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Bovinos / Grãos / Máquinas

Novos inimigos nas lavouras

Fungo das podridões tem atacado plantações de soja no Paraná, levando produtores a roçarem parte da área plantada. Fenômeno que leva ao abortamento de vagens também tem preocupado agricultores

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Chegando perto do período em que a colheita finalmente começará no ano safra 2017/18 na região Oeste do Paraná, agricultores da região têm enfrentado um novo vilão nas lavouras: a antracnose. Apesar de o fungo Colletotrichum truncatum não ser desconhecido para agrônomos e técnicos da área agrícola, um produtor* do interior de Nova Santa Rosa precisou roçar uma área de seis alqueires que foi atingida pelo “fungo das podridões”. “Planto soja há cerca de 20 anos e nunca tinha visto nada parecido. Quando fomos roçar não havia uma única vagem na planta, estava tudo no chão”, relembra. O buraco em meio aos 22 alqueires de soja retrata a perda do custeio desta área plantada e do lucro que o agricultor  teria oriundo da soja que foi atingida pelo fungo – que não dá trégua. Um pouco mais à frente, em outra área cultivada por ele também no município, as plantas já dão os mesmos sinais de apodrecimento e abortamento das vagens na mesma variedade roçada há duas semanas.

Além do agricultor de Nova Santa Rosa, produtores de Palotina, Marechal Cândido Rondon, em localidades como Lira e Linha Ajuricaba, e na divisa entre Quatro Pontes com Novo Sarandi, também têm relatado grandes perdas de plantas por conta da ação do fungo. Entretanto, o engenheiro agrônomo Cristiano da Cunha explica que há outros pontos espalhados pela região em que as lavouras têm incidência menor, de 20% a 30% da área plantada. “Na soja é possível perceber nitidamente que o ataque do fungo Colletotrichum truncatum é na vagem. Ela apodrece e cai da planta”, ressalta.

Danos Diferentes

Entretanto, neste ano-safra há outra situação que está tirando o sono de agricultores: o abortamento das vagens. Cunha pontua que neste caso nem a lavoura nem plantas específicas apresentam sinais de doença e as perdas podem chegar a 100% da área. “A planta derruba totalmente as vagens ou acima de 90% e isso está relacionado a um distúrbio fisiológico da planta causado por algum fator do meio ambiente, como excesso de chuva ou falta de luminosidade, que causa esse distúrbio fisiológico natural da planta”, ressalta. Ele pontua que cada material genético corresponde de alguma maneira ao fator ambiente. “Em algumas áreas está ocorrendo de 30% a 50% de queda de vagens. Depende do material genético, da variedade que o agricultor plantou se comporta de forma diferente de uma lavoura para outra”, explicita.

O engenheiro agrônomo pontua que é importante diferenciar as duas situações porque, no caso do abortamento da vagem, não há sintoma de doença na planta. De um dia para o outro simplesmente a vagem amarela e cai. “Já na antracnose tem sintoma, que é o apodrecimento a olho nu com queda da vagem podre”, complementa Cunha.

Em nota técnica divulgada na última quinta-feira (25), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Soja) sinalizou que “de forma generalizada, tal abortamento e deficiente enchimento de grãos têm sido atribuídos ao clima (…) praticamente todas as áreas sojícolas da região Centro-Sul do Brasil permaneceram por vários dias sob chuva e sol encoberto. Porém, nestas mesmas regiões, são comuns as situações de um talhão de soja com problemas nas vagens e a poucos metros de distância, talhões adjacentes com estádios fenológicos semelhantes ao da área prejudicada apresentarem desenvolvimento normal e elevado potencial produtivo. Assim, apenas os fatores climáticos não são suficientes para explicar tal fenômeno/situação”.

O relatório enfatiza que o abortamento anormal de vagens ou o deficiente enchimento dos grãos são pontuais e de distribuição aleatória, com baixa representatividade perante o total de lavouras comerciais. Além disso, a Embrapa Soja estima que “não haverá redução significativa da produção de soja por abortamento e queda de vagens. O que se pode concluir é que não há técnicas que resolvam ou minimizem o problema já estabelecido”, diz a nota técnica.

De onde vem?

A antracnose, conforme salienta Cunha, é um fungo oportunista, ou seja, demanda de uma combinação de fatores para se desenvolver ou causar maior dano as lavouras – como muitas horas de planta molhada, por exemplo, além de alta temperatura. “Como estávamos tendo essa situação, principalmente as lavouras que tiveram crescimento exagerado somado ao fato de que a luminosidade não conseguia chegar às folhas, na parte debaixo das plantas, o fungo conseguiu se desenvolver”, resume.

Muitas vezes, em uma mesma lavoura a primeira linha de plantas não estava atingida pelo fungo enquanto que, no meio da plantação, o problema estava se alastrando, justamente pelo fato de a primeira linha receber ventilação e luminosidade para a secagem das folhas.

Cunha também aponta que o método de defesa da planta é fazer a derrubada da vagem. Naturalmente, a planta é programada para perpetuar a espécie e não para ter alta produtividade. “Se ela tiver que derrubar todas as vagens em detrimento de uma, ela fará isso para deixar uma semente viável para perpetuar sua espécie”, salienta o profissional, assinalando que, quando ocorrem estresses como o registrado neste ano-safra, normalmente a planta se comporta desta forma.

Manejo

De fácil identificação, a antracnose pode ser detectada a olho nu, entretanto, o controle é mais preventivo do que curativo. Quando a doença aparece, diz Cunha, é porque o produtor já falhou no controle. “Se atinge uma menor parte ainda há outra possibilidade que não roçar toda a área, porque a doença começa na parte debaixo da planta. Quando o agricultor vê sintoma no baixeiro da planta, é possível fazer as aplicações preventivas para curar ou prevenir toda a parte que está para cima”, considera.

Bem como pontuado pelo agrônomo, o agricultor de Nova Santa Rosa percebeu que a soja começou a ser atingida pelo fungo pela parte debaixo. “Acredito que, especialmente porque o plantio foi tardio, a soja cresceu muito, fechou, estava bem viçosa, mas o clima também estava bem fechado: bastante chuva e sem sol para permitir a fotossíntese”, avalia.

Quando notou a queda das vagens, o nova-santa-rosense chamou a assistência técnica para verificar e, após análise, a melhor solução seria a limpeza da área. Ele conta que há outros pontos em que a antracnose e o abortamento de vagens já estão aparecendo, em uma mesma variedade desta área que foi roçada. “Tem lugares que parece normal, outros pontos têm bastante vagem caída e outra área, que é um ciclo superprecoce, uma variedade que não se planta no começo de setembro, então foi plantada na época certa, que está se desenvolvendo bem”, conta o produtor, que emenda: “A nossa preocupação é sempre a ferrugem asiática e agora estamos sendo surpreendidos por esse problema. Estamos seguindo com o manejo nessas áreas, onde a doença ainda não está avançada. Daqueles seis alqueires, provavelmente o seguro deva cobrir, porque é uma área financiada, mas apenas o custeio. O que seria lucro foi perdido”, lamenta.

Cunha ressalta que, nos últimos anos-safra, algumas lavouras da região apresentaram antracnose, porém em porcentagens muito menores, de 1% a 2%, uma severidade normal. “O fungo está presente em nossa região, porém não em um índice tão alarmante quanto neste ano”, pontua.

Além da infecção e o desenvolvimento da doença favorecidos pelas altas umidade e temperatura, o espaçamento no momento do plantio também implica no aparecimento do fungo da podridão, pois tem relação com a aeração da planta. “Quando a planta está muita adensada, tanto planta por metro quanto na linha de plantio, há menor ventilação na lavoura e, consequentemente, a planta não seca, relacionado à questão da umidade”, constata.

O engenheiro agrônomo acredita que a antracnose deve diminuir a produtividade nas áreas atacadas. Já a qualidade pode ter impacto por conta de apodrecimento de grãos. “Pode-se considerar que nessas áreas com maior incidência do fungo, neste ano a antracnose é uma preocupação maior do que a ferrugem”, frisa.

Sementes salvas são risco

O uso de sementes infectadas pelo fungo também pode ser uma das causas para o aparecimento da antracnose. Cunha explica que, para sementes compradas no comércio, as que são fiscalizadas, o problema não ocorre. O que pode acontecer é quando o produtor salva a própria semente colhida em um período chuvoso e o fungo já estava começando a infectar esta semente. “O agricultor salva esta semente, armazena para plantar no próximo ano, mas ela já estava com o fungo, então este também é um agravante”, ressalta.

O profissional pontua que, por outro lado, a doença pode atingir qualquer variedade de sementes fiscalizadas, por isso a antracnose não tem relação com qualquer semente em específico, já que cultivares iguais plantadas no mesmo dia e recebendo a mesma adubação e manejo apresentam o fenômeno, enquanto outras resistiram e continuam normais.

Ferrugem asiática também preocupa

Muito além das duas novas preocupações aos sojicultores em relação a outros anos safra, a terceira situação que já é comum na lavoura é a ferrugem asiática. Conforme Cunha, o fungo Phakopsora pachyrhizi está em praticamente 100% das lavouras, em maior ou menor grau. “Quem conseguiu fazer as aplicações preventivas com produtos eficientes para controlar a ferrugem, a lavoura está muito melhor, mas aqueles que não conseguiram entrar em função da chuva, deixaram de fazer as aplicações ou ainda utilizaram produtos com eficiência mais baixa, estão com mais problemas”, define.

Apesar de áreas com o ataque severo do fungo, há pontos em que a formação do grão já está bastante adiantada, em torno de 80% a 90% do grão pronto. Por isso, o agricultor pode ter apenas 10% de perdas, já que quando a ferrugem terminar de desfolhar a planta a soja já estará pronta para ser colhida. “Entretanto, nas lavouras mais atrasadas o agricultor deve continuar com as aplicações de fungicidas e inseticidas para evitar prejuízos”, conclui Cunha.

*A identidade foi preservada a pedido da fonte.

Fonte: O Presente

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Indústria gaúcha de leite tem retração de quase 4% nas vendas 

Comercializações internas foram as que mais sofreram, caindo mais de R$ 350 milhões. 

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A indústria gaúcha de leite apresentou retração de quase 4% nas vendas no acumulado de 12 meses, de março de 2023 a fevereiro de 2024 contra março de 2022 a fevereiro de 2023. Os dados da Receita Estadual apontam que o volume somado baixou para R$16,61 bilhões. As comercializações internas foram as que mais sofreram, caindo mais de R$ 350 milhões.

No caso do leite em pó, mais de 55% do que foi demandado dentro do Rio Grande do Sul veio de importações. “Com a entrada em vigor do decreto do Governo, que limita a utilização de benefícios fiscais por quem compra o insumo fora, o Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS) acredita que as empresas de reprocessamento (chocolates, sorvetes e biscoitos) voltem a consumir da indústria gaúcha, fortalecendo também os produtores”, destacou Alexandre dos Santos, segundo vice-presidente do Sindilat/RS.

A apuração indica na quarta sondagem, que a compra de embalagens segue liderando quando se trata da entrada de insumos. “Isso reflete a importância para o setor lácteo da manutenção dos incentivos de equiparação fiscal, como o do FAF, sem os quais será inviável manter a competitividade no mercado, já que mais de 60% do leite processado é consumido fora RS ao passo que diversos insumos precisam ser comprados de fora, pois não são produzidos aqui”, acrescenta Darlan Palharini, secretário-executivo do Sindilat/RS, ao reafirmar opção pela revisão da alíquota de ICMS à retirada das equiparações fiscais existentes com outros estados produtores.

Fonte: Assessoria Sindilat/RS
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Capacitação em manejo ambiental da atividade leiteira auxilia produtores e técnicos na gestão dos recursos naturais e resíduos

Oportunidade busca levar a produtores, agentes de assistência técnica e extensão rural, profissionais agropecuários e estudantes conceitos básicos de como manejar os recursos naturais e os resíduos da atividade leiteira.

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Curso on-line de manejo ambiental visa melhorar a gestão da atividade leiteira no Brasil - Foto: Juliana Sussai

O curso on-line “Conceitos básicos em manejo ambiental da propriedade leiteira” está disponível no e-Campo, plataforma de capacitações à distância da Embrapa. O treinamento é gratuito e tem duração de oito horas.

A oportunidade busca levar a produtores, agentes de assistência técnica e extensão rural, profissionais agropecuários e estudantes conceitos básicos de como manejar os recursos naturais e os resíduos da atividade leiteira. Os conhecimentos vão facilitar a adequação da propriedade em relação às regulamentações das agências ambientais, além de garantir segurança ambiental à atividade.

O responsável pelo curso é o pesquisador Julio Palhares, da Embrapa Pecuária Sudeste, especialista nessa área. Para ele, os módulos, de fácil compreensão, vão contribuir para os participantes aplicarem os princípios na rotina da fazenda e melhorar o manejo da água e dos resíduos nos sistemas de produção de leite. “Ainda há uma defasagem de conhecimento dos conceitos e práticas sobre manejo ambiental da atividade leiteira. O curso contribui para redução desta defasagem, possibilitando o aprendizado dinâmico e de forma aplicável à realidade”, destaca.

Ainda em 2024, devem ser lançadas mais duas capacitações relacionadas aos temas manejo da água e sistemas de tratamento de resíduos e seu uso como fertilizante.

O curso colabora para o avanço de metas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Agenda 2030. A meta 2 refere-se à promoção da agricultura sustentável de produção de alimentos, com práticas agropecuárias resilientes, manutenção dos ecossistemas, fortalecimento da capacidade de adaptação às mudanças climáticas, às condições meteorológicas extremas, secas, etc. A meta 12, ao consumo e produção responsáveis, principalmente em relação à gestão sustentável e o uso eficiente dos recursos naturais (água), como propõe o curso.

Para mais informações, interessados podem entrar em contato via e-mail e-campo.pecuaria-sudeste@embrapa.br.

Fonte: Assessoria Embrapa Pecuária Sudeste
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Pesquisadores avaliam se microrganismos podem reduzir emissão de metano de bovinos

Avaliação já indicou que a abundância de alguns microrganismos é diferente em touros com altas e baixas taxas de emissões. Já no que diz respeito ao consumo alimentar, foram identificados tanto organismos associados  à ineficiência alimentar quanto à maior eficiência.

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Foto: Gisele Rosso

Em um ano em que as ondas de calor continuam severas, as pessoas tendem a refletir um pouco mais sobre as consequências das alterações do clima. A ciência tem feito a sua parte. Boa parte das pesquisas da Embrapa Pecuária Sudeste, localizada em São Carlos (SP) tem foco em sistemas sustentáveis de produção, ou seja, busca obter carne e leite com menor emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) para reduzir o impacto da atividade agropecuária.

Entre diversos estudos e tecnologias do centro de pesquisa, um deles avalia a contribuição de bactérias e microrganismos na emissão de metano de bovinos e na eficiência alimentar desses animais por meio da hologenômica, o estudo simultâneo dos genomas do hospedeiro e dos microrganismos.

Coordenado pela pesquisadora Luciana Regitano, o estudo, que envolve instituições do Brasil e do exterior, testou se os componentes do microbioma ruminal e fecal dos animais poderiam ser usados ​​como biomarcadores. Segundo Luciana, os cientistas querem saber se, usando a informação sobre o tipo de microrganismos abrigado pelo animal, é possível melhorar seu perfil de eficiência alimentar e emissão.

A avaliação já indicou que a abundância de alguns microrganismos é diferente em touros com altas e baixas taxas de emissões. Já no que diz respeito ao consumo alimentar, foram identificados tanto organismos associados  à ineficiência alimentar quanto à maior eficiência.

Essa pesquisa, que contou com apoio da Fapesp por meio do Projeto Temático “O  hologenoma de Nelore: implicações na qualidade de carne e em eficiência alimentar”, deve ser concluída no final deste ano. Para saber mais, veja um dos trabalhos aqui .

Hologenômica

Interessados nesse tema terão a oportunidade de participar de um curso de curta duração Análise de Dados Hologenômicos para Agricultura. O curso ocorre presencialmente de 29 de julho a 09 de agosto de 2024, em São Carlos (SP). As inscrições para seleção de candidatos estão abertas no site do evento até o dia 30 de março. Quarenta candidatos, 20 do Brasil e 20 do exterior, serão selecionados e terão custeio total de suas despesas pela Fapesp. Para inscrição, acesse aqui.

A iniciativa propõe uma visão interdisciplinar da hologenômica e de como avaliar e integrar dados de diferentes técnicas ômicas (genômica, metagenômica, epigenômica, transcriptômica, etc.). Além disso, vai discutir como essas ferramentas podem melhorar o desenvolvimento de novas tecnologias agrícolas.

Fonte: Assessoria Embrapa Pecuária Sudeste
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