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Oferta de leite aumenta mais que o esperado; preço sobe 1,3%

Além do aumento na produção interna, houve alta de 22% nas importações de lácteos de maio para junho, totalizando cerca de 182 milhões de litros em equivalente leite.

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Pesquisas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, mostram que o preço do leite captado em junho subiu pelo oitavo mês consecutivo, mas em menor intensidade. A alta frente a maio limitou-se a 1,3%, em termos reais, de modo que a “Média Brasil” foi de R$ 2,7524/litro – 3,25% maior que a de junho de 2023.

Desde janeiro, o valor do leite pago ao produtor acumula avanço real de 32,1%. Porém, a média do primeiro semestre, de R$ 2,46/litro, fica 14,3% abaixo da de igual intervalo do ano passado – os valores foram deflacionados pelo IPCA de junho.

A perda no ritmo de valorização em junho se explica, sobretudo, pelo aumento acima do esperado da oferta nacional. Mesmo com o atraso da safra no Sul e com a seca no Sudeste e no Centro-Oeste, a produção de leite vem se recuperando devido a investimentos de produtores na nutrição do rebanho, estimulados pelo incremento da margem nos últimos meses.

O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea avançou 4,14% em junho, puxado pela alta média de 7,2% nos estados do Sul e de cerca de 2% nos outros estados da “Média Brasil”.

Além do aumento na produção interna, houve alta de 22% nas importações de lácteos de maio para junho, totalizando cerca de 182 milhões de litros em equivalente leite, segundo dados da Secex. Mesmo que essa quantidade seja quase 14% menor que a internalizada no mesmo período do ano passado, ao considerar o primeiro semestre do ano, as compras externas ainda estão 1,4% maiores.

Ademais, a dificuldade das indústrias em garantir margem nas vendas dos lácteos ao longo do primeiro semestre é um fator importante que influencia na queda do ritmo de valorização do leite cru. Pesquisas do Cepea apoiadas pela OCB mostram que houve altas de 6,6% no preço médio do UHT, de 4,1% para a muçarela e de 2,5% para o leite em pó fracionado (400g) negociados entre indústrias e atacado em São Paulo em junho. Apesar das variações mensais positivas, é importante ressaltar que as elevações se concentraram majoritariamente na primeira quinzena do mês, visto que, a partir da segunda metade do período, houve aumento da pressão dos canais de distribuição sobre as negociações.

Ainda que a tendência sazonal sinalize a persistência do movimento de alta do leite ao produtor até agosto, é possível que esse não seja o comportamento dos preços em 2024. Diante da continuidade do contexto de mercado citado, a expectativa é de que o terceiro trimestre seja marcado pelo recuo das cotações do leite cru.

Gráfico 1. Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de junho/2024)

Fonte: Cepea-Esalq/USP

 

Fonte: Assessoria Cepea

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Área cultivada com bioinsumos cresce 50% na última safra

Dado reforça o protagonismo brasileiro no ranking global de bioinsumos, que tem crescimento médio anual de 21%, quatro vezes superior à média mundial nos últimos três anos.

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Foto: Shutterstock

Estudo inédito do FGV Agro revelou crescimento de 50% da área cultivada com bioinsumos no país entre as safras 2021/22 e 2023/24. O dado reforça o protagonismo brasileiro no ranking global de bioinsumos, que tem crescimento médio anual de 21%, quatro vezes superior à média mundial nos últimos três anos. O estudo do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas também trará os avanços e desafios para a expansão desse mercado, que registrou R$ 5 bilhões em vendas na safra 2023/24, de acordo com dados da CropLife Brasil, divulgados em junho deste ano.

Diretora de Bioinsumos, Amália Borsari: ““Este trabalho reforça a importância da inovação e da ciência na agricultura sustentável” – Fotos: Divulgação/CLB

A diretora de Bioinsumos da CLB, Amália Borsari, destaca a importância desse tipo de estudo para a profissionalização e desenvolvimento do setor. “Este trabalho reforça a importância da inovação e da ciência na agricultura sustentável. Os números que serão apresentados comprovam que o uso dos bioinsumos nas lavouras brasileiras é uma realidade, além do potencial do Brasil se tornar plataforma exportadora dessa tecnologia”, completa.

Sinergia de tecnologias e políticas públicas

Além do crescimento econômico do setor, o documento ressalta a sinergia entre bioinsumos e outras tecnologias agrícolas para o aumento da eficiência e produtividade no campo. Benefícios ambientais, como a melhoria da qualidade do solo e a promoção da biodiversidade, também são apontados como diferenciais da utilização do insumo como complemento no manejo integrado de pragas. O estudo ressalta a adoção de boas práticas agrícolas, da fiscalização e do controle de qualidade dos produtos biológicos agrícolas para garantia da segurança e eficácia da tecnologia.

Presidente da CropLife Brasil, Eduardo Leão: “Essa pesquisa reforça a importância de olharmos para o futuro da agricultura, com foco nos desafios do planeta”

Outro aspecto prioritário trazido no levantamento é sobre a criação de um ambiente regulatório transparente e seguro para investimentos e o desenvolvimento dos bioinsumos, com políticas públicas que incentivem a adoção, a pesquisa e o desenvolvimento no setor público e privado. “Essa pesquisa reforça a importância de olharmos para o futuro da agricultura, com foco nos desafios do planeta. E a sustentabilidade, sem dúvidas, é um deles,” complementa Eduardo Leão, presidente da CropLife Brasil.

Fonte: Assessoria CropLife Brasil
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Estaria o estado do Mato Grosso à venda?

Com grande número de propriedades rurais anunciadas, alguns municípios matogrossenses chegam a ter cerca de 30% do território disponível para compradores interessados.

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Fotos: Shutterstock

O Mato Grosso tem chamado a atenção por conta da quantidade de anúncios de fazendas à venda, o que sinaliza aumento de oferta em áreas tradicionalmente de pecuária de corte e corrobora com as mudanças no mercado de terras. A tendência foi verificada pelo Chaozão, portal especializado em anúncios de propriedades rurais.

Segundo levantamento feito pela agrotech, alguns municípios do Estado exibem um número elevado de ofertas de fazendas. Dentre eles, se destaca Cocalinho, que conta com 16.538,832 km², e está com 30% do seu território anunciado na plataforma para venda. As fazendas são de aptidão para pecuária de corte. Outro é Primavera do Leste: 23% do município de 5.472,207 km² está pronto para receber novos proprietários. Em terceiro lugar fica Paranatinga, com 13% dos seus 24.177,568 Km² na mesma situação. Neste caso, as fazendas são de dupla aptidão (pecuária e/ou lavoura).

“O movimento está relacionado às significativas mudanças na dinâmica do mercado de terras no Estado, sejam por conta dos tipos e formas de explorações agropecuárias, do movimento de sucessões familiares a até da ‘saúde’ da propriedade rural”, afirma a engenheira agrônoma Renata Apolinário, diretora Operacional do Chaozão e responsável pela pesquisa.

Ela explica que nessas regiões as características de solo, regularidade de chuvas, aptidão e questões ambientais limitam o uso da propriedade rural. “O Mato Grosso possui diversos tipos de solo e perfis de exploração para agropecuária. Existem ótimas regiões em termos de produtividade e desenvolvimento, mas também outras com muita areia e mais isoladas, com poucos recursos e estrutura”, observa.

No caso do Pantanal, a compra e venda de propriedades rurais se limita ao povo local, que já conhece o sistema e o manejo.

Com a pressão por aumento de produtividade diante de um mercado cada vez mais competitivo, não há mais espaço para terras de pastagens degradadas ou mal manejadas. Ainda mais diante da crescente concentração de terras nas mãos de grandes grupos e fundos de investimento, buscando explorar o potencial da agricultura em escala. Assim, a tendência é de que terras de pecuária menos produtivas sejam vendidas por pequenos e médios pecuaristas que não conseguem competir com esses grandes investidores, ou que preferem capitalizar suas propriedades para outros fins.

A agricultura, especialmente a produção de grãos, tem avançado sobre áreas antes dedicadas exclusivamente à pecuária. “Aquelas que apresentam menor capacidade de suporte animal e baixo retorno financeiro, são colocadas à venda por proprietários que não conseguem ou não querem investir na recuperação dessas áreas. Assim, terras que não têm viabilidade imediata para esse tipo de transição, ou que requerem altos custos para adequação, acabam sendo colocadas à venda por valores mais acessíveis”, explica o especialista em Pecuária, Rostyner Pereira Costa.

Outro ponto importante é que assim como a oferta tem sido crescente, a demanda tem se tornado mais seletiva, pois investidores e possíveis compradores de terras estão cada vez melhor assessorados na escolha de uma propriedade rural. São estudados todos os fatores do imóvel, tais como o solo, clima, benfeitorias, região, tipo de exploração, logística e valorização do patrimônio imobilizado, para definir uma compra. “Todo comprador quer terra com solo saudável, com água disponível, com aptidão estruturada e pronta para produzir. Em cenário ideal, por exemplo, os agricultores querem solo com 40% para mais de argila, índice pluviométrico de 1.800 para mais e regularidade nas chuvas, topografia plana e alta produtividade. O que não está tão disponível no mercado”, alerta Renata.

O especialista em Pecuária destaca ainda a questão da sucessão no agronegócio e a necessidade de reestruturações financeiras que intensificam a onda de vendas. “Terras de pecuária de qualidade mais baixa são as primeiras a serem negociadas. Devemos ainda lembrar que vivemos um cenário de alta taxa de juros e incerteza econômica e política, o que provoca a fuga de muitos investidores do Brasil”, afirma Costa.

Fonte: Assessoria
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Recuperação judicial cresce 80% no setor agropecuário

Pequenos e médios se tornam dependentes de negociação com gigantes fornecedoras.

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Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

Foto: José Fernando Ogura/AEN

O número de pedidos de recuperação judicial no setor agropecuário teve um aumento de aproximadamente 80% em 2024 no comparativo anual, conforme dados da Serasa Experian. Alta nos custos de insumos, intensificação das dificuldades financeiras e condições climáticas adversas estão entre os principais fatores que levaram a essa crise no setor.

Nesse contexto, a recuperação judicial emergiu como uma medida viável para os produtores que buscam reorganizar sua situação financeira e garantir a continuidade das atividades no campo. “É preciso que eles se mantenham no mercado e para isso eles têm que buscar os remédios legais existentes. E hoje o que vejo é apenas a recuperação”, aponta o especialista em Recuperação Judicial, advogado Hanna Mtanios.

Para ele, pequenos e médios produtores tendem a ser os mais afetados, pois dependem das negociações com gigantes fornecedoras, nas quais entram em desvantagem. “Os grandes produtores, por negociarem em maior volume, acredito que vão conseguir negociações melhores, prazos melhores, com as gigantes que fornecem insumos, implementos agrícolas, em razão do tamanho do endividamento”, aponta Mtanios, lembrando que esse tamanho, naturalmente, foi gerado por grandes negócios anteriores. “As relações são diferentes. O pequeno e o médio acabam se tornando dependentes dessas tratativas”, ressalta.

O advogado acrescenta que é possível que esse grande número de recuperações judiciais, nos pequenos e médios produtores, gere um efeito cascata entre os pequenos fornecedores de produtos, que, por sua vez,  dependem do sucesso dessas recuperações para o sucesso dos seus negócios.

Mtanios avalia que não há políticas públicas voltadas para o auxílio do agronegócio nesse contexto. “Não vejo o governo se movimentar nesse sentido. O que temos é a lei de recuperação judicial, um favor legal que é dado ao empresário em dificuldade, seja ele do agronegócio ou não, de pedir recuperação judicial e ter uma chance de renegociar suas dívidas”, explica o especialista.

Ele aponta que é preciso que o governo federal gere linhas de créditos com qualidade e juros menores, para que esses produtores possam se recuperar naturalmente, honrar seus compromissos e evitar esse efeito cascata que pode acontecer, tanto para os pequenos, para os médios, como para os grandes produtores. “É preciso que o agronegócio sobreviva e para isso, se não houver outras políticas, o caminho naturalmente pode ser o da recuperação judicial”, analisa o advogado.

Bancos

Foto: Roberto Dziura

O aumento do número de recuperações judiciais no agronegócio não é bem recebido pelas instituições financeiras, que querem receber seus créditos. “Ninguém quer ser submetido aos efeitos de recuperação, deságio, parcelamento, alongamento da dívida. Todos querem receber na forma como negociaram, mas infelizmente, quando se vê impossibilitado de fazer o pagamento, o produtor é socorrido pelo remédio legal, a recuperação judicial”, observa Mtanios.

Esse crescimento nos casos já provoca um efeito de dificultar a concessão de créditos para o setor e estabelecer mais garantias, o que piora o cenário. “É preciso evitar falências, que são muito piores do que as recuperações judiciais, porque a falência encerra o negócio. Recuperação judicial, não. Ela possibilita manter a atividade, a fonte produtora de renda, de riqueza, os empregos”, compara.

O advogado avalia que cada caso deve ser avaliado com cautela e de forma pontual e responsável por um advogado para saber se há perspectiva de um bom resultado para a recuperação judicial. “Isso depende de vários fatores, como a existência de créditos que não se sujeitam à recuperação judicial em volumes muito elevados em relação à dívida total, o que pode tornar essa medida inviável”, pontua Mtanios, acrescentando que há outras alternativas judiciais, como revisões dos contratos e dos juros e outras formas de discutir judicialmente.

Fonte: Assessoria
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