Avicultura
Novos conceitos: Consumidor quer saber qual o impacto ambiental de cada frango
Preocupação com questões ambientais e sociais são referência para que consumidor adquira um produto ou não; toda cadeia produtiva deve estar envolvida para atender essa nova demanda
Com o conhecido crescimento populacional a demanda por alimentos também aumentou. E não somente isso, agora, com a ascensão de muitas pessoas em qualidade de vida e renda, a necessidade de produtos não somente em quantidade, mas também em mais confiável qualidade é uma realidade atual. Com isso, há consequentemente o aumento da procura e consumo de carnes. Mas, o que os produtores destes alimentos devem se preocupar agora também não é somente em produzir, mas em produzir com qualidade e pensando no que o consumidor final busca e quer: um produto sustentável. O professor da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Claudio Ruviaro, falou sobre o tema durante a Conferência Facta, que aconteceu em maio em Campinas, SP.
De acordo com Ruviaro, o consumo da carne de frango teve um crescimento de 13% nos últimos anos, e isso é bom para o setor, porém, a questão de o Brasil ser o maior exportador e segundo maior produtor da iguaria traz consequências. “Somos bons na produção da carne de frango, e isso nos coloca em uma vitrine. Com isso, podemos causar efeitos: sermos bem ou mal vistos, causar inveja, alguma coisa acontece”, diz. Ele comenta que neste aspecto, o país tem duas questões com que se preocupar: como é uma vitrine está sendo observado e assim sofre pressões do mercado internacional, e principalmente tem grande representatividade no setor. “Dessa forma, temos que nos preocupar com questões sanitárias, econômicas, ambientais e sociais que envolvem a cadeia da produção de carne de frango de corte”, destaca.
Entre as questões que o consumidor, principalmente internacional, vem se preocupando e quer saber é em relação às condições de trabalho das pessoas envolvidas na cadeia – se há trabalho escravo ou infantil -, como os produtos estão sendo produzidos, entre outros. Nas questões ambientais há a preocupação se há desmatamento de florestas, quanto está sendo usado de produtos químicos, como está sendo a produção de grãos para a alimentação destes animais, entre outras questões que a cadeia como um todo deve começar a se preocupar também, alerta o especialista. “O mercado internacional nos observa quanto a estas questões e está nos avaliando quanto a isso”, diz.
Ruviaro destaca que o consumidor está preocupado com as questões ambientais da produção. “Quais são os impactos ambientais que existem na produção desse produto?”, indaga o pesquisador. Segundo ele, é isso que o consumidor final vem perguntando no momento da compra dos alimentos. “O consumidor quer saber se quem produz este alimento usa alguma classificação ou conceito, se usa a Pegada de Carbono”, diz. E é esta classificação que o consumidor final vem olhando no momento da compra. “Em um iogurte, por exemplo, o consumidor tem à disposição diversas marcas, e cada uma das marcas tem no rótulo qual foi o impacto ambiental para produzir esse produto. Dessa forma, ele escolhe aquele que menos impacta no meio ambiente”, conta.
Para o pesquisador é importante observar que o mercado está sinalizando as exigências que vai fazer quanto a produtos que respeitem o meio ambiente. “As pessoas estão dispostas a pagar mais por estes produtos”, afirma. Ruviaro diz que é importante demonstrar que se produz de forma sustentável, e não somente falar. “Precisamos mostrar ao consumidor que estamos produzindo de forma consciente, que somos responsáveis e que respeitamos as questões sociais e ambientais”, comenta.
De acordo com ele, há ferramentas que permitem fazer um inventário ao longo da cadeia com detalhes com todos os insumos e detalhes que foram utilizados na produção daquele frango, como a matéria prima, o transporte, recursos e insumos utilizados, como foi feita a utilização do ar, água e solo. “São várias categorias de impacto ambiental. Através deste inventário eu consigo identificar no final quanto o frango impacta no meio ambiente. Dependendo do sistema, vou ter diferentes valores por aquilo que o frango faz em impactos ambientais”, afirma. Ruviaro explica que, com estes sistemas, é possível ver todas as entradas e saídas. “Eu também posso avaliar somente parte da cadeia. Analisar somente a fábrica de ração ou a cadeia completa. Posso fazer recortes do segmento e ver qual deles mais impacta o meio ambiente, e assim identificar onde posso minimizar os impactos e otimizar o processo”, conta.
Segundo estudos apresentados pelo pesquisador, o maior impacto está na produção de milho e soja. “Em qualquer sistema de produção o maior impacto ambiental está sempre na fase de produção dos alimentos, ou seja, isso nos mostra onde temos que atuar para minimizar os impactos”, afirma. Ele destaca ainda que a indústria pode pensar que não precisa se preocupar com esta questão, mas, de acordo com ele, isso é uma preocupação de todos os envolvidos na cadeia. “O consumidor está preocupado em saber de onde vem o frango que está comendo, qual o impacto ambiental que ele gera”, diz. Dessa forma, a empresa também é responsável por estes resultados. “Está ligado com fornecedores que podem fazer ações conjuntas para tentar minimizar impactos ao meio ambiente”, afirma.
Desafios
De acordo com Ruviaro, os envolvidos na cadeia avícola terão alguns desafios pela frente para atender esta demanda. “O produtor terá que saber a Pegada de Carbono e a Pegada Hídrica, além de quais tecnologias adotar para saber quais os valores dos impactos ambientais. Vai dar mais valor ao produto avaliar exatamente qual o impacto ambiental dele. Significa que se pretendemos continuar vendendo para outros países ou entrar em novos mercados, em breve precisaremos começar a ter isso nos nossos produtos”, afirma.
O pesquisador ainda destaca que é preciso que o Brasil se prepare para quando o mercado externo passar a exigir este tipo de certificação nos alimentos. Ruviaro informa que a ideia do mercado é fazer uma taxação diferenciada por produto. “É uma taxa diferente por impacto ambiental por produto. Dependendo de quanto for o impacto vai ter uma taxa que poderá começar a ser cobrada por países da União Europeia e outros países que estão com esta mesma linha de raciocínio”, explica. De acordo com ele, estas são novas barreiras que são criadas com o tempo para poder fazer a negociação.
Ruviaro indaga então o que o Brasil pode fazer sobre este fato, e de acordo com ele, o fato de vender frango exige muito mais que criar animais. “O consumidor quer saber onde foram produzidos os grãos para a alimentação, se houve a utilização de agrotóxicos, se é produção orgânica, se é um produto geneticamente modificado; são informações que devem haver. Ele quer ainda saber quais as condições de trabalho das pessoas envolvidas nisso, quantas árvores foram derrubadas para isso, qual a quantidade de água utilizada. São questões importantes no momento da negociação”, destaca. Ele acrescenta que estas são questões que começarão a ser feitas e é função da universidade, do pesquisador responder a estas questões antes de acontecerem. “Nós precisamos ter as respostas para quando estas perguntas começarem a chegar”, diz.
Mais informações você encontra na edição de Aves de junho/julho de 2017 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
