Notícias Congresso Brasileiro de Soja
Nove lançamentos para sistemas de produção de soja serão apresentados hoje no CBSoja
Três tecnologias, cinco publicações e uma rede de pesquisa para produção sustentável da soja serão lançados nesta terça-feira (17), às 15h30, no estande da Embrapa no IX Congresso Brasileiro de Soja (CBSoja) e Mercosoja 2022, em Foz do Iguaçu (PR).

Três tecnologias, cinco publicações e uma rede de pesquisa para produção sustentável da soja serão lançados nesta terça-feira (17), às 15h30, no estande da Embrapa no IX Congresso Brasileiro de Soja (CBSoja) e Mercosoja 2022, que acontece até quinta-feira (19), em Foz do Iguaçu (PR). Veja detalhes sobre os lançamentos da Embrapa e dos parceiros
Software AFERE
Produtores rurais, empresas do mercado de consultoria, planejamento e assistência técnica poderão dispor de informações para melhorar a eficiência sobre o manejo da fertilidade do solo e adubação das plantas com a plataforma on-line Avaliação da Fertilidade do Solo e Recomendação da Adubação (AFERE). Lançada pela Embrapa, a plataforma está disponibilizando o primeiro módulo, que realizará o cálculo do balanço da adubação, possibilitando o manejo com reposição ou restituição de nutrientes em sistemas de produção de soja. O software pode ser acessado na página www.embrapa.br/soja/afere.
Zarc Soja 2022
O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a soja adquiriu novos parâmetros em 2022, aumentando de três para seis as classes de água disponível no solo. O novo patamar foi definido com base na composição textural dos distintos solos brasileiros, considerando também as características da cultura. O marco busca minimizar riscos advindos da variabilidade climática, acompanhar o desenvolvimento tecnológico no campo, ampliar a produção e a renda. A tecnologia é fruto de uma parceria entre Embrapa, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Banco Central do Brasil (BCB).
Bioinsumos na soja
Focada na cultura que impulsiona o uso de bioestimulantes, biorreguladores, agentes biológicos de controle, bioprotetores, biofertilizantes e inoculantes no Brasil, a Embrapa lança a publicação “Bioinsumos na cultura da soja”. O livro compila conhecimentos técnicos sobre produtos, processos e tecnologias no contexto de produção sustentável. O livro tem como editores Maurício Conrado Meyer (Embrapa Soja), Adeney de Freitas Bueno (Embrapa Soja), Sérgio Miguel Mazaro (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) e Juliano Cesar da Silva (Biotrop). Editada pela Embrapa, a publicação tem versões digital e impressa de acesso aberto gratuito e apresenta cinco partes temáticas: Cenário, desafio e inovações de bioinsumos na cultura da soja; Tecnologias de aplicação; Aplicações – rizosfera/saúde do solo; Aplicações – manejo de plantas daninhas e doenças e Aplicações – manejo de pragas.
BioAS Paraná
Visando maior eficiência nas análises do solo, a Embrapa desenvolveu a tecnologia de Bioanálise de Solo para o Paraná (BioAS Paraná). A BioAS, que havia sido lançada em julho de 2020, até o momento estava calibrada apenas para cultivos anuais no Bioma Cerrado. Nos dois últimos anos foram desenvolvidos algoritmos de interpretação para os níveis de atividade enzimática (alto, médio e baixo), específicos para os solos do Paraná, sob cultivos anuais. A tecnologia consiste na agregação de enzimas às análises químicas. Mais sensíveis que indicadores químicos e físicos, as enzimas antecipam alterações na saúde do solo, em função de seu uso e manejo. A tecnologia BioAS também envolve o cálculo de Índices de Qualidade de Solo (IQ/S), com base nas propriedades químicas e biológicas em conjunto (IQSFERTBIO) e separadamente (IQSBiológico e IQSQuímico).
Livro Trichoderma e controle biológico em espanhol
O uso de Trichoderma no manejo sustentável de doenças na sojicultura é uma alternativa ao uso de grandes quantidades de agroquímicos para o controle de microrganismos fitopatogênicos. Por isso, o lançamento da versão em espanhol da publicação “Trichoderma: Uso en la agricultura” apresenta informações atualizadas sobre o manejo correto de produtos à base de agentes de biocontrole.
O livro tem a edição técnica de Maurício Meyer (Embrapa Soja), Sérgio Mazaro (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) e Juliano Cesar da Silva (Biotrop), que contaram com Yelitza Colmenarez e Carlos Vasquez (Centro Internacional de Biociência Agrícola – CABI) na revisão técnica e na tradução para o idioma espanhol.
A publicação amplia a divulgação de resultados brasileiros para a América Latina com o objetivo de incentivar o aumento da pesquisa, bem como do uso de Trichoderma spp. O livro contribui ainda na divulgação de aspectos relacionados ao Trichoderma, como a riqueza de espécies, mecanismos de ação, produtos comerciais disponíveis, entre outros.
Lançamentos parceiros
Publicação Esalq: Soja do Plantio à colheita
Entre as publicações lançadas, está o livro “Soja: do plantio à colheita”. Organizado por Felipe Silva, Aluízio Borém, Tuneo Sediyama e Gil Câmara, (Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ), o livro destaca a importância econômica da soja, sua botânica e fenologia, exigências edafoclimáticas, características agronômicas dos cultivares, tecnologias transgênicas e aplicação de agricultura de precisão para otimização dos recursos e da produtividade. A obra reúne especialistas de diferentes instituições.
Publicação UFSM: Ecofisiologia e altas produtividades
A FieldCrops, grupo de pesquisa da Universidade Federal de Santa Maria (RS) lança a segunda edição do livro Ecofisiologia da Soja visando altas produtividades. A publicação compila 13 anos de pesquisa, atualizando parâmetros ecofisiológicos da soja a ambientes e práticas de manejo específicas para cada região brasileira, a fim de diminuir a lacuna de produtividade existente nas lavouras. Isso porque o conhecimento de como as plantas de soja crescem e se desenvolvem permite entender como e quando são formados os componentes de produtividade ao longo do ciclo de desenvolvimento.
Publicação ANPII: avanços e futuro da FBN
Na publicação “Pesquisas, Avanços e Futuro. O crescimento da Fixação Biológica do Nitrogênio (FBN)”, Solon Cordeiro de Araujo, consultor da Associação dos Produtores e Importadores de Inoculantes (ANPII), apresenta um panorama evolutivo da FBN. A edição é da Newslink Comunicação e está dividida em oito capítulos que abordam aspectos do mercado de inoculantes do Brasil, os novos avanços da FBN e a interação entre academia-indústria.
Rede Fitossanidade Tropical
Além de tecnologias e publicações, será lançada a Rede Fitossanidade Tropical (RTF), que tem o objetivo de gerar e transferir informações, baseadas em pesquisas aplicadas para a fitossanidade, a partir de três especialidades: entomologia, fitopatologia e herbologia. Criada para enfrentar os problemas fitossanitários no país, a RFT apresenta potenciais vantagens aos pesquisadores integrados, como a união de esforços e recursos; a maior aproximação do setor privado e entre pesquisadores, o fortalecimento dos trabalhos e a ampliação de novas frentes cooperativas, a captação financeira, entre outros. Mais informações sobre a rede no site www.fitossanidadetropical.org.br.

Notícias
Brasil lança plataforma sobre saúde dos solos e reforça liderança em agricultura sustentável
Ferramenta da Embrapa reúne mais de 56 mil análises e mostra que dois terços das áreas avaliadas no País apresentam solos saudáveis ou em recuperação.

Foi lançada na última segunda-feira (17), na Agrizone, a Casa da Agricultura Sustentável da Embrapa durante a COP 30, em Belém (PA), a Plataforma Saúde do Solo BR – Solos resilientes para sistemas agrícolas sustentáveis. A cerimônia ocorreu no Auditório 1 e marcou a apresentação oficial da tecnologia criada pela Embrapa, que reúne pela primeira vez informações sobre a saúde dos solos brasileiros em um ambiente digital e de acesso público.
Na abertura, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, destacou o simbolismo de apresentar a novidade dentro da Agrizone, espaço que abriga soluções de baixo carbono. “A Agrizone é o começo de uma nova jornada. Estamos mostrando para o mundo inteiro, de forma concreta, que temos tecnologia para desenvolver uma agricultura cada vez mais resiliente às mudanças climáticas”, afirmou.
Para ela, o lançamento reforça o protagonismo do Brasil como líder global em inovação sustentável para a agricultura e os sistemas alimentares.
A Plataforma disponibiliza dados de saúde do solo por estado e município e já reúne cerca de 56 mil amostras, provenientes de 1.502 municípios de todas as regiões do País. O sistema foi construído a partir da geoespacialização dos dados gerados pela BioAS – Bioanálise de Solos, explicou a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Ieda Mendes. A ferramenta permite filtros por estado, município, ano, culturas e texturas de solo, além de comparações entre diferentes cultivos. Também gera mapas e gráficos baseados nas funções da bioanálise, como ciclagem, armazenamento e suprimento de nutrientes.
Solos mais saudáveis e produtivos
Os primeiros mapas revelam que predominam no Brasil solos saudáveis ou em processo de recuperação. “Somando solos saudáveis e solos em recuperação, vemos que 66% das áreas analisadas apresentam condições muito boas de saúde. Apenas 4% das amostras representam solos doentes”, afirmou Ieda.
Mato Grosso lidera o número de amostras (10.905), seguido por Minas Gerais (9.680), Paraná (7.607) e Goiás (6.519). O município com maior participação é Alto Taquari (MT), com 1.837 amostras.
A pesquisadora também destacou a forte relação entre saúde do solo e produtividade. No Mato Grosso, a integração dos dados da BioAS com índices do IBGE mostrou que o aumento na proporção de solos doentes está diretamente associado à queda na produção de soja. “Cada 1% de aumento em solos doentes representa uma perda média de 3,1 kg de soja por hectare”.
Em contraste, análises exclusivamente químicas não apresentaram correlação com a produtividade atual, o que indica que o limite produtivo da agricultura brasileira está cada vez mais ligado à qualidade biológica dos solos.
Ieda ressaltou ainda a participação dos produtores na construção da ferramenta. “Temos contribuições que vão do Acre ao extremo sul do Rio Grande do Sul. Ter um trabalho publicado em revistas técnicas é muito bom, mas ver uma tecnologia sendo adotada em todo o Brasil é maravilhoso”, afirmou.
A expectativa é transformar a plataforma, no futuro, em um observatório nacional da saúde dos solos, capaz de gerar relatórios detalhados por município e conectar pesquisadores, laboratórios e agricultores.
A Plataforma Saúde do Solo BR foi desenvolvida com base nos dados da BioAS, tecnologia lançada em 2020 e criada pela Embrapa Cerrados em parceria com a Embrapa Agrobiologia. O método integra indicadores biológicos (atividade enzimática), físicos (textura) e químicos (fertilidade e matéria orgânica).
O banco de dados atual resulta de uma colaboração com 33 laboratórios comerciais de análise de solo, integrantes da Rede Embrapa e usuários da tecnologia.
Notícias
Pressões ambientais externas reacendem disputa sobre limites da autorregulação no agronegócio
Advogada alerta que auditorias privadas e acordos setoriais, como a Moratória da Soja, podem impor obrigações além da lei, gerar assimetria concorrencial e tensionar princípios constitucionais.

A intensificação de exigências internacionais para que produtores brasileiros comprovem de forma contínua a inexistência de dano ambiental como condição para exportar commodities, especialmente a soja, reacendeu um debate jurídico sensível no país. Para a advogada especialista em Direito Agrário e do Agronegócio, Márcia de Alcântara, parte dessas exigências ultrapassa a pauta da sustentabilidade e pode entrar em choque com princípios constitucionais e da ordem econômica, sobretudo quando assumem caráter padronizado e coordenado por grandes agentes privados.
Segundo ela, quando tradings internacionais reunidas em associações que concentram parcela expressiva do mercado firmam pactos com auditorias e monitoramentos próprios, acabam impondo obrigações ambientais adicionais às previstas em lei. “Esses acordos privados transferem ao produtor o ônus de provar continuamente que não causa dano ambiental, invertendo a presunção de legalidade e de boa-fé de quem cumpre o Código Florestal e demais normas”, explica.
Márcia observa que esse tipo de exigência, quando se torna condição para o acesso ao mercado, tensiona princípios como a segurança jurídica e o devido processo. “Quando a obrigação é padronizada e coordenada por agentes dominantes, deixa de ser mera cláusula contratual e passa a se aproximar de uma restrição coletiva, com efeito de boicote”, afirma.
Moratória da Soja e coordenação setorial

Advogada Márcia de Alcântara: “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”
Entre os casos emblemáticos está a chamada Moratória da Soja, que proíbe a compra do grão oriundo de áreas desmatadas após 2008 na Amazônia. Para a advogada, o modelo de funcionamento da moratória se assemelha a uma forma de regulação privada, com possíveis implicações concorrenciais. “Há três pontos críticos nesse arranjo: a coordenação por associações que concentram parcela relevante do mercado; a troca de informações sensíveis e listas de exclusão que não são públicas; e a imposição de padrões mais severos do que a legislação brasileira. Esse conjunto pode configurar conduta anticoncorrencial, conforme o artigo 36 da Lei 12.529/2011”, avalia.
Ela acrescenta que cobranças financeiras ou bloqueios comerciais aplicados a produtores que não apresentem documentação adicional de regularidade ambiental podem representar penalidades privadas sem respaldo legal. O tema, segundo Márcia, já vem sendo acompanhado tanto pela autoridade antitruste quanto pelo Judiciário.
Marco jurídico recente
Nos últimos meses, a controvérsia ganhou contornos institucionais. Uma decisão liminar do ministro Flávio Dino, no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a suspensão de processos judiciais e administrativos ligados à Moratória da Soja até o julgamento de mérito, para evitar decisões contraditórias e permitir uma análise concentrada do conflito. Paralelamente, o Cade decidiu aguardar o posicionamento do STF antes de seguir com as investigações, embora mantenha atenção sobre a troca de informações sensíveis entre empresas durante o período.
Entidades como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Aprosoja-MT defendem que a atuação concorrencial do Estado não seja paralisada. Elas argumentam que há indícios de coordenação de compra e que a suspensão integral das apurações pode esvaziar a tutela concorrencial.
Entre os principais questionamentos estão a extrapolação normativa de acordos privados, a falta de transparência nos critérios de exclusão e a substituição da regulação pública por padrões privados de alcance global. “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”, pontua Márcia.
Possíveis desfechos

Foto: Gilson Abreu
A especialista mapeia dois possíveis desfechos para o impasse. Caso o STF decida a favor dos produtores, será reforçada a soberania regulatória do Estado brasileiro, com o reconhecimento de que critérios ambientais devem ser definidos por normas públicas claras e transparentes. A decisão poderia irradiar efeitos para outras cadeias produtivas, como carne, milho e café, estabelecendo parâmetros de ESG proporcionais e auditáveis. Em sentido contrário, validar a autorregulação privada abriria espaço para padrões globais com camadas adicionais de exigência, elevando custos de conformidade e reduzindo a concorrência.
Para Márcia, o Brasil já conta com um dos arcabouços ambientais mais robustos do mundo. O Código Florestal impõe a manutenção de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente, exige o Cadastro Ambiental Rural georreferenciado e conta com sistemas de monitoramento por satélite e mecanismos de compensação ambiental.
Além disso, o país dispõe de políticas estruturantes como a Política Nacional do Meio Ambiente, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e a Política Nacional sobre Mudança do Clima. “Esse conjunto garante previsibilidade ao produtor regular e comprova que o país possui um marco ambiental sólido. Por isso, exigências externas precisam respeitar a proporcionalidade, a transparência e o devido processo. Caso contrário, correm o risco de ferir a legislação brasileira e distorcer a concorrência”, ressalta.
Notícias
Brasil e Reino Unido avançam em diálogo sobre agro de baixo carbono na COP30
Fávaro apresenta o Caminho Verde Brasil e discute novas parcerias para financiar recuperação ambiental e ampliar práticas sustentáveis no campo.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, se reuniu nesta quarta-feira (19) com a ministra da Natureza do Reino Unido, Mary Creagh, durante a COP30, em Belém. O encontro teve como foco a apresentação das práticas sustentáveis adotadas pelo setor agropecuário brasileiro, reconhecidas internacionalmente por aliarem produtividade e conservação ambiental.
Fávaro destacou as iniciativas do Caminho Verde Brasil, programa que visa impulsionar a recuperação ambiental e o aumento da produtividade por meio da restauração de áreas degradadas e da promoção de tecnologias sustentáveis no campo.
Segundo o ministro, a estratégia tem ampliado a competitividade do agro brasileiro, com acesso a mercados mais exigentes, ao mesmo tempo em que contribui para metas climáticas.
A agenda também incluiu discussões sobre mecanismos de financiamento voltados a ampliar projetos de sustentabilidade no setor. As autoridades avaliaram oportunidades de cooperação entre Brasil e Reino Unido para apoiar ações de recuperação ambiental, inovação e produção de baixo carbono na agricultura.



