Bovinos / Grãos / Máquinas
O ciclo das endotoxinas e as doenças em bovinos
As endotoxinas, também conhecidas como lipopolissacarídeos (LPS), são componentes da membrana externa das bactérias gram-negativas que são liberadas quando estas se multiplicam ou suas membranas se rompem.
Um assunto importante e muito discutido na produção de bovinos é do efeito das endotoxinas sobre a saúde e desempenho dos animais. Está cada vez mais evidente que as endotoxinas influenciam na incidência de infecções e doenças metabólicas em bovinos, impactando sua saúde, performance e rentabilidade.
As endotoxinas, também conhecidas como lipopolissacarídeos (LPS), são componentes da membrana externa das bactérias gram-negativas que são liberadas quando estas se multiplicam ou suas membranas se rompem. Induzem a fortes respostas inflamatórias locais ou sistêmicas, causando alterações fisiológicas que reduzem o desempenho e podem culminar com a morte do animal. Em bovinos as endotoxinas estão associadas a distúrbios e condições como a síndrome da acidose ruminal, mastite, inflamação gastrointestinal, entre outros.
Em condições fisiológicas normais, o epitélio do trato gastrointestinal (TGI) atua como uma barreira para prevenir a entrada de LPS na corrente sanguínea. No entanto, nas criações especializadas de bovinos é comum uma maior inclusão de carboidratos fermentáveis e/ou redução de fibra efetiva nas dietas. Essa condição de manejo leva a redução do pH ruminal e a ocorrência de morte das bactérias gram negativas, com a liberação de endotoxinas no sistema gastrointestinal.
O baixo pH ruminal e aumento da concentração de LPS promovem agressão à parede do rúmen e intestino, elevando a sua permeabilidade e o transporte das endotoxinas, através do epitélio da membrana celular epitelial (transcelular) e/ou intercelular (tight-junction). Após transpor a parede do TGI, as endotoxinas têm 3 potenciais destinos: o sistema linfático, veia porta ou sistema circulatório (Figura 1).
Endotoxinas e etiopatologia
A liberação de citocinas inflamatórias provocadas pelas LPS desencadeia uma resposta inflamatória sistêmica, conhecida como endotoxemia. A endotoxemia é caracterizada por alterações na função de múltiplos órgãos e tecidos, aumento da permeabilidade vascular, ativação de células inflamatórias e desequilíbrios metabólicos.
A endotoxemia pode levar a uma série de efeitos sistêmicos prejudiciais em bovinos, incluindo febre, letargia, redução do apetite, depressão do sistema imunológico, disfunção hepática, distúrbios metabólicos, alterações na coagulação sanguínea e danos em órgãos vitais.
A contribuição para a doença é direta, através do acionamento de uma resposta inflamatória, ou por outros fatores, como a reação exagerada dos mecanismos de proteção do hospedeiro. Não somente a concentração de endotoxinas, mas também a toxicidade das espécies bacterianas induzem a inflamação. Por exemplo, a endotoxina da E. coli é muito mais tóxica do que outras bactérias gram-negativas encontradas no rúmen dos bovinos. Isso significa que quando o LPS de E. coli predomina no rúmen, esperamos efeitos negativos mais severos.
Endotoxinas e SARA (acidose ruminal subaguda)
Uma das desordens metabólicas mais comuns em bovinos de leite e corte é a acidose ruminal subaguda (SARA), com uma prevalência de 11 a 26%. O nome SARA é frequentemente usado como um sinônimo de uma má saúde ruminal, e é definido como um pH abaixo de 5,6 por pelo menos 180 min/dia. Esse efeito foi demonstrado em estudo realizado pela EM 2022, com o aumento do uso de concentrado na dieta (Figura 2).
O baixo pH ruminal causa uma diminuição na diversidade bacteriana, altera a população bacteriana anexada ao epitélio ruminal e aumenta a população de bactérias gram-positivas. Os LPS são liberados como resultado de um aumento do crescimento bacteriano ou devido à acidez que faz a bactéria ficar mais propensa à ruptura celular. Portanto, uma maior concentração de LPS livre é detectada no líquido ruminal das vacas que tiveram SARA. Os LPS podem levar os animais a desenvolverem SARA por estimular o crescimento de bactérias relacionadas a acidose, como Streptococcus bovis e Selenomonas ruminantium, criando um círculo vicioso.
Endotoxinas e uma abordagem preventiva multifatorial
A presença de endotoxinas em bovinos pode ter diversos efeitos negativos, incluindo inflamação sistêmica, redução na produção de leite e carne, disfunção ruminal, respostas imunológicas alteradas e problemas de saúde e bem-estar. O controle e a prevenção da endotoxemia são fundamentais para a saúde e o desempenho adequado das vacas leiteiras.
A importância de uma adequada fibra dietética, tipo de concentrado e amido, e manejo alimentar são algumas práticas descritas na literatura. Entretanto, em fazendas de produção intensiva de leite e corte torna-se difícil evitar episódios de SARA. Por isso, é importante prevenir os efeitos negativos das endotoxinas, e manter os animais saudáveis com um suporte de amplo espectro.
O impacto das endotoxinas nos parâmetros produtivos é resultado da sua concentração e toxicidade, da integridade do epitélio do TGI, mudanças nos perfis de fermentação ruminal, translocação de endotoxinas e resposta imune.
Em estudos com o uso De um determinado aditivo adsorvente de micotoxinas ficou demonstrado a capacidade de redução da concentração de endotoxinas in vivo no trato gastrointestinal (Figura 03) e a sua eficácia na redução das endotoxinas na avaliação in vitro (Figura 04). Este benefício duplo é um método efetivo que diminui a chance das toxinas interagirem com o epitélio, prevenindo de que caiam na corrente sanguínea e causem uma resposta inflamatória.
Fortalecendo a saúde geral dos animais e o status do seu sistema imune, temos um melhor desempenho na lactação e produção de carne. Aumentar a longevidade com medidas preventivas é uma solução sustentável para maximizar a rentabilidade das vacas leiteiras e do produtor.
As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: f.barros@agrifirm.com.
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Derivados lácteos sobem em outubro, mas mercado prevê quedas no trimestre
OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.
Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.
Derivados registram pequenas valorizações em outubro
Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).
Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta
Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.
Custos com nutrição animal sobem em outubro
O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.
Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito
CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .
Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.
O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.
Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.
A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.
Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.
O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.
Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.
A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.
Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.
Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.
Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat
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Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo
Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.
Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.
As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.
“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.
“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.
O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.
Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.
“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.
A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.
Concursos estaduais
Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.
O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran