Avicultura
O novo frango e os desafios da fase pré-inicial
Qualquer dificuldade ou agressão sofrida nesta fase implica diretamente em queda no desempenho final da ave
Artigo escrito por Luiz Victor Carvalho, nutricionista de Aves da De Heus
Considerada por muitos como sendo a fase mais crítica, a chamada fase pré-inicial compreende, em média, os primeiros sete dias de vida das aves de corte. Durante esta fase, a ave passa por um rápido desenvolvimento e se prepara para ter o desempenho esperado ao abate. Nesta idade, o pintinho tem um crescimento acelerado, multiplicando em média 4,5 vezes o seu peso inicial. Qualquer dificuldade ou agressão sofrida nesta fase implica diretamente em queda no desempenho final da ave, elevando a mortalidade, os custos de produção e reduzindo o volume de carne produzido, assim como perda de sua qualidade.
Para obter a energia e os nutrientes necessários por conta do acelerado crescimento, a ave dispõe de uma reserva natural (gema), que normalmente é absorvida completamente até o sétimo dia após o nascimento, além da ração fornecida para suprir e atender todas as exigências nutricionais inerentes a esta fase da vida.
No aspecto nutricional, temos várias linhas de estudo e trabalho muito bem fundamentadas e testadas; contudo vale salientar que estudos recentes mostram que aves submetidas a rações pré-iniciais e iniciais com níveis mais altos de proteína e energia têm tido desempenho superior logo na primeira semana. Este desempenho mantém-se até o abate, resultando em aves mais uniformes e com índices de produção maiores. É importante também prestar atenção ao balanço eletrolítico (Na+K-Cl), que deve ficar próximo a 250mEq/kg, afim de auxiliar na absorção passiva dos nutrientes.
Além dos níveis nutricionais, a qualidade e inclusão adequadas das matérias primas são de extrema importância para as rações. Fatores antinutricionais, oxidação, putrefação, toxinas, dentre outras, são características que podem acometer as matérias primas, seja por aspectos naturais de cada ingrediente, falhas no seu processo de produção ou obtenção, ou mesmo devido a uma estocagem malfeita. Estes fatores, se não observados e minimizados, podem causar:
– Dificuldades no processo de absorção dos nutrientes devido a menor biodisponibilidade.
– Agressões às mucosas orais, levando a uma diminuição do consumo de alimento.
– Diminuição da integridade intestinal, podendo causar trânsito rápido, com consequente redução na absorção dos nutrientes, e ainda demandar energia e nutrientes para a manutenção e reparação das estruturas agredidas.
– Quadros de diarreias, que aumentam a excreção de líquidos e alimentos mal digeridos e contribuem para uma maior pressão de contaminação no aviário.
– Imunossupressão dos animais, deixando-os mais suscetíveis a patógenos.
Sendo assim, para a escolha dos ingredientes e definições de suas matrizes nutricionais dentro das margens de segurança, manter a sua qualidade é fundamental. Deve-se fazer monitorias contínuas, se possível, no recebimento das matérias primas, para podermos garantir a segurança e qualidade destes ingredientes e assim minimizar as agressões às aves.
Porém, nem sempre é possível manter o controle adequado das matérias primas, seja pela não disponibilidade de um laboratório de análises de recebimento ou pela falta de oferta ou acesso a ingredientes com maior qualidade. Assim, para minimizar o impacto negativo na primeira semana de idade das aves, empresas de nutrição especializadas em produzir dietas pré-iniciais fornecem rações com níveis nutricionais adequados, alto controle de qualidade de matérias primas, além de alta performance de produção com granulometria e formato ideais. A forma peletizada contribui para uma melhor absorção dos nutrientes, evita a seleção dos ingredientes e garante o consumo adequado da dieta desenhada, obtendo uma redução do gasto energético ocorrida pela diminuição do tempo de consumo.
Além disso, verificamos no gráfico 1 que o metabolismo das linhagens de corte é mais lento durante os primeiros 21 dias de vida quando comparado ao seu metabolismo após esta idade, o que pode ser notado na mudança de inclinação das curvas antes e após o 21º dia. Esta redução faz com que o apetite da ave seja suprimido e, consequentemente, o consumo de ração pode não ser suficiente para sanar todas as necessidades nutricionais dos animais. Devido a essa característica, deve-se atentar ao manejo adequado, buscando estimular o consumo de ração, a afim de garantir a ingestão nutricional adequada e o máximo aproveitamento de seu potencial genético.
Várias estratégias podem ser usadas para melhorar o consumo de ração nesta fase, na tentativa de evitar desuniformidades e quedas no desempenho zootécnico. Dentre elas podemos citar:
– Superofertar alimentos, com quantidade abundante de comedouros e bebedouros, além do uso de papel na cama para fornecimento de ração e estimulo sonoro às aves.
– Manejar corretamente a temperatura e a umidade (sensação térmica), trabalhando com uma sensação um pouco abaixo da indicada para a idade, mantendo as aves dentro da zona de conforto térmico, evitando assim, a sonolência e estimulando o consumo de ração.
– Manejar cortinas e luminosidade em busca da melhor qualidade de ar com níveis baixos de CO2 (que evita sonolência), além do estímulo luminoso para ativar as aves e, mais uma vez, estimular o consumo.
– Ofertar rações de alta qualidade para reduzir possíveis impactos causados por fatores antinutricionais e degradação das matérias primas. Rações peletizadas e trituradas com tamanhos de partícula em torno de 2,2 mm melhoram a eficiência e o aproveitamento dos nutrientes, além de evitar a seleção dos ingredientes. Isso garante que a ave mantenha um consumo homogêneo dos nutrientes formulados.
Conclusão
Todos estes pontos são primordiais para garantir que as aves atinjam seu máximo desempenho. Para que as dificuldades e adversidades encontradas no manejo da primeira semana sejam minimizadas, conclui-se que há a necessidade de atenção com a qualidade do ambiente onde elas estão sendo criadas, sempre visando seu conforto e melhor desenvolvimento. Do mesmo modo, deve-se fornecer às aves um alimento de qualidade com níveis nutricionais e granulometria adequados, para ajudá-las na formação da estrutura corporal necessária para atingirem o peso, o rendimento de carcaça e a conversão alimentar ótimos, evitando, assim, perdas produtivas e econômicas, trazendo como resultado carne de alta qualidade com custo acessível.
Mais informações você encontra na edição de Aves de setembro/outubro de 2016 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
