Suínos Sustentabilidade
O que nos falta para uma elevada relevância a nível global em práticas de sustentabilidade?
Conceito atual de Sustentabilidade Empresarial é definido como conjunto de ações e políticas empresarias economicamente sustentáveis e socialmente responsáveis que garantem o desenvolvimento da empresa e da sociedade

Artigo escrito por Alexandre Barbosa de Brito e Bruno Pecorino, da AB Vista LAM
A produção agropecuária é um setor complexo, multicomponente e interativo. Depende da terra, dos recursos animais, humanos e hídricos, bem como do investimento de capital. Em todo o mundo desenvolvido, este papel é assumido por um grupo de empresários rurais que praticam diferentes graus de intensidade e eficiência biológica. Como uma mensagem inicial deste texto, no mercado Latino-Americano (LAM), foco principal das comparações dos números desta revisão; temos um modelo de produção vegetal e animal que rivaliza ou mesmo ultrapassa outros centros de produção de proteínas no mundo, seja em suas tonelagens produzidas e eficiência de área/recursos alocados. Porém com um consumo per capital de nutrientes muito menor, o que retira o impacto ambiental da região.
Estes cenários são importantes para o sucesso financeiro do negócio, pois isso nos ajuda a produzir mais proteína, com o mínimo de recursos alocados. Porém, de igual maneira, esta premissa é a base para o desenvolvimento do conceito atual de Sustentabilidade Empresarial (Figura 01), sendo definido como um conjunto de ações e políticas empresarias economicamente sustentáveis e socialmente responsáveis que garantem o desenvolvimento da empresa e da sociedade.

Nossa intenção neste texto é realizarmos uma abordagem destas dimensões com foco nos números do setor de carnes da LAM, com o objetivo de traçarmos uma visão detalhada de nossa participação frente a outras regiões do globo.
O primeiro ponto aqui refere-se à dimensão do negócio. Investir em uma busca por produtividade a um custo alimentar mais vantajoso sempre será um cenário positivo para qualquer empresa do setor agropecuário, pois mantém a receita sobre os animais abatidos maximizados. O fato é que, grupos de animais diferentes, consumindo dietas distintas e com desempenhos semelhantes, podem ter grandes diferenças quanto ao cenário de sustentabilidade em seu ciclo produtivo, pois são dependentes do custo do alimento para a obtenção deste desempenho. O foco principal desta dimensão é melhorar o uso dos nutrientes presentes na dieta, possibilitando gerarmos a máxima performance com o mínimo volume de nutrientes alocados.
Um exemplo deste conceito pode ser em trabalho que apresentou resultados para performance de suínos de 63 a 124 dias de idade, alimentados com uma dieta controle (DC) a base de milho e farelo de soja formulada para conter 500 FTU/kg da fitase Quantum Blue formulada para conter 0,15% de P.disp + 0,16% de Ca + 0,045% de Na; versus a dieta adaptada ao Programa de Máxima Matriz (PMM) contendo 2.000 FTU/kg da mesma fitase + 9.600 BXU/kg da xilanase Econase XT adaptada para atender um matriz de 0,20% de P.disp + 0,22% de Ca + 0,045% de Na + 0,05% de Lys.d. (entre outros aminoácidos) + 120kcal/kg de EMS.
Os resultados apresentados na Figura 02 demonstram uma manutenção nos aspectos de performance, porém com grande vantagem do nível de CO2e emitido/kg de carne de suíno abatido (uma das mais importantes medições de sustentabilidade recomendadas para as dimensões ecológica e ambiental). Isso, claro, impactou fortemente na redução do custo final de produção para o grupo PMM.
Os autores concluíram que o uso de 2000 FTU/kg de fitase + 9.600 BXU/kg de xilanase melhoraram a rentabilidade produtiva por determinar baixo impacto nos índices de performance zootécnica, comparando-se ao grupo DC, mesmo com o uso de uma dieta com custo de formulação U$ 20,00/ton inferior; ou seja: fazer o máximo com o mínimo de recursos alocados.

Quando falamos na dimensão social, creio que trazemos o principal fundamento de nosso setor. Os produtores da LAM ajudam a alimentar a população de nossa região, bem como a do planeta – somos exportadores de alimentos por vocação. Dada a eficiência descrita na dimensão anterior, somos capazes de produzir uma fonte de proteína de grande valor biológico e com um custo cada vez mais adequado.
Claro que variações de preços (inflação e deflação de comodities alimentícias) sempre será um tema em nosso setor. Porém estas variações seriam ainda maiores se não houvesse uma busca importante nos temas descritos na dimensão do negócio. Isso faz com que os custos dos alimentos, em momentos de deflação, sejam ainda mais baratos; ou que nos momentos de inflação, sejam menos custosos. A conta é sempre vantajosa para o cenário social, sendo esta a nossa vocação; pois ajudamos a alimentar o mundo.
Para as outras dimensões (ambiental e ecológica), um exemplo sobre como a LAM tem relevância neste cenário pode ser visto nos dados publicados neste ano, que seguem sumarizados nos dados apresentados nas Figuras 03 a 06. Como, no site da FAO existem alguns dados apresentados, que só foram descritos até 2018 (não existem dados mais novos nesta fonte de consulta); procuramos padronizar todas as informações na mesma base de 2018, para uma avaliação mais correta.
Na Figura 03 encontra-se apresentando os dados da distribuição de população mundial por continente, que em 2018 atingiu 7.63 bilhões de pessoas. O continente americano representou 13% deste volume (com 1,02 bilhão de pessoas, sendo LAM 42%, NAN 36%, CAM 18% e Caribe 4% deste total). Outra informação importante refere-se à proporção do volume da população urbana x rural. Apenas 19% da população do continente americano está presente no meio rural, sendo o nosso o continente o mais urbano do mundo. Porém, mesmo com um pequeno volume de pessoas no meio rural, produzimos um volume de alimentos realmente importante (como falaremos mais adiante), o que traz uma ideia da tecnificação aplicada atualmente nas propriedades rurais no continente Americano.

Na Figura 04, encontra-se apresentado o consumo per capita de Proteína (em g/dia), Gordura (em g/dia) e Energia (em kcal/dia) nos diferentes continentes do globo; sendo Figura 04A destacado a média global de 83 e 86 g/dia, para o consumo de proteína e gordura, respectivamente; e 2.927 kcal/dia para energia. Ainda na Figura 04A, fica claro que para os três itens analisados, a população da Oceania, Europa e América estão acima da média global de consumo de nutrientes. Já os países que compõem o continente asiático e africano estão abaixo desta média global. Quanto ao continente americano, se faz importante avaliarmos este número em suas macrorregiões (Figura 04B). Nos países que compõem a região Latino-Americana (LAM) consumimos apenas 6,24 e 5% acima da média global de proteína, gordura e energia, respectivamente.

Já na Figura 05, encontram-se apresentados os dados de área utilizada (em milhões de ha) e da produção (em milhões de toneladas) de soja e milho quanto à média global. Em nível mundial, temos uma produtividade média de 2,774 e 5,695 ton/ha de soja e milho respectivamente (este valor foi gerado ao dividir-se a média global de produção, pela média geral da área ocupada). Ainda sobre os dados descritos na Figura 05, fica claro a grande participação do continente americano no volume de produção, além da eficiência deste volume. Se compararmos a média da América, ou mesmo os valores individuais das regiões LAM e NAM, observamos que existe uma necessidade de um valor percentual da área destinada a plantação (comparando-se a outras regiões do globo), sempre inferior ao volume percentual médio das tonelagens de grãos produzidos. Este é um indicativo direto da eficiência de produtividade por área alocada.

Por fim, na Figura 06, encontra-se um compilado de dados de carnes de aves, suínos e bovinos produzidos no mesmo período dos outros gráficos. Retirando a representatividade do mercado de suínos na Ásia, os volumes de carnes produzidas em nosso continente são igualmente representativos. O território LAM produz 24% do mercado bovino mundial, 5% da carne de suínos e 18% do volume mundial de frango.

Podemos resumir, estas últimas quatro figuras, da seguinte forma:
- Figura 03 – O continente americano possui 13% da população do planeta (apenas o terceiro continente em volume de pessoas), sendo que apenas 19% deste contingente está vinculado à produção de alimentos de forma direta – indicando a eficiência do setor;
- Figura 04 – A região LAM consume um volume mediano de recursos (Proteína, Energia e Gordura) do planeta. Isto ajuda a reduzir o impacto ambiental quanto à pressão no sistema de produção dos países superalimentados (alguns países que compõem o Continente/Região – Oceania, Europa e NAM); e ainda auxilia a distribuir alimentos (nossa principal função social), a países subalimentados (alguns países que compõem os continentes africano e asiático);
- Figuras 5 e 6 – desempenhamos um papel de relevância no volume de proteína produzida (seja ela vegetal ou animal), ao gerar volumes capazes de nos alimentar e ainda de fornecer recursos ao planeta, fundamentando a afirmação descrita no tópico anterior.
Desta forma, concluímos este texto ao retomar o título deste artigo – Se somos tão eficientes quando comparamos os cenários que envolvem a produção agropecuária – Por que não podemos trazer as ferramentas de avaliação de práticas de sustentabilidade para o dia a dia de nosso negócio?
Estas avaliações não seriam um aliado às empresas que possuem a eficiência produtiva, tanto quanto à sua visão de negócios?
Nossa intenção aqui é trazer aos leitores deste jornal uma sugestão de iniciar a avaliação de seus serviços de emissões de gases, junto à empresas que podem ajudá-los nestas quantificações, e ao adequar boas práticas que permitam a redução de poluentes, e uma gestão mais alinhada à sustentabilidade.
Estes resultados podem já podem ser surpreendentes. Inclusive, no futuro, podem ser utilizados como um ativo valioso para mercados cada vez mais competitivos.
Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2021 ou online.

Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



