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Nutrição: os desafios da produção de aves livres de antibióticos

Nutricionistas precisam estar mais presentes e em comunicação com toda a cadeia de criação das aves para poder orientar o melhor programa de aditivos a ser utilizado

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Artigo escrito por Patrícia Marchizeli, nutricionista técnico comercial de Aves na Agroceres Multimix

A demanda pela produção de aves livres de antibióticos vem crescendo rapidamente. O que no passado parecia algo muito distante, hoje se mostra como uma preferência pelos consumidores de todo o mundo, e no futuro, a tendência é que se torne uma exigência, já que o consumidor quem dita as regras para o produtor.

Os nutricionistas têm papel muito importante na produção dessas aves. Os ingredientes utilizados nas rações devem passar por rigoroso controle de qualidade, além de possuir alta digestibilidade. Os nutrientes devem ser criteriosamente balanceados e o objetivo principal deve ser o de modular a microflora intestinal, pois a mesma promove o bom funcionamento do sistema imunológico da ave. Porém, o maior equívoco é imaginar que a nutrição será o único fator responsável para o sucesso dessa produção. Uma combinação de fatores é que influenciará esse sucesso.

Há vários aditivos disponíveis para substituir os antibióticos promotores de crescimento, e outro erro comum cometido pelo produtor é a procura por uma única solução (aditivo alimentar). É necessário entender os desafios de cada sistema de produção, para então escolher quais aditivos melhor funcionarão para aquela situação. Desta maneira, os nutricionistas precisam estar mais presentes e em comunicação com toda a cadeia de criação das aves para poder orientar o melhor programa de aditivos a ser utilizado.

Como principais aditivos, conhecidos como promotores de crescimento alternativos, temos como exemplos: os probióticos (Bacillus subtilis, Bacillus licheniformes, Lactobacillus, Bifidobacterium, etc.), microorganismos vivos capazes de reduzir as bactérias patógenas e manter o equilíbrio da microflora; prebióticos (leveduras, mananoligossacarídeos, etc.), auxiliam na proliferação dos probióticos, como se fossem “alimentos” para os mesmos; ácidos graxos de cadeia curta (ácido butírico), boa fonte de energia para a proliferação celular do revestimento intestinal que age como uma barreira contra a entrada de microrganismos patógenos, além de diminuir o pH do intestino, tornando-se desfavorável para o crescimento desses patógenos; enzimas (fitase, carboidrase, protease, etc.) melhoram a disgestibilidade dos nutrientes e reduzem os efeitos nocivos dos fatores antinutricionais dos alimentos; ácidos orgânicos (ácido cítrico, ácido fórmico, ácido propiônico, ácido acético, etc.), acidificam o pH da ração e ajudam a controlar a multiplicação de patógenos no intestino; óleos essenciais (óleo de orégano, tomilho, timol, etc.), melhoram a digestão, possuem propriedades antioxidantes e antimicrobianas e podem estimular a resposta imune; entre outras opções. Todos esses aditivos descritos possuem o mesmo objetivo, o de estabelecer um ambiente intestinal em equilíbrio (microflora intestinal saudável).

Desafios

A produção de aves livres de antibióticos apresenta desafios para os produtores, que atualmente adotam estratégias distintas com uma diversidade de resultados. Essa produção cria a necessidade de relações cotidianas mais estreitas, ou seja, maior comunicação e interação entre os responsáveis pela nutrição, manejo, fábrica, incubatório, matrizeiro, etc., a fim de identificar problemas e resolvê-los precocemente.

Retirar os antibióticos promotores de crescimento da ração, substitui-los pelos aditivos citados anteriormente e não alterar a forma com que se gerencia toda a produção de aves certamente não trará os mesmos resultados zootécnicos. Produzir aves sem antibióticos requer uma revisão aos procedimentos básicos de manejo e biossegurança, evitando as oportunidades que as aves têm de se contaminar em qualquer fase de sua vida. Isso significa que os produtores precisam estar mais conscientes da limpeza de suas operações (desde o incubatório, matrizeiro, fábrica de ração e integração).

Um erro comum na criação destas aves é concentrar-se apenas no controle/prevenção à coccidiose e clostridiose. Esses, certamente, são os principais problemas de saúde das aves, mas a realidade é que eles são a consequência e não a causa do problema real.

Ambiente

Condições ambientais adequadas, como temperatura ideal, velocidade de ar e umidade relativa de acordo com a idade são fatores básicos que devem ser considerados para produzir aves sem estresse. Aves que sofrem devido ao calor, frio, ar seco ou úmido, excesso de amônia, Co2, etc., podem afetar o consumo de ração, motilidade intestinal e causar redução na digestibilidade dos nutrientes. Além disso, o estresse compromete o sistema imunológico da ave, tornando-se suscetível a doenças. A boa ventilação do aviário é fundamental para manter a cama seca e minimizar a condensação e a formação de aglomerados que favorecem os problemas sanitários.

É necessário estabelecer um período mínimo de vazio sanitário entre um lote e outro. Esse período deve ser o ideal para que se possa fazer a lavagem e desinfecção correta dos equipamentos e perfeita fermentação/troca da cama, além de permitir aos produtores lotes suficientes em um período de um ano para sua viabilidade econômica.

Devido à crescente pressão na redução dos custos na criação, outro equívoco é aumentar a densidade das aves alojadas. Mais aves/m² proporciona piora na qualidade da cama, piores condições atmosféricas no galpão, maior probabilidade de riscos na carcaça, menor peso ao abate, entre outros fatores negativos que levarão a maior probabilidade de desafio sanitário.

Oferecer água limpa (reduzir a presença de bactérias), na correta vazão e temperatura, também são fatores importantes, pois devemos lembrar que a ave ingere água na proporção do dobro do que come.

A nutrição das matrizes é fundamental para o desenvolvimento adequado de sua progênie. Além da transferência de nutrientes, as matrizes também transmitem imunidade, portanto é necessário que a saúde intestinal dessas aves esteja adequada.

Como estratégia nutricional, é importante iniciar um programa de alimentação que promova um intestino saudável, o mais rápido possível. Conseguir estabelecer uma microflora saudável precocemente evita que bactérias indesejáveis se tornem resistentes dentro do intestino.

Existem inúmeros conceitos de como melhorar a produtividade em sistemas de produção de aves sem antibióticos. O ponto mais importante é que a nutrição é tão importante quanto as práticas de manejo, biossegurança, ambiência, etc., ou seja, torna-se necessária uma visão geral de toda a cadeia. A gestão de cada local e os fatores ambientais podem influenciar facilmente na eficácia das combinações dos substitutos aos antibióticos promotores de crescimento.

Mais informações você encontra na edição de Aves de setembro/outubro.

Fonte: O Presente Rural

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Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem

Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

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A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.

Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.

Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.

A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.

A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.

Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.

Fonte: O Presente Rural com Unifrango
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Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer

Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

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O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.

A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.

Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.

Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.

Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.

Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026

Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

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O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.

Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.

Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.

Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.

Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.

Fonte: O Presente Rural com Consultoria Agro Itaú BBA
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