Conectado com

Colunistas Artigo

O negacionismo contra o agro tecnológico

Há duas espécies de negacionistas que desmerecem a moderna agropecuária no Brasil. Uma é formada por economistas ortodoxos. Outra pela esquerda caviar. Ambas ofendem a evolução tecnológica.

Publicado em

em

Divulgação

Mesmo com dinamismo do agro puxando desenvolvimento de importantes setores secundários, ainda há economistas ortodoxos. Há duas espécies de negacionistas que desmerecem a moderna agropecuária no Brasil. Uma é formada por economistas ortodoxos. Outra pela esquerda caviar. Ambas ofendem a evolução tecnológica.

Nesse artigo, vou tratar dos primeiros. Depois, falo dos ideólogos do atraso.

Certos economistas do século passado, ligados ao pensamento tradicional, teimam em analisar o agronegócio como se a agricultura ainda funcionasse isolada na economia. Chamam-na de “setor primário”. Baseados no problema chamado de “doença holandesa”, criticam a “comoditização” da economia brasileira. Dizem que levará ao atraso do país.

Conforme relatada na literatura econômica, a doença holandesa é definida como a valorização permanente da taxa de câmbio de um país, devido à existência de vantagens comparativas naturais que favorecem suas exportações primárias.

Chama-se “holandesa” por ter sido analisada, inicialmente, na economia dos Países Baixos, onde a descoberta e exportação de gás natural no Mar do Norte apreciou o câmbio e prejudicou a indústria manufatureira do país. Isso ocorreu nos anos 1960.

O tempo passou, entramos na era tecnológica. Em pleno século 21, porém, os economistas ortodoxos ainda utilizam a teoria das vantagens comparativas– idealizada por David Ricardo em 1817– para condenar a exportação considerada “primária”.

Aonde está o equívoco?

No fato de que a competitividade agrícola do Brasil, frente ao mundo, não depende mais de “vantagens naturais”, mas sim de fortíssimos investimentos realizados no processo tecnológico de produção do agro.

Estudos referenciados pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Ministério da Agricultura e Embrapa, elaborados por especialistas como José G. Gasquez, José Eustáquio R. Vieira e Eliseu Alves, mostram que a tecnologia passou, há 40 anos, a ser a variável básica para explicar, em 60%, o crescimento da produção rural no Brasil; o fator terra caiu para 20%, idem o fator trabalho.

Quer dizer, resumindo a história: cada tonelada de grão, ou carne, ou celulose e algodão, frutas ou o que for, oriundo do agro e exportado pelo país, contém tanta tecnologia nela embutida quanto um bem manufaturado. Ou muitas vezes mais.

Todo um pacote tecnológico elevou fortemente a produtividade da agropecuária: variedades de plantas geneticamente adaptadas aos trópicos, raças e cruzamentos de animais precoces e super produtivos, controle fitossanitário rigoroso, correção e fertilização do solo, maquinários controlados por GPS e gestão sustentável. A média de crescimento da PTF (Produtividade Total dos Fatores) foi de 3,8% a.a nos últimos 20 anos.

Conclusão: é grave erro, conceitual e metodológico, tratar os produtos da exportação do atual agronegócio como os daquela época do modelo exportador de açúcar colonial ou do café latifundiário.

Se a indústria ficou para trás, o problema nada tem a ver com as exportações agrícolas, mas com sua incapacidade de inovação tecnológica. Preferiu depender de benefícios públicos para manter competitividade. E perdeu. …

O agro, pressionado pelos acordos de livre comércio da OMC (Organização Mundial do Comércio) desde a rodada Doha, conseguiu alterar a política agrícola, a partir da estabilidade trazida pelo Plano Real, e correu atrás da produtividade, contando com a ajuda das incríveis “Embrapas” da vida.

Nos complexos produtivos atuais, onde se mescla o campo com a cidade, pode-se até dizer que a equação histórica do desenvolvimento se inverteu: é o dinamismo do agro, impulsionado pelas exportações, que puxa importantes setores secundários e terciários da economia.

A realidade está aí para comprovar: o agronegócio se tornou o melhor negócio do país

Fonte: Por Xico Graziano, Conselheiro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS)
Continue Lendo

Colunistas

As cooperativas e as eleições

Os cidadãos em geral e os cooperativistas em particular estão e sempre estiveram comprometidos com a construção de uma sociedade justa e fraterna, fundada no pluralismo político e nos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa econômica.

Publicado em

em

Presidente da OCESC, Vanir Zanatta: "os eleitores devem procurar conhecer as prioridades, os projetos, as ideias e os postulados que cada candidato defende – bem como sua vida pregressa – para, assim, exercer de modo consciente o voto."Foto: Divulgação

A União Federal, os Estados e os Municípios são os entes federativos que a Carta Magna estabeleceu. Na realidade, entretanto, a vida ocorre concretamente nos Municípios. Por isso, as eleições municipais para a escolha dos dirigentes (prefeitos e vice-prefeitos) e legisladores (vereadores) são de grande importância para o futuro das comunidades locais. Inspirada por essa constatação, a Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC) reforça para que todos os cidadãos e cooperativistas catarinenses exerçam o direito-dever do voto neste domingo (6 de outubro).

Os cidadãos em geral e os cooperativistas em particular estão e sempre estiveram comprometidos com a construção de uma sociedade justa e fraterna, fundada no pluralismo político e nos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa econômica. Por isso, os eleitores devem procurar conhecer as prioridades, os projetos, as ideias e os postulados que cada candidato defende – bem como sua vida pregressa – para, assim, exercer de modo consciente o voto.

As cooperativas são um exemplo de modelo social porque, em sua natureza, defendem o pluralismo e a liberdade de manifestação de todas as correntes do pensamento.

Além do engajamento cívico dos cooperativistas, é essencial desaconselhar o voto nulo e o voto em branco. É frequente, na sociedade contemporânea, certa predisposição pelo voto branco ou nulo, resultado da apatia e do descontentamento com a classe política. Mas, é preciso lembrar que o voto é o mais legítimo e eficaz instrumento para mudanças e transformações. Por outro lado, é essencial superar a “cultura do esquecimento” e acompanhar as ações dos candidatos, depois de eleitos.

Um aspecto curioso é a ausência do tema “cooperativismo” na pauta das prioridades dos candidatos às eleições municipais. As cooperativas vêm prestando extraordinária cooperação para a dinamização das economias locais/regionais. Além disso, colaboram com o Poder Público e, em especial, com as Administrações Municipais, sejam em campanhas de interesse público ou em ações voltadas para a solução de graves problemas da coletividade.

Em suma, o cooperativismo pode oferecer grande contribuição ao desenvolvimento dos Municípios, pois todos os ramos do cooperativismo têm compromisso com geração de empregos, recolhimento de impostos, crescimento e atendimento às expectativas de seus membros e atenção com as questões que preocupam a sociedade. O modelo do cooperativismo se funde com os interesses da coletividade.

Os 4,2 milhões de catarinenses associados às cooperativas constituem uma força social e econômica formidável cuja participação no processo eleitoral pode ser determinante. Esse imenso capital humano com certeza escolherá candidatos com visão e coragem, sensatez e senso crítico para propor o que é possível, viável e necessário.

Fonte: Por Vanir Zanatta, presidente da OCESC
Continue Lendo

Colunistas

 Saiba quais são as consequências para o agro com a reforma tributária 

O ponto central da preocupação reside no fato de que a alíquota média paga pelo agronegócio hoje gira em torno de 3% a 4%, mas com a nova estrutura proposta, essa alíquota pode saltar para mais de 11%, representando um aumento de praticamente três vezes. E isso pode ser ainda mais elevado.

Publicado em

em

Fotos: Shutterstock

A regulamentação da reforma tributária em tramitação no Congresso Nacional tem sido alvo de intensos debates, especialmente no que tange aos reflexos para o agronegócio, um setor vital para a economia brasileira. É crucial analisar as possíveis mudanças e seus impactos à luz dos textos propostos, também com foco nas alíquotas e na estrutura tributária. Embora a reforma tenha como objetivo simplificar o sistema de impostos sobre consumo, as consequências para o agronegócio podem ser severas.

Atualmente, o agronegócio desfruta de uma situação diferenciada no sistema tributário brasileiro. Muitos dos tributos que incidem sobre o setor, como IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS, têm alíquotas reduzidas ou até mesmo zeradas. Além disso, o setor ainda conta com a possibilidade de recuperar créditos tributários em espécie ou compensá-los com outros tributos. No entanto, com a substituição desses impostos pelos novos tributos IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), além do imposto seletivo, as alíquotas tendem a aumentar significativamente.

O ponto central da preocupação reside no fato de que a alíquota média paga pelo agronegócio hoje gira em torno de 3% a 4%, mas com a nova estrutura proposta, essa alíquota pode saltar para mais de 11%, representando um aumento de praticamente três vezes. E isso pode ser ainda mais elevado. O pedido do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para aumentar a alíquota em mais 1,47%, que pode levar o percentual total para 28%, coloca o Brasil no patamar das maiores alíquotas de IVA (Imposto sobre Valor Agregado) do mundo, comparável à Hungria.

Por outro lado, a dita simplificação tributária está cada vez mais distante, com uma série de regras específicas, e a concomitância de 2 sistemas distintos, encarecendo ainda mais o staff do empresário que já usa muitas horas para apuração de seus tributos.

Esse aumento pode impactar negativamente a competitividade do agronegócio brasileiro. O setor já enfrenta desafios significativos, como altos custos logísticos e trabalhistas, que são alguns dos mais elevados globalmente. A carga tributária mjorada poderá inviabilizar a capacidade do agro em competir no mercado internacional, especialmente em um cenário onde outros países, como Estados Unidos, França e Suíça, oferecem subsídios substanciais para seus produtores.

Outro ponto que merece atenção é o impacto sobre os pequenos produtores. A reforma prevê que produtores que faturam até R$ 3,6 milhões anuais precisarão se tornar pessoas jurídicas para ter acesso ao crédito presumido, essencial para manter a competitividade. Isso pode criar barreiras adicionais, dificultando a sobrevivência desses pequenos produtores no mercado e, por consequência, prejudicando toda a cadeia produtiva do agro.

Além disso, a dívida tributária já existente no Brasil, que ultrapassa R$ 12,5 trilhões, evidencia um sistema falido. O aumento da carga tributária pode agravar ainda mais essa situação, tornando o cumprimento das obrigações fiscais ainda mais difícil para os empresários honestos que já lutam para se manter em dia com o fisco.

A velocidade com que a reforma está sendo aprovada também é motivo de preocupação. A Câmara dos Deputados aprovou o texto em tempo recorde, sem a devida discussão e análise aprofundada das centenas de emendas apresentadas. Agora, cabe ao Senado examinar com mais calma e atenção, evitando que decisões precipitadas prejudiquem ainda mais o setor agropecuário.

A Frente Parlamentar, as entidades representativas do agronegócio, os agricultores precisam se mobilizar intensamente para que sejam apresentadas soluções ao texto com objetivo de mitigar os impactos negativos da reforma. Embora o pior cenário já esteja delineado, ainda há espaço para ajustes que possam preservar a competitividade do agro e, por extensão, a estabilidade econômica do país.

Em suma, a reforma tributária em discussão tem potencial para trazer mudanças profundas para o Brasil, mas é preciso cautela para evitar que o agronegócio, responsável por uma fatia significativa do PIB e do saldo positivo da balança comercial brasileira, sofra prejuízos irreparáveis.

A sociedade deve estar ciente de que as decisões tomadas agora poderão afetar o país por décadas, e é necessário um esforço conjunto para garantir que o novo sistema tributário seja justo e eficiente, sem sacrificar um dos setores mais importantes da nossa economia.

Fonte: Por Eduardo Berbigier, advogado tributarista e especialista em Agronegócio.
Continue Lendo

Colunistas

Espinha dorsal

Na condição de espinha dorsal do sistema rodoviário catarinense, a BR-282 é essencial para o escoamento da vasta produção agroindustrial do Oeste de Santa Catarina aos portos e aos grandes centros brasileiros de consumo.

Publicado em

em

Foto: Divulgação

As deficiências de infraestrutura são os principais problemas enfrentados pela economia catarinense em geral e pelo agronegócio, em particular, para manter a competitividade. É o principal fator – “da porteira para fora” – a interferir no desempenho das cadeias produtivas da agricultura e da pecuária barriga-verde. As más condições das rodovias federais, estaduais e vicinais têm capacidade de anular os ganhos do produtor rural.

Na contextura catarinense, a rodovia federal BR-282 configura-se como a espinha dorsal do sistema viário, ligando o litoral a fronteira internacional com a Argentina. Construída entre 1960 e 1975, a BR-282, uma rodovia federal traçada para assegurar a efetiva integração territorial de Santa Catarina, ligando Oeste, Planalto e litoral, registra permanente estado de abandono em quase todos os trechos. Nos planos governamentais e no imaginário popular, a rodovia foi concebida como um ícone para integração política, econômica e cultural.

Na condição de espinha dorsal do sistema rodoviário catarinense, a BR-282 é essencial para o escoamento da vasta produção agroindustrial do Oeste de Santa Catarina aos portos e aos grandes centros brasileiros de consumo. Por ela transitam milhões de dólares em produtos exportáveis que asseguram as divisas das quais o país precisa para sustentar seu desenvolvimento.

Considerando-se somente a produção agroindustrial, somam milhares de toneladas de produtos cárneos, grãos e lácteos transportados todo mês. Somente a análise da receita tributária que essa riqueza gera para o Estado torna incompreensível a situação de penúria e abandono da BR-282.

O pavimento asfáltico de grandes extensões – especialmente no trecho localizado no grande oeste catarinense – foi destruído pelo uso contínuo sem manutenção reparativa adequada.

As atuais condições da BR-282 provocam acidentes diários com perda de dezenas de vidas que enlutam muitas famílias a cada mês e, ainda, astronômicos prejuízos econômicos para empresas e para o país.

Uma luz no fim do túnel surge, agora, com o anúncio do Ministério dos Transportes da contratação de um consórcio de empresas para elaboração dos projetos para a duplicação da rodovia federal BR-282 no grande oeste catarinense. O Ministério dos Transportes anunciou que o Consórcio Geosistemas MKS foi declarado vencedor da licitação, contratado e autorizado a iniciar imediatamente a elaboração de estudos e projetos básicos e executivo de engenharia, visando a execução das obras de duplicação, adequação de capacidade e melhorias de segurança – com eliminação de pontos críticos – da rodovia BR-282, entre o entroncamento com a BR-116 (Lages) e o entroncamento com a BR-163 (São Miguel do Oeste).

É consenso geral entre técnicos, empresários e gestores públicos: a única solução para a BR-282 é a duplicação da rodovia. Daí a importância do projeto de duplicação da BR-282, principal via de acesso ao oeste e, também, maior rota para o trânsito da imensa produção agroindustrial da região aos portos e aos grandes centros de consumo. É o primeiro – e fundamental – passo de uma longa jornada.

Fonte: Por José Zeferino Pedrozo, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC)
Continue Lendo

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.