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Suínos / Peixes

O desafio atual da hiperprolificidade e rentabilidade na suinocultura

O dilema deste ganho de produtividade reside no fato de que infelizmente se observa também um aumento na diversidade e variabilidade no tamanho e qualidade dos leitões

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Artigo escrito por Fernando Retamal, médico veterinário e Consultor Técnico da Atecsui

Temos acompanhado nos últimos anos da suinocultura global índices de produtividade surpreendentes no tocante à prolificidade dos rebanhos reprodutivos, bem como nas taxas de crescimento e rendimento em animais destinados ao abate. Essa mudança nos perfis de desempenho têm gerado ótimos ganhos em rentabilidade àqueles que conseguem explorar estas novas oportunidades.

O progresso evolutivo na produção de suínos é marcante e indiscutível ao longo dos anos. Isso determina uma nova e desafiadora rotina de trabalho nas granjas. Hoje o maior problema vivenciado nas unidades produtoras de leitão é aproveitar este novo cenário, garantindo assim à tão almejada quantidade e também qualidade nos desmamados por parto.

O dilema deste ganho de produtividade reside no fato de que, infelizmente se observa também um aumento consequente na diversidade e variabilidade no tamanho e qualidade dos leitões quanto maior é o número de leitões nascidos por parto.

Fatores que contribuem para a viabilidade de grandes leitegadas

– Tempo de parto e número de nascidos;
– Baixo peso ao nascer;
– Produtividade leiteira, número de tetos e acessibilidade aos mesmos;
– Qualidade sanitária do rebanho e das instalações;
– Gerenciamento da temperatura ambiental para leitões e porcas.

Tudo isso se apresenta aos suinocultores atuais como pleno desafio a ser superado, na medida em que já se observam leitões ao parto com maior probabilidade de incremento nas taxas de mortalidade no período lactacional. Acrescente-se a isso o fato de que as equipes de colaboradores também sofrem abalos em sua motivação diária e autoestima na medida em que se frustram em atingir as expectativas e conquistas projetadas na forma de metas de produtividade.

Como forma de se opor a este cenário apresentado, e com o objetivo de maximizar o volume e a qualidade das leitegadas desmamadas, a ciência tem buscado trazer respostas por meio de pesquisas e do uso dos conceitos fisiológicos, metabólicos e imunológicos já consagrados.

A chave do sucesso para se obter leitões mais uniformes, fortes e pesados ao desmame parece ser o de reduzir ao máximo fatores de desafio à homeostase existente no trato digestivo, assegurando-se controle e manutenção da integridade da barreira imunológica intestinal ao mesmo tempo em que se minimizam situações onde se perdem em qualidade as funções absortivas ou secretórias intestinais.

Toda a vez que ocorrer um desequilíbrio na harmonia existente na mucosa intestinal, entre os agentes usuais da microbiota, bolo alimentar e enterócitos, teremos como resultado muitos efeitos negativos e estresse metabólico com consequente dano celular, liberação de hormônios corticoides, formação de radicais livres e penetração celular de agentes patogênicos como vírus, fungos, bactérias, protozoários, entre outros.

O passo seguinte a este processo degenerativo será a ocorrência de resposta inflamatória e seus efeitos negativo, a saber:

– Redução da motilidade digestiva e esvaziamento gástrico;
– Ocorrência de febre e redução da fome e ingestão alimentar;
– Redução da insulina sérica e capacidade absortiva celular;
– Aumento do glucagon e quebra das reservas energéticas hepáticas;
– Distúrbios de absorção e secreção nos intestinos;
– Redução da síntese proteica, deposição de aminoácidos e degradação das reservas corporais;

Diante deste cenário, e lembrando que após uma lesão nas vilosidades intestinais, as mesmas requerem de 2 a 4 dias para serem recuperadas, impactando diretamente em 6 a 10 dias na retomada de crescimento em leitões entre 15 e 30 dias de vida, me parece óbvio que tenhamos que combater todas as fontes estressantes aos animais nesta fase da vida.

Mas como combater os efeitos estressantes de altíssimo impacto negativo vivenciado pelos leitões no momento mais crítico de suas vidas – o desmame? A resposta está em adotarmos na execução diária e rotineira dos manejos amplamente dominados da suinocultura, os conceitos de maturação fisiológica e redução dos inevitáveis efeitos negativos resultantes da troca na dieta láctea materna em sólida alimentar.

– Assegurar que desde os primeiros momentos de vida os leitões nascidos tenham sido manejados com preocupação do parteiro em assegurar que ocorra a ingestão de colostro na quantidade superior a 200 ml nas primeiras 6 horas de vida;
– Que a temperatura ambiental esteja na zona de conforto térmico dos leitões, ou seja, entre 28 e 30 graus Celsius;
– Que não existam desafios pela presença de umidade e excessiva contaminação ambiental;

Além destes itens consagrados no manejo de parto e período inicial de maternidade, modernamente temos observado que, para se obtiver a tão esperada transição para a creche com o máximo de desempenho e maturidade digestiva, as leitegadas precisam conquistar um precoce consumo de alimentos sólidos já no período tão precoce quanto sua primeira semana de vida.

O Desafio do consumo precoce em lactantes

Leitões que se alimentam de dietas sólidas durante seu período lactacional levam 3 vezes menos tempo para começar a comer após o desmame, em comparação com os companheiros sem oferta de ração na maternidade. O aumento e desenvolvimento das vilosidades e criptas intestinais é diretamente afetado pelo maior volume de ingestão de alimento pelo leitão no período pré desmame. Todos recentes trabalhos publicados nesta área têm confirmado o ganho sequencial nas fases de crescimento posteriores ao desmame, conforme sua curva de ganho de peso a partir do nascimento.

Como exemplo prático, citamos que cada 100 gramas observadas de peso acrescido ao desmame, costuma ser acompanhado de ganhos entre 500 e 800 gramas na saída de creche e até 3 a 5 quilos no abate ocorrido com 160 dias de vida. Portanto, a busca por tecnologias e recursos inovadores para ampliar o consumo de ração e o desempenho de leitões lactantes é uma forma racional e obrigatória em suinocultores que objetivam incrementar os quilos de leitões desmamados por porca a cada ano.

John Gadd já dizia no início deste século que os alimentos modernos deveriam apresentar obrigatoriamente funções com valor tecnológico, amigáveis no tocante a efeitos imunológicos e digestíveis. Também que conforme conseguíssemos realizar essa transição crítica do desmame com o menor impacto negativo à harmonia digestiva, quanto melhor seriam nossos índices de ganho de peso na fase de creche.

A genética moderna incrementa os potenciais de ganho que devem obrigatoriamente ser suportados e abastecidos por meio das atualizações e descobertas em áreas como a nutrição, ambiência, manejos e recursos humanos. 

Não sabemos qual o limite e nem onde vamos chegar como índice final de crescimento, mas sabemos que o caminho passa por minimizarmos a agressão ao trato digestivo dos leitões lactantes e desmamados. Também é consenso que o ganho de peso conquistado na primeira semana de creche determina fortemente o sucesso deste lote até sua data de carregamento. Este ganho somente é obtido quando a transição da maternidade para a creche ocorre sem grandes registros de estresse e com uma adaptação digestiva e imunológica harmônica por parte das leitegadas.

Desta forma podemos concluir que a suinocultura atual, com suas novas descobertas de ganho e lucratividade nos exige uma nova postura associada à novas atitudes. Quem não entender essas demandas e essas exigências por parte dos leitões, pode estar deixando de obter seus melhores ganhos. Quem não adotar novas ações e construir uma nova realidade de produção pode estar perdendo as melhores oportunidades.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2017.

Fonte: O Presente Rural

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Suínos / Peixes

Preços do suíno vivo encerram abril com movimentos distintos

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores. Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

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Foto: Ari Dias

Os preços do suíno vivo no mercado independente encerraram abril com movimentos distintos entre as regiões acompanhadas pelo Cepea.

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores.

Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

Para a carne, apesar da desvalorização das carcaças, agentes consultados pelo Cepea relataram melhora das vendas no final de abril.

Quanto às exportações, o volume de carne suína embarcado nos 20 primeiros dias úteis de abril já supera o escoado no mês anterior, interrompendo o movimento de queda observado desde fevereiro.

Segundo dados da Secex, são 86,8 mil toneladas do produto in natura enviadas ao exterior na parcial de abril, e, caso esse ritmo se mantenha, o total pode chegar a 95,4 mil toneladas, maior volume até então para este ano.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes

Embaixador da Coreia do Sul visita indústrias da C.Vale

Iniciativa pode resultar em novos negócios no segmento carnes da cooperativa

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Visitantes conheceram frigorífico de peixes - Fotos: Assessoria

A C.Vale recebeu, no dia 25 de abril, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo, e o especialista de negócios da embaixada sul-coreana, Rafael Eojin Kim. Eles conheceram os processos de industrialização de carne de frango, de peixes e da esmagadora de soja, além da disposição dos produtos nos pontos de venda do hipermercado da cooperativa, em Palotina.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, recepcionou os visitantes e está confiante no incremento das vendas da cooperativa para a Coréia do Sul. “É muito importante receber uma visita dessa envergadura porque amplia os laços comerciais entre os dois países”, pontuou. Também participaram do encontro o CEO da cooperativa, Edio Schreiner, os gerentes Reni Girardi (Divisão Industrial), Fernando Aguiar (Departamento de Comercialização do Complexo Agroindustrial) e gerências de departamentos e indústrias.

O embaixador Lim Ki-Mo disse ter ficado admirado com o tamanho das plantas industriais e a tecnologia do processo de agroindustrialização da cooperativa. “Eu sabia que a C.Vale era grande, mas visitando pessoalmente fiquei impressionado. É incrível”, enfatizou o embaixador, que finalizou a visita cantando em forma de agradecimento pelo acolhimento da direção e funcionários da C.Vale.

 

Fonte: Assessoria CVale
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Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

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Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
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