Pet
Nutrição em quatro patas: explorando o crescimento do segmento de pet food
É visível que nos últimos anos houve um grande crescimento do mercado pet. Essa alta foi estimulada pelo aumento no número de lares que possuem um animal de estimação, quase 48 milhões de domicílios no Brasil tem cães ou gatos.
À medida que mais famílias incluem os animais de estimação em suas vidas, observa-se um aumento significativo na conscientização sobre a importância da nutrição adequada para manutenção da saúde e bem-estar dos pets. Neste contexto, o segmento de pet food, que engloba toda a parte de produção de alimentos para animais, vive uma expansão contínua. De acordo com dados da Associação Brasileira de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) a área é responsável por 75% do faturamento total da indústria pet no país.
Acompanhando as mudanças no perfil dos clientes, as empresas do setor de pet food expandiram seu portfólio. Hoje é possível encontrar produtos específicos para cada fase da vida, porte, estado fisiológico e níveis de atividade física dos pets.
“O mercado pet está preparado para atender aos anseios do público. Com a evolução de consumo, o setor oferece uma rápida resposta para atender as necessidades dos tutores. Desta forma, é possível encontrar produtos com diferentes segmentações para a dieta dos pets”, detalha o médico-veterinário e professor do MBA em Mercado Pet da USP/FMVZ, Thiago Vendramini.
Crescimento do mercado pet food: As engrenagens em movimento
Mudanças nos Estilos de Vida: Os estilos de vida modernos, muitas vezes caracterizados por agendas ocupadas e um aumento nas atividades dentro de casa, resultaram em tutores passando mais tempo com seus animais de estimação. Isso tem gerado uma preocupação crescente com a saúde e o bem-estar dos pets, incluindo questões relacionadas à alimentação.
Conscientização sobre Nutrição: Os tutores estão se tornando cada vez mais conscientes de que a nutrição desempenha um papel fundamental na saúde a longo prazo de seus animais de estimação. À medida que a informação sobre a importância de dietas equilibradas e ricas em nutrientes se espalha, a busca por alimentos de alta qualidade e fórmulas específicas tem sido um motor essencial do crescimento do mercado pet food.
Preocupações dos Tutores: Mais do que apenas alimentação
Comidas “naturais” e caseiras: Uma tendência é a crescente preferência dos tutores por comidas naturais e caseiras para seus pets. Isso inclui a adoção de dietas à base de carne crua (conhecidas como Barf, sigla em inglês para “Bones and Raw Food”) ou a preparação de refeições em casa, com ingredientes frescos e de qualidade. A crença subjacente é que essas opções podem ser mais saudáveis, livres de aditivos artificiais e alinhadas com as preferências dietéticas humanas.
Suplementação Inteligente: Além das opções de alimentação convencional, muitos tutores estão recorrendo à suplementação alimentar para garantir que seus pets recebam todos os nutrientes necessários para manutenção da saúde. Vitaminas, minerais, ácidos graxos ômega-3 e outros suplementos são usados para abordar necessidades específicas e promover vitalidade e a longevidade dos animais.
Dietas Especiais para Condições de Saúde: Animais de estimação com condições médicas específicas, como alergias alimentares, problemas renais, diabetes ou doenças cardíacas, muitas vezes requerem dietas especiais sob orientação veterinária. Essas dietas coadjuvantes são formuladas para tratar ou controlar essas condições e são um exemplo da crescente sofisticação na oferta de pet food.
O mercado pet food oferece um horizonte repleto de oportunidades em constante expansão. À medida que a demanda por alimentos de alta qualidade e inovações na nutrição animal continua a crescer, as empresas do setor têm a oportunidade de desenvolver produtos que atendam a uma variedade de necessidades específicas, desde dietas naturais e orgânicas até alimentos terapêuticos. Além disso, a crescente conscientização sobre a importância da nutrição adequada para animais de estimação abre caminho para a pesquisa e desenvolvimento de novos ingredientes e suplementos que podem melhorar a saúde e o bem-estar dos pets.
“O setor tem uma aderência muito grande de novos nichos, empresas, produtos. Então, inovar, ser diferente faz você ter destaque nesta segmentação. Quando a gente fala de inovação, a inovação não é apenas no produto em si. Os profissionais devem avaliar outros aspectos como inovar na maneira de vender, de atrair o cliente, no contato pós-venda”, declara Thiago.
Com a evolução das preferências dos tutores e o desejo de proporcionar o melhor para seus animais de estimação, o mercado de pet food continua a ser um terreno fértil para inovações e oportunidades de crescimento.
“Para atender o setor é fundamental que os profissionais da área invistam em qualificação. Quando conhecemos o público e seu perfil de consumo, temos um diferencial importante e isso só é possível por meio do estudo”, finaliza Thiago.
MBA USP/FMVZ
O MBA USP/FMVZ é um programa de pós-graduação da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP). A Faculdade é uma das três únicas instituições brasileiras com acreditação aprovada pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária, possui 5 estrelas no Guia do Estudante e está atualmente entre as 50 melhores do mundo na área de Medicina Veterinária, de acordo com o QS World University Rankings.
Pet No CFMV
CRMV-RJ protocola pedido de isenção total à anuidade do ano em que ocorra parto, adoção ou gestação não levada a termo
Medida representa um importante passo em direção à valorização das profissionais médicas-veterinárias e zootecnistas, reconhecendo e apoiando momentos significativos de suas vidas pessoais.
Como parte do compromisso do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio de Janeiro (CRMV-RJ) em promover uma prática profissional cada vez mais humanizada e inclusiva, o presidente Diogo Alves protocolou no dia 07 de março, junto ao Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), um pedido para a concessão de isenção total correspondente à anuidade de mulheres inscritas no sistema CFMV/CRMVs no ano em que ocorra o parto, adoção ou gestação não levada a termo.
Essa medida, prometida durante a campanha da chapa eleita para o período de 2023-2026, representa um importante passo em direção à valorização das profissionais médicas-veterinárias e zootecnistas, reconhecendo e apoiando momentos significativos de suas vidas pessoais.
Ao promover essa isenção, o CRMV-RJ demonstra sua sensibilidade às necessidades individuais dos profissionais, bem como seu compromisso em criar um ambiente de trabalho mais acolhedor e justo para todos.
Esta iniciativa também é apresentada durante o Mês Internacional da Mulher, reafirmando o compromisso desta autarquia com a igualdade de gênero e com a promoção de condições mais favoráveis para a atuação das mulheres na Medicina Veterinária e na Zootecnia.
Pet
Pets também podem desenvolver transtornos mentais e emocionais
É preciso entender as particularidades dos animais, as causas e os sinais comportamentais de que algo não está bem
Inúmeras pesquisas apontam para o quadro de saúde mental da população humana, conscientizando sobre a necessidade de cuidados para garantir o bem-estar emocional dos indivíduos e da sociedade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) inclusive publicou o Informe Mundial de Saúde Mental (2022) e alertou que, em 2019, quase um bilhão de pessoas viviam com algum transtorno mental, a principal causa de incapacidades.
Porém, transtornos mentais e emocionais não são exclusividade dos humanos. Os pets também podem desenvolvê-los, principalmente ansiedade, reatividade, agressividade, medo/fobia, comportamento compulsivo e dermatites. “Os animais de estimação têm emoções e elas devem ser compreendidas e respeitadas. É preciso atender às necessidades emocionais do pet e ficar atento caso haja mudança de comportamento do animal, procurando assistência especializada quando algo fora do comum acontecer”, comenta a médica-veterinária comportamental, Dani Graziani.
As situações que mais geram desconforto para eles estão relacionadas a mudanças, como de casa ou de rotina, à perda de um ente da família ou até mesmo à senilidade, processo de envelhecimento que vem acompanhado de desafios físicos e emocionais, como diminuição da visão, da audição e do olfato, dificuldade de locomoção, irritabilidade, desorientação, perda de memória, entre outros fatores que os deixam mais vulneráveis. “São muitos os sinais que podem identificar que o animal de estimação não está bem, como um cão tranquilo apresentar agressividade ou um pet que fazia seu xixi no lugar certo começar a fazê-lo em outro lugar. É importante acolher em vez de ficar bravo, pois ele está demonstrando que precisa de ajuda e o apoio é essencial para o processo de cura”, aconselha a veterinária.
De olho na prevenção
A atividade física impacta diretamente na saúde física e mental dos animais. “Os cães precisam correr, caminhar e explorar ambientes. Um passeio diário de vinte minutos já acalma e ajuda no gasto de energia, na socialização, na perda de peso e na manutenção da massa muscular”, indica a médica-veterinária Farah de Andrade.
A falta de brinquedos e de interação também pode trazer prejuízos, assim como um ambiente muito agitado ou monótono demais. “O ideal é manter uma rotina equilibrada entre atividades, brincadeiras e descanso, para se evitar o estresse e a ansiedade. Dar mais atenção ao pet é fundamental para o bem-estar dele”, conta Farah.
Colocar em prática o enriquecimento ambiental, ou seja, adaptar o lar para proporcionar uma rotina mais saudável e prazerosa ao pet, com estímulos mentais, físicos e sensoriais, auxilia a prevenir o tédio, reduzir o estresse e promover um comportamento equilibrado.
Para dar certo, é preciso conhecer o animal de estimação, seus gostos e preferências. Para os gatos, é possível instalar prateleiras nas paredes, nichos, redes, arranhadores e deixar brinquedos em locais estratégicos. Já para os cachorros, além dos brinquedos, incluir atividades que estimulam o olfato, treinamento cognitivo e socialização são algumas formas de deixar o ambiente mais interativo.
Tratamento em forma de petisco
Medicar um animal nem sempre é uma tarefa fácil, sendo, muitas vezes, um fator de grande estresse, especialmente para os felinos. Para isso existem soluções como os medicamentos manipulados em formas farmacêuticas que facilitam a administração, como biscoitos, caldas ou molhos, pastas orais e géis transdérmicos. As apresentações orais podem ainda ser flavorizadas com sabores como bacon, caramelo, leite condensado, frango entre diversos outros que atraem os pets. “O gel transdérmico é aplicado na pele do animal e sua aplicação mais parece um carinho. Já um biscoito com sabor é como um petisco, um mimo. Muitos pacientes chegam a ‘pedir’ mais”, comenta Farah.
Os medicamentos manipulados também costumam ser a principal alternativa para a prevenção ou o tratamento de transtornos mentais devido à possibilidade de combinação de ativos num mesmo medicamento, manipulado na dose exata para o peso do animal, além dos diferenciais de flavorização e apresentação.
“Florais de Bach e fitoterápicos como valeriana, kawa-kawa, passiflora, L-triptofano e melatonina são algumas opções que podem ser prescritas em casos como insônia, estresse ou ansiedade. Medicamentos controlados, geralmente indicados para casos mais complexos, também podem ser manipulados, como fluoxetina, sertralina e clomipramina”, comenta Farah, ressaltando que somente um médico-veterinário está apto a prescrever o tratamento mais adequado para cada caso.
Notícias
Instituto da UEL completa um ano com 84 cientistas em busca de vacina contra toxoplasmose
No Brasil, 14 estados de todas as regiões estão representados no INCT com pesquisadores desenvolvendo projetos científicos que buscam um kit de diagnóstico rápido para a doença, além de uma vacina para suínos e gatos, animais considerados os principais transmissores da doença.
O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Toxoplasmose (INCT), do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Estadual de Londrina (UEL), comemora um ano de atividades com 70 pesquisadores brasileiros e 14 estrangeiros provenientes de 32 instituições conectados. As atividades do grupo começaram em março de 2023, logo após a UEL ser contemplada na Chamada 58/2022 do Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT), do CNPq, que financia pesquisas de alto impacto, com investimento de R$ 5 milhões.
No Brasil, 14 estados de todas as regiões estão representados no INCT com pesquisadores desenvolvendo projetos científicos que buscam um kit de diagnóstico rápido para a doença, além de uma vacina para suínos e gatos, animais considerados os principais transmissores da doença.
A toxoplasmose é uma zoonose que afeta a saúde pública brasileira. Recentemente, em 2018, houve um surto da doença em Santa Maria (RS), com um óbito. Outra manifestação intensa do parasita ocorreu em Santa Isabel do Ivaí, no Noroeste do Paraná. O protozoário pode ser encontrado em fezes de gato e alimentos contaminados e pode causar graves complicações em gestantes e pessoas com o sistema imunológico debilitado.
As pesquisas do INCT têm foco na prevenção, daí a importância da criação de um kit rápido. Além desse esforço, os pesquisadores têm projeto para o desenvolvimento da primeira vacina brasileira contra toxoplasmose. O imunizante é utilizado em ovinos e caprinos apenas no Reino Unido, Irlanda, França e Nova Zelândia. A vacina nacional se encontra em estágio de ensaio pré-clínico. O imunizante deverá ser aplicado em gatos (que contaminam o meio ambiente por meio das fezes) e em suínos (que podem transmitir a doença pelo consumo da carne mal passada).
O coordenador do Instituto, João Luis Garcia, do Departamento de Medicina Veterinária e Preventiva (DMVP), afirma que o projeto foca na chamada Saúde Única, focando em ferramentas que possam fortalecer medidas preventivas, de forma conciliada com a sustentabilidade. O público-alvo das medidas preventivas envolve crianças e gestantes. “Outra preocupação é quanto aos animais de produção, já que a doença não pode ser constatada na inspeção sanitária”, afirma.
Por meio do INCT Toxoplasmose, a estudante Ana Clésia da Silva viajou em agosto do ano passado para os Estados Unidos, onde aprofunda pesquisas sobre a doença na Universidade Estadual da Carolina do Norte (NCSU), considerado um importante centro de pesquisa da doença.
Pesquisadores interessados ainda podem submeter seus projetos para avaliação. As propostas podem ser enviadas para o portal do Instituto.