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Nutrigenômica: a nutrição que cura

Fernando Rutz, da Alltech, fala sobre como a nutrigenômica pode contribuir para a produção de aves na era livre de antibióticos promotores de crescimento

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O jornal O Presente Rural entrevistou o expoente pesquisador Fernando Rutz, da Alltech, para saber como a nutrigenômica pode contribuir para a produção de aves na era livre de antibióticos promotores de crescimento. Mas o que é nutrigenômica? Ela chega à propriedade rural? Essas e outras respostas estão na entrevista exclusiva. Informe-se. Boa leitura.

O Presente Rural (OP Rural) – O que é nutrigenômica? Para que serve?

Fernando Rutz (FR) – A nutrigenômica nos mostra como os nutrientes afetam os genes, ou seja, as interações entre eles. A nutrigenômica pode ser subdividida em áreas específicas como: proteômica, metabolômica e transcriptômica, complementares entre si: alterações no RNA mensageiro (transcriptômica) e as proteínas correspondentes (proteômica) controlam o transporte de determinados nutrientes e metabólitos (metabolômica) na rota bioquímica.

OP Rural – Cite exemplos práticos da nutrigenômica e seus benefícios na avicultura?

FR – A partir do conhecimento da nutrigenômica é possível detectar e indicar como a ação dos nutrientes pode afetar genes específicos que possam propiciar um melhor metabolismo e desempenho das aves. Ex. O selênio se apresenta comercialmente na forma orgânica ou inorgânica. Entretanto, a expressão de genes que codificam enzimas como a superóxido dismutase e a glutationa peroxidase, que atuam na proteção antioxidante celular, é maior em aves que recebem selênio na forma orgânica. Neste contexto, a vitamina E, por exemplo, é um potente sequestrador de radicais livres e o mais poderoso antioxidante lipossolúvel da natureza, sendo associada à defesa das membranas extra e intracelulares contra espécies reativas que danificam as células, conferindo, consequentemente, proteção ao conteúdo genético destas estruturas.

Efeitos positivos para força de cisalhamento (força de corte) em músculos de frangos de corte suplementados com níveis crescentes de vitamina E nas dietas foram constatados. Tem sido atribuído esta maior firmeza à função de proteção da vitamina E a lesões na membrana celular durante o processo de congelamento. Contudo, tal resultado pode ser utilizado para uma investigação mais profunda, associando a composição estrutural muscular de frangos suplementados com vitamina mais firme à expressão de genes para a síntese de proteínas estruturais da fibra muscular, por exemplo. Desta forma, uma avaliação genômica da ação da vitamina E no organismo animal conduziria a uma determinação mais específica sobre a função estrutural deste nutriente. Fato semelhante envolvendo a proteção de membrana celular e de proteínas intracelulares da fibra muscular (actina e miosina) tem sido atribuído a produtos contendo selênio orgânico.

Além disso, a vitamina E é uma das vitaminas mais caras que compõem o premix. Produto à base de selênio orgânico, vitamina C e extrato de algas deu origem a composto capaz de substituir parcialmente a vitamina E na dieta de aves. Este fato foi constatado por meio de técnicas que envolvem a nutrigenômica.

Atualmente existe um movimento global muito grande no sentido de banimento de antibióticos como promotores de crescimento. Como parte do processo alternativo para solucionar o problema, é possível utilizar mananoligossacarídeos (MOS). Uma purificação do MOS gera um produto capaz de se ligar à bactéria patogênica Gram negativa, além de propiciar melhora na imunidade, um aumento de proteínas carreadoras e de enzimas ao nível de membrana da mucosa intestinal, favorecendo a digestão e a absorção de nutrientes. Estas observações foram feitas utilizando técnicas de nutrigenômica.

Também por meio de técnicas de nutrigenômica foi possível constatar que a nutrição in ovo (18 dias de incubação) altera a expressão gênica dos embriões, condicionando os genes e propiciando que a ave ao nascer já esteja com o trato gastrintestinal mais desenvolvido, entre outros fatores. Uma redução do tecido adiposo em frangos de corte e uma melhora na eficiência alimentar são trabalhos que têm envolvimento com a nutrigenômica.

OP Rural – Como e porque se faz a leitura de genes?

FR – Em estudos de nutrigenômica, os níveis de RNA são avaliados em animais controle e nos que recebem dietas experimentais como um índice de atividade dos genes. O RNA ocupa uma posição intermediária entre o gene e a proteína que o gene codifica. Caso o gene seja estimulado no animal que recebe a dieta experimental, comparativamente ao controle, múltiplas cópias do RNA são geradas a partir daquele gene e o que difere a partir do mesmo gene do controle.

O RNA isolado dos animais que receberam as dietas experimentais e a dieta controle é identificado com uma tarja fluorescente no laboratório. Este RNA marcado é então exposto ao gene chip (microarranjo do DNA) e deixado incubar durante a noite. Cada animal tem o seu próprio gene chip. O RNA marcado encontra a sua sequência de genes correspondente na superfície do microarranjo e se liga a ela. Este processo (hibridização) é muito específico. O RNA somente ligará a sequência ao qual ele se identifica do DNA/gene específico encontrada no gene chip.

Na superfície do gene chip, cada gene é representado por cópias múltiplas de forma que o RNA obtido de genes altamente ativados podem ser identificados. Quando ocorrer o fim da hibridização, os chips são lidos em um scanner para o gene.

A alta intensidade do laser que estimula a tarja fluorescente mostra a expressão relativa de cada um dos genes na forma de um sinal de intensidade de luz. É importante lembrar que nós medimos a expressão de genes em um animal que recebeu dieta experimental e um que recebeu dieta controle. Desta forma, é gerado um mapa de genes que são estimulados, desestimulados ou inalterados nos animais que receberam dieta experimental e na dieta controle.

OP Rural – Que tipos de impactos os nutrientes têm na expressão gênica? Fale mais sobre isso.

FR – Por meio do estímulo ou silenciamento de genes, alguns fatos podem vir a ocorrer: A dieta e os componentes dietéticos podem alterar o risco de desenvolvimento de doenças, modulando os processos múltiplos envolvidos com o início, a incidência, a progressão e/ou severidade. Os componentes do alimento podem agir no genoma, direta ou indiretamente, alterando a expressão dos genes e dos produtos destes. A dieta pode potencialmente compensar ou acentuar efeitos de polimorfismos genéticos. As consequências de uma dieta são dependentes do estado da saúde ou da doença e da genética de cada indivíduo. Intervenções na dieta baseadas fundamentalmente no conhecimento das necessidades nutricionais e no genótipo podem ser utilizadas para o desenvolvimento de planos nutricionais individualizados que otimizem a saúde e previnam ou minimizem os efeitos das doenças crônicas e maximizem o desempenho produtivo.

OP Rural – Desde quando e quem estuda a nutrigenômica?

FR – A combinação de dados por meio de projetos para mapeamento do genoma das espécies e a disponibilidade de ferramentas de alta tecnologia para a investigação da expressão gênica permitem o esclarecimento sobre a complexa interação entre nutrição e genoma a qual afeta diretamente a função celular. Embora a nutrigenômica seja uma ciência assim intitulada no início deste século, o conhecimento de que componentes dos alimentos afetam a expressão de determinados genes e, por consequência, a expressão fenotípica, já está claramente evidenciada. Por exemplo, a ação da vitamina D sobre genes que codificam para a proteína transportadora de cálcio a nível intestinal, ou da vitamina A sobre os genes que compõem o DNA e consequente síntese de proteínas que atuam em vários sistemas são fenômenos que já se conhecem há várias décadas.      

OP Rural – Como ela chega na granja do produtor rural?

FR – A importância da interação entre nutrição e saúde é evidente em um sistema de produção animal, ainda que fatores ligados a ambiente e manejo também influenciem o desempenho produtivo do indivíduo e do rebanho por consequência. Nesse contexto, alguns alimentos e nutrientes poderão apresentar-se como componentes bioativos na proteção do organismo contra enfermidades que possam acometer os rebanhos, sendo que alguns elementos como selênio, vitamina E, ácido ascórbico e carotenos, por exemplo, já foram identificados como agentes protetores. Assim, a nutrigenômica pode chegar ao produtor por meio do desenvolvimento de produtos, desenvolvidos e testados pela nutrigenômica, com o intuito de melhorar o desempenho dos animais.  

OP Rural – Qual a relação da nutrigenômica com desempenho econômico e zootécnico?

FR – Naturalmente que o objetivo da aplicação de novas tecnologias é maximizar o desempenho dos animais, minimizando custos de produção. Assim, cabe a cada técnico otimizar economicamente a aplicação do conceito de interação genes-nutrientes em suas condições. 

OP Rural – Com a produção AGP free, o que muda na nutrição e na nutrigenômica?

FR – Por meio do condicionamento de genes pela ação de nutrientes será possível estimular ou desacelerar genes envolvidos com aspectos imunológicos dos animais, aumentando a sua resiliência. Além disso, melhorar a saúde intestinal por meio de redução da inflamação intestinal ou manipular o ambiente microbiano. Esta condição auxilia a amenizar os efeitos adversos do ambiente. Alternativamente, o desenvolvimento de produtos que condicionem uma boa saúde intestinal associado a melhoria na performance enzimática endógena e na de transportadores na mucosa intestinal.

OP Rural – Quais são os estudos em andamento sobre nutrigenômica?

FR – Os componentes do alimento com potencial bioativo modificarão diversos processos simultaneamente. Assim, um dos desafios no campo da pesquisa é a identificação de quais processos, ou a interação entre processos, serão mais importantes para proporcionar uma mudança fenotípica. Outro aspecto relevante a ser observado é a identificação de quais doenças poderão ser prevenidas ou debeladas por uma intervenção por meio da dieta. No estudo da relação nutrição-gene também deverá ser considerado o fator ambiental como um agente modulador da resposta, a qual será única frente às variadas condições ambientais. A progressão de um fenótipo saudável para um fenótipo de doença crônica deve ocorrer por mudanças na expressão de genes ou por diferenças na atividade de proteínas e enzimas, sendo estas ativadas ou suprimidas por agentes extrínsecos ao animal.

A nutrigenômica em nutrição animal promete ser uma alternativa de grande utilidade principalmente em sistemas de produção intensiva, onde a alimentação contribui, associada a outros fatores inerentes ao ambiente e métodos de manejo, com uma parcela significativa para a melhoria do desempenho zootécnico dos lotes, bem como na rentabilidade econômica das unidades. Para este aumento na eficiência biológica, a aplicação de novas tecnologias em produção animal será responsável por custos de produção mais baixos e competitivos. Nos domínios metabólico, genético, reprodutivo e produtivo, novas técnicas que não apresentem riscos à saúde pública e que sejam eticamente aceitas pelo consumidor permitirão aplicar nos sistemas de produção intensiva tecnologias de produção que incrementem o setor primário de produção de alimentos.

Os princípios de nutrigenômica a serem aplicados para animais de produção poderão não ter somente o objetivo de prevenir doenças relacionadas às alterações genéticas, mas também correlacionar à utilização de certo nutriente em uma dieta animal com o aumento de índices produtivos. As descobertas a serem realizadas utilizando ferramentas moleculares, tais como os microarranjos, irão revolucionar nosso entendimento básico sobre a fisiologia dos rebanhos e auxiliarão a definir novos métodos para o controle nutricional dos animais.

Em longo prazo, provavelmente a transcrição destes perfis será capaz de fornecer diversas ferramentas elementares para a avaliação do status nutricional e fisiológico de um indivíduo, animal ou grupo de animais. As técnicas utilizadas para a elucidação da genômica nutricional não são diferentes daquelas utilizadas nas pesquisas em genética molecular. Uma rede integrada que simultaneamente examina a genética e associa polimorfismo com doenças ligadas a dietas (nutrigenética), nutrientes induzindo a metilação do DNA, nutrientes que induzem mudanças na expressão gênica (transcriptômica nutricional), que alteram a formação e/ou bioativação de proteínas (proteômica) irá permitir um completo entendimento da interrelação entre dieta e desenvolvimento de doenças.

OP Rural – O que esperar para o futuro nesse ramo?

FR – Trata-se de uma área da ciência em expansão e que ainda necessita de muitos estudos para que ações sejam adotadas a fim de maximizar os benefícios do melhor entendimento das interações gene-nutrientes. Muitos trabalhos existem sobre nutrigenômica em humanos. Para animais domésticos, embora já existentes, cada vez são mais adotados em investigações. Serão muito importantes estudos ou revisões que procurem informar técnicos e pesquisadores dedicados as áreas de ciências biológicas e agrárias sobre os conceitos e aplicações da nutrigenômica em sistemas de produção animal.

O surgimento dos estudos em nutrigenômica e em nutrigenética, dois campos com diferentes abordagens para a elucidação da interação entre dieta e genes, possui um objetivo final em comum: otimizar a saúde por meio de uma dieta personalizada e fornecer poderosa aproximação para decifrar a complexa relação entre moléculas nutricionais, polimorfismo genético e o sistema biológico por inteiro.

A nutrigenômica descreve o uso de ferramentas para investigar um sistema biológico em particular, de acordo com um estímulo nutricional que irá permitir o conhecimento de como nutrientes influenciam mecanismos metabólicos e de controles homeostáticos. Por outro lado, a nutrigenética visa compreender como o tipo genético de um indivíduo coordena a resposta deste a uma dieta, e isto considerando o polimorfismo genético. O polimorfismo genético é reconhecido como um fator que pode alterar a resposta a componentes da dieta (efeito da transcrição nutricional) por influenciar a absorção, metabolismo ou sítio de ação. A nutrigenética se aplica muito bem para animais de companhia, como cães e gatos.

As recomendações nutricionais variam conforme a espécie, sexo, categoria, linhagem ou raça e, considerando estas características, diversos manuais são elaborados baseados em exigências específicas. Em muitas situações a formulação das dietas não permite a máxima expressão do potencial genético dos animais de produção, desconsiderando o manejo nutricional como favorecedor do desempenho. Na maioria das vezes, tal medida é realizada por meio de ensaios que avaliam o desempenho dos animais submetidos a uma dieta e também por estudos de digestibilidade que determina, por meio das excretas do animal, a porção do alimento ingerido que realmente foi aproveitada pelo organismo.

Estes ensaios, comuns nos estudos de nutrição animal, necessitam de um melhor aproveitamento de seus resultados, sendo necessário o conhecimento do sistema orgânico que está sendo favorecido por determinado nutriente. Nesse sentido, estudos de nutrigenômica permitiriam o entendimento do efeito de alimentos bioativos nas diversas funções celulares.

Estudos em nutrigenômica têm progredido consideravelmente, a complexidade da interação entre nutrientes e genes desenvolve e promove respostas ou questionamentos ainda não esclarecidos, possibilitando de maneira lenta e gradual a aplicação dos benefícios relacionados a este novo conceito nos sistemas de produção animal.

Mais informações você encontra na edição de Aves de setembro/outubro de 2018 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Avicultura

Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem

Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

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A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.

Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.

Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.

A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.

A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.

Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.

Fonte: O Presente Rural com Unifrango
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Avicultura

Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer

Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

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O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.

A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.

Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.

Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.

Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.

Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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Avicultura

Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026

Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

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O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.

Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.

Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.

Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.

Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.

Fonte: O Presente Rural com Consultoria Agro Itaú BBA
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