Empresas
O preço do leite despencou. E agora?
Nos últimos meses vimos o preço do leite literalmente despencar no Brasil, e isso, sem sombra de dúvidas, compromete a lucratividade das fazendas leiteiras
– Alexandre M. Pedroso, Consultor de Bovinos Leiteiros da Cargill Nutrição Animal
Como eu já disse inúmeras vezes, sustentabilidade é um conceito que tem três pilares fundamentais: responsabilidade ambiental, responsabilidade social e responsabilidade econômica. Ou seja, para que uma empresa seja de fato sustentável ela precisa ser ambientalmente amigável, socialmente responsável e, principalmente, precisa ser lucrativa já que não existe sustentabilidade sem lucro. Nos últimos meses vimos o preço do leite literalmente despencar no Brasil, e isso, sem sombra de dúvidas, compromete a lucratividade das fazendas leiteiras. Com esse cenário, o que o produtor de leite deve fazer?
Uma das coisas que parecem óbvias diante desse cenário é cortar custos. Toda e qualquer fazenda, para ser eficiente e lucrativa, precisa controlar muito bem os seus gastos, o seu fluxo de caixa. As despesas que não têm impacto direto na produção devem ser reduzidas ao mínimo necessário para manter a estrutura funcionando. No entanto, quando se trata de custos, que são os investimentos feitos nos fatores de produção, é preciso ter muita atenção e pensar estrategicamente. Os custos devem ser controlados, mas nem sempre cortar alguns deles é o melhor caminho.
Infelizmente, cortar a comida das vacas é uma das práticas ainda largamente adotadas em nosso país quando o preço do leite cai. Não há dúvidas de que a alimentação do rebanho é o principal item de custo em sistemas intensivos de produção, especialmente os alimentos concentrados. Mas será que a melhor alternativa é reduzir a oferta de ração para as vacas com o objetivo de diminuir os gastos da fazenda?
Vamos avaliar uma situação em que um produtor de leite decide reduzir a oferta de concentrado para as vacas em lactação quando o valor que ele recebe pelo leite cai de R$ 1,40 para R$ 1,20/litro. Suas vacas produziam em média 30kg leite ao dia e consumiam 10kg de um concentrado comercial com 22%PB. Este é o Cenário 1, descrito na tabela 1 abaixo.

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O Cenário 1 representa a situação normal da fazenda, ou seja, a dieta fornecida às vacas é a que foi formulada pelo técnico nutricionista: as vacas recebem 10kg de concentrado/ dia e produzem em média 30kg leite. O custo da comida é de R$ 16,52/vaca/dia, considerando que o concentrado custa R$ 1,19/kg. Com o preço do leite a R$ 1,20/litro, a receita que cada vaca proporciona é de R$ 36,00/ dia. Descontando-se o custo de alimentação, sobra R$ 19,48/dia (RMCA). Se considerarmos que esse produtor tem 50 vacas em lactação, a cada mês o RMCA é de R$ 29.220,00. Esse é o dinheiro que sobra para pagar os demais custos e despesas e apurar o lucro.
O Cenário 2 reflete uma situação em que o produtor decide cortar custos e reduz a oferta de ração para as vacas, passando a dar 8kg de concentrado – 2kg a menos. Nesse caso, mesmo considerando que as vacas irão consumir um pouco mais de alimentos volumosos, o custo de alimentação cai para R$ 14,53/vaca/dia. Em termos percentuais isso significa uma economia de 12%, mas será que foi um bom negócio?
Nessa situação a produção das vacas diminui, e bastante, em resposta à menor oferta de concentrado, e assim a receita apurada com o leite também diminui, de forma que o RMCA fica em R$ 16,67/vaca/dia ou R$ 25.005,20/mês. Isso representa uma redução de 14% nesse parâmetro, ou seja, o saldo é muito pior do que no cenário anterior.
Se o produtor decidir reduzir ainda mais a oferta de ração para as vacas a situação piora, conforme ilustrado no Cenário 3 da tabela. O custo de alimentação diminui, mas a RMCA diminui ainda mais, de forma que sobre muito menos dinheiro no final do mês. Ou seja, esse exemplo mostra de forma muito clara que reduzir a ração das vacas para tentar economizar dinheiro pode ser um grande “tiro no pé”. Controlar custos sempre é importante, mas é preciso focar no lucro. Se a redução no custo operacional resultar em menor lucro, o produtor perderá dinheiro.
Mas, de forma alguma isso significa que o produtor não tem saída para lidar com preços reduzidos do leite. Há muita coisa que pode ser feita na fazenda para melhorar a margem de lucro, mas tudo passa por um conceito muito importante: eficiência produtiva. Há inúmeros aspectos no dia a dia da propriedade que podem afetar significativamente a eficiência e que muitas vezes são ignorados por boa parte dos produtores de leite. Dentre estes podemos citar as perdas na armazenagem de grãos e alimentos concentrados em função de estocagem mal feita; perda de capacidade produtiva das vacas por falta de condições adequadas de conforto; falhas no manejo da alimentação, como cargas e misturas mal feitas; e baixa qualidade dos alimentos volumosos produzidos na fazenda.
Ainda há propriedades leiteiras que conseguem utilizar apenas 80% ou menos dos grãos de milho que compram para alimentar as vacas. Isso ocorre, na maioria das vezes, por armazenamento inadequado que resulta em apodrecimento e perda de parte do material. Além disso, há o risco de intoxicação das vacas pela presença de micotoxinas produzidas por fungos que se desenvolvem nos grãos em condições ruins de armazenagem. Essas toxinas causam perdas em produção de leite, bem como comprometem a reprodução das vacas. Por isso, todo alimento deve ser muito bem armazenado na fazenda para que se mantenha em condições adequadas de fornecimentos para os animais e para evitar despesas extras geradas pelas perdas.
A questão do conforto animal é de fundamental importância para o bom desempenho e eficiência do rebanho. Uma vaca leiteira sob stress calórico, por exemplo, pode perder 30% ou mais de sua capacidade produtiva, além de também ter seu desempenho reprodutivo comprometido. Qual o peso disso no bolso do produtor? Dar às vacas condições adequadas de conforto é fundamental para que possam ser eficientes.
O processo de alimentação das vacas é crítico para que os alimentos, que representam o maior custo de produção, sejam utilizados com eficiência na fazenda. É fundamental manter uma rotina rígida de controle das misturas oferecidas às vacas, de forma que a dieta colocada no cocho seja igual à que foi formulada pelo técnico nutricionista. Misturas mal feitas resultam em baixa eficiência alimentar e pior desempenho dos animais, o que compromete seriamente a lucratividade da fazenda. É importantíssimo ficar sempre muito atento a esse aspecto.
Talvez o maior problema das fazendas brasileiras seja a baixa qualidade dos alimentos volumosos, tanto as pastagens e forragens conservadas, como silagem de milho, pré-secados ou fenos. Quanto melhor a qualidade dos volumosos, menor a necessidade de fornecer concentrado para se alcançar uma determinada meta de produção, o que representa custo de alimentação menor. Os esforços investidos na produção de um alimento volumoso de alta qualidade são altamente compensadores,
Cada um dos aspectos mencionados acima poderia ser tema de um artigo completo, no entanto, o objetivo aqui foi de pontuar que cortar a ração das vacas nunca é a melhor alternativa . Via de regra, isso resulta em menor RMCA, mesmo que haja redução de custos. O segredo para se trabalhar bem em épocas de crise é buscar incessantemente a máxima eficiência em todos os processos produtivos, e certamente há muito espaço para ser mais eficiente nas fazendas de leite, independentemente do sistema e nível tecnológico adotados.
Fonte: Ass. de Imprensa

Empresas Discussões sanitárias
American Nutrients reforça a cadeia exportadora da carne suína ao aderir ao programa livre de ractopamina
A empresa oficializou sua adesão total ao programa como parte de uma estratégia de competitividade

A ractopamina, um agonista β-adrenérgico amplamente utilizado para melhorar ganho de peso e eficiência alimentar em suínos, permanece no centro das discussões sanitárias internacionais. Embora seu uso seja regulamentado no Brasil, diversos mercados estratégicos — como União Europeia, China e Rússia — possuem tolerância zero para resíduos desta substância em produtos de origem suína.
O ponto crítico está na cadeia de alimentação: a inclusão de ractopamina na ração de suínos pode resultar na sua detecção na carne, mesmo quando utilizada dentro das doses permitidas. Essa presença residual é suficiente para inviabilizar exportações e comprometer toda a cadeia produtiva voltada a mercados que adotam exigências mais restritivas.
Com o objetivo de assegurar conformidade sanitária, rastreabilidade e segurança na exportação, o Ministério da Agricultura e Pecuária instituiu o Programa de Produção Livre de Ractopamina. A certificação reconhece empresas que mantêm protocolos rigorosos de controle para garantir ausência parcial ou total da molécula em qualquer etapa da produção de rações para suínos.
A American Nutrients oficializou sua adesão total ao programa como parte de uma estratégia de competitividade e alinhamento às demandas globais. Ao assegurar que suas soluções nutricionais estão completamente isentas de ractopamina, a empresa fortalece a confiança de frigoríficos, integradoras e produtores que dependem de dietas certificadas para acessar mercados premium.
Esta iniciativa reforça o compromisso da American Nutrients com a qualidade, a transparência e a sustentabilidade da cadeia suinícola. Em um cenário de crescente rigor sanitário internacional, a nutrição animal livre de ractopamina é um elemento-chave para manter e expandir a participação brasileira nos mercados mais exigentes do mundo.
Empresas
Inteligência Artificial conta 140 mil ovos por dia com 99,9% de precisão e transforma avicultura
Entre outros indicadores, tecnologia da ALLTIS monitora temperatura, água e volume de grãos nos silos, reduz perdas e aumenta produtividade da Granja São Marcos, de Mogi-Guaçu (SP)

A Granja São Marcos, de Mogi-Guaçu (SP), alcança um novo patamar de produtividade após a implementação do sistema de inteligência artificial da empresa de tecnologia ALLTIS. Com produção diária de 140 mil ovos, o equivalente a 4,7 milhões por mês, a granja – dona da marca Naturegg – estima ganhos operacionais de até 90% após a integração de um pacote de sensores controlado por IA, que permite controle sanitário, monitoramento ambiental e gestão de recursos com mais segurança, precisão e eficiência. A ALLTIS resolve problemas crônicos da avicultura, transformando as granjas em propriedades 4.0 e contribuindo para o aumento da produtividade e a redução de custos. Recentemente, a ALLTIS firmou sociedade com a MCassab Nutrição e Saúde Animal, empresa do Grupo MCassab, especialista em nutrição e saúde animal há mais de meio século.
Fundada em 1983 pela família Teixeira, a São Marcos deixou de ser fornecedora de frangos vivos para ser uma produtora de ovos orgânicos e caipiras livres de antibióticos, comercializados sob a marca Naturegg. Hoje, tem 170 mil aves em postura e distribuição para seis estados brasileiros – São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná.
A necessidade de incluir a tecnologia e digitalizar os processos em uma atividade historicamente tradicional, decorre do volume de informações exigidas tanto para gestão do negócio quanto pelos órgãos certificadores. Diariamente, a equipe da São Marcos passou a registrar pela IA, entre outros, dados de temperatura, umidade, consumo de água e ração, taxas de mortalidade e indicadores de bem-estar animal.
“Nosso maior desafio sempre foi transformar informação em decisão. Com a operação que temos hoje, isso já não era possível de forma tradicional. A tecnologia traz agilidade, segurança e capacidade de gerir de maneira eficiente e de antecipar problemas. Agora, conseguimos agir antes que o impacto aconteça”, afirma Matheus Teixeira, diretor comercial da Naturegg.
A parceria com a ALLTIS foi importante para os planos da São Marcos. A granja utiliza quatro frentes tecnológicas da startup: monitoramento ambiental (Sense), controle do consumo de água (Aqua), gestão automática dos silos (Domo) e contagem de ovos por inteligência artificial (EggTag) com precisão de 99,9%. “Cito um exemplo: antes de ter o monitoramento das informações por IA, nossos funcionários precisavam subir em 21 silos para verificar o estoque de ração, enfrentando risco de acidentes e imprecisão nos cálculos. Agora, todo o controle é feito pelo celular, com previsões de consumo e alertas programados”, explica Tailisom Silva, gerente da granja.
“Ter dados confiáveis em tempo real é essencial para obter resultados melhores e maior precisão na gestão. O mercado exige rastreabilidade e sustentabilidade, e a tomada de decisão precisa ser rápida e embasada. Nosso papel é transformar dados em informações úteis para o dia a dia e entregar tecnologias que se adaptam às necessidades e realidade do produtor”, afirma André Aquino, sócio e COO da ALLTIS.
“O exemplo da São Marcos mostra o quanto a tecnologia é importante para potencializar a produtividade das granjas de postura. Mas não apenas isso. É essencial monitorar todas as áreas do negócio e, assim, reduzir os gargalos, que são vários. A tecnologia da ALLTIS está disponível para contribuir para vencer esse desafio”, ressalta Mauricio Graziani, diretor executivo da MCassab Nutrição e Saúde Animal, acionista da ALLTIS.
Outros avanços devem vir nos próximos meses, como a automatização da contagem de ovos com identificação por tamanho e coloração. A expectativa é reduzir ainda mais o índice de erros humanos e dispor de dados detalhados para ajustar o manejo à tecnologia e otimizar o rendimento da produção de ovos.
Para Matheus, a digitalização dos processos é um caminho indiscutível. “O maior erro é achar que a tecnologia é algo distante ou complicado. É o contrário. Ela simplifica, reduz perdas e dá clareza para agir. Quem não se permitir evoluir vai ficar para trás”, ressalta o diretor comercial da Naturegg.
Empresas Ameaça silenciosa
Como a Doença de Gumboro Afeta a Sanidade, Performance e Rentabilidade das Aves
Altamente contagiosa, a enfermidade viral desafia o sistema imunológico das aves e pode gerar prejuízos expressivos à avicultura industrial

A avicultura industrial brasileira, reconhecida mundialmente por sua eficiência produtiva, enfrenta desafios cada vez mais complexos no manejo sanitário dos plantéis. Entre esses desafios, a Doença de Gumboro, também chamada de Doença Infecciosa da Bursa (DIB) é altamente contagiosa. A enfermidade viral acomete principalmente aves jovens entre 3 e 10 semanas de idade, comprometendo o sistema imunológico e impactando diretamente o desempenho zootécnico das granjas.
A doença é causada por um vírus do gênero Avibirnavirus, notável por sua resistência ambiental — capaz de permanecer ativo por longos períodos mesmo após procedimentos de limpeza e desinfecção. Ao atingir a bolsa de Fabricius, órgão essencial à formação das células de defesa das aves, o vírus provoca imunossupressão severa, tornando os animais mais vulneráveis a outras infecções e interferindo na eficácia de vacinas de rotina.
Além do impacto financeiro direto, os efeitos produtivos da doença são amplos e muitas vezes silenciosos na forma subclínica. Em um cenário de alta densidade de alojamento, o controle da imunossupressão é um fator decisivo para sustentar a competitividade da produção de frangos no país.
“A Doença de Gumboro é uma ameaça muitas vezes silenciosa, mas de alto impacto econômico. Mesmo infecções subclínicas, podem reduzir o ganho de peso, comprometer a conversão alimentar e afetar a qualidade dos ovos. O monitoramento eficaz é o primeiro passo para conter o avanço da enfermidade e proteger o potencial produtivo das granjas”, destaca Eduardo Muniz, Gerente Técnico de Aves da Zoetis Brasil.
Na prática, o produtor pode perceber a presença da doença por sinais clínicos como depressão, diarreia aquosa, desidratação e penas arrepiadas. Contudo, é a observação de indícios produtivos como a queda na taxa de ganho de peso diário ou a redução na qualidade dos ovos que costuma revelar a circulação do vírus em sua forma subclínica. Em lotes de alto desempenho, qualquer variação nesses parâmetros representa perda direta de margem e eficiência.
“Em granjas industriais, onde milhares de aves convivem em densidades elevadas, a probabilidade de disseminação viral é alta. O controle eficaz depende de um conjunto de medidas: vigilância sanitária constante, diagnóstico laboratorial preciso e imunização bem planejada. Mais do que uma rotina de biosseguridade, trata-se de uma estratégia de rentabilidade”, reforça Muniz.
A prevenção da Doença de Gumboro deve ser encarada como um investimento zootécnico estratégico. Além da escolha de vacinas adequadas à realidade imunológica dos lotes, é essencial realizar o acompanhamento técnico dos resultados, observando tanto o desempenho produtivo quanto a resposta imunológica. O uso de vacinas como a Poulvac® Procerta® HVT-IBD vacina de vírus vivo congelado contra as doenças de Marek e Gumboro, torna-se uma ferramenta fundamental dentro de estratégias preventivas consistentes e de longo prazo. A vacinação pode ser feita via subcutânea, ou in ovo em ovos embrionados de galinha saudáveis com 18 a 19 dias de idade.
Para a Zoetis, líder mundial em saúde animal, o enfrentamento da Doença de Gumboro faz parte do ciclo contínuo de cuidado. A empresa reafirma que, em um cenário global cada vez mais desafiador, sanidade é sinônimo de desempenho, e o cuidado com a imunidade é o alicerce da produção avícola moderna.
