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O papel do médico veterinário e ferramentas ao seu alcance na produção avícola nos programas com foco em Saúde Única

O ideal é que as alternativas sejam posicionadas em conjunto, para que atuem de forma sinérgica

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Arquivo/OP Rural

 Artigo escrito pela doutora Patricia Aristimunha, gerente de Serviços Técnicos Kemin

Segundo consta no documento publicado pelo Ministério da Saúde “Plano de Ação Nacional de Prevenção e Controle da Resistência aos Antimicrobianos no Âmbito da Saúde Única, 2018 – 2022” (PAN-BR), a resistência aos antimicrobianos (AMR) é um dos maiores desafios, com importante impacto na saúde humana e animal. Embora o desenvolvimento da AMR seja um fenômeno natural dos microrganismos, está ocorrendo uma maior pressão seletiva e disseminação por:

  1. mau uso de medicamentos antimicrobianos na saúde humana;
  2. programas inadequados ou inexistentes de prevenção e controle de infecções, o que favorece a transmissão da resistência entre os microrganismos e a exposição de indivíduos a microrganismos resistentes;
  3. antimicrobianos de má qualidade;
  4. fraca capacidade laboratorial;
  5. vigilância e monitoramento inadequados;
  6. insuficiente regulamentação e fiscalização do uso dos medicamentos antimicrobianos.

No PAN-BR vários dos objetivos possuem intervenções estratégicas envolvendo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) que instituiu, em 2017, o Programa Nacional de Prevenção e Controle de Resistência a Antimicrobianos na Agropecuária (AgroPrevine). Isso ocorre porque a medicina veterinária é a única profissão que opera rotineiramente na interface e conexão desses três componentes do One Health, estando em contato com uma grande variedade de animais domésticos e silvestres, sistemas de diagnóstico, sistemas regulatórios locais e nacionais para saúde animal, segurança alimentar e saúde pública.

O AgroPrevine visa o fortalecimento das ações para prevenção e controle da resistência aos antimicrobianos na agropecuária, considerando o conceito de Saúde Única, por meio de atividades de educação, vigilância e defesa agropecuária. Dentro das ações previstas por este plano estão: educação sanitária; estudos epidemiológicos; vigilância e monitoramento do uso e resistência aos antimicrobianos; fortalecimento da implementação de medidas de prevenção e controle de infecções e promoção do uso racional de antimicrobianos.

Neste cenário, faz-se necessária a adoção de ações mais holísticas dentro da produção avícola e de novos programas que envolvam diferentes estratégias de biosseguridade, manejo, nutrição, gestão e treinamentos dos profissionais envolvidos. Destaca-se ainda a utilização de tecnologias de substituição gradual aos antibióticos promotores de crescimento antibióticos, com foco no uso de combinações de soluções disponíveis, tais como os probióticos, prebióticos, ácidos orgânicos e óleos essenciais, que modificam de uma maneira menos agressiva o microbioma intestinal promovendo um melhor equilíbrio deste, com melhoria na saúde e status imunitário das aves.

Probióticos são definidos como suplementos alimentares a base de microrganismos vivos, que afetam de forma benéfica a saúde animal, melhorando o balanço da microbiota. Dentre os mecanismos de ação dos probióticos estão a exclusão competitiva, a manutenção da integridade da barreira epitelial intestinal, melhoria na absorção de nutrientes e da resposta imune intestinal. Porém, cada probiótico, dependendo da sua geração, possui mecanismos de ação específicos. Os probióticos de primeira geração agem simplesmente por exclusão competitiva e os de segunda geração adicionam à exclusão competitiva a produção de substâncias antibacterianas com ações específicas em determinados patógenos.

Os probióticos normalmente utilizados na produção avícola são os Bacillus subtilis, Bifidobacterium spp. e Lactobacillus spp. As características de um probiótico ideal contemplam a sua origem, sendo preferencialmente da própria espécie em que será utilizado, que não seja patogênico, seja resistente às condições de pH do trato gastrointestinal, produza componentes antimicrobianos, promova o crescimento de bactérias comensais, module de forma positiva a resposta imune, melhore a performance animal e seja compatível com o processo de produção de rações (inclusive compatível com outros promotores de crescimento, antibióticos ou alternativos).

No que se refere aos ácidos orgânicos existe uma diversidade de produtos disponíveis no mercado, com diferentes propriedades físicas e químicas, para uso via água ou ração, disponíveis individualmente ou em combinações. A indústria moderna tem dado foco ao uso de ácidos orgânicos protegidos (encapsulados) em função dos mesmos apresentarem liberação mais lenta, chegarem ativos às partes mais distantes do trato gastrointestinal, serem de mais fácil manipulação e sem odores.

O ácido butírico é reconhecido como a mais importante fonte respiratória e de energia para a proliferação das células do epitélio intestinal, e está diretamente e indiretamente envolvido em vários mecanismos regulatórios da diferenciação, crescimento, permeabilidade e expressão gênica celular, contribuindo como suprimento de energia para os enterócitos, ampliando a área absortiva e reduzindo a permeabilidade da mucosa pela ação nas tight junctions. Em estudos sobre proliferação, dano celular e morte programada, foi revelado que o butirato aumenta a velocidade de maturação (no desenvolvimento) e reparo após dano, sendo um dos mecanismos o aumento do índice mitótico no intestino delgado. Além disso, ele aumenta a atividade secretória das células caliciformes secretoras de fator de crescimento epitelial no intestino grosso e estimula a liberação de peptídeos gastrointestinais.

Soluções compostas de ácidos orgânicos e óleos essenciais são ferramentas antimicrobianas extremamente eficazes, atuando com eficiência em bactérias de difícil controle como a Salmonella. O modo de ação combinado dos ácidos orgânicos (cuja forma não dissociada consegue penetrar na parede celular dos microrganismos e alterar sua fisiologia, reduzindo o pH interno das bactérias) e dos óleos essenciais (que aumentam a permeabilidade da parede celular para prótons e íons, e a formação de um gradiente iônico faz com que ocorra uma deficiência nos processos básicos levando a morte celular) trazem um sinergismo que potencializa a ação antimicrobiana destes produtos.

Outra ferramenta muito importante nesse processo de uso racional dos promotores de crescimento antibióticos é o cromo orgânico. O propionato de cromo é uma fonte segura e de alta biodisponibilidade de cromo para uso nas dietas de aves, sendo o cromo um mineral essencial que age na redução dos efeitos do estresse, melhorando a eficiência alimentar e o rendimento no frigorífico.

Em face aos diferentes desafios que a produção avícola apresenta, além das alternativas com efeito antimicrobiano direto e com efeito na melhoria da qualidade e morfometria intestinal, dentro de um programa de uso racional de promotores de crescimento, conivente com o conceito dos programas no âmbito da Saúde Única, deve-se considerar o uso das demais ferramentas que mantém a saúde e desempenho dos lotes, como os imunomoduladores, biosurfactantes, antioxidantes, agentes controladores de estresse e adsorventes de micotoxinas. O ideal é que as alternativas sejam posicionadas em conjunto, para que atuem de forma sinérgica, perfazendo diferentes modos de ação e objetivos alvo, maximizando os resultados do programa de substituição dos promotores de crescimento e preservando a capacidade de tratamento das atuais moléculas antibióticas.

Outras notícias você encontra na edição de Aves de abril/maio de 2020 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Avicultura

Paraná registra queda no custo do frango com redução na ração

Apesar da retração no ICPFrango e no custo total de produção, despesas com genética e sanidade avançam e mantêm pressão sobre o sistema produtivo paranaense.

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O custo de produção do frango vivo no Paraná registrou nova retração em outubro de 2025, conforme dados da Central de Inteligência de Aves e Suínos (CIAS) da Embrapa Suínos e Aves. Criado em aviários climatizados de pressão positiva, o frango vivo custou R$ 4,55/kg, redução de 1,7% em relação a setembro (R$ 4,63/kg) e de 2,8% frente a outubro de 2024 (R$ 4,68/kg).

O Índice de Custos de Produção de Frango (ICPFrango) acompanhou o movimento de queda. Em outubro, o indicador ficou em 352,48 pontos, baixa de 1,71% frente a setembro (358,61 pontos) e de 2,7% na comparação anual (362,40 pontos). No acumulado de 2025, o ICPFrango registra variação negativa de 4,90%.

A retração mensal do índice foi influenciada, principalmente, pela queda nos gastos com ração (-3,01%), item que historicamente concentra o maior peso no custo total. Também houve leve recuo nos gastos com energia elétrica, calefação e cama (-0,09%). Por outro lado, os custos relacionados à genética avançaram 1,71%, enquanto sanidade, mão de obra e transporte permaneceram estáveis.

No acumulado do ano, a movimentação é mais desigual: enquanto a ração registra expressiva redução de 10,67%, outros itens subiram, como genética (+8,71%), sanidade (+9,02%) e transporte (+1,88%). A energia elétrica acumulou baixa de 1,90%, e a mão de obra teve leve avanço de 0,05%.

A nutrição dos animais, que responde por 63,10% do ICPFrango, teve queda de 10,67% no ano e de 7,06% nos últimos 12 meses. Já a aquisição de pintinhos de um dia, item que representa 18,51% do índice, ficou 8,71% mais cara no ano e 7,16% acima do registrado nos últimos 12 meses.

No sistema produtivo típico do Paraná (aviário de 1.500 m², peso médio de 2,9 kg, mortalidade de 5,5%, conversão alimentar de 1,7 kg e 6,2 lotes/ano), a alimentação seguiu como principal componente do custo, representando 63,08% do total. Em outubro, o gasto com ração atingiu R$ 2,87/kg, queda de 3,04% sobre setembro (R$ 2,96/kg) e 7,12% inferior ao mesmo mês de 2024 (R$ 3,09/kg).

Entre os principais estados produtores de frango de corte, os custos em outubro foram de R$ 5,09/kg em Santa Catarina e R$ 5,06/kg no Rio Grande do Sul. Em ambos os casos, houve recuos mensais: 0,8% (ou R$ 0,04) em Santa Catarina e 0,6% (ou R$ 0,03) no território gaúcho.

No mercado, o preço nominal médio do frango vivo ao produtor paranaense foi de R$ 5,13/kg em outubro. O valor representa alta de 3,2% em relação a setembro, quando a cotação estava em R$ 4,97/kg, indicando que, apesar da melhora de preços ao produtor, os custos seguem pressionados por itens estratégicos, como genética e sanidade.

Fonte: O Presente Rural com informações Boletim Deral
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Produção de frangos em Santa Catarina alterna quedas e avanços

Dados da Cidasc mostram que, mesmo com variações mensais, o estado sustentou produção acima de 67 milhões de cabeças no último ano.

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A produção mensal de frangos em Santa Catarina apresentou oscilações significativas entre outubro de 2024 e outubro de 2025, segundo dados da Cidasc. O período revela estabilidade em um patamar elevado, sempre acima de 67 milhões de cabeças, mas com movimentos de queda e retomada que refletem tanto fatores sazonais quanto ajustes de mercado.

O menor volume do período foi registrado em dezembro de 2024, com 67,1 milhões de cabeças, possivelmente influenciado pela desaceleração típica de fim de ano e por ajustes de alojamento. Logo no mês seguinte, porém, houve forte recuperação: janeiro de 2025 alcançou 79,6 milhões de cabeças.

Ao longo de 2025, o setor manteve relativa constância entre 70 e 81 milhões de cabeças, com destaque para julho, que atingiu o pico da série, 81,6 milhões, indicando aumento da demanda, seja interna ou externa, em plena metade do ano.

Outros meses também se sobressaíram, como outubro de 2024 (80,3 milhões) e maio de 2025 (80,4 milhões), reforçando que Santa Catarina segue como uma das principais forças da avicultura brasileira.

Já setembro e outubro de 2025 mostraram estabilidade, com 77,1 e 77,5 milhões de cabeças, respectivamente, sugerindo um período de acomodação do mercado após meses de forte atividade.

De forma geral, mesmo com oscilações, o setor mantém desempenho sólido, mostrando capacidade de rápida recuperação após quedas pontuais. O comportamento indica que a avicultura catarinense continua adaptável e resiliente diante das demandas do mercado nacional e internacional.

Fonte: O Presente Rural com informações Epagri/Cepa
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Setor de frango projeta crescimento e retomada da competitividade

De acordo com dados do Itaú BBA Agro, produção acima de 2024 e aumento da demanda doméstica impulsionam perspectivas positivas para o fechamento de 2025, com exportações em recuperação e espaço para ajustes de preços.

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O setor avícola brasileiro encerra 2025 com sinais de recuperação e crescimento, mesmo diante dos desafios impostos pelos embargos que afetaram temporariamente as margens de lucro.

De acordo com dados do Itaú BBA Agro, a produção de frango deve fechar o ano cerca de 3% acima de 2024, enquanto o consumo aparente deve registrar aumento próximo de 5%, impulsionado por maior disponibilidade interna e retomada do mercado externo, especialmente da China.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a competitividade do frango frente à carne bovina voltou a se fortalecer, criando espaço para ajustes de preços, condicionados à oferta doméstica. A demanda interna tende a crescer com a chegada do período de fim de ano, sustentando a valorização do produto.

Além disso, os custos de produção, especialmente da ração, seguem controlados, embora a safra de grãos 2025/26 ainda possa apresentar ajustes. No cenário geral, os números do setor podem ser considerados positivos frente às dificuldades enfrentadas, reforçando perspectivas favoráveis para os próximos meses.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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