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O metapneumovirus aviário na avicultura industrial

AMPV é altamente sensível à maioria de desinfetantes e tratamentos físicos, sobrevivendo por pouco tempo em material orgânico fora da ave

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Artigo escrito por MV MSc PhD Jorge Chacón, gerente Serviços Veterinários e MV MSc Alberto Inoue, gerente Linha de Produtos da Ceva Saúde Animal

Desde a primeira detecção do Metapneumovirus aviário (AMPV) na África do Sul nos anos 70, várias denominações foram atribuídas à doença resultante da infecção dependendo do tipo de ave afetada, o quadro clínico e lesões decorrentes da infecção: rinotraqueite do peru (TRT), rinotraqueite aviária (ART), pneumovirus aviário (APV), e síndrome da cabeça inchada (SHS).

O AMPV pertence ao gênero Metapneumovirus, dentro da subfamília Pneumovirinae, da família Paramyxoviridae. Quatro subtipos do AMPV foram reconhecidos baseados na divergência da sequência dos nucleotídeos no gene G. Os subtipos A e B foram detectados na Europa, África, Ásia e Brasil; o subtipo C foi encontrado nos Estados Unidos, França e Coreia; e o subtipo D foi descrito na França.

O AMPV é altamente sensível à maioria de desinfetantes e tratamentos físicos, sobrevivendo por pouco tempo em material orgânico fora da ave.

O AMPV tem predileção por células epiteliais dos tratos respiratórios e reprodutivos, causando ciliostase. Os sinais clínicos observados após infecção pelo AMPV não são patognomónicos nem específicos, podendo ser agravados pela presença de agentes secundários ou associação com outros patógenos, particularmente o vírus da bronquite infecciosa (IBV).

O AMPV provoca uma infecção aguda do trato respiratório de perus e frangos. Os perus são mais sensíveis à enfermidade, que também é chamada de rinotraqueíte do peru (TRT, do inglês Turkey Rinotracheitis), caraterizada por conjuntivite, estertores traqueais, espirros, inflamação de seios infraorbitários, descargas nasais e oculares e edema submandibular. Em aves adultas, tosse, movimentos de cabeça e opistótono são frequentemente observados.

O AMPV é também associado com a síndrome da cabeça inchada (SHS, do inglês Swollen Head Syndrome) em frangos, poedeiras e matrizes pesadas. Em frangos, nem sempre é possível observar sinais clínicos no lote infectado. Se observam sinais clínicos e lesões como inflamação dos seios peri e infraorbitários e torcicolo. Aves com sinais nervosos e mortalidade também podem ser observadas, mas em menor intensidade. Tanto em perus quanto em galinhas, uma queda transitória na produção e/ou um incremento nas anormalidades da casca dos ovos têm sido descritos, além de peritonite.

A infecção de aves jovens resulta em lesões do trato respiratório, enquanto que a infecção em aves na fase de produção pode acometer também o trato reprodutivo, levando a distúrbios como regressão ovariana e produção de ovos deformados.

Os sinais clínicos após infecção laboratorial são menos severos que os observados no campo, mostrando a importância dos agentes secundários na evolução da doença no campo. Experimentalmente, coinfecções com outros patógenos bacterianos (E. coli, Mycoplasma gallisepticum, Reimeriella anatipestifer e Ornithobacterium rhinotracheale) e vírus vacinais respiratórios (p.e vírus lentogênicos da Doença de Newcastle) incrementaram a severidade da infecção por AMPV.

A eliminação e controle de agentes secundários diminuirá o impacto da infecção por AMPV.

Epidemiologia

Perus, frangos, galinhas poedeiras e matrizes de qualquer idade são suscetíveis e hospedeiros naturais do AMPV. O vírus também já foi detectado em outras espécies de aves (ganso, pato, faisão, galinha de Angola, pombo, avestruz e aves de caça) com ou sem a presença de sinais clínicos, mostrando a função de reservatório destas espécies. Estudos de transmissão mostraram que roedores e aves aquáticas são importantes na transmissão do agente.

O primeiro subtipo detectado na Europa e Brasil foi o subtipo A. Isto levou ao desenvolvimento de vacinas vivas e inativadas a partir desde subtipo. Contudo, as últimas publicações científicas publicadas relacionadas a estudos epidemiológicos conduzidos no Brasil e outros continentes (exceto Estados Unidos, onde o subtipo dominante é o C), mostram uma maior prevalência e envolvimento clínico do subtipo B.

No Brasil, os subtipos A e B foram isolados a partir de lotes comerciais de perus e frangos de corte. Apesar da utilização de variados programas de vacinação (incluindo vacinas vivas e inativadas contendo os subtipos A e B do AMPV) a ocorrência de doenças respiratórias, diminuição da produção de ovos e elevados títulos sorológicos continuam sendo observados em lotes vacinados. Falhas no processo de vacinação, resposta imune inadequada e infecção por um subtipo diferente da cepa vacinal têm sido sugeridas para explicar a persistência do vírus. Por exemplo, isolados do subtipo C são genética e antigenicamente diferentes dos subtipos A e B. Consequentemente, vacinação baseada nos subtipos A e B oferecem baixa proteção cruzada contra a infecção causada pelo AMPV do subtipo C.

Não existe consenso sobre o nível de proteção cruzada entre subtipos A e B. Baseados em estudos de vacinação/desafio, há pesquisadores que sugerem que a vacinação deve ser realizada com o mesmo subtipo circulante no campo.

No cenário mundial, a predominância do subtipo B nos desafios de campo está levando a seleção de vacinas que contenham este subtipo viral.

Diagnóstico

O sucesso do isolamento ou detecção viral depende do momento da coleta. O vírus pode ser detectado de tecidos respiratórios apenas 6 a7 dias após a infecção. Assim, muitas vezes quando o lote apresenta o quadro clínico, o AMPV já não está mais presente nas aves. As amostras sugeridas para o diagnóstico incluem seios nasais, traqueia e suabes de traqueia.

O isolamento viral não é um método prático para ser usado como rotina no diagnóstico, pois o agente é muito sensível e sua a viabilidade pode ser comprometida durante o transporte da amostra para o laboratório.

As técnicas moleculares têm sido uma importante ferramenta de auxílio diagnóstico. Além de rápidas e de alta sensibilidade, eles permitem conhecer o subtipo viral detectado.

Entre as técnicas sorológicas, o Elisa é utilizado preferencialmente devido a sua praticidade, custo e conveniência. O principal desafio das técnicas de Elisa consiste na interpretação dos resultados. Existem trabalhos científicos mostrando que diferentes títulos de anticorpos podem ser encontrados, de acordo com os kits comerciais utilizados. Esta diferença de sensibilidade do kit depende, entre outros fatores, do subtipo viral utilizado no kit comercial. Na prática, se o kit foi desenvolvido utilizando vírus do subtipo A, os títulos de anticorpos induzidos por um vírus vacinal ou de campo de diferente subtipo serão subdeterminados. Assim, quando a técnica de Elisa é utilizada para avaliar resposta imune pós-vacinação, este detalhe técnico tem que ser considerado na interpretação dos resultados.

Ferramentas de Controle

As medidas e regras de bioseguridade gerais são importantes para a evitar o ingresso do vírus de campo na granja. Existem também evidências que aves silvestres podem atuar como carregadores do AMPV.

O AMPV induz resposta imune celular e humoral poucas semanas após infecção. Estudos experimentais demonstraram que aves vacinadas e bursectomizadas no primeiro dia de vida (sem soroconversão) encontravam-se protegidas contra o desafio, evidenciando-se a importância da resposta celular. Outros estudos demonstram a relevância da imunidade humoral na proteção do trato reprodutivo de galinhas na fase de produção.

Os títulos de anticorpos maternais transferidos à progênie são proporcionais aos títulos de anticorpos circulantes na matriz. Porém, a imunidade passiva não é capaz de prevenir da doença clínica.

A primo-vacinação com vacinas vivas induzem baixa soroconversão, porém conferem proteção celular às aves. A resposta à vacinação contra AMPV pode ser prejudicada se a ave estiver passando por um processo de imunossupressão. Em aves de vida longa, as vacinas vivas são aplicadas duas a três vezes antes da vacina inativada oleosa, conferindo assim uma proteção completa e duradoura.

Vários trabalhos experimentais demostraram a importância da resposta imune celular e humoral induzida pelas vacinas vivas e inativadas, respectivamente.

Mais informações você encontra na edição de Avicultura de abril/maio de 2016.

Fonte: O Presente Rural

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Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem

Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

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A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.

Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.

Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.

A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.

A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.

Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.

Fonte: O Presente Rural com Unifrango
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Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer

Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

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O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.

A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.

Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.

Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.

Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.

Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026

Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

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O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.

Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.

Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.

Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.

Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.

Fonte: O Presente Rural com Consultoria Agro Itaú BBA
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