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Suínos / Peixes

O que há de novo sobre Glässer? Uma doença de alto impacto na suinocultura

Enfermidade acomete suínos em todo mundo, gerando perdas estimadas entre US$ 9,05 e US$ 24,93 por leitão.

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Foto: Shutterstock

Glaesserella (Haemophilus) parasuis é uma bactéria gram-negativa que ocasiona a Doença de Glässer (DG), uma das doenças mais importantes que acomete suínos em todo mundo, gerando perdas estimadas entre US$ 9,05 e US$ 24,93 por leitão. Desde o nascimento, o trato respiratório superior dos leitões é colonizado de forma comensal e precoce pela G. parasuis e as matrizes suínas possuem grande importância na colonização para suas leitegadas.

A DG é caracterizada por polisserosite fibrinosa, poliartrite e meningite e, apesar de afetar principalmente leitões na fase de creche, atualmente é comum encontrar surtos da doença em leitões de recria e terminação, além de estar associada às perdas por pleurisias ao abate.

O diagnóstico da DG é baseado no histórico do plantel, sinais clínicos, necropsia, identificação da bactéria associada aos achados de necrópsia e lesões histológicas. Amostras de pleura, peritônio, articulações e meninges são as preferíveis para diagnóstico laboratorial. Amostras de pulmões ou cavidade nasal não devem ser coletadas para diagnóstico, visto que a bactéria está presente no trato respiratório dos leitões saudáveis, desta forma, é comum encontrarmos laudos positivos nestas amostras e estes não podem ser associados à presença da doença.

G. parasuis é considerada de difícil isolamento, o que dificulta a identificação da bactéria em amostras por esta técnica, sendo a reação em cadeia da polimerase (PCR) uma ferramenta mais assertiva no diagnóstico.

Total de 15 sorotipos foram identificados para G. parasuis, com base em antígenos solúveis das cepas, os quais foram divididos em três grupo: sorotipos altamente patogênicos (1, 5, 10, 12, 13 e 14), usualmente resultando em infecção e morte rápida, sorotipos moderadamente patogênicos (2, 4 e 15) e sorotipos não patogênicos (3, 6, 7, 8, 9 e 11).

Os sorotipos 4 e 5 são os mais frequentemente identificados em suínos com DG no Brasil. Porém, atualmente, outros sorotipos, como 12, 13, 14 e 15 estão mais frequentes e é cada vez mais comum associar sorotipos não patogênicos, como o 7, em surtos de DG. O aparecimento de diferentes cepas de G. parasuis em surtos pode estar associado ao uso inadequado de antibioticoterapia preventiva que leva à seleção de cepas resistentes aos antibióticos, a associação às condições de manejo empregadas, como alta densidade e baixa qualidade do ar, além de presença de outros patógenos concomitantes, como Streptococcus suis, Circovírus suíno e vírus da Influenza.

A associação entre sorotipo e virulência não é estrita e algumas cepas com um mesmo sorotipo têm capacidades patogênicas distintas. Essa falta de associação pode ser devida não apenas à virulência do sorotipo ter sido identificado com uma única cepa de referência, mas também aos problemas de repetição e padronização dos resultados da sorotipagem clássica existente, o que não torna confiável as análises laboratoriais de sorotipificação. Esses problemas foram solucionados com o desenvolvimento de um conjunto de PCRs que detectam genes de cada sorotipo, permitindo a padronização e sorotipagem molecular de cepas.

Durante surtos, os tratamentos antimicrobianos são essenciais para diminuir sintomas clínicos e perdas por mortalidade. Contudo, devido aos surtos cada vez mais frequentes associados aos diferentes sorotipos somados à resistência antimicrobiana encontrada, a imunoprofilaxia é a prevenção mais assertiva da DG.

Vacinação

A vacinação é uma ferramenta que pode assegurar um nível adequado de anticorpos nos animais, controlando a circulação e excreção de G. parasuis. O papel do anticorpo na proteção contra a DG está bem estabelecido, sendo importante na opsonização de cepas para a detecção e captação e destruição por macrófagos alveolares. Assim, cepas virulentas que são resistentes à fagocitose se tornam outra vez sensíveis a esse processo depois da opsonização.

O plantel reprodutivo vacinado e estabilizado para Glässer é capaz de transmitir proteção via colostro para sua leitegada, o que favorece o processo de exposição controlada de G. parasuis da porca para o leitão. Além disso, a vacinação de leitões tem sido usada com sucesso para controle da doença durante toda a fase de vida produtiva do leitão.

Estudo recente realizado no Sul do Brasil com mais de 33 mil leitões observou redução de 30% no uso de antibióticos e de 90% na mortalidade, e incremento de 2,4 Kg no peso até o abate em leitões que foram vacinados para Glässer (Tabela 1).

Neste estudo os resultados produtivos ainda foram superiores em leitões vacinados que recebiam colostro de porcas que também foram vacinadas, reforçando a importância de se vacinar o plantel reprodutivo para o controle da doença. Além disso, os autores observaram proteção cruzada para os diferentes sorotipos 5, 12, 7, 13 e 14 usando vacina comercial com sorotipos 1 e 6 para Glässer e inovaram ao realizar vacinação precoce em leitões com 3 dias de idade.

Tabela 1: Ganho de peso médio (g), mortalidade (%) e uso de antibiótico (mg/Kg de peso vivo) de leitões em diferentes fases de produção em diferentes protocolos de imunização para doença de Glässer.

Considerações importantes

Há estudos mais antigos que mostram possível soroneutralização com os anticorpos vindos do colostro materno quando leitões eram vacinados de forma precoce na primeira semana de vida. Contudo, atualmente, os protocolos de imunização para Glässer estão mais flexíveis, sendo possível a realização de vacinação, de forma segura, em leitões em torno dos 3 dias de idade.

Outro ponto importante é que quando pensamos em prevenção, o difícil isolamento da bactéria pode comprometer a eficácia da vacina autógena para este agente, visto que para este tipo de imunógeno é necessário que a cepa de G. parasuis responsável pela doença tenha sido identificada, cultivada e colocada em grandes quantidades no inóculo vacinal, e a dificuldade de isolamento da bactéria pode levar ao não cultivo da cepa de importância sanitária para a granja.

Acredita-se que a inclusão de mais de um sorotipo na vacina possa aumentar a proteção cruzada. Contudo, sabe-se que a concentração de antígeno presente no inóculo vacinal precisa ser alta, e quanto mais sorotipos presentes, menor será a concentração de cada um deles. Desta forma, estes dois fatores reforçam a importância de que para um programa de imunização ser eficiente é interessante a utilização de vacinas que contenham grande concentração de sorotipos chaves, que sejam capazes de ocasionar a proteção cruzada frente aos demais sorotipos, somados à presença de adjuvante que possa potencializar a resposta vacinal.

A presença de G. parasuis nas granjas brasileiras e de todo mundo ocasionando mortalidade e perda de desempenho de leitões e uso excessivo de antibióticos está bem esclarecida. Neste cenário, a imunoprofilaxia de matrizes e leitões com vacina de proteção heteróloga tem se mostrado eficaz no controle da doença e na redução de perdas ocasionadas por este agente.

As referências bibliográficas estão com as autoras. Contato: tatiana.souza@hipra.com.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes. Boa leitura!

Fonte: Por Tatiana Carolina Gomes Dutra de Souza, médica-veterinária, PhD em Ciência Animal e gerente de Serviços Técnicos Suínos na Hipra Brasil; e Thaís Gasparini Baraldi, médica-veterinária, mestre em Clínica de Suínos e coordenadora Técnica Regional Suínos na Hipra Brasil. 

Suínos / Peixes

Preços do suíno vivo encerram abril com movimentos distintos

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores. Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

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Foto: Ari Dias

Os preços do suíno vivo no mercado independente encerraram abril com movimentos distintos entre as regiões acompanhadas pelo Cepea.

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores.

Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

Para a carne, apesar da desvalorização das carcaças, agentes consultados pelo Cepea relataram melhora das vendas no final de abril.

Quanto às exportações, o volume de carne suína embarcado nos 20 primeiros dias úteis de abril já supera o escoado no mês anterior, interrompendo o movimento de queda observado desde fevereiro.

Segundo dados da Secex, são 86,8 mil toneladas do produto in natura enviadas ao exterior na parcial de abril, e, caso esse ritmo se mantenha, o total pode chegar a 95,4 mil toneladas, maior volume até então para este ano.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes

Embaixador da Coreia do Sul visita indústrias da C.Vale

Iniciativa pode resultar em novos negócios no segmento carnes da cooperativa

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Visitantes conheceram frigorífico de peixes - Fotos: Assessoria

A C.Vale recebeu, no dia 25 de abril, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo, e o especialista de negócios da embaixada sul-coreana, Rafael Eojin Kim. Eles conheceram os processos de industrialização de carne de frango, de peixes e da esmagadora de soja, além da disposição dos produtos nos pontos de venda do hipermercado da cooperativa, em Palotina.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, recepcionou os visitantes e está confiante no incremento das vendas da cooperativa para a Coréia do Sul. “É muito importante receber uma visita dessa envergadura porque amplia os laços comerciais entre os dois países”, pontuou. Também participaram do encontro o CEO da cooperativa, Edio Schreiner, os gerentes Reni Girardi (Divisão Industrial), Fernando Aguiar (Departamento de Comercialização do Complexo Agroindustrial) e gerências de departamentos e indústrias.

O embaixador Lim Ki-Mo disse ter ficado admirado com o tamanho das plantas industriais e a tecnologia do processo de agroindustrialização da cooperativa. “Eu sabia que a C.Vale era grande, mas visitando pessoalmente fiquei impressionado. É incrível”, enfatizou o embaixador, que finalizou a visita cantando em forma de agradecimento pelo acolhimento da direção e funcionários da C.Vale.

 

Fonte: Assessoria CVale
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Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

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Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
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