Bovinos / Grãos / Máquinas Saúde Animal
Novos enfoques na mastite bovina
Nas mastites a prevenção é muito mais barata do que o tratamento emergencial

Artigo escrito por Rodrigo Garcia Motta, médico veterinário, PhD e analista técnico da Noxon Saúde Animal
A mastite – definida classicamente como a inflamação da mama – é a doença que mais prejuízos causa na criação de animais destinados à produção de leite. Os processos infecciosos da glândula são determinados por microrganismos de origem bacteriana e, secundariamente, por fungos, algas e vírus, muitos dos quais com potencial zoonótico. Os prejuízos com a mastite bovina incluem a redução na produção de leite, perda da glândula, descarte prematuro de fêmeas com elevado valor zootécnico, óbito ocasional de animais, manejo extra no rebanho, gastos com honorários veterinários e aquisição de medicamentos, descarte de leite com resíduos de antimicrobianos e possíveis prejuízos em lactações futuras, em razão de perda de área funcional do tecido mamário.
A crescente demanda global por leite e derivados lácteos com qualidade tem motivado o aumento do tamanho dos rebanhos bovinos, com elevação das médias diárias de produção por animal e paralelamente, faz-se necessário o incremento no número de novilhas para reposição. Diferentes autores enfatizam que o potencial futuro de produção leiteira em bovinos será expresso de maneira satisfatória caso não ocorram transtornos graves na glândula no período de novilhas (fêmeas bovinas que nunca pariram). Com efeito, a implementação de um plano de metas para controle e profilaxia da mastite em novilhas pode refletir na vida produtiva da fêmea e em maior rentabilidade para toda cadeia produtiva de lácteos.
Convencionalmente, a mastite em animais é subdividida em clínica e subclínica baseada na gravidade e exteriorização do processo inflamatório. A mastite clínica ou ambiental caracteriza-se por alterações visíveis no leite, na glândula e/ou sistêmicas. Nestes casos, a mama pode apresentar sinais de edema, dor, calor, rubor e perda momentânea da função, além de alterações visíveis no leite (formação de grumos, presença de pus, dessora, coágulos e sangue). Ocasionalmente, os animais podem apresentar sinais sistêmicos secundários à mastite, como febre, taquicardia, dificuldade respiratória, diminuição dos movimentos ruminais e inapetência. Na forma subclínica, ou infecciosa, somente se observa à redução na produção de leite e aumento na Contagem de Células Somáticas (CCS). Nestes animais, o diagnóstico somente é obtido utilizando métodos que possibilitem a detecção de alterações na composição e nos constituintes celulares do leite ou a presença de patógenos.
A mastite em novilhas caracteriza-se pela maior ocorrência de casos clínicos nos primeiros dias pós-parto. Ao contrário, nas vacas, a mastite clínica pode ser observada ao longo de toda a lactação dependendo do agente causal envolvido. Além disso, constata-se marcante diferença na etiologia da mastite entre essas categorias de animais, pois Streptococcus uberis, Staphylococcus coagulase negativos e Trueperella pyogenes são mais frequentes nas infecções mamárias em novilhas, enquanto os estafilococos coagulase positivos (S. aureus) e Streptococcus agalactiae são frequentemente isolados na mastite em vacas. No entanto, estudos recentes identificaram também S. aureus no terço médio e final da lactação em primíparas. Essas diferenças no perfil da etiologia provavelmente ocorrem em razão de peculiaridades fisiológicas das novilhas em comparação com as vacas com várias lactações, ou após mastites crônicas nessa última categoria animal.
Em virtude do maior número de casos subclínicos, comparado aos casos clínicos, o diagnóstico da mastite bovina baseia-se principalmente em testes indiretos que dependem, fundamentalmente, da elevação dos leucócitos ou alterações na composição do leite. À luz do conhecimento atual, parece prático ou pelo menos razoável também definir a mastite bovina como uma doença caracterizada pelo aumento do número de leucócitos e células epiteliais de descamação (CCS) e presença de microrganismos no leite das glândulas acometidas.
Entre as infecções mamárias em vacas, a mastite subclínica crônica por estafilococos é uma das afecções mais preocupantes e frequentes que acometem animais de produção leiteira em todo mundo.
Controle
A diminuição da duração das infecções intramamárias tem sido objeto de estudo dos programas de controle de qualidade do leite em todo mundo, meta que pode ser atingida com ações específicas de profilaxia e controle direcionadas a agentes contagiosos, como estafilococos, incluindo avanços na terapia da vaca seca, novos produtos para o pós-dipping, vacinação e no tratamento de casos específicos de mastite subclínica durante a lactação com o uso de antimicrobianos por período estendido.
Os estafilococos, particularmente S. aureus, causam infecções de longa duração, com tendência a cronicidade, alta celularidade, com baixas taxas de cura e grande perda na produção de leite. Na mastite bovina, por estafilococos, vários fatores podem interferir na cura bacteriológica com o uso de antimicrobianos, incluindo o estágio de ocorrência da infecção, a presença intracelular da bactéria, a virulência do isolado, a formação de microabscessos e a baixa resposta imune dos animais.
A dificuldade de tratamento das mastites estafilocócicas, somadas a alta ocorrência deste grupo de agentes na mastite bovina, a multirresistência aos antimicrobianos convencionais, o grande número de fatores de virulência e mecanismos de evasão do sistema imune do patógeno, têm motivado programas de descarte precoce de fêmeas bovinas portadoras de mastite por S. aureus, que geram grande impacto negativo nos rebanhos.
Nas mastites a prevenção é muito mais barata do que o tratamento emergencial. Dessa forma, manejos simples, como a correta secagem das vacas, o uso de antimicrobianos preventivos e o selante têm custo 10 vezes inferior quando comparado ao tratamento de uma vaca com mastite clínica em lactação.
O controle da mastite na propriedade leiteira deve ter como princípios básicos: a limpeza e a higienização das instalações, utensílios e equipamentos, higiene pessoal do ordenhador, realização dos testes da caneca de fundo escuro, Califórnia Mastitis Test (CMT), contagem de células somáticas (CCS) e testes microbiológicos.
O tratamento das mastites deve ser feito como parte de um “programa de controle”, com o objetivo de prevenir a mortalidade nos casos agudos, o retorno à composição e produção normal do leite, a eliminação de fontes de infecção e a prevenção de novas infecções no período seco.
Alguns critérios são essenciais para diminuir os casos de mastite clínica, como pré-dipping; pós-dipping; terapia da vaca seca; tratamento da mastite durante a lactação e estratégias de descarte; manutenção adequada dos sistemas de ordenha e estratégias de aumento da resistência da vaca. No pré-dipping, deve-se fazer a imersão dos tetos em solução desinfetante antes da ordenha, usando uma solução eficaz, na diluição certa e que não seja irritante para a pele. Deve ser eficaz contra as bactérias e atuar preferencialmente até a próxima ordenha.
Consulte sempre o médico-veterinário e siga corretamente as orientações descritas nas bulas dos produtos. Atente-se para as novas exigências de qualidade do leite no Brasil, que são balizadas pelas Instruções Normativas 76 e 77 do Mapa.
Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de junho/julho de 2019 ou online.

Bovinos / Grãos / Máquinas
Brasil avança em norma que libera exportação de subprodutos de bovinos e bubalinos
Proposta moderniza regras sanitárias e permite que empresas do Sisbi-Poa destinem materiais sem demanda interna a plantas com inspeção federal para exportação.

O Brasil deu um passo importante para ampliar o aproveitamento de subprodutos de bovinos e bubalinos destinados ao mercado internacional. O Projeto de Lei 4314/2016, de autoria do ex-deputado Jerônimo Goergen (RS), moderniza regras sanitárias e autoriza que empresas integrantes do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-Poa) destinem ao exterior materiais que não têm demanda alimentar no mercado interno, desde que o envio seja feito por estabelecimentos com fiscalização federal.
A proposta, aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara, na terça-feira (18), recebeu ajustes de redação e correções técnicas apresentadas pelo relator, deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB).
Ele destacou que versões anteriores do texto acumulavam vícios materiais e erros de referência à Lei 1.283/1950, que regula a inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal no país, o que comprometia a clareza normativa e poderia gerar insegurança jurídica.
Adequação técnica e segurança jurídica

Deputado Cabo Gilberto Silva: “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas” – Foto: Divulgação/FPA
Cabo Gilberto apontou que substitutivos anteriores citavam equivocadamente o artigo 11 da Lei 1.283/1950, quando a referência correta deveria ser o artigo 12, que trata diretamente das condições de inspeção sanitária. Para o relator, manter o erro poderia abrir brechas interpretativas. “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas”, afirmou.
Ele também corrigiu dispositivos que, segundo sua avaliação, extrapolavam a competência do Parlamento ao abordarem temas típicos de regulamentação pelo Poder Executivo. “Alguns trechos invadiam competências próprias do Poder Executivo. Ajustamos essas inconsistências para preservar a constitucionalidade e a técnica legislativa”, explicou.
Exportação via estabelecimentos com inspeção federal
Com essas correções, o texto final deixa claro que estabelecimentos estaduais ou municipais integrados ao Sisbi-Poa poderão destinar subprodutos sem demanda local a plantas industriais com inspeção federal, habilitadas pelo Ministério da Agricultura para exportação.
A medida atende mercados externos que utilizam esses materiais em diversas aplicações industriais e contribui para ampliar o aproveitamento de resíduos do abate, fortalecer a cadeia produtiva e garantir conformidade sanitária nas operações internacionais.
Avanço regulatório
Para o deputado Cabo Gilberto, a atualização moderniza a legislação e posiciona o Brasil para aproveitar melhor oportunidades no comércio global. “A atualização aperfeiçoa a legislação, reforça o papel do Sisbi-Poa e contribui para que o país aproveite oportunidades no mercado internacional sem comprometer a fiscalização sanitária”, destacou o relator.
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Aliança Láctea debate crise do leite e traça estratégias para fortalecer o setor no Sul e Sudeste
Encontro em Florianópolis reuniu lideranças de vários estados para discutir competitividade, exportações, antidumping e ações conjuntas para reverter a crise da cadeia produtiva.

Os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor foram destaques na reunião da Aliança Láctea Sul Brasileira (ALSB), realizada na terça-feira (18), na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis. O evento, realizado de forma híbrida, reuniu lideranças das federações de agricultura, representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, bem como de governos estaduais e entidades dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo, para discutir temas estratégicos para o futuro da cadeia produtiva do leite.
A abertura do evento reforçou a importância da atuação conjunta para a construção de políticas públicas que assegurem competitividade, sustentabilidade e crescimento para o segmento. Durante sua explanação, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo, expressou a satisfação em sediar o encontro e expôs a preocupação com essa grave crise que afeta diretamente a economia rural e a sobrevivência de mais de milhares de famílias produtoras.

Registro das lideranças que participaram da reunião de forma presencial – Foto: Enzo Santiago
O dirigente lembrou da audiência pública, recém-realizada pela Alesc, para discutir a atual situação da cadeia produtiva. “A Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado estadual Altair Silva, promoveu essa audiência pública que oportunizou discussões relevantes sobre o tema. Representamos a Federação da Agricultura do nosso estado e, para nossa surpresa, a mobilização foi tão significativa que contou com mais de 700 pessoas. O evento resultou na criação de uma comissão que trabalhará estrategicamente junto ao governo federal e ao governo catarinense nas sugestões indicadas”.
Pedrozo também ressaltou que em janeiro deste ano levou à CNA, a preocupação com a queda constante no preço pago aos produtores. “A CNA imediatamente solicitou a aplicação de um antidumping provisório, pedindo a verificação dos preços do leite em pó importado da Argentina e do Uruguai”, afirmou.
As atividades seguiram com explanação do presidente da ALSB, Rodrigo Ramos Rizzo, que destacou a importância estratégica da reunião e mediou os debates. Entre os destaques da programação esteve a apresentação do Modelo de Negócios para exportação de lácteos, que focou nas oportunidades para ampliar a presença brasileira no mercado internacional e tornar a cadeia mais competitiva. A explanação foi conduzida pelo consultor Airton Spies e o objetivo é entregar a proposta ao CODESUL e ao BRDE.
“O documento foi elaborado pelo Grupo de Trabalho da Aliança está finalizado. Agora, estamos formatando para entregar de uma maneira formal ao CODESUL no mês de dezembro, com as adequações que cada uma das entidades julgar necessário”, afirmou Rodrigo Rizzo.
Outro item da pauta foi a apresentação do “Termo de Prorrogação” da ALSB, conduzida por Orlando Pessuti, representando o CODESUL. A Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, representada por José Carlos de Faria Cardoso Junior, ampliou o diálogo da ALSB com outros Estados interessados em participar e fortalecer a Aliança Láctea Sul Brasileira.
Também ganhou ênfase a apresentação do presidente da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Caio Viana, e sua equipe que relataram o case sobre o status sanitário do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT) da cooperativa. O encontro abordou, ainda, a definição da direção da ALSB para o período 2026–2027, que ficará sob responsabilidade da Faep, e abriu espaço para contribuições gerais dos participantes, que ampliaram o diálogo para fortalecer a cadeia produtiva.
Encontro produtivo para o futuro do setor
Rodrigo Rizzo fez uma avaliação positiva da reunião, destacando que foi produtiva ao trazer diversos itens de pauta que refletem o cenário atual do setor. Segundo ele, um dos temas de impacto foi a questão da brucelose e da tuberculose, apontada como uma melhoria ainda necessária para aprimorar todo o processo e fortalecer o acesso ao mercado internacional.
Na visão de Rizzo, a união das entidades tem sido fundamental, especialmente para enfrentar a ação antidumping movida pela CNA, relacionada ao leite em pó importado, principalmente do Uruguai e da Argentina, que tem prejudicado o setor. “Esse produto tem entrado no país e afetado tanto as indústrias, que perdem competitividade, quanto os produtores, que enfrentam a queda nos preços”, destacou.

Reunião discutiu os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor – Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação
O presidente da Aliança Láctea frisou, ainda, que é importante seguir atento ao monitoramento que que vem sendo realizado em relação à ação antidumping movido pela CNA. “Também discutimos sobre as exportações e competitividade. Somos competitivos em praticamente todos os aspectos. Temos alta qualidade e excelência na produção do nosso leite. O único ponto que ainda precisamos melhorar é o preço. O Brasil ainda não é competitivo nesse quesito. Isso depende de tempo e de um trabalho interno que precisa ser realizado.”, ressaltou.
O presidente Pedrozo também avaliou positivamente o encontro. Em sua mensagem final, reforçou o papel da Aliança Láctea Sul-Brasileira como um fórum essencial para a articulação institucional, debate técnico e construção de estratégias conjuntas capazes de contribuir para a superação da crise enfrentada pelo setor e para impulsionar o desenvolvimento da cadeia láctea. “Agradeço a participação de todos e espero que esse encontro represente mais um passo para a busca por soluções que fortaleçam o setor, promovendo o crescimento não apenas nos Estados envolvidos, mas em todo o Brasil. “
Representação
Também participaram e contribuíram com suas que contribuíram com análises e encaminhamentos essenciais para o fortalecimento da cadeia láctea, as seguintes autoridades e representantes de entidades: o presidente do Sindileite/SC e Conseleite/SC, Selvino Giesel; o secretário adjunto da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Admir Edi Dalla Cort; o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias; o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi; o presidente do Sindileite/PR, Elias José Zydek; o presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portela; o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni; representantes da Farsul e da Faep; o secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Marcio Fernando Nunes; o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Elias Verruck; o presidente do SILEMS, Abraão Giuseppe Beluzi; representantes da secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, da Secretaria de Articulação Nacional, representantes do Sindilat, do Sebrae/RS; Conseleite/RS; do Codesul/PR, da Epagri, da Cidasc; entre outros.
Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária no Pampa
Produtores da Campanha conhecem tecnologias para bovinos e gestão do clima
Tarde de Campo em Hulha Negra apresentou ferramentas de rastreabilidade, controle de pragas, nutrição animal e agrometeorologia aplicada ao campo.

Produtores da região da Campanha gaúcha tiveram a oportunidade de conhecer, na terça-feira (18), tecnologias aplicadas à pecuária de corte durante a Tarde de Campo organizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA). O evento ocorreu no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (Cesimet).
O foco da atividade foram pesquisas e ferramentas práticas para manejo de bovinos, nutrição, controle de carrapatos, identificação biométrica e agrometeorologia, voltadas especialmente para produtores da região.
Segundo Gabriel Fiori, médico-veterinário do Cesimet e coordenador do evento, o objetivo é integrar pesquisa aplicada e necessidade do produtor. “Estamos apresentando uma seleção de experimentos e resultados-chave desenvolvidos pela Secretaria, após um longo período de interrupção desse tipo de atividade. Este momento simboliza a revitalização do Centro. As tecnologias e ferramentas demonstradas são direcionadas especialmente aos produtores da Campanha”, afirmou.

Fiori reforçou o papel estratégico do Cesimet para a região. “A força da pesquisa aplicada e da inovação está no coração do Pampa. Mais do que um centro de pesquisa, somos um espaço que integra produtores e poder público. Não é apenas um evento técnico, mas um ambiente de troca e construção de conhecimento conectado às tendências atuais”, completou.
Márcio Amaral, diretor-geral da Seapi, destacou a importância de conciliar produtividade e sustentabilidade. “O desafio é trabalhar em uma atividade que precisa aumentar a produtividade sem descuidar da questão ambiental. A pecuária está retomando força na região, e integrar lavoura e pecuária é o caminho ideal”, disse.
Agrometeorologia e planejamento do produtor
Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), apresentou dados em tempo real de 102 estações meteorológicas no Estado. O sistema permite ao produtor acessar informações sobre irrigação, umidade do solo e temperatura, tanto pelo site quanto pelo aplicativo gratuito. “Hoje contamos com previsão do tempo e dados agroclimáticos integrados. O produtor gaúcho tem, na tela do celular, informações essenciais para planejar suas atividades”, explicou Varone.
Geovanna Klassen Gielow, estudante de Agronomia da Urcamp, avaliou o aprendizado. “A palestra sobre clima agrometeorológico foi essencial para ver na prática a aplicação do que aprendemos na sala de aula”, comentou.
Rastreabilidade e sanidade animal
O controle de carrapatos foi apresentado pelo pesquisador José Reck Junior, do IPVDF/Seapi. O Rio Grande do Sul mantém testes gratuitos há 40 anos para avaliar a eficácia de carrapaticidas, um diferencial do Estado. “As condições climáticas da região favorecem a proliferação do carrapato durante grande parte do ano, e a resistência aos produtos usados no campo é um desafio constante”, disse.
A identificação biométrica de bovinos foi demonstrada pelo CEO da QR Cattle, Flávio Mallmann. A tecnologia permite rastrear cada animal, registrar sua localização georreferenciada e o tempo de permanência em cada propriedade. “Quando o animal se desloca, o sistema registra automaticamente essa mudança. A plataforma deve estar disponível ao público a partir de janeiro de 2026”, afirmou.
Além disso, o evento abordou nutrição e reprodução de bovinos, reforçando a integração entre pesquisa aplicada e necessidade produtiva da região.



