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Novas cultivares de soja da Embrapa apresentam elevado patamar de produtividade
E ainda possuem tolerância ao herbicida glifosato, o que facilita o controle de plantas daninhas e também agrega resistência a algumas lagartas.

A Embrapa Soja e a Fundação Meridional estão colocando no mercado, na safra 2023/2024, duas novas cultivares de soja (BRS 1056IPRO e BRS 1064IPRO) que se destacam por apresentar ótimo potencial produtivo, sanidade, além das características da tecnologia Intacta RR2PR. Essas cultivares transgênicas possuem tolerância ao herbicida glifosato, o que facilita o controle de plantas daninhas e também agrega resistência a algumas lagartas (um gene Bt cry1Ac).
“Além de altamente produtivos, os lançamentos da Embrapa na safra 2023/24 também marcam o reposicionamento comercial da Empresa, que, com a Fundação Meridional, vem adotando novas estratégias de acesso ao mercado, de posicionamento de produto e escala de produção junto a cooperativas, grandes empresas de sementes e revendas agrícolas”, conta Carina Rufino, chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Soja.
A BRS 1056IPRO tem como ponto forte a alta performance produtiva. A cultivar vem superando os rendimentos das melhores cultivares, com ciclos próximos, disponíveis no mercado, nas regiões de indicação de cultivo. Ela ainda apresenta estabilidade de produção, resistência ao acamamento, tipo de crescimento indeterminado e ciclo precoce.
“Essa cultivar tem chamado a atenção por reunir muitos aspectos positivos e relevantes para o planejamento, que almejam altos rendimentos”, diz o pesquisador da Embrapa Carlos Lásaro Melo. “Também agrada o fato de ela possibilitar o plantio antecipado, o que permite a sua inserção no sistema de rotação ou sucessão com outras culturas, nas regiões ou sistemas de produção que demandam essa semeadura antecipada”, ressalta Melo.
Lançamento
A Embrapa Soja e a Fundação Meridional vão lançar as cultivares de soja BRS 1056IPRO e BRS 1064IPRO, na Vitrine de Tecnologias da Embrapa, durante o Show Rural Coopavel, a ser realizado de 05 a 09 de fevereiro de 2024, em Cascavel (PR). O evento abre o calendário de feiras agropecuárias brasileiras. Em 2023, a organização registrou 600 expositores, 384.122 visitantes e movimentou 5 bilhões de reais em volume de negócios.

BRS 1056IPRO apresenta resistência às principais doenças da soja, principalmente à podridão parda da haste e à podridão radicular de Phytophthora – Fotos: Hugo Kern
Resistência às principais doenças da soja
Com relação à sanidade, a BRS 1056IPRO apresenta resistência às principais doenças da soja, principalmente à podridão parda da haste e à podridão radicular de Phytophthora. Ela é indicada para algumas regiões edafoclimáticas (RECs): Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná (RECs 102 e 103) e São Paulo (REC 103). “Conforme resultados de pesquisa da safra 2022/2023, a BRS 1056IPRO apresentou mérito agronômico para indicação no Paraná (REC 201), principalmente para as regiões acima de 600 metros de altitude. Portanto, estará indicada para semeadura também nessa região a partir da safra 2024/2025”, anuncia Melo.
Henrique Menarim, responsável técnico da Menarim Sementes, de Ventania (PR), avalia que a BRS 1056IPRO concorre diretamente com um dos principais materiais mais plantados no Paraná. Comparativamente, ele observa que a cultivar recém-lançada apresenta a vantagem da antecipação do plantio. “Com a BRS 1056IPRO, temos a possibilidade de antecipar a época de semeadura para fim de setembro ou início de outubro, obtendo melhor desempenho comparado com a concorrente, cuja melhor época para plantio é de meados de outubro em diante”, analisa Menarim.
“É um material que tem uma excelente sanidade foliar e o sistema radicular bem agressivo. É possível trabalharmos com uma população um pouco menor, já que é um material que ramifica bem e responde em produtividade para áreas de média e alta fertilidade”, complementa o técnico.
Ganho produtivo de 6,8% acima da média de mercado
Outro lançamento desta safra é a cultivar BRS 1064IPRO, que também possui excelente desempenho produtivo, com alta estabilidade e boa adaptação. “Essa cultivar apresentou ganho produtivo de 6,8% acima da média das principais cultivares padrões de mercado, de amplo cultivo na macrorregião de indicação”, destaca Melo.

BRS 1064IPRO apresenta ampla janela de semeadura e de adaptação, e registra ótimo desempenho também na abertura de plantio, que é um atrativo para produtores interessados no cultivo do milho segunda safra
Ela é indicada para os estados do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, além de ser recomendada para o centro-norte de Mato Grosso do Sul e sudoeste de Goiás (REC 301). A BRS 1064IPRO apresenta ampla janela de semeadura e de adaptação, e registra ótimo desempenho também na abertura de plantio, que é um atrativo para produtores interessados no cultivo do milho segunda safra. Essa cultivar apresenta ainda resistência ao acamamento e às principais doenças da soja, principalmente à podridão radicular de Phytophthora.
Em avaliações preliminares de campo, em área infestada, a cultivar também apresentou uma boa tolerância à macrophomina e novos estudos serão realizados para confirmar esse comportamento. Outro destaque que torna a BRS 1064IPRO bastante promissora é sua resistência aos nematoides de galha e de cisto (raça 3), problemas bastante recorrentes nas regiões para as quais ela está sendo indicada.
Os produtores que testaram a BRS 1064IPRO registraram experiências positivas. Valcir Siqueira da Mata, de Nova Santa Bárbara (PR), afirma ter ficado surpreso com a produtividade e a sanidade da nova cultivar. “Atualmente, na minha propriedade, eu venho obtendo uma produtividade em torno de 70 sacas por hectare. Eu tive a grata surpresa de colher 80 sacas por hectare com a BRS 1064IPRO. Eu recomendo. A Embrapa está de parabéns! Com certeza é um material que vai despontar nos próximos anos”, relata.
Para Paulo Pinto de Oliveira Filho, diretor-presidente da Fundação Meridional, o lançamento dessas duas cultivares é um marco histórico da parceria com a Embrapa Soja. “Em 2024, completamos 25 anos de nossa instituição e já desenvolvemos 70 cultivares de soja nesse período. No entanto, a BRS 1056IPRO e a BRS 1064IPRO atingiram patamares de rendimento com muitas características agronômicas favoráveis que não tínhamos até o momento”, destaca Oliveira.
Ralf Udo Dengler, gerente executivo da Fundação Meridional, comenta sobre a forte adesão das empresas produtoras de sementes, que se iniciou na safra 2022/2023. “Ainda na fase de pré-lançamento comercial, já tivemos uma produção bem expressiva de sementes. Com uma forte demanda pela BRS 1056IPRO e pela BRS 1064IPRO, nossos colaboradores ampliaram significativamente as áreas na safra 23/24, para garantir o atendimento do mercado”, destaca Dengler.
Manejo de plantas daninhas para retardar o surgimento de resistência
O manejo integrado de plantas daninhas consiste na adoção de um conjunto de medidas para prevenir e controlar o aparecimento e disseminação de plantas daninhas. Para o pesquisador da Embrapa Fernando Adegas, é preciso investir na integração entre práticas de manejo que envolvam o controle químico, como a rotação dos mecanismos de ação dos herbicidas, a rotação de culturas (pelo menos na entressafra da soja), o uso de espécies para produzir uma boa palhada, a limpeza de máquinas e implementos agrícolas, assim como o uso de sementes de qualidade e livres de infestantes. “Em se tratando de controle químico, a principal solução para evitar o aparecimento ou disseminação de plantas daninhas resistentes é planejar a utilização de herbicidas de diferentes mecanismos de ação”, afirma o pesquisador.

Pesquisador da Embrapa, Fernando Adegas: “Em se tratando de controle químico, a principal solução para evitar o aparecimento ou disseminação de plantas daninhas resistentes é planejar a utilização de herbicidas de diferentes mecanismos de ação”
Em relação às culturas geneticamente modificadas, a alta frequência de utilização do glifosato tem provocado uma forte pressão de seleção de indivíduos resistentes. O uso intensivo do glifosato acarretou grande pressão de seleção sobre as plantas daninhas, resultando na seleção de 12 espécies resistentes: azevém (Lolium perene spp multiflorum), três espécies de buva (Conyza bonariensis, C. canadensis, C sumatrensis) capim-amargoso (Digitaria insularis), caruru-palmeri (Amaranthus palmeri), caruru-gigante (Amaranthus hybridus), capim-branco (Chloris elata), capim-pé-de-galinha (Eleusine indica), leiteiro (Euphorbia heterophylla), capim-arroz (Echinochloa crusgalli) e picão-preto (Bidens subalternans).
Manejo de lagartas e refúgio
As cultivares com a tecnologia Intacta RR2PRO proporcionam controle de quatro insetos-pragas: lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis), falsa medideira (Chrysodeixis includens), lagarta das maçãs (Chloridea virescens) e broca-das-axilas (Crocidosema aporema). Além disso, oferece supressão (controle menos efetivo) à lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus) e à Helicoverpa armigera. A tecnologia não provoca mortalidade das lagartas do complexo Spodoptera: Spodoptera eridania, S. cosmioides, S. frugiperda e S. albula.
“Por esse motivo, o monitoramento nas lavouras com a tecnologia Intacta deve seguir as premissas do Manejo Integrado de Pragas”, enfatiza o pesquisador Daniel Sosa-Gómez. Isso indica que a aplicação de inseticidas deve ser feita apenas quando for atingido o nível de ação. “O nível de ação recomendado para iniciar o controle é de 20 lagartas grandes (maiores de 1,5 cm) por metro de fileira de soja ou 30% de desfolha no período vegetativo e 15% se a cultura estiver no estágio reprodutivo de desenvolvimento”, explica. Além disso, segundo o pesquisador, o produtor deve dar preferência aos inseticidas seletivos, que controlam a praga, sem afetar a atividade de inimigos naturais e polinizadores, e ao controle biológico.
Sosa-Gómez também reforça a necessidade de utilização de áreas de refúgio para evitar a seleção de populações de lagartas resistentes nas lavouras com a tecnologia Intacta RR2 PRO. Segundo ele, o refúgio consiste na semeadura de sementes Bt em 80% da área total de soja e 20% de sementes não Bt. A manutenção das áreas de refúgio é uma medida preventiva que consiste na coexistência de lavouras com a tecnologia Intacta RR2 PRO ao lado de plantas não dotadas desta tecnologia, a uma distância inferior a 800 metros. “Essa distância possibilita o acasalamento das mariposas e permite a manutenção de populações de lagartas suscetíveis, retardando a seleção de lagartas resistentes”, explica o pesquisador.

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Tarifaço dos EUA continua a afetar 22% das exportações brasileiras
Apesar da retirada de 238 produtos da lista de sobretaxas, produtos agrícolas e industriais ainda enfrentam barreiras, mantendo parte das vendas brasileiras aos EUA sob tarifas adicionais.

O presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou nesta sexta-feira (21) que 22% das exportações brasileiras para os Estados Unidos permanecem sujeitas às sobretaxas impostas pelo governo norte-americano. A declaração foi dada no Palácio do Planalto, um dia após a Casa Branca retirar 238 produtos da lista do chamado tarifaço.

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Segundo Alckmin, a nova decisão representa o maior avanço até agora nas negociações bilaterais. Ele destacou que, no início da imposição das tarifas, 36% das vendas brasileiras ao mercado norte-americano estavam submetidas a alíquotas adicionais. “Gradualmente, tivemos decisões que ampliaram as isenções. Com a retirada dos 238 produtos, reduzimos para 22% a fatia da exportação sujeita ao tarifaço”, ponderou.
A medida anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, revoga a tarifa extra de 40% para uma lista de itens majoritariamente agrícolas, como café, carne bovina, banana, tomate, açaí, castanha de caju e chá. A isenção tem efeito retroativo a 13 de novembro e permitirá o reembolso de produtos já exportados.
Impacto nas exportações
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) indicam que, tomando como base os US$ 40,4 bilhões exportados pelo Brasil aos EUA em 2024:
- US$ 8,9 bilhões seguem sujeitos à tarifa adicional de 40% (ou 10% mais 40%, dependendo do produto);
- US$ 6,2 bilhões continuam enfrentando a tarifa extra de 10%;
- US$ 14,3 bilhões estão livres de sobretaxas;
- US$ 10,9 bilhões permanecem sob as tarifas horizontais da Seção 232, aplicadas a setores como siderurgia e alumínio.

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De acordo com a secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, a parcela das exportações brasileiras totalmente livre de tarifas adicionais aumentou 42% desde o início da crise.
Ela ponderou, no entanto, que o setor industrial continua sendo o mais afetado e exige maior atenção por parte do governo. “Para a indústria, a busca de mercados alternativos é mais complexa do que para commodities”, afirmou.
Aeronaves da Embraer, por exemplo, seguem sujeitas à tarifa de 10%.
Negociações seguem
Alckmin afirmou que a decisão dos EUA foi influenciada pelo diálogo recente entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro na Malásia, em outubro. O governo brasileiro enviou aos EUA, em 4 de novembro, uma proposta de acordo comercial, cujo teor não foi detalhado.
O presidente em exercício reiterou que o país busca avançar nas tratativas para retirar novos produtos da lista de itens tarifados. Ele mencionou que temas tarifários e não tarifários seguem na pauta de discussão, incluindo áreas como terras raras, big techs, energia renovável e o Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center (Redata).
Alckmin também confirmou que Lula apresentou a Trump, além do pedido de redução tarifária, questionamentos sobre a aplicação da Lei

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Magnitsky, que resultou em sanções contra autoridades brasileiras.
Segundo o presidente em exercício, ainda não há reunião prevista entre os presidentes, embora Lula tenha convidado o mandatário norte-americano para visitar o Brasil.
Setores mais sensíveis
Apesar do alívio para diversos itens agrícolas, o governo avalia que os produtos industriais permanecem como o principal foco de preocupação. Parte desses segmentos, especialmente bens de maior valor agregado ou fabricados sob encomenda, têm mais dificuldade para redirecionar exportações para outros mercados.
Alckmin afirmou que seguirá empenhado em buscar novas exceções. “Continuamos otimistas. O trabalho não terminou, mas avança com menos barreiras”, declarou.
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COP30 evidencia protagonismo do cooperativismo nas soluções para clima e energia
Painéis na Green Zone e Agri Zone mostraram como cooperativas já entregam resultados em redução de emissões, bioenergia, logística sustentável e soberania alimentar, reforçando o modelo como peça-chave da transição climática justa no país.

A participação do cooperativismo brasileiro na COP30, na última quarta-feira (19), evidenciou a força do modelo e sua capacidade de integrar inovação, inclusão e sustentabilidade para responder aos maiores desafios climáticos, alimentares e energéticos do país. Painéis na Green Zone e na Agri Zone reuniram dirigentes de cooperativas, pesquisadores, técnicos e produtores para apresentar experiências concretas que mostram como a ação coletiva já transforma territórios.

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Em todos os debates, a mensagem central foi unânime: o cooperativismo não espera, entrega resultados mensuráveis na redução de emissões, no uso eficiente de recursos naturais e na geração de renda e oportunidades, posicionando-se como peça-chave para uma transição climática justa, inclusiva e territorializada.
Energia limpa, economia circular e logística sustentável
No Pavilhão do Coop, o painel Transição Energética Justa: Cooperar para Transformar, mediado por João Penna, coordenador de Relações Internacionais do Sistema OCB, reuniu três experiências que demonstram como o cooperativismo tem sido decisivo para acelerar a transição energética no Brasil e mitigar passivos ambientais de forma eficiente.
Alexandre Gatti Lages, superintendente do Sistema Ocemg, chamou atenção para o avanço das energias renováveis dentro do movimento. Ele lembrou que, segundo dados do Anuário do Cooperativismo Brasileiro, cerca de 20% das cooperativas brasileiras já produzem sua própria energia e Minas Gerais possui potencial ainda maior. Por isso, a Ocemg criou, em 2020, o Projeto Minascoop Energia, estruturado nos pilares ESG. “O Minascoop nasceu com esse propósito de fazer um trabalho diferente, doando energia para entidades que precisam”, afirmou.
A iniciativa reduz custos energéticos (Econômico), promove geração fotovoltaica limpa (Ambiental) e estimula a doação de parte da

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energia produzida a instituições filantrópicas (Social). “Hoje, já são 52 cooperativas participantes, com 138 usinas instaladas em 88 municípios, que juntas produzem 14 MW”, complementou.
Juliano Millnitz, diretor-executivo da Primato, cooperativa paranaense que atende mais de 11 mil cooperados e é a maior produtora de suínos do Brasil, apresentou o case Suíno Verde: Energia Limpa do Campo ao Transporte. O programa vem sendo observado por pesquisadores e autoridades por transformarum enorme passivo ambiental em combustível limpo.
A cooperativa produz, diariamente, 9,5 milhões de litros de dejetos suínos e implantou um sistema que centraliza 630 mil litros/dia para produzir biometano. No processo, o material sólido é convertido em fertilizante, enquanto o líquido gera biogás e biometano. A planta é autossuficiente em energia e o foco agora é a mobilidade sustentável. “Hoje já operamos seis caminhões totalmente movidos a biometano e a meta é que toda a cadeia de suínos seja transportada com combustível limpo, o que representará uma economia de 447 toneladas de óleo diesel por ano, equivalente a R$ 920 mil anuais”, explicou Nunes.
O terceiro case foi apresentado por Evaldo Matos, diretor da Coopmetro, que abordou um dos maiores desafios brasileiros: a dependência da matriz rodoviária, responsável por 70% do transporte nacional. A cooperativa lidera o Programa de Renovação de Frota (Pave), que democratiza o acesso de pequenos transportadores a caminhões novos, conectando cooperados, cooperativas de crédito e fabricantes.

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Os impactos ambientais são expressivos: 14% menos CO₂, 75% menos óxidos de nitrogênio e 12% mais autonomia. No campo social, o programa alcança 13,5 mil beneficiados, fortalece renda e promove inclusão, com aumento de 15% na presença feminina. “O Pave é uma contribuição concreta para uma logística mais verde, mais saudável”, afirmou Matos, destacando ainda que a operação registra zero inadimplência com os bancos parceiros.
A representante do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Melissa Pesconi, elogiou a abordagem das cooperativas, reforçando que seus resultados são exemplos para grandes empresas. Ela apresentou as coalizões setoriais de descarbonização lideradas pelo CEBDS: iniciativas multissetoriais que reúnem setor privado, governos e sociedade civil para desenvolver e implementar planos de redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) em diversos setores da economia.
Melissa destacou que “a visão técnica dos dados precisa dialogar com a prática transformadora, e as cooperativas já mostram que a transição energética deve ser guiada também por critérios sociais, econômicos e políticos”.
Amazônia reforça protagonismo comunitário
Também na Green Zone, o painel Identidade e Inclusão para a Soberania Alimentar na Agricultura Amazônica, mediado por Beatriz

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Barros Braga, secretária de Desenvolvimento Rural do Amapá, trouxe uma discussão profunda sobre como diferentes Amazônias, com culturas, ecossistemas e modos de produzir próprios, constroem caminhos para garantir segurança alimentar em meio às desigualdades estruturais.
Com mais de duas décadas de atuação, a Cooperacre levou ao painel a visão dos extrativistas. O assessor Alberto “Dande” de Oliveira Tavares descreveu a trajetória de verticalização da cooperativa, que investe em agroindústrias de castanha, borracha, frutas e óleos. “A Amazônia não é vista apenas como fornecedora de matérias-primas. A Cooperacre investiu na verticalização, garantindo renda, autonomia e permanência das famílias”, disse.
Ele reforçou a importância do reconhecimento do serviço ambiental prestado pelos extrativistas: “Essas famílias entregam muito além de alimentos. Entregam equilíbrio climático, água de qualidade, biodiversidade. O pagamento por serviços ambientais precisa chegar até elas”, complementou
Já o agricultor e gerente comercial da Camta, Emerson Tsunoda, relatou o processo de reinvenção da cooperativa, que deixou a dependência da monocultura da pimenta e adotou sistemas agroflorestais integrados (cacau, açaí, pimenta e outras culturas). A mudança ampliou mercados, diversificou renda e elevou a resiliência produtiva. Ele celebrou também que bancos passaram a financiar apenas produtores estruturados em SAFs. “Quem consome nossos produtos consome também uma história de união e reinvenção”, resumiu.

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Bioenergia e desenvolvimento regional
Na Agri Zone, o painel Desenvolvimento Regional e Transição Energética, promovido pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), reuniu especialistas do setor de bioenergia para discutir como a interiorização da indústria e a diversificação das matérias-primas podem impulsionar cidades e regiões inteiras.
O cooperativismo foi representado pela analista de Sustentabilidade do Sistema OCB, Laís Nara Castro. Ela apresentou dados atualizados do setor e reforçou que o movimento já é parte essencial da transição energética nacional. “Hoje, mais de 910 cooperativas já geram sua própria energia, seja para consumo interno ou para abastecer processos produtivos. Somando tudo, temos mais de 4,9 mil empreendimentos de geração distribuída espalhados pelo Brasil. É energia limpa, descentralizada e que chega na ponta, no pequeno e no médio produtor”, descreveu.
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Novas obras devem tornar mais dinâmicas as visitas ao Show Rural
Coopavel investe em ampliações, novas obras e melhorias operacionais para receber 600 empresas e até 22 mil veículos na edição de 2026, reforçando o evento como vitrine global de inovação no agronegócio.

Poucas vezes em 38 anos de Show Rural, a Coopavel e parceiros investiram tanto em novas obras e em melhorias simultâneas no parque que abriga um dos três maiores eventos técnicos do agronegócio mundial. São inúmeros projetos em execução ao mesmo tempo, tudo para melhorar ainda mais a dinâmica e o aproveitamento das visitas de quem se desloca a Cascavel, no Oeste do Paraná, para ter acesso às inovações desenvolvidas pelas empresas do setor para que o agricultor produza mais, com menos custos e observando a lógica da sustentabilidade.

Foto: Divulgação/Coopavel

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“O que estamos fazendo, mas em uma escala maior que em outros anos, busca atender às expectativas de um produtor rural cada vez mais exigente e conectado a mudanças que, ao longo dos anos, transformaram a realidade agropecuária brasileira e mundial. O Show Rural é um evento de vanguarda, focado na inovação e na superação e os resultados do que estamos fazendo poderão ser vistos de 9 a 13 de fevereiro de 2026, durante a 38ª edição do evento”, menciona Dilvo Grolli, presidente da Coopavel, cooperativa que organiza a mostra de tecnologia.
Obras
Estão em ampliação os espaços físicos da administração do parque e do Espaço Impulso (parceria com o Itaipu Parquetec), hub do agro inaugurado há quase quatro anos e que se tornou um ambiente multiplicador de novos conhecimentos para as mais diferentes atividades rurais. Esses prédios terão as suas áreas dobradas, o mesmo acontecendo com o galpão destinado à agricultura familiar.

Foto: Divulgação/Coopavel
A Itaipu investe cerca de R$ 1,7 milhão em uma nova estrutura, anexa à antiga, que vai permitir, a partir do ano que vem, mais que dobrar o número de agroindústrias familiares presentes no Show Rural. As duas primeiras estão com mais de 60% do cronograma de obras pronto, e o novo pavilhão está praticamente concluído.
A área pavimentada com asfalto foi ampliada em 2,5 quilômetros e, nesse trecho, a largura da via é de cinco metros. Em vias anteriormente pavimentadas, a largura está em ampliação de três para cinco metros. Novos trechos de ruas vão receber cobertura. Onze dos 15 quilômetros de vias que conectam todo o parque estarão protegidos da chuva e do sol na edição de fevereiro. Os 28 conjuntos de banheiros, masculinos e femininos, foram todos reformados, trabalho que envolveu da troca de portas até do piso.
A área do antigo estacionamento de expositores foi toda gramada e, considerando trechos próximos, permitirá aumentar em 15 mil metros quadrados o espaço destinado a expositores. “Teremos 600 empresas, como em edições anteriores, mas algumas que pediam agora terão espaços maiores para apresentar as suas novidades aos visitantes”, conforme o coordenador geral Rogério Rizzardi.
22 mil veículos
O empresário Assis Gurgacz cedeu uma área vizinha ao parque para a ampliação do novo estacionamento. Para a 38ª edição, a capacidade

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de recepção vai subir de 17 mil para 22 mil veículos. Em fevereiro passado, o estacionamento tinha capacidade para 400 ônibus, e em 2026 poderão ser recebidos e devidamente abrigados 700.
Uma nova passarela vai ligar o estacionamento ao novo portão principal do parque. A maior parte do trecho é elevada, passando sobre o antigo estacionamento. Além disso, outras duas lanchonetes serão implantadas no parque, bem como ampliado o número de estações no restaurante para que mais pessoas possam se servir simultaneamente. No Show Rural Coopavel, o acesso ao parque e o uso de vagas de estacionamento são gratuitos.



