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Novo Zarc Soja será apresentado nesta quarta-feira pela Embrapa
Os novos parâmetros e fatores de risco foram ajustados e considerados, associando questões hídricas e térmicas.
O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a cultura da soja, em 2023, estará pautado em uma metodologia baseada em parâmetros mais abrangentes, quanto à caracterização de classes de água disponível no solo. A novidade será apresentada na comemoração de aniversário dos 50 anos da Embrapa, nesta quarta-feira (26).
“Esperamos que essa atualização na metodologia do Zarc aumente a qualidade das informações disponíveis para subsidiar a gestão de riscos e o planejamento da produção de soja”, destaca pesquisador José Renato Bouças Farias, da Embrapa Soja.
Os novos parâmetros e fatores de risco foram ajustados e considerados, associando questões hídricas e térmicas. A publicação das portarias que atualizam o Zarc para a cultura da soja no Brasil será publicada, em breve, pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
De acordo com Farias, desde 1996, o Zarc Soja vem utilizando uma classificação com três tipos de solo, estabelecidos basicamente pelo teor de argila, para estimar a água disponível. A partir de 2023, a nova metodologia passará a adotar seis classes de água disponível (AD), definidas com base na composição textural dos solos.
Portanto, a estimativa será customizada para o solo de cada área de produção, a partir dos teores de silte, areia e argila, através do uso de uma equação, definida pela Embrapa Solo (função de pedotransferência), e ajustada para os distintos solos brasileiros. “Essas mudanças no Zarc irão ampliar o escopo de avaliação da realidade dos sistemas produtivos brasileiros, melhor expressando os riscos associados à produção de soja”, explica Farias. “Nosso objetivo é minimizar os riscos e possibilitar maior estabilidade da produção e de renda para o sojicultor, o que é estratégico para a manutenção da capacidade produtiva brasileira”, explica o pesquisador.
Farias afirma que o Zarc Soja – 06 ADs, que contempla seis classes de água disponível (AD) no solo, foi estruturado também para incorporar – nas próximas atualizações – o efeito de diferentes níveis de manejo do solo. Estratégia que vem sendo mensurada pela Rede Zarc de Pesquisa da Embrapa.
A elaboração do Zarc Soja – 06 ADs é resultado de uma parceria técnico-institucional envolvendo a Embrapa, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e o Banco Central do Brasil (BCB).
A nova metodologia do Zarc Soja – 06 ADs já atende as Portarias que definem os períodos de vazio sanitário e de calendarização da soja, estabelecidas pela Secretaria de Defesa Agropecuária/Ministério da Agricultura e Pecuária (SDA/Mapa), bem como baseia-se na Instrução Normativa da SPA/Mapa nº 1, de 21 de junho de 2022.
Histórico do Zarc
O Zarc Soja teve, ao longo dos anos, ajustes pontuais para atender às necessidades de informação e de conhecimento para a gestão de riscos e possibilitar a redução das perdas pelo clima. No entanto, Farias explica que, mais recentemente fez-se necessário aperfeiçoar o atual sistema de quantificação dos riscos. “Precisamos acompanhar as inovações tecnológicas, o novo arcabouço técnico-científico disponível e as recentes mudanças nos cenários agrícolas e socioeconômico do Brasil e do mundo”, explica Farias.
Desta forma, o Zarc busca reduzir os riscos relacionados aos problemas climáticos e permitir ao produtor identificar a melhor época para semear, levando em conta a região do país, a cultura e os diferentes tipos de solos.
O Zarc Soja define as áreas com maior ou menor frequência de ocorrência de déficit hídrico durante a fase mais crítica da cultura da soja (floração e enchimento de grãos), em função das diferentes épocas de semeadura, da disponibilidade hídrica de cada região, do consumo de água nos diferentes estádios de desenvolvimento da cultura, da capacidade de água disponível no solo e do ciclo da cultivar utilizada.
Além disso, o pesquisador afirma que o Zarc auxilia na avaliação de espécies de cultivo e os ciclos mais viáveis para cada município e sistema de produção; a adequação das cultivares de alto potencial produtivo ou mais rústicas e resilientes; a adoção de práticas de manejo adequadas; a viabilidade da segunda safra e ainda a época de menor risco para a semeadura e produção. Ao definir áreas menos sujeitas a riscos de insucessos devido à ocorrência de adversidades climáticas, o Zarc Soja – 06 ADs constitui-se em uma ferramenta de fundamental importância para todo setor.
Mudanças climáticas e Zarc
As perdas ocasionadas pelas ocorrências de estiagens são um dos principais desafios para a produção de grãos, a exemplo das perdas de soja por seca, principalmente no Sul do país. Somada a isso, há evidências científicas sobre anomalias na temperatura e nos padrões de precipitação, com consequências diretas sobre a produção de grãos. “Face a isto, o Zarc se apresenta como ferramenta imprescindível para melhor subsidiar o processo decisório no campo, orientar as ações de planejamento do uso da terra e buscar maior eficiência das políticas e dos programas públicos de auxílio e fomento ao setor agrícola”, conclui Farias.
Atualmente, o Zarc é utilizado pelo Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) e pelo Programa de Seguro Rural (PSR) em mais de 40 culturas.
O acesso à ferramenta pode ser feito no aplicativo móvel Zarc Plantio Certo, desenvolvido pela Embrapa Agricultura Digital, que está disponível nas lojas de aplicativos iOS e Android.
Os resultados do Zarc também poderão ser consultados e baixados por meio da plataforma “Painel de Indicação de Riscos” e nas portarias de Zarc por Estado.
Novas cultivares
Além da apresentação do Zarc Soja – 06ADs, a Embrapa Soja participa da comemoração de aniversário de 50 anos da Embrapa com três destaques na safra de soja 2022/2023.
Estão sendo apresentadas uma soja convencional (BRSMG 534) e duas com a tecnologia Xtend® (BRS 2560XTD e BRS 2562XTD), que combinam a alta produtividade com tolerância aos herbicidas glifosato e dicamba. As novas cultivares são indicadas para várias regiões brasileiras e apresentam caraterísticas para adoção em diferentes sistemas de produção. Veja detalhes sobre essas três cultivares aqui.
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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo
Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024
No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.
Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.
“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.
Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.
“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.
Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.
As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.
Mudanças estabelecidas
Prazos
Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.
O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.
Desburocratização da declaração
A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.
A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado
Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.
Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.
A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.
Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.
A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.
Ameaças sanitárias e os impactos para a economia
No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.
A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul
Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.
O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.
A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.
Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.
Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.
“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.
O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.
Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.
Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.
Veja aqui o vídeo do presidente.