Bovinos / Grãos / Máquinas
Nutrição no período de transição é estratégica para eficiência de vacas e bezerros
Ter atenção em todas as fases de produção do animal e bom manejo nutricional garantem maior produção e lucratividade para o pecuarista
O grande diferencial de vacas saudáveis e produtivas é o bom manejo nutricional. Um importante fator para garantir lucratividade e produção é a correta nutrição das vacas em todas as fases de vida do animal. Fazer o correto acompanhamento e definir estratégias nutricionais são alguns dos fatores que o pecuarista pode se atentar para garantir uma boa produção o ano inteiro. O planejamento nutricional deve ser preciso antes e após o parto.
O médico veterinário Ricardo Rocha explica que a vida produtiva da vaca é dividida em dois períodos, sendo eles o seco, em que a vaca não está em fase produtiva de leite, e o período de lactação, que representa a fase produtiva da vaca. “Podemos dividir o período seco em duas fases de acordo com o nível de exigência nutricional e desafios metabólicos”, explica. De acordo com Rocha, a fase 1 do período seco inicia no momento da secagem da vaca, ou seja, quando encerra a lactação (aproximadamente 60 dias antes da data prevista para o parto) e se estende até os 30 dias que antecedem o parto. “Nesta fase, comumente comete-se um erro no manejo nutricional de vacas leiteiras, pois como os requerimentos e os desafios metabólicos são baixos, muitas vezes por restrição na quantidade e na qualidade de alimentos os animais são mantidos com alimentação abaixo da exigência para esta fase”, comenta.
Fase dois
Ele diz que é verdade que a exigência nesta fase é baixa, no entanto, também é verdade que este é o momento de preparação das vacas para a período de pré-parto imediato. “Sendo assim, a manutenção de um rúmen saudável – adaptado à dieta de lactação – e o atendimento dos requerimentos nutricionais – energia, proteína, minerais, vitaminas – são fundamentais para garantir uma boa formação de colostro e uma lactação futura com bom desempenho”, comenta.
Já fase 2 do período seco, cita o profissional, inicia 30 dias antes da data prevista do parto e tem duração até o evento do parto. “Chamada de período pré-parto imediato, é um dos pontos mais críticos da atividade leiteira, quando a transição da fase não lactante para lactante representa mudanças nas exigências nutricionais, no metabolismo de hormônios, na capacidade que a vaca tem de ingerir alimento e consequentemente na suscetibilidade a doenças”, conta.
Rocha informa que estratégias nutricionais nesta fase envolvem o adensamento de dieta (uso de concentrados) para o atendimento de ingestão de matéria seca, preparação do rúmen e também de alguns componentes da dieta como nível proteico, uso de dietas aniônicas com o objetivo de reduzir a ocorrência, principalmente, de hipocalcemias e assim reduzir os casos de cetose, retenções de placenta, infecção uterinas e desordens do trato digestório, como por exemplo o deslocamento de abomaso. “Alternativas nutricionais para esta fase também envolve a redução do grau de imunossupressão, em especial no que se refere a melhoria nas condições do sistema de defesa antioxidante, diminuindo o impacto negativo do estresse oxidativo que é característico desta fase”, informa.
Lactação
Já para o período de lactação, o médico veterinário conta que a divisão é feita em três fases produtivas, facilitando o atendimento dos requerimentos nutricionais e otimizando os recursos nutricionais da fazenda para cada fase. A fase 1 Rocha explica que tem início no parto e encerramento aos 100 dias de lactação (DEL100). “É a fase de maior exigência nutricional e, especialmente no início, o momento de menor ingestão de matéria seca, ou seja, é necessário o adensamento da dieta nesta fase para conseguirmos atender os requerimentos nutricionais”, diz.
A fase 2, que é dos 100 aos 200 dias de lactação, Rocha conta que é uma fase intermediária em relação à exigência, quando as vacas que tendem a ter permanência de pico de lactação continuam com requerimentos próximos à fase 1. E a fase 3 de lactação são os animais que já entram na fase de declínio de produção, ou seja, requerimento menor, e os ajustes nutricionais para esta fase servem para não haver incremento na condição corporal (não ganhar peso). “Esta separação de fases de lactação é importante juntamente com o controle leiteiro (saber a produção das vacas), controle reprodutivo (conhecer o DEL – dias em lactação) para definir a formação dos lotes de produção”, diz.
De acordo com o profissional, esta estratégia de manejo nutricional é uma das mais relevantes em uma fazenda de leite, já que possibilita o ajuste de dieta para os diferentes níveis produtivos, atendendo assim o requerimento nutricional e otimizando os recursos alimentares e financeiros.
Não errar no suplemento
Quando se fala em suplementos na ração animal, Rocha alerta que é importante ter bem claro o significado das palavras suplemento e aditivo. “Ambas têm por objetivo atender e/ou suprir alguma falta que a dieta básica não está atendendo. Muitas vezes os suplementos e os aditivos são confundidos como substitutos de ingredientes de uma dieta e assim o efeito desejável destas substâncias não ocorrer é muito alto e por vezes condenando a tecnologia. Um exemplo disso é o uso de tamponantes exógenos da dieta de vacas em lactação”, comenta.
O médico veterinário diz que pela evolução do nível produtivo das vacas leiteiras e consequentemente nos requerimentos nutricionais e necessidade de adensamento de dieta, o uso de tamponantes e estabilizantes em um “cardápio” é indispensável para atender em torno de 10% da capacidade tamponante em um rúmen. Porém, o profissional alerta que se não houver uma análise criteriosa do estímulo de ruminação que representa 80% da capacidade tamponante (CNF, amido, FDN e terceira refeição) não se pode esperar do suplemento/aditivo uma ação milagrosa. “Mas, infelizmente, é o que se busca muitas vezes, um pó milagroso e não ajustar as condições nutricionais básicas para uma vaca”, afirma.
Rocha cita que outros aditivos e suplementos podem gerar um efeito benéfico para a vaca como também para o consumidor. “Exemplo disso é o uso de um adsorvente de micotoxina que melhora condição de saúde geral da vaca em função na inibição do efeito das micotoxinas no organismo (imunossupressão, problemas reprodutivos, etc.) e reduzem a eliminação de micotoxinas através do leite”, conta.
Além do mais, o aumento de saúde para a vaca pode vir através do uso de suplementos e aditivos que melhoram a absorção de minerais (sistema de proteção de micro minerais), pela presença de blend de antioxidantes, reduzindo assim efeitos nocivos dos radicais livres de imuno moduladores, com o AGCM – ácidos graxos de cadeia média, levedura, etc., explica. “Algumas vitaminas, como exemplo a biotina (formação de glicose no fígado) e a colina (precursor do VLDL), são importantes para o metabolismo energético, promovendo efeitos benéficos na produção, reprodução e status metabólico”, conta.
Melhor manejo nutricional = mais nutrição
Rocha explica que a nutrição correta associada a um manejo nutricional correto e à interação destes com o ambiente possibilita que o animal expresse seu potencial produtivo. “Muitos fatores estão envolvidos para que se tenha sucesso na lactação de uma vaca de leite. Alguns pontos são extremamente importantes de serem verificados ao se implantar um programa nutricional em uma fazenda de leite”, informa. Entre os pontos citados pelo médico veterinário estão a disponibilidade de água, sendo este um ponto crítico nas fazendas, especialmente naquelas com sistema semi intensivo; o planejamento forrageiro, para garantir que a fazenda tenha alimento para todo o ano, de preferência com sobra; o investimento em um ambiente agradável para a vaca; e definição de um plano nutricional para cada uma das fases produtivas.
Além do mais, o profissional cita que a fase com maior impacto na produção de leite e que merece mais atenção é o período de transição, aquele que compreende os últimos 30 dias de gestação e as três primeiras semanas de lactação. “Uma falha de manejo ou nutricional especialmente no período de pré-parto (fase 2 do período seco) irá influenciar de forma negativa a lactação, ou seja, podemos dizer que uma lactação de sucesso depende de um período pré-parto de sucesso”, comenta.
De acordo com ele, esta afirmação se dá em função de que havendo falhas nesta fase, a ocorrência de doenças é maior – como a retenção de placenta, infecções uterinas, cetose, deslocamento de abomaso, metrites – e consequentemente a produção de leite será inferior. “Os impactos negativos de uma transição de uma vaca gestante para uma vaca lactante envolvem a perda da eficiência reprodutiva de um rebanho, o que resulta em vários problemas como, por exemplo, aumento de DEL e assim diminuição na rentabilidade da atividade em função da redução na produção e perdas na qualidade de leite”, afirma.
Para Rocha, na atividade leiteira, quando se fala em nutrição é preciso fazer o simples bem feito, ou seja, em primeiro lugar atender as condições de exigências nutricionais e de manejo para vacas leiteiras. “A partir disso, existem estratégias nutricionais, chamados de pacotes tecnológicos – suplementos e aditivos – que têm por objetivos possibilitar que as vacas expressem seu potencial produtivo com saúde e garantia de um produto saudável ao consumidor”, aponta.
Mais informações você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de agosto/setembro de 2018 ou online.
Fonte: O Presente Rural
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Derivados lácteos sobem em outubro, mas mercado prevê quedas no trimestre
OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.
Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.
Derivados registram pequenas valorizações em outubro
Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).
Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta
Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.
Custos com nutrição animal sobem em outubro
O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.
Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito
CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .
Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.
O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.
Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.
A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.
Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.
O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.
Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.
A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.
Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.
Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.
Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat
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Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo
Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.
Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.
As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.
“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.
“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.
O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.
Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.
“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.
A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.
Concursos estaduais
Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.
O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran