Avicultura
O poder do frango halal
Com planejamento e capacidade de adaptação às necessidades dos clientes, a indústria brasileira tomou esse mercado e se tornou o maior produtor e exportador desse tipo de ave, exigida pelos muçulmanos
Halal é uma palavra árabe que significa legal, permitido. Todos os alimentos são considerados halal, exceto carne de porco e seus derivados, animais abatidos de forma imprópria ou mortos antes do abate, animais abatidos em nome de outros que não sejam Alá, sangue e produtos feitos com sangue, álcool e produtos que causem embriaguez ou intoxicação e produtos contaminados com algum desses produtos. Animais como o frango são considerados halal, desde que sejam abatidos segundo os Rituais Islâmicos (Zabihah). Nesse mercado, o Brasil é líder absoluto. Com planejamento e capacidade de adaptação às necessidades dos clientes, a indústria brasileira tomou esse mercado e se tornou o maior produtor e exportador desse tipo de ave, exigida pelos muçulmanos.
De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal, a técnica de abate halal deve seguir seis passos. O animal deve ser abatido por um muçulmano que tenha atingido a puberdade. Ele deve pronunciar o nome de Alá ou recitar uma oração que contenha o nome de Alá durante o abate, com a face do animal voltada para Meca. A ave não deve estar com sede no momento do abate. Outra exigência é com relação à faca, que deve estar bem afiada e não ser afiada na frente do animal. O corte deve ser no pescoço em um movimento de meia-lua, cortando os três principais vasos (jugular, traqueia e esôfago) do pescoço. A morte deve ser rápida para evitar sofrimentos para o animal e todo o sangue deve ser totalmente retirado da carcaça.
Conforme a ABPA, o Brasil é o maior produtor e exportador de carne de frango halal do mundo e mira em novos mercados que se abrem, como Bangladesch. O país de 150 milhões de habitantes é de maioria muçulmana. Mas a indústria está de olho em outros países além do Oriente Médio, onde parte da população também é muçulmana. “Na Inglaterra, 30% dos consumidores são muçulmanos”, cita o presidente da Cooperativa Lar, de Medianeira, PR, Irineo da Costa Rodrigues. De acordo com o dirigente, a avicultura moderna brasileira se moldou a esses mercados e garantiu a dianteira nas vendas para esse público. “Nós temos a melhor avicultura do mundo”, assinala Rodrigues.
“Temos que nos moldar às exigências de mercado. Os certificadores veem aqui, dizem como querem a produção e nós fazemos. Certificadores como Mc Donald’s e Global Gap, por exemplo, ou no caso do abate halal, que não é só destinado a países árabes. Hoje, na Inglaterra, seguramente 30% do consumo da carne de frango é para a comunidade muçulmana”, comenta o presidente.
O cliente tem razão!
O diretor de Relações Institucionais da ABPA, Ariel Mendes, cita o fator “adaptação ao que o mercado quer” como determinante para alcançar mercados mais exigentes, como o muçulmano e o japonês. “Um diferencial do Brasil é que temos um mix de produtos diferenciados. Por exemplo, a gente exporta o frango griller, o frango pesado, o peito desossado para a Europa, a coxa e sobrecoxa para o Japão, as asas para a China. Diferente dos Estados Unidos, que basicamente exporta só a coxa e sobrecoxa inteira”, sustenta.
A cooperativa paranaense é exemplo disso. “São cerca de 150 produtos para atender determinados mercados. A gente produz para atender pedido e não para ir para o estoque e depois procurar comprador. Toda nossa produção é elaborada para atender pedidos para contratos de três a seis meses, além de pedidos especiais. A indústria brasileira está preparada para isso, seja para produzir pés, asas, produtos mais nobres ou termoprocessados”, comenta o presidente da Lar.
A adaptação aos mercados foi decisiva para o Brasil atingir os atuais números de exportação. “Há duas ou três décadas o Brasil importava alimentos. Hoje é exportador de todos os alimentos que consome. Na área de carnes, como produzimos muito, somos um dos players que mais produz no mundo, fomos ver o que o mercado queria e nos adaptamos a esses mercados”, aponta. A Lar é a sexta empresa brasileira que mais exportou seus produtos em 2016, de acordo com a ABPA.
A melhor avicultura do mundo
Para o cooperativista, uma soma de fatores impõe a avicultura brasileira o título de melhor do mundo. “Primeiro temos uma matéria-prima extraordinária que está na área de grãos. Nós temos os melhores grãos do mundo, tanto em soja quanto em milho. Quando o Brasil importava, chegava milho de péssima qualidade. À medida que nós temos safras de cem milhões de toneladas e só gastamos 50 milhões para o consumo, temos grãos para fazer uma pecuária boa. Por outro lado, a genética global está presente aqui, temos ambiência, com os melhores aviários e estruturas físicas, as melhores plantas de frango do mundo estão no Brasil”, cita.
Conforme Rodrigues, o Brasil cumpre exigências que nem mesmo quem as cria cumpre. “As exigências que o consumidor tem no mundo nós cumprimos. Quem cria essas normas, que são Europa e Estados Unidos, não as cumprem. Então, na soma dos elos da cadeia, nós temos a melhor avicultura do mundo”, aposta. “Por isso, por exemplo, a Lar chegou a exportar para 67 países. Nesse momento estamos exportando para mais de 30 países. É um ativo muito grande que a cooperativa e o país têm”, comenta.
Mais informações você encontra na edição de Aves de agosto/setembro de 2017 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
