Avicultura
O novo contexto da produção de galinha caipira
A produção de galinhas caipiras perdurou por muito tempo nas fazendas brasileiras, mas ficou restrita aos pequenos produtores
Artigo escrito por Guilherme Augusto Vieira, professor de Medicina veterinária da Unifacs (Universidade Salvador – BA) e Unime (União Metropolitana de Educação e Cultura – BA), médico veterinário e coordenador da Qualyagro – Farmácia na Fazenda e colunista de O Presente Rural
O que é uma galinha caipira? A velha galinha conhecida como “pé duro”, “caipira” ou de “fundo de quintal” é a galinha criada a solto, nos terreiros, exercitando-se e selecionando ao mesmo tempo o tipo de alimento. Historicamente tem um prazo maior de produção de carnes e ovos, com baixa produtividade em relação à avicultura industrial, caracterizando-se como uma produção saudável.
A produção de galinhas caipiras perdurou por muito tempo nas fazendas brasileiras, mas ficou restrita aos pequenos produtores, que utilizam aves de baixa produção e de baixo nível técnico.
Segundo a Embrapa, tradicionalmente as criações domésticas de galinha caipira, praticadas nas unidades agrícolas familiares, se caracterizam pela sua forma de exploração extensiva, na qual inexistem instalações, bem como, a adoção de práticas de manejo que contemplem eficientemente os aspectos reprodutivos, nutricionais e sanitários. Tal fato resulta em índices de fertilidade e natalidade reduzidos.
A alta mortalidade das crias, principalmente nas primeiras semanas de vida, aliada a um baixo desempenho das aves, caracteriza uma atividade de baixa eficiência produtiva. Os problemas sanitários também representam um obstáculo ao sucesso da atividade, além de consistirem em uma fonte potencial para disseminação de doenças em função da convivência das aves com outros animais ou com pessoas no mesmo ambiente. Todos esses fatores tornam a criação de galinhas caipiras uma atividade incapaz de satisfazer as necessidades alimentares das famílias e, muito menos, de gerar lucro.
Apesar dos problemas apresentados, a galinha caipira contribuiu para melhorar a alimentação das famílias (de baixa renda no meio rural), e muitas vezes auxilia como parte da renda na economia familiar.
Mudanças
Atualmente, a produção de galinha caipira mudou. As aves chamadas de caipiras são marcas que foram geneticamente trabalhadas, selecionadas e adaptadas. Essas aves passaram por programas de melhoramento genético para a fixação de alguns parâmetros produtivos e, ao mesmo tempo, para reduzir as características indesejáveis, como o choco, passando a compor, ao longo do tempo, um sistema de criação que permite maior produtividade.
O programa de seleção das aves para serem criadas em sistema caipira procurou encontrar um ponto de equilíbrio entre o passado e o futuro e entre a rusticidade e a produtividade, apresentando aves com potencial de produção de 270 a 300 ovos ao ano.
As aves especializadas para produção de carne também foram selecionadas para a produção, com a vantagem da comercialização de um produto diferenciado, com melhor remuneração por parte do mercado consumidor.
O novo sistema de produção de galinha caipira requer melhoria nas instalações, novos equipamentos, higiene, melhorias no manejo sanitário, uma ração apropriada para as novas vertentes produtivas para a galinha caipira, lembrando que esta produção é mais rústica que a galinha de granja, mas requer os mesmos manejos e cuidados.
A ave caipira tem o período de criação mais longo, cerca de duas vezes superior ao das aves industriais, com produção de ovos e carne menores, mas o produto diferenciado é de alta qualidade e, cada vez mais, conquista consumidores exigentes, principalmente os consumidores urbanos.
Atualmente o sistema de produção de galinhas caipiras apresenta a seguinte classificação, de acordo a sua função econômica: para produção de ovos (poedeiras), para produção de carne (corte) e dupla aptidão (carne e ovos).
A produção de galinhas caipiras tem investimentos relativamente baixos e instalações de fácil construção, com técnicas simples de manejo. A criação caipira tem se mostrado lucrativa, principalmente para pequenos produtores, pois tem a vantagem da comercialização de um produto diferenciado, com boa procura e melhor valor de comercialização.
Também tem se mostrado uma ótima alternativa para pecuaristas de corte e leite que desejam agregar mais uma atividade animal em sua propriedade.
Mão de Obra
Caso o pecuarista tenha problemas com a mão de obra, a dica é utilizar as mulheres. Durante viagens pelo Brasil, tenho observado que os produtores pecuaristas ao criarem galinhas caipiras têm como mão de obra as esposas dos peões das fazendas. Estas senhoras têm histórico de “roça”, adquirem uma ocupação, passam a ter renda, melhoram sua dignidade, e o melhor: o trabalho nos galpões não interfere nos afazeres domésticos. Em muitos casos, os produtores oferecem participação na produção.
Manual
Há pouco tempo, uma empresa com sede na Bahia lançou o Manual Prático Crie Galinha Caipira. O objetivo é atender uma demanda do setor e colaborar com a melhoria dos processos da produção de galinha caipira . Nele, o produtor conhece o planejamento das instalações de um galpão básico de produção, manejo sanitário com as principais etapas de vacinação, além do manejo geral da granja e nutricional. Consta também no manual uma planilha de custos e investimentos para montagem de sua futura granja
Atualmente, a população urbana busca um resgate de suas raízes rurais, e a produção de galinhas caipiras e seus ovos saudáveis é uma ótima oportunidade de negócios.
Mais informações você encontra na edição de Aves de setembro/outubro de 2016 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
