Avicultura
O papel da nutrição animal como ferramenta sustentável
A alimentação das aves é o fator de maior influência no seu custo de produção. Com isso, pequenas melhorias quanto à eficiência de utilização dos nutrientes e otimização do uso de ingredientes podem resultar em grandes economias no processo produtivo.

É notório que a avicultura brasileira está em constante evolução e vem se destacando cada vez mais por seus excelentes resultados zootécnicos, e para que a produção avícola continue crescendo e se desenvolvendo de forma competitiva é fundamental conhecer, calcular e avaliar os principais indicadores de eficiência zootécnica e econômica.
Dentre os índices utilizados para se avaliar os resultados zootécnicos no campo, a conversão alimentar (C.A.) é uma das medidas de produtividade mais importante. A C.A. é definida como a quantidade de ração consumida para a produção de 1 kg de carne ou ovo. Desta forma, quando temos o aumento da C.A. significa que houve um maior consumo de ração para produção de uma unidade – o que gera um impacto econômico bastante relevante na empresa, considerando o alto custo do alimento na cadeia.
Quando observamos uma elevação da C.A., notamos também um aumento na quantidade de ração produzida e, portanto, maior necessidade de utilização de ingredientes que compõem esta ração. Por outro lado, através da melhoria do aproveitamento dos nutrientes, podemos reduzir o consumo de ração e otimizar a utilização de ingredientes, contribuindo, assim, para a sustentabilidade na produção avícola.
Várias tecnologias nutricionais, hoje, disponíveis para este objetivo, têm sido estudadas ao longo dos anos e amplamente utilizadas pelos nutricionistas, com foco na melhoria da C.A. e consequente busca por índices econômicos positivos na produção, além da adoção do uso adequado de recursos como o milho e a soja, que compõem a maior parte das dietas.
Neste artigo vamos citar algumas tecnologias nutricionais que auxiliam na otimização do uso de ingredientes nas rações, tais como as enzimas, os minerais orgânicos e o conceito de proteína ideal.
Enzimas
Uma das ferramentas nutricionais mais conhecidas e usadas, que vem demonstrando resultados satisfatórios, é a inclusão de enzimas exógenas na alimentação das aves, com intuito de melhorar a eficiência da digestão dos alimentos, diminuir a perda de nutrientes e, consequentemente, elevar o potencial de redução da poluição ambiental causada pelo excesso de nutrientes contidos nas excretas das aves.
A principal finalidade da suplementação enzimática em dietas para aves é a degradação dos fatores antinutricionais destes grãos, principalmente os polissacarídeos não amiláceos (PNA’s) e fitatos, aumentando, assim, a quantidade de nutrientes disponíveis para digestão e absorção no intestino.
A seguir estão alguns exemplos desta relação:
Uso da enzima fitase valorizando 0,1% de fósforo e cálcio, levaria a uma redução de aproximadamente 2,8 Kg de calcário e 5,55 Kg de fosfato bicálcico 18% por tonelada de ração produzida.
Uso de uma carboidrase liberando 30.000 Kcal de energia metabolizável por tonelada de ração, o que corresponde à redução de aproximadamente 3,40 Kg de óleo de soja por tonelada de ração produzida.
Em síntese, a melhora da capacidade digestiva das aves através do uso de enzimas exógenas nas rações apresenta-se como uma alternativa não somente para melhora do desempenho animal e otimização do uso dos ingredientes, mas também como forma de reduzir a quantidade de excretas produzidas, o que diminui o potencial contaminante do ambiente de produção.
Minerais Orgânicos
De forma geral, os microminerais na forma inorgânica possuem baixa biodisponibilidade, o que pode estar relacionado à formação de complexos com outras substâncias no trato digestivo, reduzindo a solubilidade destes elementos. Já os minerais orgânicos apresentam absorção superior aos inorgânicos, pois geralmente usam as vias de absorção das moléculas orgânicas que os ligam, o que faz com que não tenham problemas de interações com outros minerais.
Por terem uma melhor biodisponibilidade, os minerais orgânicos podem ser adicionados em menor concentração na dieta, em comparação aos minerais inorgânicos, sem qualquer efeito negativo sobre o desempenho produtivo, além de reduzir a excreção de minerais, diminuindo, assim, a poluição ambiental.
Proteína Ideal
Atender às exigências nutricionais do animal de forma eficiente também é possível trabalhando o conceito de proteína ideal, ou seja, usando-se o balanço exato de aminoácidos essenciais e o suprimento de aminoácidos não-essenciais, capaz de atender sem excessos nem deficiências as necessidades absolutas de todos os aminoácidos necessários para a manutenção animal e máxima deposição proteica.
Para iniciar a redução ao nível mínimo proteico, os seguintes critérios devem ser considerados: revisar as matrizes nutricionais dos ingredientes disponíveis; revisar os requerimentos das aves e suínos para cada fase produtiva; introduzir os requerimentos em aminoácidos essenciais e avançar gradativamente checando sempre os resultados obtidos.
Lembrando que o uso do conceito de proteína ideal só é possível porque os principais aminoácidos limitantes (lisina, metionina, treonina, triptofano e valina) estão comercialmente disponíveis e a cada ano se tornam mais competitivos em formulações para aves.
Considerações Finais
A alimentação das aves é o fator de maior influência no seu custo de produção. Com isso, pequenas melhorias quanto à eficiência de utilização dos nutrientes e otimização do uso de ingredientes podem resultar em grandes economias no processo produtivo.
Além disso, o melhor aproveitamento do alimento consumido pode tornar a atividade mais sustentável, pois, melhorando o aproveitamento da ração, reduzimos diretamente a demanda de recursos para produção de proteína animal e, também, a perda de nutrientes através das excretas que podem afetar negativamente o meio ambiente.
É importante ressaltar que todas as soluções nutricionais devem estar acompanhadas de outros fatores que se somam à busca pelo melhor aproveitamento dos nutrientes pelas aves.
As referências bibliográficas estão com a autora. Contato: agronoticia@gmail.com.
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Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
