Avicultura
Nutrição mineral orgânica: o que a ciência já provou?
Importância dos minerais orgânicos está baseada principalmente na sua maior biodisponibilidade, no seu papel junto ao metabolismo celular e na sua menor excreção ambiental
Artigo escrito por Marlene Schmidt, doutora em Nutrição Animal e gerente Técnico Comercial da Alltech do Brasil
O setor do agronegócio brasileiro sempre anseia por evolução e é movido por constantes mudanças. Esse processo é natural e faz com que o setor se mantenha produtivo e competitivo. A indústria que se destaca hoje é a que busca resultados promissores, porém, com eficiência e segurança.
A pesquisa em nutrição animal tem o desafio de fornecer alternativas e tecnologias que atendam às necessidades da indústria, tanto em resultados quanto em segurança alimentar. Dentro deste contexto, a nutrição mineral tem sido muito estudada e vem se ajustando para atender a indústria do futuro.
Os minerais na forma orgânica são produzidos desde a década de 70, e a utilização destes na nutrição animal está cada vez mais evidente. Sua importância está baseada principalmente na sua maior biodisponibilidade, no seu papel junto ao metabolismo celular e na sua menor excreção ambiental. A maior biodisponibilidade das fontes orgânicas de minerais permite que elas sejam incluídas na dieta em concentrações mais baixas, sem efeitos negativos sobre o desempenho das aves.
Na busca intensiva, para atender as mudanças e necessidades da produção animal, acompanhando principalmente a evolução genética e o aumento da produtividade dentro de um contexto de sustentabilidade, uma linha de pesquisa de uma multinacional de biotecnologia e universidades renomadas já obteve resultados satisfatórios, em desempenho, qualidade de carne e menor excreção ambiental, mediante o uso de minerais na forma orgânica.
A Ciência Comprova
O grupo está investindo forte em pesquisa na linha de minerais na forma orgânica. Segue criteriosamente as exigências requeridas para uma ótima quelação para obtenção de produtos de atuação comprovada. São minerais associados a proteínas e/ou aminoácidos e produtos de levedura, no caso do selênio e cromo, que não interagem entre eles e com outros componentes da dieta ao longo do trato gastrointestinal, conferindo-lhes melhor aproveitamento pelo animal e com menor excreção ambiental. Além disso, vários estudos mostram que, com sua utilização, são obtidos melhores resultados na produção.
Vários projetos de pesquisa, com diferentes espécies de aves, estão sendo ou foram conduzidos em parceria com instituições reconhecidas, como por exemplo as universidades federais de Viçosa (UFV-MG) e de Minas Gerais (UFMG), Escola Panamericana Agrícola Zamorano, em Honduras, Universidade de Ohio (Estados Unidos), Universidade de Guelph, no Canadá, Universidade da Carolina do Norte (EUA), além da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Nestes trabalhos o objetivo principal foi buscar a dose mínima ideal de substituição de minerais inorgânicos por orgânicos, sem causar queda em desempenho e deposição tecidual.
Em geral, a indústria tem utilizado níveis de zinco, cobre, manganês, ferro e selênio muito superiores aos dos preconizados pelas tabelas, tanto do NRC (1994), quanto das tabelas brasileiras de Aves e Suínos (Rostagno et al., 2011). Uma das razões se deve às perdas destes microminerais e à menor absorção devido às interações e formação de complexos indisponíveis ao longo do trato digestivo. Porém, isso pode representar não somente um desperdício das fontes minerais, como também causar contaminação ambiental.
Estudos
De acordo com resultados relatados por estudiosos em 2008, a menor inclusão resulta em menor excreção de minerais para o meio ambiente. Os autores observaram reduções de 38%, 52% e 21% na excreção de Zn, Mn e Cu, respectivamente, em comparação aos mesmos minerais na forma inorgânica. Não houve diferença estatística para conversão alimentar e ganho de peso das aves de 1 a 42 dias quando utilizado a combinação dos minerais na forma orgânica (Zn, Cu, Mn e Fe) à 20% do nível dos mesmos minerais na forma inorgânica.
Para a indústria que apresenta perdas na linha de abate devido a lacerações de carcaça, a utilização de zinco orgânico tem apresentado resultados positivos em relação à fonte inorgânica. Pesquisadores concluíram em estudo de 2007 que a utilização de zinco e selênio orgânicos (selênio na forma de seleno-levedura) contribuíram de forma efetiva na recuperação de aves que sofreram arranhões e foram infectadas por E. Coli, melhorando a aparência da carcaça.
Estudos conduzidos na Universidade Federal de Viçosa apresentaram resultados nos quais a suplementação de dietas de frangos de corte com uma combinação de minerais na forma orgânica (Zn, Fe, Cu e Mn) e levedura de selênio a 33% dos níveis utilizados na indústria de 1 a 49 dias asseguram a manutenção do desempenho e índices de eficiência produtiva das aves. Segundo os autores, a excreção mineral em média na cama foi 57% da excreção dos inorgânicos. Já outros estudiosos, no intuito de revalidar os resultados do primeiro experimento, concluíram em seu segundo trabalho que 22% dos níveis utilizados na indústria, porém na forma orgânica, de 21 a 42 dias, foram suficientes para assegurar a manutenção de desempenho e de índices de eficiência produtiva das aves. Segundo os autores, mesmo o nível de 22% garantiu concentrações iguais ou superiores de minerais depositados nos tecidos quando comparada às fontes inorgânicas.
Dando continuidade aos trabalhos com a UFV, desde janeiro de 2015 está firmada uma aliança com o objetivo de determinar as exigências dos níveis ideais de cada um dos microminerais na forma orgânica. As tabelas brasileiras trouxeram de forma inédita para a indústria de nutrição a exigência destes elementos também na forma orgânica, em média 44% a 45% da inclusão dos inorgânicos, para aves e suínos, respectivamente. Estes dados representam grande avanço na nutrição animal de aves e suínos e também no contexto da sustentabilidade.
Considerações
Ao longo dos últimos anos tivemos grandes avanços na nutrição de aves com o intuito de melhorar a eficiência de produção e rentabilidade. São esses desafios que mantêm o setor dinâmico e em busca constante por lucratividade e competitividade. Com a evolução genética que se observa atualmente, tão importante quanto conhecer a exigência nutricional de microminerais é garantir que estes estejam disponíveis para o animal. Várias pesquisas já provaram que os minerais na forma orgânica atendem prontamente as necessidades do animal e têm sido cada vez mais utilizados pela indústria avícola que busca por desempenho e produto de qualidade produzido de forma sustentável.
Mais informações você encontra na edição de Aves de janeiro/fevereiro de 2018 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
