Conectado com

Suínos

O que realmente há de novo no controle dos efeitos negativos das micotoxinas

Novas abordagens combinam adsorventes, biodegradadores e bioprotetores para reduzir os efeitos das micotoxinas na saúde e no desempenho de suínos.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

Artigo escrito por Clarisse Techer, mestre em Microbiologia, doutora em Ciência e Tecnologia de leite e ovos, gerente da categoria Monogástricos da MiXscience

A contaminação da ração por micotoxinas continua sendo um desafio importante na produção animal, exigindo o uso de soluções incorporadas à ração para mitigar seus efeitos negativos. Há uma gama de produtos disponíveis, com diferentes modos de ação e eficácia. Frente aos novos desafios da cadeia produtiva, é necessário evoluir de sequestrantes básicos para soluções mais abrangentes.

As micotoxinas são metabólitos secundários produzidos por fungos como Aspergillus, Penicillium e Fusarium, que frequentemente contaminam ingredientes de rações. Existem mais de 400 micotoxinas identificadas, que variam em estrutura e toxicidade. Estudos recentes mostram uma prevalência entre 60% e 80% das culturas analisadas, com contaminações múltiplas sendo comuns, especialmente por desoxinivalenol (DON), zearalenona (ZEA) e fumonisinas (FBs).

Mesmo abaixo dos níveis considerados aceitáveis, as micotoxinas podem causar efeitos adversos nos animais, possivelmente por interações sinérgicas entre elas ou com outras toxinas. Diante das mudanças climáticas, que podem favorecer a produção de toxinas, e maior conhecimento sobre sua toxicidade, torna-se imprescindível adotar novas abordagens. Três fatores se destacam: a alta prevalência global, o surgimento de micotoxinas/metabólitos mais tóxicos, e a complexidade da contaminação por mais de uma micotoxina.

As micotoxinas mais preocupantes são aflatoxinas, DON, ocratoxina, ZEA, FBs e toxina T-2. Os efeitos associados variam de distúrbios crônicos, com reduções da função intestinal, consumo de ração e desempenho, até toxicoses agudas. A toxicidade depende do tipo de micotoxina, dose, tempo de exposição, estado de saúde, idade e outros fatores.

Estratégias

Diversas estratégias vêm sendo utilizadas para mitigar os efeitos das micotoxinas. A adsorção é uma das abordagens mais comuns, usando compostos como argilas ou polissacarídeos das paredes celulares de microrganismos. Esses sequestrantes devem ser eficazes, seletivos e seguros quanto à presença de contaminantes.

Diante da complexidade da multicontaminação e da presença de outras toxinas, a seleção e combinação criteriosa de adsorventes pode ampliar a proteção. A mais nova tecnologia no mercado é o uso de microrganismos ou sistemas enzimáticos capazes de biodegradar as micotoxinas antes da absorção no trato gastrointestinal. Essa abordagem é específica, irreversível e não gera resíduos tóxicos.

A ZEA e seus metabólitos requerem atenção especial, pois afetam negativamente a reprodução animal por seus efeitos estrogênicos. Estudos apontam que alguns metabólitos derivados podem ser até 60 vezes mais tóxicos que a molécula original. Cepas de Bacillus subtilis demonstraram capacidade de degradar ZEA e seus principais metabólitos em até 99,9% em condições in vitro, reforçando o potencial desses probióticos também como solução biodegradativa. A bioproteção é uma abordagem complementar importante que envolve compostos com propriedades antioxidantes, imunomoduladoras ou que reforçam a integridade intestinal. Em leitões expostos a DON, o fornecimento com cepas exclusivas de bacillus promoveu redução da concentração da toxina no soro, resultando em melhora do ganho de peso comparado ao grupo controle (sem administração do aditivo). A hipótese principal é que esses microrganismos atuam reforçando as junções da barreira intestinal, limitando a translocação das toxinas.

Estudo e resultados

Um estudo recente realizado no Brasil com leitoas pós-desmame evidenciou os efeitos positivos dessa estratégia. Foram utilizados 180 animais, divididos em 3 grupos: Controle (T1) – ração sem contaminação por micotoxinas e sem inclusão do aditivo antibiotoxinas; controle negativo (T2) – ração contaminada com micotoxinas e sem inclusão do aditivo; grupo controle positivo (T3) – ração contaminada e com inclusão de 0.15% do aditivo antibiotoxinas. O período experimental durou 42 dias. A contaminação com micotoxinas (DON ~1000 ppb e ZEA ~500 ppb) ocorreu entre os dias 7 e 29.

Os resultados (veja gráficos) mostraram que a presença das micotoxinas na dieta ativou a resposta imune das leitoas (elevação na concentração de IL-6 e IgG), e alterou a morfometria da vulva (maior volume). A inclusão do aditivo antibiotoxinas abrandou tais respostas advindas do desafio e ainda beneficiou a saúde intestinal. As leitoas no T3 em relação àquelas do T2 apresentaram: menor peso do trato reprodutivo e volume da vulva; menor concentração de IL-6; menor contagem de células caliciformes; redução na concentração de DON no soro (- 21%). A pesquisa confirma os efeitos negativos da ZEA e do DON sobre o sistema reprodutivo, imunidade, inflamação e morfologia intestinal, e destaca o potencial de soluções microbianas para mitigar esses impactos.

Combinação de estratégias

Diante da presença contínua de micotoxinas e de múltiplos fatores de estresse nos sistemas de produção, a combinação de estratégias é fundamental. Soluções que associam adsorção, biodegradação e bioproteção oferecem uma abordagem integrada para minimizar os impactos das micotoxinas, promovendo melhor saúde, bem-estar e desempenho animal.

Referências bibliográficas: natalia.farias@salusgroup.com.br

O acesso à edição digital do jornal Suínos é gratuito. Para ler a versão completa online, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Suíno vivo segue estável no fim de novembro

Mercado ajustado, oferta controlada e demanda pré-festas garantem sustentação aos preços, que avançam de forma moderada no mês.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

O mercado do suíno vivo mantém certa estabilidade nos preços nesta reta final de novembro, segundo os indicadores do Cepea/Esalq. Na comparação diária, praticamente não houve mudanças relevantes nas praças acompanhadas, mas o acumulado do mês mostra avanços moderados e generalizados.

Em Minas Gerais, o animal posto foi negociado a R$ 8,46/kg na quinta-feira (27), sem variação no dia, mas com a maior alta mensal entre os estados, de 2,79%. No Paraná, o suíno a retirar fechou a R$ 8,41/kg, recuando 0,12% no dia, porém acumulando 0,72% de valorização em novembro.

No Rio Grande do Sul, o preço permanece estável em R$ 8,38/kg, com avanço mensal de 1,21%. Já em Santa Catarina, a cotação também não registrou variação diária, ficando em R$ 8,28/kg, leve alta de 0,36% no mês.

Entre as principais praças, São Paulo segue na liderança dos valores, com o suíno posto negociado a R$ 8,78/kg, estável no dia e com discreto ganho mensal de 0,11%.

Os números refletem um mercado ajustado, com oferta controlada e demanda alinhada ao período pré-festas, mantendo sustentação nos preços mesmo sem movimentos bruscos no curto prazo.

Fonte: O Presente Rural com informações Cepea
Continue Lendo

Suínos

Programa de ideias da Coopavel impulsiona inovação e engaja colaboradores no frigorífico de suínos

Segunda edição registra 159 sugestões, 62 aprovadas e dez já implantadas, reforçando competitividade, participação interna e cultura de melhoria contínua.

Publicado em

em

Fotos: Coopavel

O Programa de Ideias realizado pelo Frigorífico de Suínos da Coopavel encerrou sua segunda edição com resultados importantes e forte engajamento dos colaboradores. Em 45 dias, foram registradas 159 ideias, das quais 62 foram aprovadas e dez já implementadas. No total, 66 colaboradores participaram ativamente do processo. O evento de encerramento, com 40 pessoas, contou com a presença do presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, que destacou a importância da contribuição, do compartilhamento de experiências e da participação dos funcionários no contínuo crescimento da cooperativa.

Conforme Dilvo, iniciativas como essa fortalecem a competitividade da Coopavel, transformam boas sugestões em melhorias reais e ampliam o sentimento de pertencimento entre as equipes. O programa segue o conceito de inovação definido pelo Comitê de Inovação da cooperativa, que considera inovador todo produto, serviço ou processo novo ou melhorado e capaz de gerar benefícios diretos ou indiretos para a Coopavel. O projeto foi realizado pelo frigorífico de suínos em conjunto com o setor de inovação da cooperativa, a Universidade Coopavel (Unicoop) e o Itaipu Parquetec.

Critérios

A iniciativa busca identificar oportunidades em diferentes áreas, promover o intraempreendedorismo e incentivar melhorias industriais, operacionais, administrativas e gerenciais. As ideias foram avaliadas por critérios como impacto, viabilidade, relação custo-benefício, nível tecnológico e contribuição para a competitividade da cooperativa. As sugestões foram divididas em quatro categorias.

Vencedores

Na categoria Administração, Comercial, Contabilidade, Expedição/Estocagem e Industrializado, os vencedores foram Fábio Julio Cansi (1º), Álvaro José Rodriguez Cordero (2º), e Sirlene Maciel Vigano e Adenilda Gomes da Silva (3º). Na categoria Fomento, Recebimento, SIF, Abate/Salas Anexas, Higienização e Subproduto, a vencedora foi Ada Rubia Wandscher. Na categoria Qualidade, P&D, Desossa, Resfriamento de Carcaça e Manutenção, os destaques foram Izaias de Oliveira Antunes (1º), Leandro Victor Schwambach (2º), e Sirlene Maciel Vigano e Leonildo Callegari (3º).

Já na categoria PCP, RH, Almoxarifado, Paletização, Túneis e Secundária, os premiados foram Ana Lúcia Tadioto, Eloir da Silva Ortiz e Cezimundo Ferreira Bento Biazin (1º), Ritamara Bertucci (2º), e Marcelo Huk Soares (3º). A primeira edição do Programa de Ideias foi realizada no frigorífico de aves em 2023, e a edição recém-concluída no frigorífico de suínos consolida o projeto como uma ferramenta de inovação interna e valorização dos colaboradores, comenta o gerente do Frisuínos, Mauro Turchetto.

A etapa final contou também com palestra do gerente do Centro de Empreendedorismo do Itaipu Parquetec, Eduardo Montenegro Bortoleto. Ele falou sobre Intraempreendedorismo. Todo programa teve apoio do Itaipu Parquetec, que contou com Alexandre Pastre, Analista de Inovação do Parque, que participou da banca de avaliação das ideias. Uma das premiações de reconhecimento aos que tiveram ideias aprovadas será uma visita à Usina Hidrelétrica de Itaipu.

Fonte: Assessoria Coopavel
Continue Lendo

Suínos

Produção, exportações e consumo avançam e consolidam força da suinocultura nacional

Com custos competitivos e demanda asiática aquecida, setor projeta crescimento firme em 2025 e reforça planejamento para manter resiliência frente a oscilações externas.

Publicado em

em

Fotos: Shutterstock

Impulsionada por custos de produção mais baixos e por uma demanda internacional aquecida, a suinocultura brasileira caminha para encerrar 2025 como um dos melhores anos de sua história. A combinação de milho e farelo de soja em patamares favoráveis garantiu ao setor margens robustas, estimulando a expansão da produção e o avanço dos abates ao longo do ano.

De acordo com análises da Consultoria Agro do Itaú BBA, o ambiente de custos controlados tem sido decisivo para acelerar o ciclo de crescimento da atividade e ampliar a competitividade da proteína no mercado global.

O cenário externo seguiu igualmente favorável. A demanda asiática, que responde por cerca de 65% das exportações brasileiras, manteve o ritmo acelerado e foi determinante para mais um recorde anual. Filipinas, Japão e Vietnã ampliaram expressivamente suas compras, compensando a retração observada na China. Nas Américas, mercados como Chile, México, Argentina e Uruguai também reforçaram o desempenho brasileiro e despontam como destinos estratégicos para 2026.

As projeções indicam que a produção nacional deve crescer 5% em 2025, enquanto as exportações devem avançar 15%. Mesmo com o aumento dos embarques, o consumo interno também deverá alcançar um novo patamar histórico, mantendo o equilíbrio entre oferta e demanda no mercado doméstico.

A expectativa para a próxima safra é de custos de ração equilibrados, apesar de eventuais ajustes no milho, o que deve sustentar a competitividade da proteína e prolongar o ciclo de margens favoráveis que já dura três anos. Esse ambiente estimulante já se reflete no ritmo de produção, superior ao registrado no mesmo período do ano passado.

Apesar do cenário positivo, especialistas alertam que o momento é oportuno para o setor reforçar sua resiliência frente a possíveis oscilações, especialmente no mercado externo. Avaliação criteriosa de investimentos e manutenção de liquidez serão essenciais para enfrentar a tradicional volatilidade da suinocultura e preservar a estabilidade conquistada nos últimos anos.

Fonte: O Presente Rural com informações Consultoria Agro do Itaú BBA
Continue Lendo

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.