Avicultura
Números de 2016 e previsões para a avicultura e a suinocultura em 2017
Para o próximo ano, alguns fatores devem favorecer os negócios dos setores, tanto internamente, quanto no mercado internacional
O ano de 2016 chega ao fim com perspectivas melhores que as manifestadas pelo setor ao final do primeiro semestre. É fato que a crise econômica que atingiu o país – gerando desemprego e retraindo os níveis de consumo – também afetou o setor de proteína animal, mas parte dos fatores que influenciaram este cenário desafiador está mais ameno.
Exemplo disto é o preço do milho, que encerra o ano com valores abaixo de R$ 40 pela saca de 60 quilos – significativamente menor que os valores praticados meses atrás, que superaram R$ 60. A oferta no Paraguai e na Argentina, além da recentemente autorizada importação dos Estados Unidos, deverão reduzir a pressão sobre a cotação do insumo no próximo ano.
Outro ponto de atenção do setor, o câmbio apresentou melhoras no terceiro trimestre, se aproximando, em determinados momentos, de R$ 3,50 por dólar – valor considerado ideal pelos exportadores de aves e de suínos.
Entretanto, outros fatores como escassez de crédito e juros elevados se mantiveram como um dos mais duros obstáculos para as agroindústrias avícolas e suinícolas.
Ao mesmo tempo, como consequência da soma dos fatores “crise econômica” e “alta dos insumos”, a produção de carne de frango em diversos polos produtores desacelerou fortemente em relação às previsões iniciais para o ano, que eram de 13,6 milhões de toneladas. O bom desempenho das exportações, contudo, reduziu os efeitos deste cenário.
Apesar de sofrer os mesmos impactos que os produtores de aves, a cadeia produtora de carne suína foi estimulada pela forte elevação das exportações, o que permitiu expandir a produção, mesmo com retração da oferta interna dos produtos.
Favorecido por seu preço nas gondolas do Brasil, o setor de ovos foi o menos impactado pela crise econômica, registrando apenas leves quedas na produção e no consumo per capita. Com as melhores condições de venda no mercado interno, as exportações do segmento apresentaram rendimento inferior ao alcançado em 2015.
Para o próximo ano, alguns fatores devem favorecer os negócios dos setores, tanto internamente, quanto no mercado internacional.
No mercado brasileiro, a possível recuperação econômica poderá influenciar os níveis de consumo das proteínas, melhorando a oferta interna e reestabelecendo patamares per capita semelhantes aos de 2015.
Para as vendas externas, o status sanitário do setor avícola brasileiro poderá ser determinante para o incremento dos negócios com os diversos mercados recentemente afetados por focos de Influenza Aviária. Outros países, que determinaram bloqueio comercial aos produtores afetados pela enfermidade, também poderão buscar no Brasil a complementação para o abastecimento de carne de frango. Vale lembrar que a avicultura brasileira é a única do mundo a nunca registrar focos da doença.
Além disto, o fim da suspensão da habilitação de determinadas plantas para o mercado da China deve incrementar os embarques. Também o chamado “efeito Trump” pode se manifestar nas vendas de aves para o México, que recentemente expandiu a cota de importação para a carne de frango do Brasil.
Já para as exportações de suínos, é esperada para o próximo ano a concretização da abertura do mercado da Coreia do Sul, um dos maiores importadores de carne suína do mundo. Também há boa expectativa quanto à habilitação de novas plantas para a China e a liberação da venda direta de carne suína do Brasil no varejo da África do Sul. O “efeito Trump” também pode viabilizar a abertura do mercado mexicano para os embarques de produtos suinícolas made in Brazil.
CARNE DE FRANGO
Conforme os cálculos da ABPA, a produção brasileira de carne de frango deverá atingir neste ano 12,9 milhões de toneladas, volume 1,8% inferior ao registrado em 2015, que foi de 13,1 milhões de toneladas. Falta de crédito, alta no preço dos insumos e crise econômica interna foram determinantes para esta queda.
A disponibilidade interna de carne de frango também deverá ser menor, totalizando 8,47 milhões de toneladas, dado 4% inferior às 8,84 milhões de toneladas disponibilizadas em 2015.
Com isto, o consumo per capita do Brasil também deverá encerrar o ano com retração. Estimado em 41,1 quilos por habitante, o índice de 2016 é 4,9% menor que o obtido em 2015, de 43,2 quilos per capita.
Já as exportações de carne de frango deverão seguir em ritmo diferente do mercado interno, encerrando o ano com elevação de 2% em relação à 2015, com total de 4,39 milhões de toneladas – n o ano passado, o volume total embarcado foi de 4,30 milhões de toneladas. Em receita cambial, os embarques deverão chegar a US$ 6,875 bilhões, resultado 4,1% inferior ao saldo total de 2015, que foi de US$ 7,169 bilhões.
Para 2017, a ABPA prevê uma elevação de 3% a 5% tanto na produção quanto nas exportações do setor.
Janeiro a novembro – As exportações de carne de frango totalizaram 4,022 milhões de toneladas nos nove primeiros meses do ano, desempenho 3% superior ao alcançado no mesmo período do ano passado, que foi 3,904 milhões de toneladas. Em novembro, as exportações chegaram a 328,2 mil toneladas, dado 15,6% inferior ao registrado no mesmo mês de 2015, com 388,7 mil toneladas.
Em receita cambial, houve retração de 4,44% no saldo acumulado do ano, com US$ 6,275 bilhões (frente a US$ 6,567 bilhões de 2015) e de 12,9% em novembro, US$ 528,2 milhões (US$ 606,4 milhões em 2015).
CARNE SUÍNA
Para o setor de suínos, as previsões traçadas pela ABPA indicam uma elevação de 2,4% na produção total do setor, que deverá chegar a 3,7 milhões de toneladas, contra 3,6 milhões de toneladas produzidas em 2015.
Já a oferta interna de carne suína retraiu em 3,5%, com um total de 2,9 milhões de toneladas em 2016 (no ano anterior, o volume era de 3,1 milhões de toneladas).
A diminuição da oferta impactou o consumo per capita anual em 4,9%, reduzindo de 15,2 quilos em 2015 para 14,4 quilos neste ano.
Impulsionando a produção de carne suína, as exportações devem encerrar este ano com elevação de 30%, alcançando 720 mil toneladas exportadas (em 2015 foram embarcadas 555 mil toneladas). Em receita, o setor deverá encerrar o ano com saldo de US$ 1,444 bilhão, 13% acima do desempenho de 2015, que foi de US$ 1,279 bilhão.
Para 2017, as previsões da ABPA indicam elevação de até 2% na produção e de até 5% nas exportações.
Janeiro a novembro – Os embarques entre janeiro e novembro apresentaram elevação de 34%, com 682 mil toneladas neste ano (contra 508,7 mil toneladas no ano anterior). Em novembro, foram exportadas 67,4 mil toneladas, volume que supera em 5,7% as 63,8 mil toneladas efetivadas no décimo primeiro mês de 2015.
Em receita cambial, foram registradas elevações de 14,84% entre janeiro e novembro, com US$ 1,374 bilhão (US$ 1,197 bilhão em 2015) e 26,1% apenas em novembro, com US$ 166,1 milhões (US$ 131,7 milhões em 2015).
OVOS
A produção brasileira de ovos deverá atingir neste ano 39,1 bilhões de unidades produzidas, número 0,8% inferior às 39,5 bilhões de unidades registradas em 2015.
Com a menor oferta, o consumo per capita de ovos deverá decrescer 0,7%, chegando a 190 unidades (contra 191 unidades de 2015).
Já as exportações do setor retraíram 45% em relação ao ano anterior, partindo de 18,7 mil toneladas em 2015 para 10,2 mil toneladas neste ano. Em receita, as vendas chegarão a US$ 14 milhões, saldo 40,8% inferior ao obtido no ano passado (US$ 23,6 milhões).
No próximo ano, o setor espera uma elevação de 2% na produção de ovos e de até 3% nas exportações.
Janeiro a novembro – As exportações de ovos entre janeiro e novembro chegaram a 9,799 mil toneladas, volume 41,7% inferior ao obtido no mesmo período do ano passado. Em novembro, a retração chega a 75,8%, com 542 toneladas.
Em receita, as exportações atingiram US$ 13,324 milhões entre janeiro e novembro (-37%) e US$ 825 mil apenas no décimo primeiro mês do ano (-69,6%).
Fonte: ABPA

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
