Notícias Reunião de trigo
Novas tecnologias e recomendações para próxima safra são aprovadas
Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo aproxima a comunidade científica da cadeia produtiva em eventos realizados em Passo Fundo
O encerramento da programação da 13ª Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale e do Fórum Nacional de Trigo aconteceu na quinta-feira (04) com a plenária final da programação científica. Realizados em Passo Fundo (RS), os eventos tiveram como destaques a aprovação de cinco novas cultivares de trigo e 10 extensões de cultivo de trigo e uma de triticale. São inovações tecnológicas para as culturas que passam a fazer parte das indicações técnicas da Comissão.
A programação iniciou na terça-feira (02) com o Fórum Nacional do Trigo e durante os três dias diversas pesquisas realizadas por instituições e empresas do setor foram o foco das discussões. Participaram cerca de 300 pessoas autoridades, pesquisadores, produtores, profissionais do agronegócio, cerealistas, moinhos, indústrias de 10 estados brasileiros. Novas tecnologias, principais doenças que desafiam produtores de trigo – Giberela e Mosaico; rentabilidade da cultura; recomendações de manejo e o panorama nacional da cultura foram os temas das pesquisas científicas, palestras e painéis.
Na plenária final, o presidente da 13ª Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale, André Cunha Rosa, avaliou o encontro anual como positivo para o setor e destacou que o Fórum, realizado no dia 2 de julho, cumpriu com os dois objetivos: fomentar discussões importantes e colocar em prática ações que possam refletir no aumento da média de produtividade e na rentabilidade de todos os elos da cadeia do trigo. “É inegável a contribuição da ciência nas últimas décadas. A Comissão promove essas trocas de informações, através do Fórum e da Reunião científica há mais de meio século, desde um tempo em que produtores almejavam colher 10 sc/ha. Cinquenta anos depois muitos alcançam 100 sc/ha e, se esses conseguem ter lucro com trigo, é porque temos tecnologia para isso. O que precisamos fazer é que todos tenham o mesmo resultado e isso se faz através da difusão da informação, em eventos como os que aconteceram nesta semana”, comentou.
Outro debate importante no Fórum também destacado pelo presidente foi a norma federal fiscalizada pela Anvisa, que passou a exigir em 2019 limites menores da micotoxina Desoxinivalenol (DON) nos produtos derivados do trigo. “Discutimos muito esse tema no Fórum, mostrando que existem medidas que podem auxiliar a pesquisa, o produtor, o cerealista e o moinho a se enquadrarem na nova legislação e avaliamos de forma muito positiva que essas orientações foram validadas pelos membros da Comissão na plenária final da Reunião, possibilitando que essas recomendações passam a ser difundidas com o aval da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo”, enfatizou citando especialmente a aprovação da recomendação do fungicida Carbendazim, que adicionado a outros fungicidas tem se mostrado eficiente no controle da Giberela e na redução da micotoxina DON nos grãos de trigo.
Outra inovação desta 13ª edição foi a aprovação pelos integrantes da Comissão da inclusão de uma tecnologia já utilizada na cultura do arroz para o controle de ervas daninhas e que agora passa a compor o portfólio de cultivares de trigo disponíveis para comercialização. “A tecnologia Clearfield, resistente ao herbicida que controla o azevém e aveia, vai auxiliar muito no aumento da produtividade, reduzindo as invasoras nas lavouras de trigo. Esses são alguns exemplos de tecnologias que a Comissão de Pesquisa respondeu às demandas da cadeia no Fórum e que imediatamente foram aprovadas na Reunião já como indicações técnicas”, concluiu.
Inovações para a safra 2020
A Biotrigo Genética apresentou três novas cultivares: TBIO Astro, trigo melhorador de ciclo superprecoce; TBIO Capricho CL, trigo pão de ciclo médio/tardio, com a tecnologia inédita Clearfield e ainda TBIO Aton, tipo pão, de ciclo médio. A obtentora também obteve a aprovação da extensão da indicação de uso de outras três cultivares: TBIO Duque (trigo pão branqueador, de ciclo precoce) para os estados de SC, MG, GO e DF; TBIO Ponteiro (trigo pão de ciclo médio/tardio) para os estados de SC, PR e MS e TBIO Energia II (trigo para alimentação animal) que passa a ser indicada para cultivo no estado do Distrito Federal. A Comissão ainda aprovou duas outras cultivares de ciclo precoce: RBO 2B5, da Tamona Agropecuária e FPS Regente, da Fundação Pró-Sementes.
Tiveram áreas de abrangência amplificadas as cultivares da Embrapa: BRS 264 (precoce, trigo pão), para o cultivo no irrigado, na região 4 de Minas Gerais, BRS Surubim (triticale de ciclo médio, outros usos), com extensão de recomendação para a região 1 de Santa Catarina, e BRS Atobá (precoce, melhorador) para as regiões 1 e 2 de Santa Catarina e região 2 de São Paulo.
A OR Sementes recebeu a aprovação de extensão de cultivo de cinco variedades, sendo quatro para o cultivo irrigado na região 4 de Minas Gerais. São elas ORS 1403 (ciclo médio, classe pão), ORS 1401 (ciclo tardio, classe melhorador), ORS Citrino (ciclo precoce, melhorador), ORS Madrepérola (ciclo médio/precoce, classe melhorador/branqueador). ORS Ágile, trigo pão, de ciclo superprecoce, passa a ser indicada para região 1 e 2 do Rio Grande do Sul e Santa Catarina e 1 do Paraná.
As cultivares aprovadas e as extensões de uso estarão disponíveis para cultivo a partir da safra 2020. As recomendações serão publicadas nos próximos meses no livro “Informações Técnicas para Trigo e Trititicale – Safra 2020”, com distribuição gratuita, e no site da Reunião de Trigo.
Trabalhos
Além dessas novidades, também foram apresentados 57 trabalhos orais. Seis deles foram selecionados como os melhores nas subcomissões de Ecologia, Fisiologia e Práticas Culturais; Fitopatologia; Entomologia; Melhoramento, Aptidão Industrial e Sementes; Solos e Nutrição Vegetal e Transferência de Tecnologia e Socioeconomia. São eles: Método para avaliar a germinação pré-colheita em genótipos de trigo, de Eliana Maria Guarienti (Embrapa Trigo); Nova raça de ferrugem da folha do trigo identificado na safra 2018, de Camila Turra (OR Sementes); Curva de absorção de Nitrogênio para a cultura do trigo, do engenheiro agrônomo Maicon Andreo Drum; Nível de dano de Dichelops melacanthus (Hemíptera: Pentatomidae) na fase inicial da cultura do trigo, de Marielli Ruzicki; Trigo exportação: alternativa para sustentabilidade da cultura do trigo no RS, de João Leonardo Fernandes Pires (Embrapa Trigo) e Cultivos outonais antecedendo trigo e soja, de autoria de Juliano Luiz de Almeida (Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária).
Próxima Reunião
O Grupo Unium – das cooperativas paranaenses Frísia, Castrolanda e Capal – foi aprovado como sugestão de promotor da 14ª edição da RCBPTT e do Fórum Nacional do Trigo 2020. A proposta do Grupo é que os eventos da Comissão de Trigo sejam realizados em paralelo ao Digital Agro, que acontece na cidade de Carambeí, no Paraná, nos dias 16, 17 e 18 de junho do próximo ano.
Notícias
Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo
Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024
No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.
Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.
“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.
Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.
“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.
Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.
As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.
Mudanças estabelecidas
Prazos
Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.
O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.
Desburocratização da declaração
A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.
A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.
Notícias
Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado
Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.
Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.
A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.
Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.
A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.
Ameaças sanitárias e os impactos para a economia
No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.
A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.
Notícias
Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul
Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.
O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.
A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.
Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.
Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.
“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.
O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.
Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.
Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.
Veja aqui o vídeo do presidente.