Suínos
Nutrição da fêmea muda conforme número de tetos e de leitões
A opinião é do zootecnista e pesquisador Bruno Silva, PhD em Bioclimatologia e Nutrição de Suínos e pós-doutorado em Nutrição de Suínos
As leitegadas estão cada vez maiores. Neste ano, uma granja no Paraná registrou 35 nascidos vivos. Em Mato Grosso, foram 36. O fator determinante para o suinocultor alcançar um número cada vez maior de leitões se deve à hiperprolificidade das matrizes, que se transformaram nas últimas décadas muito por conta do avanço genético. Para alimentar todos os animais, a fêmea ficou maior e ganhou mais tetos, alterando completamente sua anatomia, mas também sua exigência nutricional. Mais do que pensar somente no número de desmamados, é preciso olhar com atenção às fêmeas, reformulando suas dietas conforme o número de leitões paridos e o número de tetos dessa matriz.
A opinião é do zootecnista e pesquisador Bruno Silva, PhD em Bioclimatologia e Nutrição de Suínos e pós-doutorado em Nutrição de Suínos. Professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG/ICA), Silva palestrou durante a PorkExpo 2016, realizada de 18 a 20 de outubro de 2016, em Foz do Iguaçu, PR, reunindo profissionais do setor em torno dos desafios e oportunidades da suinocultura brasileira. A nutrição para glândulas mamárias e as implicações no potencial de produção de leite nortearam a palestra, que reuniu centenas de pessoas. “Não adianta nascer 18 e desmamar 12. Se o produtor quer hiperprolificidade, tem que ter um bom desenvolvimento do aparelho mamário. Para isso, um programa de alimentação diferenciado deve ser aplicado para as fêmeas”, definiu.
Hiperprolificidade
De acordo com Silva, as fêmeas atuais são selecionadas pelos critérios de tamanho de leitegada, vitalidade, intervalo desmame-estro e eficiência na lactação. Para ele, o problema ainda não resolvido da hiperprolificidade está na diferença de peso e tamanho entre leitões. “O grande problema da hiperprolificidade é a desuniformidade da leitegada. Algumas linhas (genéticas) têm 30% dos leitões abaixo de 1,1 quilo. Outras têm 60% acima de 1,3 quilos. É o efeito genético”, citou. “Por isso, o foco de pesquisas nos últimos anos está em buscar alternativas e soluções nutricionais para diminuir essa diferença”, justificou.
Outra Fêmea
Para ele, a nutrição tem papel fundamental no desenvolvimento do aparelho mamário. “Quanto mais leitões, mais tem que ter potencial de produção de leite”. Leite que é oferecido em até 20 tetos, dependendo da linhagem, seis a oito espaços a mais para a leitegada maior. “No ano de 2000 a gente selecionava fêmeas com 12 a 14 tetos. Hoje tem linhagem com 20 tetos. O aumento no número é uma tendência genética. Isso mostra a evolução genética para a fêmea ter condições de atender a leitegada”, destaca.
Esses tetos a mais inseridos com auxílio da genética fizeram com que a fêmea ficasse mais longa. “O número de tetos tem relação com tamanho do corpo. Através de marcadores, consegue-se inserir mais vértebras nas fêmeas, que ficou mais alongada”, disse Silva. “A fêmea mudou completamente”, resumiu.
Aparelho Mamário
O pesquisador explica que a nutrição equivocada, sem levar em conta o número de leitões nascidos, por exemplo, gera impacto negativo no desenvolvimento do aparelho mamário. “O aparelho mamário desenvolve como qualquer outro tecido, mas a partir dos 90 dias esse desenvolvimento aumenta, mostrando que a fêmea começa a se preparar para outro objetivo. Nessa hora, é fundamental ter um programa de alimentação diferenciado em relação, por exemplo, a porcas para o abate.
Conforme o professor, quanto maior o número de leitões mamando, mais leite a fêmea deve produzir, o que aumenta suas exigências por nutrientes como a lisina. “Quanto mais tetos, mais exigência de lisina e energia metabolizada para desenvolvimento fetal e da glândula mamária”, frisou. Ele apresentou um estudo ainda não publicado que mostra que, de 14 para 20 tetos, a nutrição para a fêmea precisa 42% mais lisina para desenvolver glândulas mamárias e 43% mais para desenvolver o feto. Conforme o professor, para estabelecer uma alimentação adequada o produtor tem que considerar número de tetos e número de fetos.
Quantidade e Qualidade
Um fator que interfere na qualidade e quantidade de leite, segundo o professor, é a nutrição idêntica para nulíparas e multíparas. “Fêmea multípara e nulípara não pode ser alimentada de forma igual, tem que ter ração diferente”, explicou.
Outros fatores que interferem na qualidade e quantidade de leite e colostro, citou Silva, estão indução de parto reduz, condição corporal e estado metabólico da fêmea e tamanho da leitegada.
Para o pesquisador, “a não compreensão de uma nutrição diferenciada causa problemas, como sobrecondicionamento das fêmeas” (ganho de peso na maternidade), o que também altera a produção de colostro. “Fêmea gorda produz menos colostro”, cravou.
Para Silva, é possível modular o aparelho mamário para melhorar quantidade e qualidade do leite por meio de uma nutrição mais equilibrada para cada genética disponível hoje no mercado.
Mais informações você encontra na edição e Nutrição e Saúde Animal de 2016 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Suínos
Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
