Suínos Cadeia de pescados
O futuro dos alimentos virá da água
“Toda a água doce ou salgada pode contribuir muito mais para a produção sustentável de alimentos do que ocorre atualmente. O que precisamos é a implementação de uma série de mecanismos plausíveis e acionáveis”, diz a jornalista, empresária e diretora executiva do IFC, Eliana Panty.

Ao longo das últimas duas décadas, acompanhando a produção de proteína animal no Brasil e no mundo, Eliana Panty – jornalista, empresária e diretora executiva do IFC (International Fish Congress), dispara: “O mecanismo de preço – quando motiva a melhoria da gestão da produção e a expansão sustentável em novas áreas – surge da mudança na demanda e age por conta própria, sem qualquer intervenção explicita”. O comentário permeia a observação sobre comportamentos do consumidor atual que exige procedência, rastreabilidade e garantias. “Movido por crenças e valores e, muitas vezes, influenciados pela mídia ou modismos. O mais recente são os alimentos “plant-based”, que confundem o consumidor com o conceito de alimento saudável, mas é preciso ficar claro que peixe é peixe e planta é planta”, completa.
“Quando o consumidor ou o mercado demandam por alimentos mais seguros e também acessíveis, é preciso olhar para dentro da produção e buscar mecanismos para produzir mais e melhor, e esse é um desafio de todas as cadeias de proteína, não apenas do pescado” reflete.
Panty concorda que o mecanismo de tecnologia para o mercado de produção de alimentos é impulsionado por incentivos para inovar e as novas tecnologias permitem isso e vão além. Mas essas inovações, seja na produção em pequena ou larga escala, seja para o produtor e seu entorno ou para exportação, o acesso às tecnologias precisa ser impulsionado por políticas públicas e ambiente seguro para produzir. “O mecanismo de política permeia todos os setores de produção e pode fazer – ou quebrar – a capacidade dos alimentos vindos da água de se expandir de forma sustentável, igualitária e eficiente no futuro” destaca.
Como você vê o futuro da produção de alimentos?
Panty – A demanda global de alimentos está aumentando e questões sérias permanecem sobre se a oferta pode aumentar de forma sustentável. E chamo de sustentável do ponto de vista social, econômico e não apenas ambiental. Pessoas precisam comer e mais pessoas precisam comer mais e melhor e, para isso, vamos ter que lançar mão da produção com mais tecnologia embarcada.
A expansão dessa produção deve crescer onde a geografia e as políticas públicas criarem cenários favoráveis. Ainda há muito para crescer em tanques escavados, em viveiros suspensos e ambiente controlado. Existem ainda as áreas de barragens e Águas da União, ainda pouco exploradas, sem falar de offshore, com a costa brasileira com mais de oito mil quilômetros.
Como os alimentos vindos do mar representam apenas 17% da produção atual de carne, já é hora de perguntar quanto podemos esperar que o oceano produza de forma sustentável até 2050, se olharmos para um futuro próximo. Ao voltarmos os olhos para o continente, observamos também um “oceano” de oportunidades para produzir em terra.
O futuro está nas águas continentais então?
Panty – Se observarmos o cenário pós pandemia, que gerou mudanças comportamentais de consumo e alertas sanitários importantes, podemos projetar as próximas décadas. De acordo com as mudanças estimadas de demanda e cenários de abastecimento, que levam em consideração a reforma das políticas públicas e melhorias tecnológicas, os alimentos vindos do mar podem aumentar em 21–44 milhões de toneladas até 2050, um aumento de 36–74% em comparação com a produção atual de acordo com um estudo da Revista Nature.
Ainda assim, isso representa 12–25% do aumento estimado em toda a proteína necessária para alimentar 9,8 bilhões de pessoas até 2050. E, mesmo com muito investimento na maricultura, que tem potencial de crescimento, os olhares se voltam para as águas continentais a todo momento, para a produção controlada. Se esses potenciais de produção serão realizados de forma sustentável, dependerá de fatores como reformas de políticas, inovação tecnológica e a extensão das mudanças futuras na demanda.
Como vê o desafio de produzir pescado no Brasil?
Panty – A demanda global por alimentos está aumentando e a expansão da produção em escala, ou produção tecnificada de proteína: aves, suínos, bovinos, leite, ovos e pescados, é claro, está repleta de preocupações ambientais e de saúde. De um lado, o apelo da alimentação saudável cresce a cada dia, do outro, a pressão ambiental também cresce. Mas eu preciso comer e quero um peixe que foi produzido de forma segura.
Olhando para as outras cadeias de proteína vejo como maior desafio o risco sanitário. Isso é realmente preocupante. Temos mar e água para produzir, temos terra e mais água para produção continental, temos grãos e mão de obra. Temos tecnologias e conhecimento, mas o risco sanitário, com enfermidades emergentes, é uma ameaça muito alta que põe por terra todo e qualquer investimento ou abertura de mercados. A cada novo vírus ou bactéria que aparece como enfermidade emergente, o mercado precisa ser sério e ter estratégias de guerra para barrar, conter, evitar, prevenir e, para isso, é preciso foco em biosseguridade.
Olhando para o mar, o que vê de tendência?
Panty – O relatório da FAO fala sobre produção em água salgada – já vemos em diversos países desenvolvidos a produção offshore em grande escala, em alto mar com tanques que chegam medir o equivalente a um prédio de seis andares, com alta tecnologia e pouco manejo. Produzindo muito e no oceano, longe da costa. Parece ficção científica, mas a produção de garoupas, por exemplo, tem crescido. Países como Irlanda, Noruega e Reino Unido investem há décadas; a Ásia mais recentemente com projetos ainda maiores e mais ousados.
Para atendermos a crescente demanda mundial de peixes e frutos do mar, o mundo terá que avançar mais e mais para as tecnologias aquícolas. Esse cultivo de organismos aquáticos a várias milhas da costa, águas que costumam possuir altas taxas de saturação de oxigênio e baixas oscilações na temperatura, são uma tendência global ainda maior que a nossa realidade brasileira de produzir em águas continentais.
Comparando pescados e as outras proteínas.
Panty – Como os pescados são nutricionalmente diversificados e evitam ou reduzem muitas das cargas ambientais da produção de alimentos terrestres, eles estão em uma posição única para contribuir, tanto para o fornecimento de alimentos quanto para a futura segurança alimentar e nutricional global. O apelo do alimento saudável deve guiar o consumidor nas próximas décadas e essa é a tempestade perfeita para o setor.
Na produção, o desafio é conter e evitar desastres sanitários, e superando também questões cambiais e de valor das commodities que são base da nutrição dos peixes, focando na nutrição de precisão e nas tecnologias de enzimas, probióticos, prebióticos e biorremediadores, que podem assegurar uma produção mais sustentável.
Qual o papel das regulações e políticas públicas?
Panty – Na pesca ou produção marinha, as curvas de suprimento sustentável estimado sugerem possibilidades substanciais para a expansão futura, tanto na pesca selvagem quanto na maricultura, mostram os estudos mais recentes da FAO. O potencial de aumento da produção global da pesca selvagem depende da manutenção das populações de peixes perto de seus níveis mais produtivos. Para estoques subutilizados, isso exigirá a expansão dos mercados existentes. Para os estoques explorados, isso exigirá a adoção ou melhoria de práticas de manejo que evitem a sobrepesca e permitam a reconstrução dos estoques esgotados. Assuntos que têm ganhado relevância com a gestão pesqueira e discussões conduzidas pelo Secretário Jorge Seif com o apoio do Ministério da Agricultura e governo federal que tem dado a atenção devida para o setor.
Expandir substancialmente a produção de alimentos vindos da água tem benefícios e compensações, mas exigirá governança nacional e interregional, bem como capacidade local para garantir equidade e sustentabilidade. Não podemos fechar os olhos para as mudanças climáticas que vão desafiar ainda mais a segurança alimentar. Contra o que não temos controle a tecnologia será a grande aliada.

Suínos
Suinocultura brasileira bate recordes e consolida ritmo histórico no 3º trimestre
Setor alcança marcas inéditas em produção, exportações, importações e oferta interna, segundo dados do Deral e do IBGE.

A suinocultura brasileira encerrou o 3º trimestre de 2025 com desempenho histórico, alcançando novos recordes em praticamente todos os indicadores acompanhados pelo setor. Segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral) e resultados preliminares da Pesquisa Trimestral do Abate do IBGE, entre julho e setembro o país registrou os maiores volumes já observados de produção, exportação, importação e disponibilidade interna de carne suína desde o início das séries, em 1997.
A produção atingiu 1,49 milhão de toneladas, alta de 4,7% (66,8 mil t) frente ao recorde anterior, registrado no 2º trimestre deste ano. Na comparação anual, o avanço foi ainda maior: 6,1% (85,1 mil t) em relação ao mesmo período de 2024.

Desse volume, 391,97 mil toneladas foram destinadas ao mercado externo, o equivalente a 26,3% de toda a carne suína produzida no país no trimestre. As exportações cresceram 4,7% (17,6 mil t) ante o recorde do trimestre anterior e 7,7% (28,1 mil t) na comparação anual, ritmo praticamente alinhado ao avanço da produção.
O trimestre também registrou a maior importação de carne suína já observada: 6,72 mil toneladas, volume que corresponde a apenas 0,5% da produção nacional. O número supera em 10,2% (622 t) o antigo recorde, de 2019, e fica 28,3% (1,5 mil t) acima do mesmo período do ano passado. Do total importado, 93,4% foram miudezas, 6,4% carne in natura e apenas 0,2% carne industrializada.
Com o comportamento firme da produção e das exportações, a disponibilidade interna também atingiu o maior patamar da série: 1,10 milhão de toneladas. O resultado supera em 4,2% (44,3 mil t) o recorde anterior, registrado no 3º trimestre de 2023, e é 5,6% (58,5 mil t) superior ao observado no mesmo período de 2024.
Segundo análise técnica do Deral, a expectativa é que o desempenho do 4º trimestre continue forte, mantendo a tendência observada nos últimos anos, em que o período final do ano supera o terceiro trimestre em produção e exportações. Caso o movimento se confirme, os novos avanços devem ocorrer, mas de forma moderada, dada a base já elevada dos resultados atuais.
A combinação de produção crescente, exportações firmes e oferta interna robusta reforça o papel da suinocultura como um dos segmentos mais dinâmicos do agro brasileiro em 2025.
Suínos
Suinocultura brasileira destaca inovação e sustentabilidade na COP30
ABCS e Embrapa apresentam avanços em produção eficiente e ambientalmente responsável, reforçando compromisso do setor com redução de emissões, bem-estar animal e estratégias de longo prazo para o futuro do agro.

A Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), marcou presença na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), um dos eventos mais importantes e aguardados do ano, que aconteceu em Belém do Pará com a presença de líderes e cientistas de todo o mundo que vieram ao Brasil debater sustentabilidade e mudanças climáticas. A Associação esteve presente no dia 20 de novembro na programação técnica da Agrizone, voltada às cadeias de aves, suínos e pescados, espaço institucional foi organizado pelo Sistema CNA/SENAR com o apoio da Embrapa, ABCS e a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Para a diretora técnica da ABCS, que esteve representando a Associação no evento, Charli Ludtke, destacou: “Sediar uma COP no Brasil foi de extrema relevância pelo país poder demonstrar o que vem fazendo, bem como liderar as discussões dentro do contexto amazônico, tema este que há anos ocupa lugar central nas discussões globais sobre preservação ambiental. Além disso, foram debatidas ações de grande relevância para o futuro dos sistemas de produção, como linhas de fomento ao desenvolvimento sustentável e a necessidade de estratégias de longo prazo para implementação de políticas públicas consistentes, pensando na expansão das fontes de energias renováveis.”
Para a programação da Agrizone, representando a suinocultura, o Dr. Everton Krabbe, chefe-geral da Embrapa Suínos e Aves, participou a convite da ABCS com a palestra “Sustentabilidade na prática: o papel da pesquisa e inovação na evolução da suinocultura brasileira”. Em sua apresentação, o pesquisador destacou como o avanço científico e tecnológico tem impulsionado uma produção cada vez mais eficiente, responsável e alinhada às metas globais de redução de impactos ambientais. Entre os principais temas abordados, estiveram melhorias na gestão ambiental da suinocultura, uso de tecnologias aplicadas ao bem-estar animal, redução de emissões de gases de efeito estufa, o manejo sustentável e o papel estratégico da inovação para a manutenção da competitividade do setor. A palestra reforçou que a suinocultura brasileira vem atuando nos 4 pilares da sustentabilidade, destacando que o setor combina eficiência produtiva com compromisso social, ambiental e econômico.
A presença da ABCS na COP30 reforça o compromisso da suinocultura brasileira com a sustentabilidade, a inovação e o futuro da produção de proteína animal, alinhada às demandas globais. Nas palavras da diretora técnica da ABCS, “Esse espaço trouxe a oportunidade de compartilharmos experiências sobre a suinocultura brasileira, que mostram ser possível produzir com responsabilidade ambiental, segurança e sustentabilidade. Reforçando que o setor tem compromisso com as questões climáticas e entende que preservar o meio ambiente e evoluir continuamente em práticas sustentáveis é uma responsabilidade compartilhada do campo à indústria”, concluiu.
Suínos
Santa Catarina bate recorde de abates de suínos em 2025
Apesar de outubro registrar queda na produção mensal, o estado alcançou 15,4 milhões de suínos abatidos no acumulado de janeiro a outubro, maior volume desde 2013, mantendo sua liderança nacional no setor.

Santa Catarina atingiu 15,4 milhões de suínos abatidos entre janeiro e outubro de 2025, segundo dados da Cidasc compilados pela Epagri/Cepa. O número representa um crescimento de 1,6% em relação ao mesmo período de 2024 e marca o maior volume de abates já registrado desde o início da série histórica, em 2013.
Apesar do resultado positivo no acumulado do ano, a produção mensal em outubro recuou. Foram produzidos 1,49 milhão de suínos, queda de 6,4% em relação ao mês anterior e 3,4% a menos que em outubro de 2024.
O comportamento da produção ao longo dos últimos 13 meses mostra variações, com picos em janeiro de 2025 (1,58 milhão) e julho de 2025 (1,68 milhão), indicando tendências sazonais de mercado e ajustes na oferta estadual.
A análise reforça a posição de Santa Catarina como principal estado produtor de suínos do país, mantendo a capacidade de expansão mesmo diante das flutuações mensais do setor.



