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Óleos essenciais: novos conceitos e efeitos

Em artigo, Célio Batista da Silva, da Alivira Saúde Animal, destaca o potencial dos compostos fitogênicos na saúde intestinal e desempenho dos suínos.

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Foto: Divulgação/Alivira

Artigo escrito por Célio Batista da Silva, gerente Técnico da Alivira Saúde Animal

O uso de óleos essenciais é milenar e permeou várias culturas e povos com diferentes aplicações até os dias atuais. Desde o Egito Antigo, a Grécia, Roma e as culturas asiáticas, onde foi utilizado em práticas religiosas e rituais de mumificação, perfumaria, para banhos aromáticos, aplicações medicinais, equilíbrio das energias ou forças vitais, enfim, promovendo a saúde mental e física e assim, afastar as doenças.

Ao longo do tempo, estudos demonstraram inúmeras funcionalidades dos óleos essenciais, como efeitos antiparasitário, antimicrobiano, anti-inflamatório, expectorante, digestivo, analgésico, calmante, cicatrizante, antioxidante, anticoccidiano, imunomodulador, etc. Para exercer esses efeitos, eles podem ser utilizados de modo isolado ou associados a outros componentes, ou seja, combinados com ácidos, prebióticos, probióticos, aminoácidos, entre outros. Estudos recentes demonstram até mesmo novas rotas metabólicas de aumento de resiliência dos animais às micotoxinas mediante o uso de fitogênicos específicos – estímulo de NrF2.

O forte aumento na oferta de óleos essenciais para uso na suinocultura se deu em função do crescimento da demanda por produtos naturais, em alternativa aos produtos químicos e sintéticos, principalmente para substituição parcial ou total aos antibióticos e promotores de crescimento, visando a melhoria da qualidade intestinal dos animais e a promoção de uma melhor saúde e desempenho zootécnico. Na introdução dos óleos essenciais na suinocultura eram utilizadas altas concentrações de apenas um ou no máximo dois extratos vegetais.

Mais tarde a ciência revelou que, assim como os antibióticos, os óleos essenciais não são capazes de selecionar somente bactérias patogênicas, eliminando também Lactobacillus e Bifidobacterium, entre outras bactérias benéficas ao animal. O uso de óleos essenciais compostos de somente uma ou duas origens vegetais e em altas concentrações, também provoca o mesmo efeito, ou seja, leva o animal a uma disbiose, um desequilíbrio na microbiota intestinal, onde há alteração de composição e função das comunidades microbianas que vivem no trato gastrointestinal. Esse desequilíbrio pode levar a uma série de problemas de saúde, afetando desde a digestão e absorção de nutrientes até a imunidade e a saúde geral do animal.

Quorum sensing

Dessa forma, ao avaliar um produto à base de óleos essenciais, deve-se buscar uma ampla variedade de compostos fitogênicos com origem em múltiplas plantas, mínimo de três variedades diferentes, um equilíbrio entre sua composição, onde os compostos farmacêuticos presentes – terpenos fenólicos, fenil propanos, flavonoides, etc. – preferencialmente sejam precisamente dosados e equilibrados para que não provoquem o efeito de disbiose, mas que sejam suficientes para bloquear o quórum sensing.

Quorum sensing é um sistema de comunicação intercelular que permite que bactérias compartilhem informações sobre a densidade celular e ajustem a sua expressão gênica de acordo com o meio. Através da produção e detecção de moléculas sinalizadoras, moduladores bioquímicos chamadas autoindutores, as bactérias monitoram seu ambiente e ajustam a expressão gênica de forma coletiva, influenciando comportamentos como a formação de biofilmes e a expressão de fatores de virulência por bactérias patogênicas, como o desenvolvimento de fímbrias para adesão, colonização e infecção.

Assim, produtos com boa variedade de compostos farmacêuticos fitogênicos e com dosagem equilibrada entre seus componentes são capazes de modular a microbiota não por meio de efeito bactericida/bacteriostático, mas pelo bloqueio do quórum sensing nas bactérias patogênicas, inibindo sua expressão de crescimento, permitindo uma colonização expressiva por bactérias pertencentes às classes Firmicutes, Bacteroidetes, Actinobacteria e Proteobacteria, extremamente importantes para um intestino saudável, pois são capazes de exercer um bloqueio de bactérias patogênicas pelo simples efeito competitivo por nutrientes e por sítios de ligação, um processo conhecido como resistência à colonização.

Biomarcadores genéticos para expressão

Recentemente, há uma enorme quantidade de produtos compostos por óleos essenciais puros e/ou associados a outros compostos, praticamente sem nenhuma sustentação científica, somente com experimentos conduzidos à campo e sem validação estatística e/ou creditados por uma instituição de ensino/científica certificada. De outro lado, estão disponíveis poucos fitogênicos com inúmeras certificações e com resultados comprovados por robustos estudos científicos que atestam sua efetividade não somente através de resultados zootécnicos, que podem sofrer interferência de inúmeras variáveis, mas também por meio de biomarcadores genéticos para expressão, por exemplo, de atividade anti-inflamatória e antioxidante, que realmente comprovam sua capacidade de modular a resposta dos suínos mediante desafios presentes no cotidiano das granjas.

Uso controlado

Assim como ocorre com o uso de fármacos, o uso de óleos essenciais exige atenção e cuidado, pois o uso indevido, seja por sub ou sobredose, além da presença de impurezas, ou seja, pelo uso de produtos fabricados sem rigoroso controle de qualidade que seja capaz de garantir a composição e concentração precisa dos compostos químicos presentes em seus componentes, podem levar à processos alérgicos, estresse, irritação do trato respiratório levando à inflamação e até mesmo infecções pulmonares e disbiose, com a consequente perda ou irregularidade nos resultados zootécnicos obtidos.

Foto: O Presente Rural

Dessa forma, alguns aspectos importantes devem nortear a decisão de aquisição de produtos à base de óleos essenciais, como estudos que apontem a sua capacidade de influenciar biomarcadores genéticos que sinalizam a expressão de fatores como a capacidade anti-inflamatória e capacidade antioxidante dos animais, sejam nos tecidos do trato gastrointestinal, ovariano e hepático, pois eles comprovam científica e fisiologicamente, a ação do fitogênico sobre a proteção dos tecidos dos animais e a consequente melhoria constante de resultados. Cotar produtos baseando-se exclusivamente na concentração de ativo(s) ou no custo de inclusão são erros frequentemente praticados, pois conforme citado, isso pode levar à disbiose e outros efeitos colaterais muito negativos ao desempenho e saúde dos animais.

Os óleos essenciais possuem um lugar de destaque no futuro da suinocultura mundial, pois são produtos naturais, de fontes renováveis, com baixa capacidade de agressão aos animais, ao meio ambiente e à saúde humana, porém devemos utilizá-los com os mesmos critérios de rigorosidade utilizados para avaliação, aquisição e uso de medicamentos.

Referencias: lidia.uehara@alivira.com.br

O acesso à edição digital do jornal Suínos é gratuito. Para ler a versão completa online, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

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Suinocultura brasileira bate recordes e consolida ritmo histórico no 3º trimestre

Setor alcança marcas inéditas em produção, exportações, importações e oferta interna, segundo dados do Deral e do IBGE.

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A suinocultura brasileira encerrou o 3º trimestre de 2025 com desempenho histórico, alcançando novos recordes em praticamente todos os indicadores acompanhados pelo setor. Segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral) e resultados preliminares da Pesquisa Trimestral do Abate do IBGE, entre julho e setembro o país registrou os maiores volumes já observados de produção, exportação, importação e disponibilidade interna de carne suína desde o início das séries, em 1997.

A produção atingiu 1,49 milhão de toneladas, alta de 4,7% (66,8 mil t) frente ao recorde anterior, registrado no 2º trimestre deste ano. Na comparação anual, o avanço foi ainda maior: 6,1% (85,1 mil t) em relação ao mesmo período de 2024.

Desse volume, 391,97 mil toneladas foram destinadas ao mercado externo, o equivalente a 26,3% de toda a carne suína produzida no país no trimestre. As exportações cresceram 4,7% (17,6 mil t) ante o recorde do trimestre anterior e 7,7% (28,1 mil t) na comparação anual, ritmo praticamente alinhado ao avanço da produção.

O trimestre também registrou a maior importação de carne suína já observada: 6,72 mil toneladas, volume que corresponde a apenas 0,5% da produção nacional. O número supera em 10,2% (622 t) o antigo recorde, de 2019, e fica 28,3% (1,5 mil t) acima do mesmo período do ano passado. Do total importado, 93,4% foram miudezas, 6,4% carne in natura e apenas 0,2% carne industrializada.

Com o comportamento firme da produção e das exportações, a disponibilidade interna também atingiu o maior patamar da série: 1,10 milhão de toneladas. O resultado supera em 4,2% (44,3 mil t) o recorde anterior, registrado no 3º trimestre de 2023, e é 5,6% (58,5 mil t) superior ao observado no mesmo período de 2024.

Segundo análise técnica do Deral, a expectativa é que o desempenho do 4º trimestre continue forte, mantendo a tendência observada nos últimos anos, em que o período final do ano supera o terceiro trimestre em produção e exportações. Caso o movimento se confirme, os novos avanços devem ocorrer, mas de forma moderada, dada a base já elevada dos resultados atuais.

A combinação de produção crescente, exportações firmes e oferta interna robusta reforça o papel da suinocultura como um dos segmentos mais dinâmicos do agro brasileiro em 2025.

Fonte: O Presente Rural com informações Deral
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Suinocultura brasileira destaca inovação e sustentabilidade na COP30

ABCS e Embrapa apresentam avanços em produção eficiente e ambientalmente responsável, reforçando compromisso do setor com redução de emissões, bem-estar animal e estratégias de longo prazo para o futuro do agro.

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Foto: Divulgação/ABCS

A Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), marcou presença na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), um dos eventos mais importantes e aguardados do ano, que aconteceu em Belém do Pará com a presença de líderes e cientistas de todo o mundo que vieram ao Brasil debater sustentabilidade e mudanças climáticas. A Associação esteve presente no dia 20 de novembro na programação técnica da Agrizone, voltada às cadeias de aves, suínos e pescados, espaço institucional foi organizado pelo Sistema CNA/SENAR com o apoio da Embrapa, ABCS e a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Para a diretora técnica da ABCS, que esteve representando a Associação no evento, Charli Ludtke, destacou: “Sediar uma COP no Brasil foi de extrema relevância pelo país poder demonstrar o que vem fazendo, bem como liderar as discussões dentro do contexto amazônico, tema este que há anos ocupa lugar central nas discussões globais sobre preservação ambiental. Além disso, foram debatidas ações de grande relevância para o futuro dos sistemas de produção, como linhas de fomento ao desenvolvimento sustentável e a necessidade de estratégias de longo prazo para implementação de políticas públicas consistentes, pensando na expansão das fontes de energias renováveis.”

Para a programação da Agrizone, representando a suinocultura, o Dr. Everton Krabbe, chefe-geral da Embrapa Suínos e Aves, participou a convite da ABCS com a palestra “Sustentabilidade na prática: o papel da pesquisa e inovação na evolução da suinocultura brasileira”. Em sua apresentação, o pesquisador destacou como o avanço científico e tecnológico tem impulsionado uma produção cada vez mais eficiente, responsável e alinhada às metas globais de redução de impactos ambientais. Entre os principais temas abordados, estiveram melhorias na gestão ambiental da suinocultura, uso de tecnologias aplicadas ao bem-estar animal, redução de emissões de gases de efeito estufa, o manejo sustentável e o papel estratégico da inovação para a manutenção da competitividade do setor. A palestra reforçou que a suinocultura brasileira vem atuando nos 4 pilares da sustentabilidade, destacando que o setor combina eficiência produtiva com compromisso social, ambiental e econômico.

A presença da ABCS na COP30 reforça o compromisso da suinocultura brasileira com a sustentabilidade, a inovação e o futuro da produção de proteína animal, alinhada às demandas globais. Nas palavras da diretora técnica da ABCS, “Esse espaço trouxe a oportunidade de compartilharmos experiências sobre a suinocultura brasileira, que mostram ser possível produzir com responsabilidade ambiental, segurança e sustentabilidade. Reforçando que o setor tem compromisso com as questões climáticas e entende que preservar o meio ambiente e evoluir continuamente em práticas sustentáveis é uma responsabilidade compartilhada do campo à indústria”, concluiu.

Fonte: Assessoria ABCS
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Santa Catarina bate recorde de abates de suínos em 2025

Apesar de outubro registrar queda na produção mensal, o estado alcançou 15,4 milhões de suínos abatidos no acumulado de janeiro a outubro, maior volume desde 2013, mantendo sua liderança nacional no setor.

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Santa Catarina atingiu 15,4 milhões de suínos abatidos entre janeiro e outubro de 2025, segundo dados da Cidasc compilados pela Epagri/Cepa. O número representa um crescimento de 1,6% em relação ao mesmo período de 2024 e marca o maior volume de abates já registrado desde o início da série histórica, em 2013.

Apesar do resultado positivo no acumulado do ano, a produção mensal em outubro recuou. Foram produzidos 1,49 milhão de suínos, queda de 6,4% em relação ao mês anterior e 3,4% a menos que em outubro de 2024.

O comportamento da produção ao longo dos últimos 13 meses mostra variações, com picos em janeiro de 2025 (1,58 milhão) e julho de 2025 (1,68 milhão), indicando tendências sazonais de mercado e ajustes na oferta estadual.

A análise reforça a posição de Santa Catarina como principal estado produtor de suínos do país, mantendo a capacidade de expansão mesmo diante das flutuações mensais do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Epagri/Cepa
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