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Desafios da logística e dos negócios internacionais
O frete internacional teve impacto da pandemia nos dois últimos anos no setor do transporte marítimo, com falta de contêineres, falta de espaço nos navios, postos congestionados, navios descumprindo suas programações, fretes altos e lucros recordes dos armadores.

Frete internacional e suas perspectivas, como o atual cenário afeta importadores e exportadores brasileiros, impactos da guerra entre a Rússia e a Ucrânia na logística internacional e os reflexos da pandemia da covid-19 foram temas abordados pela gerente comercial da Rentalog, Nayara Morais, na palestra “Logística e negócios internacionais”. O evento foi promovido nesta sexta-feira (15), pelo Núcleo de Comércio Exterior e Logística Internacional (Comex) da Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC).

Evento promovido pelo Núcleo de Comércio Exterior e Logística Internacional da ACIC debateu o cenário atual e as perspectivas futuras em palestra nesta sexta-feira (15) – Fotos: Divulgação/ACIC
O frete internacional teve impacto da pandemia nos dois últimos anos no setor do transporte marítimo, com falta de contêineres, falta de espaço nos navios, postos congestionados, navios descumprindo suas programações, fretes altos e lucros recordes dos armadores. De acordo com Nayara, pesquisas mostram que, embora o número de armadores no mercado americano decresceu de 20 para 11 entre 2015 e 2022, o mercado não é concentrado. “Para os próximos três anos, a tendência não é muito boa. Os fretes se manterão, pois o importador e o exportador estão pagando, ou seja, o armador não tem tendência de diminuir porque a demanda é muito grande”.
Para Nayara, os impactos da guerra podem ser iguais ou até maiores do que no período da pandemia. A primeira grande mudança se deu na exportação/importação de mercadorias, com grandes empresas de transporte marítimo suspendendo suas operações para portos da Rússia e da Ucrânia. “Isso culminou na paralisação de alguns processos e no abarrotamento de outros portos próximos aos dois países. O mercado de seguros também foi impactado pelo conflito e tende a gerar acréscimo do prêmio previsto no contrato”, expôs a palestrante, ao acrescentar que, além disso, os armadores e transportadores podem se recusar a ir a portos se eles forem considerados inseguros, tanto no que se refere à segurança do porto quanto da rota até ele.

Palestrante Nayara Morais: “Além da dificuldade em fazer o carregamento dos navios, tem a escassez dos produtos a serem carregados na China
O preço do frete é outro agravante nesse cenário. Somente em 2020, com a pandemia, o preço do frete marítimo subiu quase 500%, iniciando o ano de 2022 com custo 4,7 vezes maior. Atualmente, 90% das movimentações do comércio internacional são feitas pelo mar. “Em 2022, o impacto no preço dos produtos que dependem do frete marítimo aumentou ainda mais, quadro fortemente influenciado pela parada do Porto de Shanghai, na China, que tem uma fatia relevante do tráfego marítimo mundial. Além da dificuldade em fazer o carregamento dos navios, tem a escassez dos produtos a serem carregados na China. Os dois pontos fazem o preço do frete aumentar, o que faz o preço dos produtos subir. Essa alta no custo para o consumidor final se dá pela escassez de produtos aqui no Brasil”, explicou Nayara.
Outra consequência que apareceu desde o início do conflito Rússia X Ucrânia foi o aumento do preço do barril do petróleo. Com a Rússia sendo um dos maiores produtores de petróleo do mundo e sofrendo sanções de diversos países, a demanda pela commodity aumentou e, consequentemente, o seu preço. Conforme a palestrante, a tendência é que o valor continue subindo em médio prazo, com o Brasil ainda tendo um agravante por causa da inflação.
Vale a pena se manter no comércio internacional?
Nayara ressaltou que, apesar da situação mundial ser difícil, ainda vale a pena investir na internacionalização. “É o caminho das empresas brasileiras. Avaliando a economia mundial, fala-se de recessão em vários países, porém, no Brasil, ainda se fala em crescimento. Então é viável, vale a pena, mas é preciso ir atrás de profissionais qualificados e confiáveis, tanto na assessoria da internacionalização quanto na compra de um frete e no desenvolvimento de um bom comprador”.
Para Nayara, as empresas que atuam com comércio internacional precisam se programar com antecedência, pois para conseguir um booking de exportação, em muitos casos, é necessário um prazo de seis semanas. “O armador tem esse tempo para liberar espaço e muitas vezes não consegue. Há rotas, como do Brasil para a Europa, por exemplo, que para dois meses para frente já não tem mais espaço. Então é fundamental se programar. Na importação a mesma coisa: programar o estoque e a compra para não faltar mercadoria e o processo fluir. Em relação aos valores não se tem muito o que fazer, só buscar alternativas no mercado, ter parceiros confiáveis e que prestem um bom serviço”.
O coordenador do Núcleo de Comércio Exterior e Logística Internacional, Thomas Reginatto, enfatizou que esses temas foram muito debatidos desde o início da pandemia e que a situação ainda não normalizou. “Nosso objetivo foi trazer um profissional que atua na área para informar a situação atual e as perspectivas futuras. Assim, podemos planejar os investimentos das nossas empresas e também orientar sobre as melhores alternativas para quem atua no comércio internacional”, finalizou.
Foto 13 –
Foto 14 – Nayara Morais explanou sobre logística e negócios internacionais
Foto 15 – Encontro ocorreu nesta sexta-feira

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



