Colunistas
O Brasil e os sonhos que Alysson Paolinelli não terminou de sonhar
O legado que ressignifica a missão, a causa e o papel dos povos tropicais no curso da humanidade.

De forma inquestionável, o Brasil ofereceu à história da humanidade quatro grandes contribuições que marcaram a trajetória humana no último Século: o desenvolvimento do avião, por Santos Dumont; a Bossa Nova, de João Gilberto, Tom e Vinicius; a magia do futebol de Pelé; e a criação da agricultura tropical/revolução alimentar assinadas por Alysson Paolinelli.
Um ponto de conexão entre esses feitos sugere refletir: prevalece a narrativa global de que os irmãos Wright (EUA) decolaram o primeiro voo; para ouvir Bossa Nova fora do streaming, mais fácil linkar na Radio Swiss Jazz, situada em Basel; se nas “Bolhas” agrícola e cientifica Alysson é um Deus, fora delas é praticamente um desconhecido.
Pelé é a exceção que confirma a regra: nós brasileiros não aprendemos a respeitar, a ter orgulho, a defender interna e externamente o significado do patrimônio fático e simbólico deixado pelos heróis nacionais.
Mais fácil entender usando a lógica reversa: que Brasil teríamos hoje sem a Brasília, de Juscelino Kubtscheck; e sem a consolidação da interiorização do desenvolvimento referenciada em Ciência, de Alysson Paolinelli? Onde nossos jovens conseguem aprender sobre isto?
Uma das razões era o próprio Alysson. No lugar de protagonismo, o estadista preferiu – sempre – a união de interesses. Evaldo Vilela, um dos poucos que conseguiram dialogar com todas as almas que habitavam o vasto mundo de Paolinelli (do ser humano mineiro ao agrônomo; do visionário ao gestor científico e público, passando pelo empreendedor/agricultor…) abrevia o perfil: “era um homem que nunca batia no jogador; cuidava para bater somente na bola”. Conversa de cruzeirense para atleticano.
Paolinelli nos deixa aos 86 anos falando até o ultimo minuto sobre uma nova maneira de pensar o futuro. Uma energia juvenil, traduzida em estado de graça de inovação, de conciliação, de renovação permanente. Seu mote: ousar com sabedoria.
Amparado por uma humildade genuína, atávica, Alysson entrou no prédio do “Bolo de Noiva”, no Rio de Janeiro, na manhã do dia 09 de janeiro de 1974, onde seria sondado pelo Presidente indicado, Ernesto Geisel, para o cargo de Ministro da Agricultura.
Na sala, apenas ele, Geisel e Golbery do Couto e Silva. A primeira pergunta que lhe foi feita:
– O que o Sr. acha do nosso modelo de ocupação da Amazônia?
– O Sr. me desculpe, Presidente, mas eu tenho muito medo. Não conhecemos nada daquele Bioma. Porém, dos Cerrados, a gente já conhece um pouquinho…
Geisel referia-se ao quadro deixado pelo governo anterior, pautado pela lógica do “Integrar para não Entregar”. Paolinelli foi levado àquela sala à bordo das marcas credenciais que deixara no governo de Minas: a estruturação do PIPAEMG, protótipo que espelhou a criação e a implantação da Embrapa; e do PADAP, em São Gotardo, laboratório-modelo da colonização do Cerrado – não é por coincidência que o município registra até hoje a maior renda per capita do Agro nacional.
Da resposta singela, Alysson extraiu o Polocentro, o Prodecer, o acordo com o Japão, recursos para financiar as Universidades e instituições de Pesquisa, e para implantar a Embrapa. O seu jeito simplório escondia a visão de mundo gigante dos sertões de Graciliano. Um mundo ainda oculto para a grande maioria. Várias versões dessa mesma história foram sendo construídas sem ele jamais as contestasse. A prioridade sempre foi trazer todo mundo junto. Acreditava no esforço coletivo como alavanca dos processos.
E Alysson foi fazendo…
Onde havia o ermo, o nada, ergueu dezenas de cidades. E outras mais de duzentas que já existiam na região foram apresentadas ao desenvolvimento social e econômico. Hoje são dotadas em boa parte de Universidades, de sistema de saúde avançado e IDH superior à média brasileira. O curso de mecatrônica em Primavera do Leste fala por si.
Naquele março de 1974, a missão imediata era tirar o País do espectro da fome: o Brasil importava 30% dos alimentos que precisava; não dispunha de reservas; para piorar, criada um ano antes, a OPEP subira os preços do barril de petróleo de US$ 3 para US$ 11.
Sair daquele estrangulamento exigia primeiro fundamentar a base científica de utilização sustentável dos Cerrados. Foi buscar os pesquisadores para estruturar a Embrapa. Criou mil vagas com bons salários para descobrir que só havia 52 pós-graduados disponíveis em todo o Brasil, dois deles estrangeiros. O jeito foi apelar para a formação e a capacitação: obteve US$200 milhões na Fundação Fullbright e enviou primeira leva de 1530 jovens “para aprender Ciência em centros avançados, no mais alto nível, e voltar para desenvolver tecnologias aplicadas aos Cerrados brasileiros”.
Com o olhar atual – o de um país que forma 27 mil doutores a cada ano – fica difícil mesmo perceber com a grandeza dos obstáculos dos anos 1970.
Historiadores, essa crônica da invenção do Brasil moderno ainda não foi devidamente contada. Um micro exemplo, de amplas repercussões: em 1974, os brasileiros consumiam 3,5 Kg per capita/ano de frango; hoje, são 45Kgs. Inclusão alimentar estupenda, jamais mensurada dos ponto de vista social, nutricional e do seu impacto sobre a saúde dos brasileiros. Um produto direto do investimento em Pesquisa de melhoramento genético e da perspectiva científica aplicada na gestão pública e privada, que Alysson Paolinelli inaugurou no Brasil.
Daí para alimentar 800 milhões de pessoas em todo o mundo, em algumas décadas, foi um pulo. Aproveitem, jornalistas, sociólogos e cientistas políticos. É hora de inquirir os Paulos (Romano e Haddad), o Emiliano Botelho, o Embaixador Ronaldo Sardemberg – eles são testemunhas desse processo e grandes desenhistas de um cenário melhor de futuro para o País.
É hora de colher o testemunho do seu amigo-irmão na agenda do Agronegócio, Roberto Rodrigues. E, refletir sobre o mundo tropical sem o Alysson. José Scolforo saberá apontar os caminhos da associação entre o território, os recursos naturais, os desafios ambientais, o capital humano e capacidade empresarial. Marcio Miranda pode centralizar a articulação de parceiros internacionais. José Siqueira traz respostas práticas e poderosas, como a estratégias para enfrentamento imediato da fome. São todos conselheiros e dirigentes do Fórum do Futuro.
Em seu sonho mais recente, Alysson Paolinelli quis provar ao mundo (através de fatos mensuráveis e referenciados em Ciência, denominados “Polos Demonstrativos”) que o Brasil pode ser o grande motor da repactuação global com a racionalidade. Conseguiram pará-lo na quinta-feira, 29 de junho de 2023. Suas ideias, porém, não pararão.
De forma ao mesmo tempo doce, inquieta e instigante, e jamais impositiva, repetia nos últimos anos: “o patrimônio de gestão e de conhecimento instalado na Agricultura Tropical é capaz de reverter a direção das principais agendas críticas globais: fome, clima, desigualdade social, correntes migratórias Sul-Norte, produção de alimentos mais saudáveis e ausência de empregos dignos e sustentáveis via inclusão social e tecnológica”.
Há perto de uma década Alysson conclama pela construção de um pacto realista e sólido, aproximando interesses de Países ricos e do mundo tropical. Com um foco: “precisamos parar de enfatizar as consequências e mirar nos problemas”.
Como fazer migrar para a agenda sustentável os 4,5 milhões de endereços agrícolas brasileiros social e tecnologicamente excluídos? Como atrair os produtores já tecnificados para o roteiro de competitividade imposto por um mercado mais complexo, mais exigente? Como conseguir aterrissar conhecimento e tecnologia na realidade cultural, social, econômica e ambiental de quem luta pela sobrevivência na ponta das cadeias produtivas? Como harmonizar a percepção de que o Agro brasileiro precisa edificar respostas organizadas e sistêmicas para enfrentar às ameaças externas – normativas, comerciais e políticas -, com destaque para possíveis cancelamentos impostos pela sociedade civil organizada na Europa?
Alysson é civilizatório.
É a qualidade do futuro do Pais quem requisita a congregação de visões e de esforços.
Paolinelli denominava esse processo de “O 3º Grande Salto” (Norman Borlaug, o 1º; o Agro Tropical nos anos 1970, o 2º), desta vez incorporando a visão da Bioeconomia, espaço econômico social e ambiental que remete a 56% do PIB Nacional.
Pretendia colocar o Brasil inteiro numa mesma página: jovens urbanos, empresários do Agro; as Ciências “duras”; as Ciências humanas… Incumbência reservada a prodígios, que humildemente o Fórum do Futuro incorpora, seguindo seu rastro de luz e de força.
Banco Mundial, FAO – parceiros históricos – e outras instituições de peso, já são sócios da mesma mensagem e do mesmo desafio.
Alysson era perfeito? Se olharmos de perto os grandes expoentes do itinerário humano vamos encontrar imperfeiçoes. A receita de humildade e perseverança que Alysson Paolinelli nos lega – ouvir mais e impor menos – considera a relevância do outro em primeiro lugar.
É quando a colaboração substitui a competição. É quando ouvir o outro abre uma janela espaçosa que ilumina a visão prospectiva da humanidade. Resume, assim, o propósito do Dialogo Agro, Ciência e Sociedade.
Alysson Paolinelli é uma convocação ao equilíbrio, a sensatez.
Confesso que alcançar a dimensão e a complexidade deste ser humano diferenciado me exigiu algumas décadas, desde quando nos encontramos a primeira vez em 1974: eu com 21, ele com 36. Eu, o primeiro repórter especializado em meio ambiente da imprensa brasileira– um crítico severo; ele Ministro de Estado, cuidando de criar o Agro Tropical.
Nos reencontramos no dia 23 de novembro de 2012, na manhã modorrenta de uma sexta-feira na câmara dos deputados, onde Alysson agradecia a homenagem que lhe prestavam com um dos discursos mais potentes e visionários já feitos sobre o nosso futuro comum.
Conviver com um homem deste porte foi um privilégio desmedido. E, para nós do Instituto Fórum do Futuro, dar vida ao seu legado passa a ser uma colossal obrigação
Ainda no início da semana passada, Alysson confessava a Mariza: “e eu que acabei não conseguindo casar com você…”.
Mais de 30 anos depois de um amor intenso e de duas tentativas de realizar a cerimônia, Alysson foi embora sem cumprir esse desiderato. Mas, Mariza ganhou o respeito e a admiração de 1 milhão de amigos em todo o Brasil.
Nos resta empenhar o impossível para unificar os brasileiros dispostos a concluir os sonhos que Alysson não terminou de sonhar.

Colunistas
Comunicação e Marketing como mola propulsora do consumo de carne suína no Brasil
Se até pouco tempo o consumo era freado por percepções equivocadas, hoje a comunicação correta, direcionada e baseada em evidências abre caminho para quebrar paradigmas.

Artigo escrito por Felipe Ceolin, médico-veterinário, mestre em Ciências Veterinárias, com especialização em Qualidade de Alimentos, em Gestão Comercial e em Marketing, e atual diretor comercial da Agência Comunica Agro.
O mercado da carne suína vive no Brasil um momento transição. A proteína, antes limitada por barreiras culturais e mitos relacionados à saúde, vem conquistando espaço na mesa do consumidor.
Se até pouco tempo o consumo era freado por percepções equivocadas, hoje a comunicação correta, direcionada e baseada em evidências abre caminho para quebrar paradigmas. Estudos recentes revelam que o brasileiro passou a reconhecer características como sabor, valor nutricional e versatilidade da carne suína, demonstrando uma mudança clara no comportamento de compra e consumo. É nesse cenário que o marketing se transforma em importante aliado da cadeia produtiva.

Foto: Shutterstock
Reposicionar para crescer
Para aumentar a participação na mesa das famílias é preciso comunicar aquilo que o consumidor precisava ouvir:
— que é uma carne segura,
— rica em nutrientes,
— competitiva em preço,
— e extremamente versátil na culinária.
Campanhas educativas, conteúdos informativos e a presença mais forte nas mídias sociais têm ajudado a construir essa nova imagem. Quando o consumidor entende o produto, ele compra com mais confiança – e essa confiança só existe quando existe uma comunicação clara e alinhada as suas expectativas.
O marketing não apenas divulga, ele conecta. Ao simplificar informações técnicas, aproximar o produtor do consumidor e mostrar maneiras práticas de preparo, a comunicação se torna um instrumento de transformação cultural.
Apresentar novos cortes, propor receitas, explicar processos de qualidade, destacar certificações e reforçar a rastreabilidade são estratégias que aumentam a percepção de valor e, consequentemente, estimulam o consumo.
Digital: o novo campo do agro
As redes sociais se tornaram o “supermercado digital” do consumidor moderno. Ali ele busca receitas, tira dúvidas, avalia produtos e

Foto: Divulgação/Pexels
compartilha experiências.
Indústrias, cooperativas e associações que investem em presença digital tornam-se mais competitivas e ampliam sua capacidade de influenciar preferências.
Vídeos curtos, reels com receitas simples, influenciadores culinários e campanhas segmentadas têm desempenhado papel fundamental na aproximação com o consumidor urbano, historicamente mais distante da realidade da cadeia produtiva e do campo.
Promoções e estratégias de varejo
Além do ambiente digital, o ponto de venda continua sendo o território decisivo da conversão. Embalagens mais atrativas, materiais explicativos, promoções e ações conjuntas com o varejo aumentam a visibilidade e reduzem a insegurança de quem tomando decisão na frente da gondola.
Marketing como elo da cadeia produtiva
A cadeia de carne suína brasileira é altamente tecnificada, sustentável e reconhecida, mas essa excelência precisa ser comunicada. O marketing tem o papel de unir elos – do campo ao consumidor – e transformar conhecimento técnico em mensagens simples e que engajam.
Colunistas
Expandir sem desmatar: a lógica econômica que vai muito além do discurso
Recuperar áreas degradadas e investir em produtividade sustentável é hoje o caminho mais rentável e estratégico para o agro brasileiro crescer sem comprometer o meio ambiente.

Dias atrás reli um artigo do pesquisador da Embrapa e membro do Conselho Científico Agro Sustentável, Décio Luiz Gazzoni, sobre a expansão agrícola sem desmatamento. O texto, publicado em 2023, ainda é muito atual e me fez refletir novamente sobre algo que sempre defendo: a sustentabilidade não é apenas uma exigência ambiental, é uma decisão econômica inteligente.
Como economista e alguém que acompanha o agro de perto, inclusive viajando para conhecer iniciativas em diferentes países, vejo com muita clareza o que Gazzoni já apontava: a grande fronteira do crescimento brasileiro está dentro das áreas já abertas, principalmente nas pastagens degradadas.

Artigo escrito por Fábio Torquato, economista, formado em Relações Internacionais e fundador da AgroTravel – Foto: Divulgação/AgroTravel
E os números mais recentes reforçam essa visão. Estudos da Embrapa, publicados na revista internacional Land, indicam que o Brasil possui cerca de 27,7 milhões de hectares de pastagens degradadas. Isso significa que temos uma área gigantesca pronta para ser recuperada e incorporada à produção, sem a necessidade de avançar sobre novos biomas.
Além disso, durante a COP29, que aconteceu ano passado em Baku, no Azerbaijão, o Brasil lançou o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD), que prevê US$ 120 bilhões em investimentos nos próximos dez anos para recuperar 40 milhões de hectares. O número do programa é maior do que o estimado pela Embrapa porque considera áreas em diferentes graus de degradação, aptas para conversão produtiva ao longo dos anos.
Do ponto de vista econômico, é um movimento que faz todo o sentido. Segundo o Broto Notícias, o custo de recuperação de uma pastagem varia de R$ 6 mil a R$ 30 mil por hectare, dependendo do nível de degradação, tipo de solo e métodos adotados. Parece caro? Talvez à primeira vista. Mas quando olhamos para o retorno — aumento de produtividade por hectare, redução de custos operacionais e acesso a mercados premium que pagam mais por produtos rastreáveis e sustentáveis — a conta fecha rapidamente.
Vi isso acontecer em fazendas que visitei em viagens técnicas com a AgroTravel ao redor do mundo.
Como bem lembra Gazzoni, o produtor brasileiro já tem tecnologia e conhecimento para fazer essa virada. O que falta, muitas vezes, é entender que sustentabilidade é investimento, e não custo. E agora, com bilhões de dólares disponíveis em crédito via BNDES, Banco do Brasil e fundos internacionais, esse argumento fica ainda mais forte.
Estamos acompanhando os trabalhos da COP30, que este ano acontece no Brasil, e o mundo inteiro está olhando para nosso país. A oportunidade está escancarada: quem se antecipar, quem enxergar a recuperação de pastagens como um ativo estratégico, vai liderar o agro brasileiro do futuro.
Sempre digo nos grupos que acompanham as viagens da AgroTravel: o futuro do agro não está em abrir novas áreas, mas em transformar cada hectare já aberto em um ativo de alta performance. O artigo de Gazzoni só reforçou o que vejo na prática. E, como economista, reafirmo: essa é a equação mais inteligente que já tivemos nas mãos.
Colunistas
Meio ambiente e cooperativismo
Movimento econômico e social baseado em valores éticos e solidários, o cooperativismo reafirma, em tempos de COP 30, seu papel essencial na construção de um futuro sustentável, unindo produção, preservação e desenvolvimento coletivo.

As cooperativas representam o mais elevado estágio da organização humana em torno de valores éticos, solidários e sustentáveis. Elas não existem apenas para gerar resultados econômicos, mas para promover o desenvolvimento coletivo em harmonia com o meio ambiente e com as comunidades em que atuam. Por essência e por princípios universais, o cooperativismo defende a preservação da natureza, a gestão responsável dos recursos e o equilíbrio entre produção e sustentabilidade. Esse compromisso ambiental não é um apêndice, mas uma convicção enraizada na própria identidade cooperativista.

Artigo escrito por Vanir Zanatta, presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC).
Em tempos de COP 30 é essencial lembrar que, nas cooperativas, cada decisão administrativa, cada projeto de ampliação e cada investimento em unidades industriais, agrícolas, logísticas ou administrativas é precedido por uma análise criteriosa dos impactos ambientais. O crescimento não se mede apenas em números, mas também na capacidade de reduzir emissões, otimizar o uso da água, reciclar resíduos e proteger a biodiversidade. É essa consciência prática e constante que diferencia o cooperativismo das demais formas de organização econômica. Ele entende que não há prosperidade possível em um planeta degradado, nem futuro para a economia sem o equilíbrio ambiental.
As cooperativas são parceiras leais do Poder Público na implementação de políticas voltadas ao meio ambiente. Estão sempre presentes em programas de reflorestamento, saneamento básico, manejo de resíduos, recuperação de nascentes e educação ambiental. Mas sua contribuição vai além da sustentabilidade ecológica — elas também participam ativamente de ações que promovem segurança, educação, cultura e mobilidade urbana, compreendendo que a proteção ambiental é inseparável da qualidade de vida e do bem-estar social. Onde há uma cooperativa, há compromisso com o futuro coletivo.
Essas instituições agem com coerência e exemplo, estimulando a cidadania e o senso de responsabilidade em seus empregados, cooperados, clientes e comunidades. Elas ensinam, pelo exemplo, que o progresso verdadeiro não nasce da exploração desenfreada, mas da gestão equilibrada e consciente dos recursos. O cooperativismo forma cidadãos engajados, capazes de compreender que o planeta é uma herança comum e que sua preservação é um dever de todos.
A defesa do meio ambiente é, portanto, um desdobramento natural dos princípios cooperativistas — entre eles, o interesse pela comunidade, a responsabilidade social e a intercooperação. Cada árvore preservada, cada solo recuperado e cada nascente protegida são expressões concretas de uma filosofia que valoriza a vida. As cooperativas não esperam por imposições legais ou incentivos externos para agir: elas o fazem porque acreditam que sua missão é cuidar das pessoas e do mundo em que elas vivem.
O cooperativismo é, por natureza, o caminho da sustentabilidade. Ele demonstra, todos os dias, que é possível crescer produzindo, prosperar preservando e inovar sem destruir. Em tempos de mudanças climáticas e desafios globais, as cooperativas reafirmam sua vocação de construir um mundo melhor, mais justo e solidário. Elas provam, com ações e resultados, que a economia pode — e deve — caminhar de mãos dadas com o meio ambiente. Essa é a essência do cooperativismo: servir, preservar e transformar.



