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OCESC completa 50 anos com expressão e reconhecimento estadual
Atual presidente da entidade, Luiz Vicente Suzin, analisa o atual estágio, os desafios e as perspectivas do cooperativismo catarinense

A Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC) comemora seu quinquagésimo aniversário neste mês de agosto. Presidida, atualmente, por Luiz Vicente Suzin, a OCESC é uma das mais atuantes organizações estaduais com uma equipe técnica qualificada, capaz de dar apoio para todo o sistema institucional cooperativo.
Nessa entrevista, Suzin analisa o atual estágio, os desafios e as perspectivas do cooperativismo catarinense:
Quando e como surgiram as primeiras cooperativas no Brasil e em Santa Catarina?
Por volta de 1880 já havia cooperativas formalmente operando em Minas Gerais. Em Santa Catarina as primeiras iniciativas de cooperativismo ocorreram em 1910.
Qual a principal conquista do cooperativismo catarinense nesses 50 anos de existência e funcionamento da OCESC?
A principal conquista foi convencer as pessoas a se unirem em prol de objetivos comuns, o cooperativismo. A OCESC sempre desfrutou de muita credibilidade na sociedade, e esse é seu maior papel. Com muito trabalho e persistência as pessoas foram se associando em cooperativas dos mais diversos ramos de atividade e perceberam que elas podem gerir seus negócios e partilhar os resultados.
Como as cooperativas catarinenses se posicionam no cenário nacional?
As cooperativas catarinenses destacam-se por vários vetores, mas os principais são: união, organização e profissionalismo, fornecendo para seus associados e/ou sociedade produtos e serviços de qualidade com respeito ao consumidor e ao meio ambiente.
Qual é o tamanho do cooperativismo catarinense?
Segundo dados consolidados de 31 de dezembro de 2020, as 251 cooperativas registradas na OCESC tiveram receita/ingressos totais de R$ 49,8 bilhões, gerando 73 mil empregos diretos e 3,2 milhões de associados.
Como o senhor avalia o crescimento do cooperativismo catarinense?
O crescimento das cooperativas pode ser separado em duas vertentes: o crescimento pelo planejamento e pela visão de longo prazo e o crescimento pelas oportunidades de curto prazo. O cooperativismo vem se consolidando, ao longo dos anos, independentemente de fatores políticos e crises políticas, em função do planejamento e da execução assertiva com visão de longo prazo. Investimento na profissionalização da gestão das cooperativas e dos empregados em nada deixa a desejar para qualquer empresa não cooperativa tida como referência no mercado. A pandemia de covid-19 representou, para algumas atividades em que as cooperativas atuam, uma oportunidade de crescimento acima daquilo que poderia ser planejado. Demandas específicas deram um impulso, especialmente, para as cooperativas que atuam no agro, na saúde, no consumo e na infraestrutura.
A juventude está engajada no cooperativismo? O que os jovens representam para o cooperativismo?
Atualmente, uma faixa de 18% da população brasileira é formada por jovens e por isso temos que apostar neles. Com base nessa realidade estamos trabalhando em cima do quinto princípio: educação, formação e informação. Os jovens representam a continuidade do cooperativismo, portanto é neles que devemos acreditar e investir. O jovem tem procurado seu espaço e isso tem surtido um efeito muito gratificante. Muitas cooperativas têm programas específicos para essa faixa etária, os quais procuram levar informações sobre o funcionamento do cooperativismo.
Qual a importância das mulheres no desenvolvimento das cooperativas?
Incluir as mulheres na sociedade está na essência das cooperativas. Não se trata de um modismo, as cooperativas sempre deram esta oportunidade. Apenas, cada vez mais, as mulheres estão preparadas para desempenharem funções que no passado estavam mais distantes, até por questões culturais. O fenômeno da urbanização e universalização da educação propiciou oportunidade às mulheres terem a independência econômica. Como efeito direto observa-se a crescente participação da mulher no cooperativismo de crédito, de saúde, de consumo, produção de bens e serviços e agro.
Quais as prioridades da OCESC para o futuro?
A OCESC tem as suas funções definidas em lei, de forma que não tem muito espaço para “criatividade”. Nossa prioridade é continuar defendendo o modelo societário para que ele seja reconhecido e tratado de forma justa pelos Governos e reconhecido pela sociedade como entidades comprometidas com as questões sustentáveis e integrativas. Uma coisa é certa, a OCESC continuará a ser guardiã do modelo societário, princípios e valores do cooperativismo, bem como preservará a imagem e credibilidade do Sistema. Em parceria com o SESCOOP/SC, entidades congêneres e as próprias cooperativas, continuará o trabalho de capacitar dirigentes e empregados criando um ambiente profissional capaz de manter vínculos locais permanentes.
Quais os atuais desafios que o cooperativismo se impõe?
Os desafios dependem do ramo de atividade que a cooperativa atua. Para algumas, pode ser a necessidade de recursos financeiros para expansão de indústrias, hospitais, lojas. Para outras, é a limitação regulatória, e assim vai. Contudo, um dos principais desafios do cooperativismo é o de continuar a atrair pessoas para o modelo de negócio coletivo. Numa sociedade de consumo volátil e movida por necessidade de consumo de curto prazo e oferta abundante de produtos e serviços, será um grande desafio para os idealizadores e gestores cooperativistas captarem essas tendências para manterem fidelizado o associado por um propósito comum.

Notícias
Brasil explora inovação agrícola na Coreia do Sul
Delegação visita LG e CJ Bio para conhecer tecnologias de bioinsumos e soluções sustentáveis que podem transformar o futuro do agro brasileiro.

Em missão oficial à Coreia do Sul, a delegação brasileira liderada pelo secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Goulart, realizou, na segunda-feira (24), visitas técnicas a fábricas e centros de pesquisa das empresas LG e CJ Bio.
A agenda teve como objetivo aprofundar a cooperação entre os dois países nas áreas de inovação em agrotóxicos, bioinsumos e tecnologias voltadas à agricultura sustentável, com foco no desenvolvimento de produtos mais modernos, seguros e eficientes.
Para o secretário Goulart, as visitas reforçam o interesse mútuo do Brasil e da República da Coreia em ampliar a parceria técnica e comercial no setor agropecuário. “A agricultura brasileira é baseada em inovação. Somos a potência que somos por conta da inovação. Por isso, estreitar relações entre os países é essencial para manter a competitividade do agro”, afirmou.
Compõem a delegação pelo Mapa o coordenador-geral de Agrotóxicos e Afins, José Victor Torres, e a coordenadora de Registro, Tatiane Nascimento. Pela Anvisa, participam a gerente-geral de Toxicologia, Cassia Fernandes, a gerente de Avaliação de Segurança Toxicológica, Marina Aguiar, o gerente de Produtos Equivalentes, Juliano Malty e a assessora da Terceira Diretoria, Letícia Filier.
Visita ao parque de inovações da LG
Na LG, a delegação conheceu a estrutura global do grupo, que atua em setores como eletrônicos, telecomunicações, química e soluções para agricultura. A empresa apresentou sua visão de gestão baseada em inovação, sustentabilidade e governança, além dos investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento.
A LG também destacou o papel da LG Chem e da FarmHannong, divisão agrícola líder na Coreia em proteção de cultivos, sementes e fertilizantes. A companhia reforçou o interesse em ampliar sua atuação no Brasil e dar continuidade às parcerias com o Mapa e a Anvisa.
CJ Bio apresenta avanços em biotecnologia e soluções sustentáveis
A delegação visitou ainda a CJ Bio, referência mundial em biotecnologia aplicada à agricultura, nutrição e biomateriais. A empresa apresentou seus laboratórios e plataformas de desenvolvimento de microrganismos, fermentação, purificação e produção de bioinsumos.
Foram demonstradas tecnologias voltadas à produção de inoculantes, pesticidas e bioestimulantes, com foco em soluções de baixo impacto ambiental, redução de emissões e recuperação de solos. A CJ Bio também reforçou o interesse em desenvolver produtos biológicos para soja, milho e outras culturas estratégicas para o Brasil.
Colunistas
Saiba por que fungos e nematoides seguem tirando bilhões do agro
Organismos invisíveis avançam silenciosamente sobre as raízes, derrubam a produtividade e já geram prejuízos acima de R$ 35 bilhões por ano, enquanto a biotecnologia ganha espaço no manejo.

No agronegócio brasileiro, algumas das maiores ameaças à produtividade estão escondidas sob os nossos pés. Fungos e nematoides do solo são organismos microscópicos que, muitas vezes, sem darem sinais aparentes, comprometem as raízes, reduzem a absorção de água e nutrientes e minam o vigor das plantas. Quando os sintomas se tornam visíveis, os prejuízos já estão instalados.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), doenças fúngicas radiculares, como as causadas por Rhizoctonia, Fusarium e Sclerotium, podem permanecer no solo por longos períodos graças às suas estruturas de resistência, dificultando o controle e impactando culturas como soja, milho, feijão e hortaliças.

Artigo escrito por Bruno Arroyo, engenheiro agrônomo, com pós-graduação em Agronegócio.
Entre os inimigos invisíveis do solo, os nematoides ocupam lugar de destaque. Esses vermes microscópicos parasitam as raízes, formando galhas ou causando lesões que reduzem a eficiência do sistema radicular. Os reflexos são diretos: menor absorção de nutrientes, estresse hídrico precoce e queda na produtividade.
Pesquisas da Embrapa apontam que áreas infestadas por Pratylenchus brachyurus (nematoide das lesões radiculares) podem ter perdas médias de 21% na soja, o equivalente a 12 sacas por hectare. Além das evidências experimentais, estimativas da Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN) indicam que os prejuízos anuais no agro superam R$ 35 bilhões, sendo cerca de R$ 16,2 bilhões apenas na soja.
O desafio do manejo
O controle de nematoides e doenças fúngicas é particularmente complexo porque não existe uma solução única. A própria Embrapa recomenda o manejo integrado, combinando práticas, como rotação de culturas com espécies não hospedeiras, para reduzir a população de patógenos no solo; o uso de cultivares resistentes, quando disponíveis; adubação equilibrada e correção do solo, que fortalecem as defesas naturais da planta; e o controle biológico, por meio de microrganismos benéficos (bactérias e fungos), que competem com fungos patogênicos e estimulam o crescimento vegetal. Essas práticas, quando aplicadas em conjunto, aumentam a resiliência do sistema produtivo e reduzem a dependência exclusiva de defensivos químicos.
Biotecnologia como aliada

Foto: SAA SP
A biotecnologia vem se consolidando como parceira estratégica do produtor. O uso de bioinsumos, seja via aplicação direta ou tecnologia On Farm, permite ampliar populações de microrganismos benéficos e fortalecer a saúde do solo.
Já desde 2023, dados da Spark Inteligência Estratégica citados pela Embrapa, indicam que o uso de bionematicidas no Brasil ultrapassou o de nematicidas químicos em importantes culturas. Na soja, os produtos biológicos já representavam cerca de 94% do mercado de nematicidas, enquanto no milho esse índice chegava a 100%, consolidando a liderança dos biológicos no controle de nematoides.
Esse movimento continua se ampliando em outras cadeias produtivas. Levantamento da Kynetec mostra que, em 2024, mesmo com a retração de 18% no mercado de defensivos para cana-de-açúcar, os produtos de matriz biológica já respondiam por 7% do total financeiro do setor, com bionematicidas e bioinseticidas representando 75% desse segmento. Esses números confirmam que a biotecnologia deixou de ser apenas uma alternativa e passou a ocupar papel central nas estratégias de manejo do solo e de controle de nematoides no agronegócio brasileiro.
Quando adotamos práticas integradas e combinamos biotecnologia com as recomendações científicas, damos passos importantes para preservar a produtividade e a sustentabilidade do agro. Em um cenário de custos crescentes de insumos, pressão por sustentabilidade e exigência de maior eficiência, deixar de lado esses inimigos invisíveis também significa renunciar margens que fazem diferença no resultado da safra.
A boa notícia é que hoje temos conhecimento científico e tecnologias biológicas robustas para transformar esse desafio em oportunidade. O futuro do agronegócio passa pela capacidade de unir ciência, inovação e sustentabilidade. Não se trata apenas de controlar patógenos, mas de preservar o potencial produtivo de cada hectare, garantindo alimento de qualidade e competitividade para o Brasil no cenário global.
Notícias 02, 03 e 04 de dezembro
Dia de Campo da C.Vale estreia formato antecipado em dezembro
Mudança busca evitar conflito com a colheita de soja e reforça a participação dos produtores.

Para evitar a coincidência com o início da colheita de soja no Oeste do Paraná, a C.Vale decidiu antecipar seu principal evento técnico. A primeira edição do Dia de Campo no novo formato será realizada nos dias 02, 03 e 04 de dezembro, no Campo Experimental da cooperativa, em Palotina (PR).
A programação inclui lançamentos de máquinas e implementos com condições diferenciadas de compra, além da apresentação de novilhas leiteiras, gado de corte, caprinos e ovinos. O evento também mostrará resultados de trabalhos técnicos conduzidos no local. Entre as novidades estão concurso de receitas, maior interação com o público, ações ampliadas das empresas parceiras e mais áreas de sombra para quem aguarda o deslocamento nos ônibus internos.
A edição realizada em janeiro de 2025 reuniu 12 mil visitantes nas proximidades do complexo agroindustrial da C.Vale.
Antecipação estratégica
A decisão de mudar o calendário para dezembro ocorreu porque o plantio mais cedo das lavouras vinha aproximando o início da colheita da soja do período tradicional do evento, em meados de janeiro. A sobreposição afetava a participação dos produtores, levando a cooperativa a estabelecer, a partir de 2025, a realização do Dia de Campo sempre no último mês do ano.
Raio X – Dia de Campo 2025/26
147 empresas participantes
45 cultivares de soja
58 híbridos de milho
16 cultivares de mandioca
65 parcelas de agroquímicos
17 parcelas de produtos biológicos
63 parcelas de programas nutricionais
17 parcelas com tratamento de sementes
14 parcelas de tecnologia de aplicação
16 espécies forrageiras
9 parcelas de plantas de cobertura de solo
4 instituições de pesquisa
1 instituição de ensino
4 instituições financeiras



