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O que matou mais granjas: doenças ou resistência à mudança?

Mudanças culturais, tecnologias emergentes e foco na saúde animal definem o novo rumo da suinocultura brasileira, que exige mais que tradição para sobreviver no mercado.

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A suinocultura brasileira chegou a um ponto de virada. Quem acredita que apenas vacinar ou trocar a ração é suficiente para competir no mercado atual está à beira de uma crise anunciada. Doença ainda é um risco, mas resistir às mudanças necessárias talvez seja o que mais ameaça a sobrevivência das granjas hoje.

Médico-veterinário com pós-graduação em Gestão e Saúde, Lucas Torido: “A saúde animal não é um custo. Ela é um investimento direto na performance e na eficiência das granjas” – Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

Essa foi a principal reflexão provocada no bloco Performar – o que a gente entrega, durante o 2º Swine Science International Network (SSIN), promovido pela Cargill/Nutron, em Campinas (SP). O painel reuniu especialistas e produtores para debater como a ciência, a tecnologia e a gestão de pessoas se unem para impulsionar a suinocultura brasileira. O problema não está apenas em usar ou não determinada tecnologia, está em entender que saúde animal, inovação nutricional e gestão de pessoas são a base do desenvolvimento e do crescimento dentro do setor.

O preço da resistência à mudança

O médico-veterinário Lucas Torido, com pós-graduação em Gestão e Saúde, abriu a sessão com um resumo técnico do que foi apresentado ao longo do evento. “A saúde animal não é um custo. Ela é um investimento direto na performance e na eficiência das granjas”, salientou, chamando atenção para a necessidade de profissionalizar o olhar sobre a saúde animal. “A saúde animal precisa ser mensurada. Se não medirmos, apenas estamos apostando no escuro”, afirmou.

Entre os temas técnicos apresentados, Torido enfatizou a importância dos adsorventes de micotoxinas de alta qualidade, da modulação precoce da microbiota intestinal por meio de pós-bióticos, da redução estratégica do uso de antimicrobianos e do monitoramento de parâmetros sanguíneos para antecipar problemas sanitários. “A granja fala com a gente. Um suíno saudável come mais, converte melhor e traz mais lucro. Mas para isso é preciso medir, acompanhar, entender e agir”, frisou.

Para ele, apostar apenas na reação a doenças é um erro estratégico grave. “Absorventes de baixa qualidade comprometem toda a estratégia contra micotoxinas”, alertou, reforçando a importância de entender os mecanismos de proteção intestinal para preservar a eficiência produtiva.

Mesa-redonda reuniu produtores de diferentes regiões do país para compartilhar suas experiências de adaptação e evolução dentro da atividade

Torido também fez uma provocação direta aos participantes sobre a necessidade de quebrar padrões antigos: “Não adianta tecnologia se a cultura de decisão não muda. O primeiro convencido precisa ser você!”.

Experiências compartilhadas

Após a apresentação técnica, o painel prosseguiu com uma mesa-redonda moderada pelo zootecnista, mestre em Nutrição Animal, Alexandre Gomes da Rocha, que reuniu produtores de diferentes regiões do país para compartilhar suas experiências de adaptação e evolução dentro da atividade.

Renato Fischer, da Granja Bressiani, de São Paulo, relembrou as mudanças na reprodução suína nas últimas décadas. Ele descreveu a transição da cobertura natural para a inseminação convencional e, posteriormente, para a inseminação pós-cervical, que transformou a eficiência reprodutiva das granjas. “Em 30 anos, a eficiência reprodutiva deu um salto gigantesco. De um macho para cada fêmea, passamos a usar três cachaços para mil matrizes, isso mudou tudo”, relatou, enfatizando: “Quem resistiu à evolução da inseminação artificial ficou para trás”.

Fischer também ressaltou a evolução do perfil técnico da mão de obra. “O emprego de novas tecnologias exige capacitação da equipe, que deve ser constante. E quem não acompanhar essa evolução vai ficando pelo caminho”, apontou.

Médica-veterinária Andrea Panzardi: “A suinocultura precisa, cada vez mais, se basear nos pilares das pessoas, da preservação da saúde e da busca constante por performance” – Foto: Goal Agro Marketing

Terceira geração na suinocultura, o médico-veterinário Jean Fontana atua na gestão da Granja Fontana, localizada em Charrua (RS), uma multiplicadora com 900 matrizes e uma Unidade Produtora de Leitões (UPL) com 1,5 mil animais. Com foco na gestão técnica rigorosa, o produtor destaca o papel das boas práticas sanitárias na melhoria dos resultados. “Fluxo sanitário adequado, vazio sanitário bem executado, manejo simples e foco no essencial fizeram toda a diferença para alcançarmos o nível em que estamos hoje”, ressaltou.

Atualmente, a granja opera com indicadores que até poucos anos pareciam fora de alcance: mortalidade abaixo de 1,5% na terminação, alta eficiência alimentar e redução expressiva do uso de medicamentos.

E o médico- veterinário sanitarista da Cooperativa Agropecuária de São Gabriel do Oeste (Cooasgo), de Mato Grosso do Sul, Fernando Yoshida, destacou que a estratégia de reduzir as origens de leitões de 25 para seis, com plantéis livres de micoplasma e APP, resultou em melhor desempenho zootécnico e menor mortalidade. “O fluxo organizado, vazio sanitário correto e manejo bem executado, resultaram em baixo índice de mortalidade na terminação, que hoje é de apenas 1,3%”, revelou.

Ele também lançou um olhar sobre a gestão de custo e a necessidade de adaptação em tempos de alta do milho. “Antes, com milho barato, ninguém olhava tanto para a conversão alimentar, mas o aumento dos custos exigiu novas abordagens, como o uso de cereais de inverno com enzimas, estratégia fundamental para manter a competitividade em momentos de crise”, disse, enfatizando: “A inovação na nutrição não é modismo. É estratégia para resistir às intempéries do mercado”.

Os participantes ainda trataram sobre a importância do bem-estar animal e da gestão de informações na suinocultura moderna. “Hoje temos ferramentas de gestão que nos permitem enxergar a granja em tempo real. Mas a essência continua a mesma: cuidar bem dos animais e das pessoas que trabalham com eles”, enalteceu Jean.

Adoção de tecnologias

Zootecnista, mestre em Nutrição Animal, Alexandre Gomes da Rocha: “A evolução da suinocultura não depende apenas de novas tecnologias, depende também da mentalidade de quem está à frente das granjas”

Para encerrar o painel, Rocha provocou os participantes a refletirem sobre a curva de adoção de tecnologias. “Você é um inovador, um adotante inicial, parte da maioria ou está entre os retardatários? Quem adota de forma precoce tecnologias como pós-bióticos, fitogênicos e ferramentas de análise de saúde animal colhe os resultados mais cedo também”, instigou. “A resistência cultural é, muitas vezes, mais destrutiva para uma granja do que qualquer agente infeccioso”, completou Torido.

Mudança de mentalidade

O SSIN 2025 evidenciou que, no ambiente competitivo da suinocultura moderna, inovar deixou de ser uma escolha e se tornou uma urgência. Quem hesitar ou insistir em resistir às mudanças corre o risco de ver sua história ser contada apenas como parte do passado. “A evolução da suinocultura não depende apenas de novas tecnologias, depende também da mentalidade de quem está à frente das granjas. Mais do que nunca, saúde, gestão e tecnologia precisam caminhar juntas para garantir um futuro sólido e competitivo para a suinocultura brasileira”, apontou Rocha.

E a médica-veterinária Andrea Panzardi, fechou o encontro reforçando a mensagem central do evento. “A suinocultura precisa, cada vez mais, se basear nos pilares das pessoas, da preservação da saúde e da busca constante por performance. Vocês são a suinocultura do presente e do futuro, levem para suas granjas os aprendizados adquiridos e os apliquem diariamente. Juntos vamos conduzir uma produção mais saudável, mais próspera e mais sustentável”, elencou.

O acesso à edição digital do jornal Suínos é gratuita. Para ler a versão completa online, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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