaca a necessidade de combater a Peste Suína Clássica (PSC) na região, situação que faz com que o Nordeste não possa exportar carne suína. “Sabemos que é uma região que tem a PSC, mas estamos fazendo um trabalho bastante forte com o plano piloto em Alagoas, que está indo para quinta e última etapa, e espero que consigamos alcançar os demais estados, com o mesmo êxito do trabalho realizado em Alagoas, e aí sim abrir as fronteiras do Norte e Nordeste para a suinocultura brasileira”, afirmou.

Oportunidades de crescimento

Com uma população superior a 54,4 milhões de pessoas, o Nordeste brasileiro apresenta um vasto mercado a ser explorado na indústria da suinocultura. Entre as oportunidades para o crescimento do setor incluem grande potencial para aumentar o consumo de carne suína na região, que atualmente não passa de 9 kg per capita, bem abaixo da média nacional de 18 kg, desenvolvimento de produtos diferenciados e de novos mercados, investimentos em genética e tecnologia para melhorar a produtividade e a competitividade dos produtores de suínos no Nordeste.

O diretor de Mercados da ABPA compartilha uma perspectiva otimista sobre as oportunidades de expansão e diversificação desse mercado, levando em consideração as preferências dos consumidores locais e a demanda crescente por proteínas de qualidade na região, que oferece um terreno fértil para o crescimento da indústria, desde que as empresas estejam dispostas a se adaptar às preferências dos consumidores e a investir na promoção de proteínas de alta qualidade.

O Nordeste é uma região de grande potencial para o setor de produtos suínos. Essa expansão pode beneficiar não apenas a produção local de suínos, mas também oferecer oportunidades para empresas produtoras de outros estados. “O mercado do Nordeste tem um grande potencial de crescimento, o que pode beneficiar tanto a produção de suínos local assim como eventualmente as empresas produtoras de outros estados também. É uma região com necessidades específicas dentro da excelente culinária local, mas que não foge ao padrão de excelência altamente diversificado que já é implantado pelo setor em todo o país”, exalta Rua.

Além disso, a ABPA observa que o Nordeste é um mercado com renda crescente, embora ainda apresente um consumo per capita relativamente baixo em comparação com regiões tradicionalmente produtoras e consumidoras, como o Sul e o Sudeste. Isso significa que há um grande potencial para o aumento do consumo de proteínas de qualidade no Nordeste, o que pode se traduzir em um mercado robusto e em crescimento para a indústria de produtos suínos no futuro.

Campanha para aumentar consumo

Presidente da ABCS, Marcelo Lopes: “Vamos fomentar o consumo da carne suína no Nordeste através do varejo, além de educar a população em relação aos benefícios do consumo desta proteína”

O presidente da ABCS afirma que a entidade aposta no aumento da demanda para impulsionar a suinocultura do Nordeste. “Vamos fomentar o consumo da carne suína no Nordeste através do varejo, além de educar a população em relação aos benefícios do consumo desta proteína, destacando que ela é uma das proteínas mais saudáveis e com baixos índices de gordura. A partir do varejo começamos a criar novas demandas, e com isso as grandes indústrias poderão fazer as suas adaptações para atender essa demanda emergente”, sustenta Lopes.

Com o compromisso de conquistar consumidores na segunda região mais populosa do país, desmistificar a proteína suína e mudar os hábitos alimentares dos nordestinos, a ABCS e a Associação Baiana de Suinocultores (ABS) realizam em conjunto com o frigorífico local Frigosol a campanha “Carne de Porco: Bom de preço, bom de prato” na Bahia.

As entidades realizaram durante o mês de outubro a campanha em mercados, frigoríficos e restaurantes do Oeste ao Sul do estado visando aumentar o consumo da proteína suína. “O Nordeste tem um potencial de consumo enorme e nós como associação precisamos fazer ações que promovam o consumo nesta região. Essa é a primeira de muitas iniciativas que ocorrerão no Nordeste. É de suma importância uma campanha desse cunho, que não só coloca o preço da carne suína em evidência, mas que também começa um processo de educação e quebra de preconceitos em relação à proteína. E ter o apoio do varejo, frigoríficos e associações regionais nessa empreitada mostra o comprometimento do setor com os produtores locais e com a carne suína”, afirma Lopes.

Para a 1ª edição da campanha no estado, foram realizadas várias ações em lojas de 110 municípios baianos. Além de concurso entre os restaurantes participantes da ação da cidade de Vitória da Conquista, BA.

A rede de supermercados Super Bom Preço, bandeira do Grupo Carrefour, também participou da campanha com todas as 37 lojas presentes em cinco estados nordestinos – Alagoas, Bahia, Maranhão, Paraíba e Pernambuco.

Produção de grãos

A crescente produção de grãos no Nordeste, especialmente soja e milho, tem contribuído para aproximar os grãos dos criadores de suínos, reduzindo os custos de produção.
Para a safra de 2023 devem ser colhidos na região mais de 25,8 milhões de toneladas, o que significa um aumento de 8,6% em comparação com a safra anterior. A soja e o milho são os principais propulsores desse crescimento. Essas projeções fazem parte de uma análise do cenário macroeconômico, conduzida pelo Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), com informações do IBGE. “O aumento na expectativa da safra de 2023 é explicado não só pela expansão da área plantada, como também pela melhoria da produtividade, a exemplo do que ocorre nas principais culturas como soja, milho e feijão”, explica a pesquisadora do Etene, Hellen Saraiva Leão, enfatizando que os produtores nordestinos precisam investir em adaptação de técnicas e melhoria de produtividade.

De acordo com o estudo, o destaque da produção é a Bahia, que deve produzir 10,9 milhões de toneladas, cerca de 42,5% da produção regional de grãos. Outras importantes contribuições são do Piauí como o segundo maior produtor, com previsão de 6,5 milhões de toneladas de grãos, alta de 25,5%, e Maranhão, com produção de 6,4 milhões de toneladas de grãos, crescimento de 24,7%.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola acesse gratuitamente a edição digital de Suínos. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

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Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade

Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.

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Fotos: Divulgação/Agroceres Multimix

Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.

Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.

As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.

A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.

Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.

De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.

O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.

Diagnóstico

Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.

A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:

  • Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
  • Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
  • Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
  • Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.

A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.

Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.

A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.

A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.

Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural com Lucas Avelino Rezende
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Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade

Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.

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Foto: Shutterstock

Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.

Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis ​​esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.

Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.

Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.

O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.

Comunicação e conscientização

Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.

O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.

Compromisso do setor

Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,

Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.

A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.

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Fonte: O Presente Rural
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Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela

Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.

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Foto: Divulgação/Sistema Faep

Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.

Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.

“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.

Exportações

Foto: Claudio Neves

Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.

Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.

Perspectivas

Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.

Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.

Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.

Segurança do trabalho

Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.

Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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