Notícias 16º SBSS
Nutrição de precisão é essencial para melhorar performance
Especialistas fizeram apontamentos sobre atualização das estratégias nutricionais e sua aplicação em desafios sanitários na suinocultura.

A nutrição é fundamental para otimizar a produtividade nas granjas e garantir a produção de carne de qualidade. A zootecnista Melissa Izabel Hannas e o médico veterinário Caio Abércio da Silva iniciaram os debates do 16º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS), na quarta-feira (14), com atualizações sobre nutrição de precisão e estratégias que podem ser tomadas em desafios sanitários. Promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet), o SBSS vai até esta quinta-feira (15), no Centro de Eventos, em Chapecó.

Melissa Izabel Hannas explanou sobre nutrição de precisão, apresentando atualizações das exigências nutricionais – Fotos: Suellen Santin/MB Comunicação
Pensar em nutrição de precisão é elaborar estratégias para conseguir alcançar uma dieta que ofereça tudo o que o animal precisa em proteína, energia, minerais e vitaminas, de forma a permitir que ele expresse seu potencial genético. “A precisão está em definir cada exigência do animal em termos de nutriente que deve estar presente na alimentação para que ele possa dar essa resposta”, afirmou Melissa.
Para que o suíno desempenhe sua melhor performance é imprescindível entender as diferenças genéticas. “Dependendo da genética do animal, da fase, as exigências nutricionais podem ser distintas e isso permitirá que a gente modele a nutrição para atingir a curva de desempenho que estamos esperando dentro do nosso sistema de produção”.
Melissa pontuou as curvas de desempenho na nutrição, bem como exemplos de equações para estimar as exigências de energia metabolizável e lisina digestível em animais em crescimento e terminação. “A energia, embora não seja um nutriente por si só, é obtida a partir do uso de carboidrato, de proteína, de gordura. O animal precisará de energia tanto para se manter, como para produzir tecido. E a partir de estudos conseguimos definir o quanto ele precisa de energia para desempenhar as funções que necessitamos”.
Além da energia, a apresentação ainda focou nas exigências de proteína e aminoácidos e sua importância na nutrição. “A proteína e seus aminoácidos terão impacto muito grande no desempenho dos animais, por isso é essencial focar em alguns nutrientes específicos e usar modelos que nos auxiliem a determinar essas exigências nutricionais, que é o trabalho que fazemos junto às tabelas brasileiras. As tabelas nos permitem estimar uma dieta com base em cada condição, em cada característica do animal”.
De acordo com a zootecnista, os modelos de precisão permitem vantagens econômicas e de desempenho, uma melhor sustentabilidade e a diferenciação dos sistemas. “Falando em precisão, é essencial conhecer a realidade do nosso sistema. A nutrição é um fator de bastante impacto no custo de produção e temos diversas ferramentas ao nosso alcance para ganhar eficiência”.
Nutrição em desafios sanitários
Caio contextualizou os principais desafios sanitários e ações voltadas para compensar desgastes nutricionais. “Esse é um tema que exige bastante envolvimento, porque apesar de serem áreas aparentemente distintas, elas interagem bastante. Vivemos em condições de desafio sanitário e estimar o valor desse desafio é complicado. Nesse sentido, temos a nutrição como ferramenta”.

Caio Abércio da Silva discutiu estratégias nutricionais em situações de desafios sanitários e ponderou que é preciso analisar as particularidades de cada plantel para pensar em recursos nutricionais
A nutrição vem justamente para minimizar danos, que refletirão diretamente na performance do plantel. O médico-veterinário citou três caminhos que podem ser propostos para usar a nutrição nos casos de desafios sanitários: o fornecimento de alimentos funcionais e substratos específicos, o uso de aditivos que melhorarão o estresse oxidativo e o emprego de aditivos que modulam as respostas imunes.
Segundo o especialista, um dos fatores que pesa na questão sanitária é como o animal responde a esses desafios sanitários e o aporte adequado de nutrientes contribuirá para aumentar as respostas imunes e, consequentemente, reduzirá a incidência de doenças e mortalidade.
O especialista ressaltou que é preciso analisar a particularidade de cada situação e que devem ser usados diferentes recursos, dependendo da idade ou categoria dos animais. “Os desafios sanitários são constantes e é difícil quantificá-los e também quantificar os nutrientes necessários para suportar essas demandas. Mas é preciso buscar alternativas. E entendemos que isso exige uma abordagem sistêmica”.
Pig Fair e Granja do Futuro
Paralelamente à programação técnico-científica do 16º SBSS o evento ainda conta com a 15ª Brasil Sul Pig Fair, feira que reúne empresas de tecnologia, sanidade, nutrição, genética, aditivos e equipamentos para suinocultura. Além da Granja do Futuro, espaço que simula uma granja com os principais equipamentos necessários para a produção de suínos, destacando tecnologia e inovação.

Notícias
Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
Notícias
Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
Notícias
Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



