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O caminho para a agricultura irrigada de alta eficiência em Mato Grosso do Sul
A água pertence a todos e a todos ela deve servir. Irrigar com alta eficiência é tirar proveito dos recursos hídricos oferecidos pela natureza, sem comprometê-los. Ciência é o caminho

Artigo escrito por Danilton Luiz Flumignan, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste
A principal atividade econômica de Mato Grosso do Sul é a agropecuária, tradicionalmente praticada sob sequeiro, ou seja, dependente das chuvas. Porém, tem crescido a agricultura irrigada no estado, um sistema produtivo que tem a chuva como a principal fonte de água, mas que quando as chuvas são escassas, a água é fornecida via sistemas de irrigação para satisfazer as necessidades das plantas.
Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos (SNIRH), atualmente existem 265 mil ha equipados para irrigação em Mato Grosso do Sul (3,2% da área nacional). Destes, 205 mil ha são canaviais que usam carretel enrolador para realizar a chamada fertirrigação, atividade em que a quantidade anual de água aplicada é considerada muito pequena. Parte dessa água, inclusive, vem de um reaproveitamento, incorporada na vinhaça, um resíduo do processo industrial rico em nutrientes e que é aplicado nos canaviais.
Dos 60 mil ha restantes, 29 mil ha são áreas equipadas com pivô central, um sistema de irrigação por aspersão, muito utilizado para culturas anuais, especialmente soja e milho. Outros 11 mil ha são de áreas de arroz irrigado por inundação, 10,5 mil ha são canaviais efetivamente irrigados (ao invés de fertirrigados) e 9,5 mil ha compostos por outros sistemas de menor expressividade regional (irrigação localizada e por sulcos).
As perspectivas de futuro apontam para uma agricultura irrigada cada vez mais presente. Segundo relatório de 2014 do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura e da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, o estado é o sexto com maior quantidade de área considerada apta a ser incorporada para irrigação no Brasil, com um total de 4,9 milhões de ha. Falando especificamente de áreas de alta aptidão, aí Mato Grosso do Sul é o segundo do ranking com 2,4 milhões de ha. Esses números evidenciam que esse potencial é demasiadamente subexplorado, já que o estado irriga somente 5,4% da sua área potencialmente irrigável, menos que a média brasileira. Se desconsiderarmos as áreas fertirrigadas de cana-de-açúcar, aquelas onde o foco é a fornecimento de nutrientes e não de água, esse número é ainda menos expressivo, 1,2%.
A oferta de recursos hídricos em Mato Grosso do Sul é abundante e acredita-se que tem potencial para atender à crescente demanda de água para a agricultura irrigada. Dados do SNIRH demonstram que a irrigação é responsável por apenas 21,7% de toda a água retirada dos corpos hídricos do estado, menos que os 52% da média brasileira. A vazão total retirada (37,3 m3/s) é pequena quando comparada a disponibilidade hídrica nas bacias hidrográficas. Conforme demonstra o Plano Estadual de Recursos Hídricos de Mato Grosso do Sul de 2010, existem muitos corpos hídricos superficiais com vazão considerável, sem falar das águas subterrâneas. Por exemplo, somente a bacia do Rio Ivinhema dispõe de uma vazão média de 544,5 m3/s, a maior dentre todas as bacias da região hidrográfica do Paraná, seguida da bacia do Rio Pardo com 529 m3/s. Analisando os exemplos dessas bacias, percebe-se que a vazão retirada para irrigação em Mato Grosso do Sul (próximo de 8 m3/s) tem margem para ser largamente aumentada, sem comprometer a disponibilidade de recursos hídricos para outros usuários, desde que haja adequada gestão para equalizar a questão da disponibilidade no tempo e no espaço.
A sociedade moderna espera que, cada vez mais, a agricultura seja sustentável, e isso obviamente inclui a agricultura irrigada. Os ganhos dos sistemas de produção devem ser conseguidos pelo aumento da sua eficiência ou que tragam isso em paralelo. Portanto, não se deve esperar que o crescimento da agricultura irrigada seja baseado integralmente no aumento do uso dos recursos hídricos. É claro que isso ocorrerá, mas existe o anseio de uma sociedade que espera que esse crescimento seja, mais do que nunca, pautado no uso eficiente da água. Quando se fala em eficiência no uso da água na agricultura irrigada, naturalmente deve-se primar por produzir mais com menos água, um conceito conhecido em língua inglesa como “More crop per drop”, que significa “Mais colheita por gota”.
Para o produtor, este olhar também é interessante, haja vista que usar menos água lhe gera benefícios como a diminuição dos custos com energia para realizar o seu bombeamento. Lembrando ainda que, cada vez mais, se avizinha a realidade da cobrança pelo uso dos recursos hídricos para a irrigação. Na esfera do estado, para Mato Grosso do Sul a agricultura irrigada representa um cenário de grandes oportunidades, desde que impere um olhar amplo sobre a temática, atentando para sustentabilidade nas suas três vertentes: econômica, social e ambiental. É amplamente conhecido que quando se fala em agricultura irrigada, fala-se em oportunidades como: segurança alimentar e econômica; geração de empregos e renda; aumento do índice de desenvolvimento humano (IDH); diversificação da matriz econômica.
Contribuições de pesquisa da Embrapa
A Embrapa Agropecuária Oeste vem conduzindo pesquisas com o intuito de dar suporte à prática da agricultura irrigada com alta eficiência em Mato Grosso do Sul.
Por meio dos seus lisímetros de pesagem, equipamentos usados para medir o consumo de água das plantas, já foram produzidos conhecimentos acerca das necessidades de água de culturas como: soja, milho safrinha (solteiro e consorciado com braquiária), feijão, melancia, cana-de-açúcar e grão-de-bico. Conhecendo-se as necessidades reais de água dessas culturas, é possível ao setor produtivo manejar a água da forma mais eficiente possível na irrigação.
Foram também realizadas caracterizações dos climas nas regiões de Dourados e do Bolsão, duas regiões altamente relevantes para a agricultura irrigada no estado. O sistema Guia Clima, um sistema de monitoramento climático mantido pela Embrapa e seus parceiros, disponibiliza em tempo real dados de estações localizadas nos municípios de Dourados, Rio Brilhante e Ivinhema. Dentre os dados disponíveis estão a chuva e a evapotranspiração de referência (ETo), ambos fundamentais para realizar o manejo eficiente da irrigação. Falando em ETo, a dinâmica mês a mês desta importante variável foi caracterizada para a região de Dourados, permitindo assim o dimensionamento de sistemas de irrigação de alta eficiência, bem como o planejamento do uso da água.
No tocante a gestão dos recursos hídricos, estudos foram realizados para avaliar a dinâmica das vazões de referência nos Rios Dourados e Ivinhema. Esses estudos mostraram a importância de incentivar práticas de reservação de água e também a viabilidade de promover a gestão dos recursos hídricos usando-se de outorgas variáveis mensais ao invés de fixas anuais, algo bom tanto para os diferentes usuários, quanto para o meio ambiente.
Novas pesquisas são e serão cada vez mais necessárias para orientar a agricultura irrigada de alta eficiência que se deseja para Mato Grosso do Sul. A Embrapa Agropecuária Oeste está ativa neste propósito e convida parceiros interessados a colaborar nesse sentido, induzindo demandas de pesquisa, bem como participando ativamente das mesmas em busca dos conhecimentos e das soluções tecnológicas que são necessárias.
Mais do que nunca, a ciência é o caminho!

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Dilvo Grolli recebe Menção Honrosa da ABCA por sua contribuição à agronomia brasileira
Reconhecimento destaca seu papel no avanço científico, na inovação cooperativista e na consolidação do Show Rural como vitrine tecnológica do agro.

A Academia Brasileira de Ciência Agronômica (ABCA) prestou, dias atrás, homenagem especial ao presidente da Coopavel, Dilvo Grolli. Ele recebeu o título de Menção Honrosa pela relevante contribuição ao fortalecimento da Engenharia Agronômica no Paraná e no Brasil. O reconhecimento é concedido a personalidades que, além de estimular avanços científicos e tecnológicos no agro, destacam-se como empreendedores que impulsionam o crescimento de suas regiões e do País.

Fotos: Divulgação/Coopavel
Dilvo Grolli tem trajetória reconhecida no cooperativismo paranaense e nacional. Sua visão de futuro e capacidade de liderança contribuíram para transformar a Coopavel em uma das cooperativas mais respeitadas do País, referência em gestão, inovação e apoio ao produtor rural. Ele também é um dos idealizadores do Show Rural Coopavel, criado ao lado do agrônomo Rogério Rizzardi, evento que se tornou um dos maiores centros difusores de tecnologia agrícola do mundo e que impacta diretamente a evolução do agronegócio paranaense e de estados vizinhos.
Exemplo
O presidente da ABCA, professor-doutor Evaldo Vilela, destacou a grandeza dessa contribuição ao afirmar que Dilvo Grolli é um exemplo de liderança que transforma. “Sua dedicação ao cooperativismo, ao conhecimento agronômico e à inovação, traduzida na criação do Show Rural, tem impacto direto no desenvolvimento sustentável do agro brasileiro”.
Ao agradecer a honraria, Dilvo ressaltou o papel indispensável da Engenharia Agronômica para o Brasil. “A agronomia é uma das bases que sustentam o agronegócio moderno. Sem esse conhecimento técnico e científico, o campo não teria alcançado o nível de produtividade e competitividade que hoje coloca o Brasil entre os maiores produtores de alimentos do mundo”, afirmou. Também destacou a importância dos agrônomos ao sucesso das cooperativas: “Profissionais da agronomia têm participação decisiva no crescimento de instituições como a Coopavel, que chega aos seus 55 anos dedicada ao desenvolvimento da agropecuária brasileira”.
A solenidade também enalteceu outros líderes locais, entre eles o empresário Assis Gurgacz, igualmente homenageado por sua atuação e pelo apoio contínuo ao desenvolvimento do setor produtivo, e a agronomia por meio da FAG. O professor Evaldo destacou que figuras como Dilvo Grolli e Assis Gurgacz ajudam a consolidar um ambiente favorável à inovação, à sustentabilidade e ao aprimoramento técnico da agropecuária brasileira, bem como da agronomia.
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Copacol reconhece desempenho dos produtores no Experts do Agro
Com participação de 120 produtores, evento premiou melhores resultados regionais e apresentou o próximo desafio: alcançar 500 sacas por alqueire somando soja e milho.

A dedicação, o conhecimento e a capacidade de inovação dos cooperados foram reconhecidos pela Copacol na cerimônia de premiação do Projeto Experts do Agro. O evento reuniu em Cafelândia agricultores, familiares, técnicos e parceiros que, ao longo nos últimos dois anos, trabalharam com foco em eficiência, sustentabilidade e melhores resultados no campo.
Divido em três regiões (Baixa, Alta e Sudoeste) o Experts do Agro teve a participação de 120 cooperados e cooperadas, que participaram de encontros e treinamentos intensos, com análises de estudos exclusivos do Centro de Pesquisa Agrícola (CPA). O conhecimento obtido por cada um dos agricultores foi aplicado em áreas de cultivo e os melhores resultados tiveram o reconhecimento da Cooperativa.

Fotos: Divulgação/Copacol
Foram premiados os três melhores de cada região. Cada um foi presenteado com uma viagem à Foz do Iguaçu, com hospedagem em resort e direito à um acompanhante. Na região baixa, regional de Nova Aurora, os premiados foram: com 4.304,5 pontos, Sidney Polato de Goioerê André Gustavo, com 4.343,15 pontos e com 4.388,5 pontos Simone Chaves Oenning, de Nova Aurora, que se destacou com o maior resultado da região, com produtividade de 208 sacas por alqueire.
Na região alta, regional de Cafelândia, os vencedores foram: com 4.177,8 pontos, Elton José Müller, de Bom Princípio, Toledo Elci Dalgalo, de Cafelândia, com 4.208,5 pontos e com 4.260 pontos, também de Cafelândia, Marcio Rogério Scartezini, que se destacou com produtividade de 221,6 sacas por alqueire.
Já no Sudoeste, os destaques foram os produtores: com 4.205,4 pontos, Willian Rafael Dallabrida, de Flor da Serra Ricardo Galon, de Salto do Lontra, com 4.630 pontos e com 4.724 pontos, Douglas dos Santos Cavalheiro, de Pérola do Oeste, que colheu 241,9 sacas por alqueire.
Proporcionar ao produtor tecnologia e conhecimento técnico para garantir uma safra com maior produtividade e rentabilidade foi a proposta do Projeto Experts do Agro. No decorrer dos anos, vários desafios foram lançados aos cooperados e superados pelos participantes: Projeto 160, Produtividade com Qualidade Soja + Milho 440 e Excelência 460.
A partir de 2026, os cooperados serão desafiados a participar do Projeto Safra 500: total de sacas de milho soja por alqueire. “Evoluímos muito no decorrer das seis décadas de atuação da Copacol e com as pesquisas realizadas avançamos de maneira rápidas. Tivemos elevadas produtividades graças a essa aplicação de tecnologias no campo. Agora, temos pela frente um novo desafio, que também será alcançado com o desenvolvimento de estudos que auxiliam os produtores”, afirma o diretor-presidente da Copacol, Valter Pitol.
Destaque

Diretor-presidente da Copacol, Valter Pitol: “Evoluímos muito no decorrer das seis décadas de atuação da Copacol e com as pesquisas realizadas avançamos de maneira rápidas. Tivemos elevadas produtividades graças a essa aplicação de tecnologias no campo”
Com a maior produtividade entre todos os participantes do Projeto Experts do Agro, Douglas Cavalheiro aplicou na propriedade todo o conhecimento obtido nos treinamentos. O resultado superou as expectativas do cooperado do Sudoeste paranaense, onde a Copacol está expandindo a atuação nos últimos anos.
“A Copacol tem feito a diferença em nossas vidas. No Sudoeste não tínhamos oportunidades de nos capacitar, de buscar crescimento. Com a chegada da Cooperativa, estamos evoluindo a cada ano em produtividade, em conhecimento técnico e inovação, e por meio do CPA temos à disposição o que há de mais avançado para produzir. Estou feliz não só pelo prêmio, mas pela presença da Cooperativa em nossa região”, comemora o campeão de produtividade.
Atrações
Além da premiação dos cooperados, o encerramento do Experts do Agro contou um panorama amplo do mercado atual de grãos, com Ismael Menezes, especialista em economia e mercado agrícola, com mais de 20 anos de experiência no setor do agro. Duante a cerimônia, o gerente técnico, João Maurício Roy, e o supervisor do CPA, Vanei Tonini, apresentaram um resumo da safra, o desempenho elevado da Cooperativa na comparação com as demais áreas agrícolas e os avanços alcançados pelos participantes do Experts do Agro ao longo dos últimos dois anos.
“Conseguimos traduzir os resultados de pesquisas do CPA em informações que chegam lá no campo. Foram dois anos de troca de experiências com êxito. Encerramos em grande estilo reconhecendo os produtores que mais se destacaram nos manejos e na aplicação das tecnologias. Com produtividade 30% maior que a média geral da Cooperativa, finalizamos com sucesso o Experts do Agro”, exalta João.
Critérios de avaliação
Além da boa produtividade no Experts do Agro, os produtores premiados se destacaram também na boa condução dos manejos, como: Incremento de produtividade em relação à média da unidade em sacas por alqueire qualidade estrutural do solo cobertura do solo com consórcio milho + braquiária, cobertura pré-trigo cobertura após o milho segunda safra manejo de buva e participação nos encontros dos Experts do Agro.
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Nova edição de Nutrição & Saúde Animal destaca avanços que moldam o futuro das proteínas animais
Conteúdos exclusivos abordam soluções nutricionais que ampliam índices produtivos e fortalecem a sanidade de aves, suínos, peixes e ruminantes.

A nova edição do Jornal Nutrição e Saúde Animal, produzida por O Presente Rural, já está disponível na versão digital e reúne uma ampla cobertura técnica sobre os principais desafios e avanços da produção animal no Brasil. A publicação traz análises, pesquisas, tendências e orientações práticas voltadas aos setores de aves, suínos, peixes e ruminantes.
Entre os destaques, o jornal aborda a importância da gestão de micotoxinas na nutrição animal, tema discutido no contexto da melhoria da eficiência dos rebanhos . A edição também traz conteúdos sobre o uso de enzimas e leveduras e o papel dessas tecnologias na otimização de dietas e no desempenho zootécnico .
Outro ponto central são os avanços na qualificação de técnicos e multiplicadores, essenciais para promover o bem-estar animal e disseminar práticas modernas dentro das granjas . O jornal destaca ainda o impacto estratégico dos aminoácidos na nutrição, além de trazer uma análise sobre conversão alimentar, tema fundamental para a competitividade da agroindústria .
Os leitores encontram também reportagens sobre o uso de pré-bióticos, ferramentas de prevenção contra Salmonella, estudos sobre distúrbios de termorregulação em sistemas produtivos e avaliações sobre os efeitos da crescente pressão regulatória e tributária sobre o setor de proteína animal .
A edição traz ainda artigos sobre manejo, probióticos, qualidade de ovos, doenças respiratórias em animais de produção e desafios sanitários relacionados a patógenos avícolas, temas abordados por especialistas e instituições de referência no país .
Com linguagem acessível e foco técnico, o jornal reforça seu papel como fonte de atualização para produtores, gestores, consultores, médicos-veterinários e demais profissionais da cadeia produtiva.
A versão digital já está disponível no site de O Presente Rural, com acesso gratuito para leitura completa, clique aqui.



