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Suínos Sanidade

O que podemos aprender sobre PSA com o exemplo do Vietnã?

Médico veterinário e Head of Swine Operation da Japfa Comfeed Vietnam, Francisco Domingues, deu um relato de como está sendo enfrentar a doença no país asiático

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A Peste Suína Africana é uma enfermidade que causa calafrios em qualquer suinocultor. Por ainda não ter uma vacina, se ela chegar até o rebanho, o prejuízo é certo. O Brasil não vem sofrendo com a doença, mas isso não quer dizer que o país e os produtores não podem aprender com a experiência dos vizinhos. Durante o Pig Meeting, evento realizado pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet), o médico veterinário, PhD em Nutrição de Suínos e Head of Swine Operation da Japfa Comfeed Vietnam, Francisco Domingues, trouxe o relato de como está sendo a vivência com a doença no Vietnã.

De acordo com ele, a PSA levou a uma diminuição drástica do rebanho asiático de, pelo menos, 50%. “Para se ter uma ideia de qual era a situação do Vietnã: em 2018 o país tinha quase três milhões de fêmeas e, muita gente não sabe, mas o Vietnã tem um grande potencial. Mas em 2019 chegou a PSA e no início daquele ano houve uma diminuição para 2,7 milhões de cabeças e no final do ano foi para 1,2 milhão de cabeças”, conta.

Ele explica que atualmente a situação das perdas com a doença já deu uma pequena recuperada, sendo que o país já conta novamente com dois milhões de fêmeas. “É uma pequena recuperação. Sabemos que poderia ser mais rápida, mas a PSA está aí. Então sabemos que todos os dias as empresas estão com um grande desafio. Temos que aprender muita coisa para sobreviver”, comenta.

Domingues informa que quanto ao mercado também houve uma recuperação. “Observamos que subiu um pouco o preço do quilo do suíno, que está em uma média de 3,80 dólares. Com certeza é uma lucratividade boa e que vem a superar todas as formas de lucratividade que poderíamos ter em condições normais de mercado”, diz. Para ele, não tem o que o setor vietnamita reclamar hoje, mas é preciso manter o rebanho – o número de cabeças – para fazer o negócio girar.

O profissional conta que no início eles fizeram um mapa de acesso de risco, onde havia os pequenos produtores integrados e que poderia acontecer de perder o rebanho. “Orçamos a perda de 90 mil cabeças, mas felizmente conseguimos reduzir e a perda foi de 67 mil cabeças. Isso, na primeira onda da PSA, no início de 2019”, relata. Já na segunda onda da doença a perda chegou a uma média de 30 mil cabeças. “É a mesma coisa que aconteceu na China. Entendemos que aqui (Vietnã) não vai ser diferente. E por que acontece? Porque os pequenos produtores tentam voltar ao mercado e colocam fêmeas para produção, e foram elas que provocaram a segunda onde e sabemos que ainda terá uma terceira, neste segundo semestre”, conta.

Domingues lembra que no início foi um pouco assustador tudo o que acontecia. “Sabíamos que estava acontecendo na China, mas não sabíamos se ia ou não nos afetar, só poderíamos esperar”, lembra. Ele conta que a evolução no país vizinho foi rápida e assim logo a doença chegou ao Vietnã. “A PSA chegou pelo Norte do país, mas não houve uma ação do governo de fechar a parte central do Estado e, assim, a doença aumentou gradualmente. Nessa situação, em fevereiro de 2019, quando as primeiras notícias saíram de que o Vietnã tinha a enfermidade, já estávamos preparados para um momento de desafio”, recorda. A partir disso, conta o profissional, todos os projetos passaram a ser focados na biossegurança. “Já era uma prioridade, mas naquele momento passou a ser total”, diz.

A estratégia adotada, segundo Domingues, foi tentar entender a área de risco e as fragilidades. Foi assim que eles orçaram a perda de 90 mil cabeças. “Trabalhando nas regiões em que a doença estava mais assídua e conseguimos diminuir esta perda”, conta. O que restava para aquele momento, diz, era reforçar a biossegurança nas granjas. “No final das contas, tudo se resume a isso”, afirma. “Nós queremos proteger o nosso negócio e animais, e por isso precisamos melhorar a biossegurança, não somente por conta da PSA, mas também pela PRRS e PED”, complementa.

Dessa forma, citou, foi dado início ao desenvolvimento de um protocolo de biossegurança. Entre as estratégias que passaram a ser adotadas para reforço da biosseguridade estavam retirar toda e qualquer entrada de veículos da granja, colocando um silo extra na propriedade, de forma que o caminhão não entrasse mais. “Partimos ainda para um sistema de vigilância focando na biossegurança. Era controle de 100% do movimento 24h e com somente um ponto de entrada nas granjas. Controlamos totalmente o movimento do local. Isso é importante porque uma pessoa ou material que entra de forma inadequada pode trazer a doença”, comenta.

Pouca importância

Domingues revela que antes muitas empresas no Vietnã não davam muita importância para a lavagem dos caminhões. “Conseguimos detectar surto de PRRS devido a caminhões contaminados. Eles lavavam somente com água, sem o detergente. Então eles estavam sujos ainda e assim reforçamos a limpeza dos caminhões. Se conseguir controlar de forma correta, conseguimos ficar livres da doença”, afirma. “Nós precisamos chegar antes da doença, adotando as medidas protetivas necessárias”, reitera.

O profissional comenta que todos aprenderam muito com a situação e que é preciso entender o que os outros países passaram. “Conseguimos ter uma ideia do que o futuro espera da gente. A primeira coisa é que a Ásia tem 36% da suinocultura tecnificada, então ainda há muito espaço para crescer, tem muita oportunidade. Como eu tenho tanta certeza? Um exemplo é a Rússia. Em 2007 eles tinham praticamente 42% das granjas tecnificadas e tinham há anos a PSA lá e mesmo com os desafios da doença a Rússia não parou de aumentar o rebanho. O modelo de criação que eles desenvolveram traz um suporte grande para a gente, que são modelos de criação 100% fechados”, comenta. “Então, mesmo com esta adversidade de agora, o potencial de crescimento é grande e nós vamos atrás disso”, afirma.

Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de outubro/novembro de 2020 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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Colunistas

Comunicação e Marketing como mola propulsora do consumo de carne suína no Brasil

Se até pouco tempo o consumo era freado por percepções equivocadas, hoje a comunicação correta, direcionada e baseada em evidências abre caminho para quebrar paradigmas.

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Foto: Claudio Pazetto

Artigo escrito por Felipe Ceolin, médico-veterinário, mestre em Ciências Veterinárias, com especialização em Qualidade de Alimentos, em Gestão Comercial e em Marketing, e atual diretor comercial da Agência Comunica Agro.

O mercado da carne suína vive no Brasil um momento transição. A proteína, antes limitada por barreiras culturais e mitos relacionados à saúde, vem conquistando espaço na mesa do consumidor.

Se até pouco tempo o consumo era freado por percepções equivocadas, hoje a comunicação correta, direcionada e baseada em evidências abre caminho para quebrar paradigmas. Estudos recentes revelam que o brasileiro passou a reconhecer características como sabor, valor nutricional e versatilidade da carne suína, demonstrando uma mudança clara no comportamento de compra e consumo. É nesse cenário que o marketing se transforma em importante aliado da cadeia produtiva.

Foto: Shutterstock

Reposicionar para crescer

Para aumentar a participação na mesa das famílias é preciso comunicar aquilo que o consumidor precisava ouvir:
— que é uma carne segura,
— rica em nutrientes,
— competitiva em preço,
— e extremamente versátil na culinária.

Campanhas educativas, conteúdos informativos e a presença mais forte nas mídias sociais têm ajudado a construir essa nova imagem. Quando o consumidor entende o produto, ele compra com mais confiança – e essa confiança só existe quando existe uma comunicação clara e alinhada as suas expectativas.

O marketing não apenas divulga, ele conecta. Ao simplificar informações técnicas, aproximar o produtor do consumidor e mostrar maneiras práticas de preparo, a comunicação se torna um instrumento de transformação cultural.

Apresentar novos cortes, propor receitas, explicar processos de qualidade, destacar certificações e reforçar a rastreabilidade são estratégias que aumentam a percepção de valor e, consequentemente, estimulam o consumo.

Digital: o novo campo do agro

As redes sociais se tornaram o “supermercado digital” do consumidor moderno. Ali ele busca receitas, tira dúvidas, avalia produtos e

Foto: Divulgação/Pexels

compartilha experiências.
Indústrias, cooperativas e associações que investem em presença digital tornam-se mais competitivas e ampliam sua capacidade de influenciar preferências.

Vídeos curtos, reels com receitas simples, influenciadores culinários e campanhas segmentadas têm desempenhado papel fundamental na aproximação com o consumidor urbano, historicamente mais distante da realidade da cadeia produtiva e do campo.

Promoções e estratégias de varejo

Além do ambiente digital, o ponto de venda continua sendo o território decisivo da conversão. Embalagens mais atrativas, materiais explicativos, promoções e ações conjuntas com o varejo aumentam a visibilidade e reduzem a insegurança de quem tomando decisão na frente da gondola.

Marketing como elo da cadeia produtiva

A cadeia de carne suína brasileira é altamente tecnificada, sustentável e reconhecida, mas essa excelência precisa ser comunicada. O marketing tem o papel de unir elos – do campo ao consumidor – e transformar conhecimento técnico em mensagens simples e que engajam.

Fonte: O Presente Rural com Felipe Ceolin
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Suínos Imunização inteligente

Gel comestível surge como alternativa para reduzir estresse e melhorar vacinação de suínos

Tecnologia permite imunização coletiva com menos manejo, mantém eficácia contra Salmonella e ganha espaço como estratégia para elevar bem-estar animal e eficiência produtiva.

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Fotos: Divulgação/American Nutrtients

Artigo escrito por Luiza Marchiori Severo, analista de P&D na American Nutrients do Brasil e acadêmica do curso de Farmácia; e por Daiane Carvalho, médica-veterinária e coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento e Responsável Técnica da American Nutrients do Brasil.

A suinocultura enfrenta desafios complexos na busca por eficiência produtiva, controle sanitário, escassez de mão de obra e bem-estar animal. Doenças infecciosas, como a salmonelose, ainda figuram entre as principais preocupações sanitárias em granjas comerciais, exigindo estratégias de imunização compatíveis com práticas alinhadas a maior eficiência na aplicação e menos estresse aos animais. Nesse contexto, o debate sobre métodos alternativos de vacinação ganha cada vez mais força.

Vacinas orais compostas por microrganismos vivos podem ser administradas aos suínos tanto individualmente, utilizando o método de drench, quanto coletivamente por meio da água de bebida. A aplicação coletiva via bebedouros apresenta a vantagem de reduzir significativamente o estresse dos animais e dos operadores, pois é um procedimento rápido e que demanda pouca mão de obra. Por outro lado, a administração oral individual, como o drench frequentemente empregado em leitões na maternidade, exige contenção um a um para garantir a ingestão adequada, tornando o processo mais trabalhoso e potencialmente mais estressante para os suínos.

Neste contexto, a aplicação oral de vacinas exige soluções tecnológicas que assegurem maior praticidade, estabilidade do imunógeno, homogeneidade da distribuição e, principalmente, aceitação espontânea pelos animais. É neste ponto que o conhecimento dos aspectos relacionados à fisiologia sensorial dos suínos é fundamental no desenvolvimento de produtos que possam atuar como veículos de alta atratividade para vacinas via oral, garantindo maior eficiência nos processos vacinais, bem-estar animal e praticidade.

Gel Comestível

O gel comestível é uma matriz semissólida, palatável e nutritiva, que contém componentes seguros e atrativos ao consumo dos suínos. Esse veículo possibilita a administração coletiva da vacina diretamente em comedouros auxiliares – sem a necessidade de manejo individualizado. Ao ser disponibilizado em áreas acessíveis das baias, o gel é consumido de forma espontânea pelos leitões, respeitando seu comportamento natural e reduzindo drasticamente o estresse associado ao processo de vacinação.

Em estudo conduzido em 2024 avaliou-se a eficácia da vacinação oral contra Salmonella Typhimurium por meio da aplicação através do gel, comparando-se os resultados com a administração tradicional por drench oral. Os leitões vacinados com o gel apresentaram desempenho zootécnico semelhante ao grupo que recebeu a vacina por drench. Além disso, os animais vacinados com o gel apresentaram menor incidência de lesões intestinais após o desafio com cepa virulenta do agente patogênico. Estes resultados comprovam a eficiência do processo de vacinação com a utilização do gel palatável. Da mesma forma, outros pesquisadores, ao avaliar a eficiência de acesso a um gel comercial comestível, evidenciaram que de 10 leitegadas avaliadas, 92% dos animais acessaram o gel, sendo 89% em até 6 horas. Como conclusão os autores afirmaram que o alto percentual de leitões consumidores observados neste estudo demostrou ser uma via de aplicação promissora na vacinação na suinocultura.

Além de favorecer o bem-estar animal, o gel comestível oferece benefícios operacionais significativos: economia de tempo, redução de mão de obra e maior biosseguridade, visto que que se reduz consideravelmente a necessidade de uma equipe externa de vacinadores.

Qualidade, Eficiência e Sustentabilidade

Para que a vacinação via gel comestível seja efetiva, é essencial garantir a homogeneidade da distribuição da vacina no veículo, assegurando que todos os animais recebam uma dose adequada. Ensaios realizados em laboratórios e granjas já demonstram que essa tecnologia é capaz de manter a viabilidade do imunógeno por períodos compatíveis com a recomendação de consumo de vacinas via oral após diluídas, mantendo sua eficácia mesmo em condições ambientais variáveis.

Além disso, o uso de veículos comestíveis está alinhado às boas práticas de fabricação e aos princípios de biosseguridade preconizados por legislações nacionais e internacionais. Com isso, a alternativa se mostra viável tanto técnica quanto economicamente, oferecendo à suinocultura uma ferramenta inovadora para o controle sanitário.

Considerações Finais

A adoção de métodos alternativos à vacinação tradicional representa um avanço estratégico para a suinocultura brasileira, ao aliar eficiência imunológica a práticas mais humanizadas e sustentáveis. Soluções como a vacinação oral, os dispositivos sem agulha e o uso de veículos comestíveis – como o gel – permitem reduzir significativamente o estresse animal, simplificar rotinas de manejo e minimizar riscos operacionais. Investir nessas tecnologias é essencial para fortalecer um modelo de produção alinhado aos princípios do bem-estar animal, da biosseguridade e da competitividade no mercado global.

As referências bibliográficas estão com as autoras. Contato: cq@americannutrients.com.br

Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.

Fonte: O Presente Rural
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