Suínos 11º TECNO TILÁPIA
Nova era da nutrição e qualidade refinada da água ampliam índices produtivos
Evento promovido pela Copacol no Paraná reuniu centenas de produtores de tilápias para tratar sobre a melhora na eficiência produtiva.
Tilápias com média de 1,381 quilo, criadas durante 240 dias, com ganho de peso diário de 5,7 gramas e um rendimento de filé que ultrapassou a barreira dos 40%. Quem trabalha com piscicultura sabe que esses números são excelentes e que é muito difícil chegar perto disso. Ou melhor, era. Nos próximos anos, a produção de peixes vai dar mais um salto de produtividade. Não apenas pelo maior número de produtores, mas pela eficiência produtiva. Mais carne em menos tempo, usando menos recursos.
Há 15 anos, quando a Copacol, líder de produção de tilápias na América do Sul, começou com a piscicultura, os índices produtivos eram bem mais baixos. Naquele momento, atingir 30% de rendimento de filé era considerado bom. Hoje em dia 35% de rendimento pode até ser considerado um resultado ruim. Mas como a piscicultura evoluiu tanto? Há ainda espaço para melhorar os índices zootécnicos?
Algumas das respostas para essas e outras perguntas foram apresentadas durante o 11º Tecno Tilápia, evento que reuniu centenas de piscicultores durante o Copacol Agro, que aconteceu entre os dias 09 e 11 de maio, em Cafelândia, no Oeste do Paraná. Os números que começam esse texto também foram apresentados no evento. Quem conseguiu a façanha foi o produtor Samuel Schultz, do município de Toledo, que bateu o recorde de rendimento de filé da história da cooperativa, com 40,27%.
O Tecno Tilápia teve como tema um mergulho para o aumento da eficiência produtiva e como protagonistas o doutor em Engenharia de Pesca e Recursos Pesqueiros e diretor geral do Núcleo de Pesquisa Aplicada a Pesca e Aquicultura do Instituto Federal do Paraná (IFPR), Anderson Coldebella, e o assessor de Nutrição Animal da Copacol, zootecnista e Mestre em Nutrição de Monogástricos, Evandro Campestrini. Anderson falou mais sobre a qualidade da água e a interferência na eficiência dos peixes, enquanto Campestrini focou sua apresentação na nutrição dos peixes como ferramenta para alcançar resultados substanciais em produtividade.
“Temos muito a evoluir na nutrição. Temos uma produção cada vez mais avançada e isso traz alguns desafios que a gente vence através do uso de tecnologia, usando aditivos tecnológicos específicos para cada problema que a gente encontra. Em cada grãozinho de ração tem uma gama de tecnologias, envolvidas na nutrição de peixes e na produção nas fábricas de rações. A gente emprega a tecnologia em todas as áreas, principalmente na escolha de alguns ingredientes ou nas próprias produções”, destacou Campestrini.
O uso de enzimas, que ajudam o peixe a digerir os nutrientes da ração para serem transformados em mais carne e reduzir a excreta e nitrogênio na água, foi um desafio, mas que foi superado há cerca de um ano e meio na Copacol. “A moagem é crucial para fazer uma boa qualidade de ração de peixe. Depois da moagem a gente tem o emprego de vapor e muita pressão e temperatura e isso faz com que alguns ingredientes não suportem, como as enzimas. Há um ano e meio estamos trabalhando com enzimas, mas a enzima é um produto muito, muito sensível ao calor. Isso fazia com que a gente não tivesse ganho incorporando ela na ração. Então nós desenvolvemos todo um sistema, um aparato de aplicação depois da ração pronta para a gente conseguir incorporar uma enzima em uma ração de peixe. Outra tecnologia que incorporamos foi fazer o uso do óleo pós extrusão. Hoje os produtores recebem a ração com um banho de óleo. Isso facilitou muito na moagem. A gente melhorou muito essa condição de moagem e a gente melhorou também a condição de qualidade dessa ação, tanto física quanto no aspecto visual mesmo. A gente não vê tantos finos (pó) na ração. Isso é um problema porque contamina as águas. A gente conseguiu reduzir bastante fazendo essa aplicação do óleo pós extrusão”, revelou. A enzima atua na degradação de nutrientes, como carboidratos, proteínas e aminoácidos, deixando mais disponível esses nutrientes para que o peixe consiga absorver e transformar em carne. Absorvendo mais e ele vai estressar menos, vai poluir menos a água, vai ter uma capacidade maior de expressar o potencial zootécnico”, apontou.
Anderson completou, reforçando a importância de uma boa moagem para produzir uma ração mais adequada aos peixes. “A questão da moagem da ração da tilápia, especificamente, é muito importante. Ela tem um estômago muito pequeno, precisa absorver esses nutrientes desse alimento”, destacou, lembrando também que o manejo alimentar mudou com o passar dos anos. “A gente alimenta o peixe no amanhecer do dia, mas antes a gente tinha recomendação de quanto mais vezes alimentar o peixe, melhor. A gente foi aprendendo, evoluímos. Essas coisas a gente acaba aprendendo com o tempo. Outro exemplo, a gente saiu de um padrão de alcalinidade de dez para hoje no mínimo 30 ou mais de 50, 70, 80, foi uma melhora extraordinária”.
Para Anderson, a busca constante por evolução deve ser uma obsessão da piscicultura. “A gente vai trabalhando nos pontos que ainda podem ser melhorados. O que tem sido observado de manejo? Sempre que o peixe consome o alimento com alto nível de oxigênio, a transformação dele acaba sendo maior. É algo que a gente pode evoluir ainda mais”, apontou o doutor em Engenharia de Pesca.
Anderson também frisou a relação entre as enzimas usadas na ração e a qualidade da água. “O que essas enzimas fazem? A enzima protease que se coloca na ração vai ajudar a desmanchar a proteína que está na ração. Aminoácidos são muito nitrogênio, então se eliminar essa proteína que foi na ração, ela cai no ambiente como nitrogênio. A água vai ficar verde, vai dar todo aquele monte de problema. Então o que o peixe consegue peixe absorver não vai para o ambiente, é uma consequência muito boa”, mencionou. “Tudo que a gente melhora lá no alimento, tudo que a gente deixa de depositar no ambiente nos traz melhoras”, apontou o estudioso, lembrando que isso ajuda não só na produção, mas na preservação dos recursos naturais. “A cobrança pelos uso do recurso está cada vez maior. Vocês estão sendo cobrados a fazer análise pelo menos anuais da qualidade de água. Isso ajuda a manter os padrões de qualidade, então não terão problema com meio ambiente lançando água ruim (de volta aos rios). A água está melhorando na propriedade, e isso é efeito do alimento. O uso das enzimas como aditivo na ração deu um salto gigantesco”, mencionou Evandro.
O pesquisador do IFPR destacou também que a redução nos níveis de amônia ocorrida na piscicultura nos últimos anos contribuiu para um melhor desempenho dos peixes, mas é preciso monitorar constantemente esse parâmetro. Com a redução, explicou, houve ganhos em “produção, crescimento e taxa de conversão”. “Só essa pequena mudança já trouxe um efeito muito positivo na produção”, destacou.
Outra questão levantada por Evandro tem relação com a transparência da água e a produção de oxigênio. De acordo com ele, águas muito transparentes são prejudiciais para esse fim. “O grande X da questão hoje é o oxigênio. Água transparente não produz oxigênio, mas é um ponto que hoje é fácil corrigir”, apontou. Com baixos níveis de oxigênio, os peixes têm seu desempenho prejudicado.
Rações que previnem doenças
Ganhar eficiência produtiva passa também pela manutenção da saúde dos peixes em todo o tempo de criação. Para isso, diversas estratégias nutricionais estão sendo adotadas, a fim de garantir que os peixes tenham o maior potencial produtivo, mesmo em momentos de estresse, que podem acarretar, por exemplo, em diminuição da procura por ração.
Entre as novidades para a nutrição, Campestrini citou a ração P6, que é ofertada aos peixes em momentos de estresse, como na troca de tanques de alevinos para a engorda. Ela é oferecida 15 dias antes e 15 dias depois da despesca dos alevinos e ajuda o peixe a manter o ambiente digestivo mais saudável, reduzindo a probabilidade de doenças e, assim, melhorando a performance do animal. “Existem estratégias nutricionais que podem ser adotadas na prevenção de doenças. Uma delas é a ração P6, uma novidade da Copacol. Essa ração foi desenvolvida para essa condição de estresse fisiológico. Para protege-la, ela tem alguns artifícios bem interessantes, faz com que o peixe tenha maior resistência para esses períodos de desafio, principalmente na transferência (entre tanques). A gente mexe muito com o peixe e isso causa um estresse fisiológico, que leva ele a uma mortalidade.
Com essa ração nós chegamos a reduzir em 60% a mortalidade no alojamento até o sétimo dia”, menciona. “E o que tem de diferente nessa ração? Tem um imunomodulador para modular a flora do peixe, que fica com uma imunidade melhor, deixa o organismo mais eficiente. Além da redução de mortalidade, o produtor vai ver lá no campo um peixe mais ‘vivo’ mais ‘esperto’, digamos assim. Você vai ter um peixe com maior capacidade de expressar o potencial”, aponta.
Ele reforça que a P6 é uma ração pré-manejo, usada em momentos específicos nas propriedades rurais. “É uma ração de pré-manejo, usada antes de mexer no peixe para tirar do produtor juvenil e mandar para o produtor de engorda. O produtor do juvenil vai fornecer essa ração nos últimos 15 dias que o peixe fica lá na propriedade, faz o manejo de inserção, envia para o produtor de engorda, que também vai oferecer essa ração nos primeiros 15 dias para garantir que a imunidade desses animais esteja bem boa, alta”, menciona o especialista em Nutrição.
Ajudando o processo digestivo
A tilápia não tem dentes para triturar os alimentos, como é o caso dos suínos, não tem moela para ajudar na trituração e digestão das rações, como o frango. Para dificultar ainda mais o processo digestivo, conta com um trato digestivo que não chega a 25 centímetros. A título de comparação, o trato digestivo dos suínos passa de 20 metros. Por isso, oferecer uma ração com uma moagem precisa é fundamental para que os peixes consigam digerir os nutrientes para serem transformados em carne. “A moagem conseguiu evoluir. Para exemplificar vamos trazer um comparativo. O trato digestivo de um suíno tem entre 23 a 25 metros. O trato digestivo de uma tilápia tem de 16 a 23 centímetros. Ela não tem dentes para mastigar e não tem moela pra macerar o alimento. Essa tilápia tem maior performance a partir de uma moagem correta para ela aproveitar mais ingredientes”, destaca Campestrini. Ele destacou ainda que aditivos usados nas rações também têm características que ajudam a melhorar ainda mais a qualidade intestinal dos peixes.
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Suínos
Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade
Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.
Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix
Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.
Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.
Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.
As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.
A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.
Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.
De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.
O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.
Diagnóstico
Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.
A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:
- Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
- Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
- Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
- Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.
A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.
Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.
A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.
A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.
A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.
Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.
As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.
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Suínos
Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade
Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.
Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.
Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.
Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.
Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.
O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.
Comunicação e conscientização
Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.
O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.
Compromisso do setor
Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,
Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.
A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.
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Suínos
Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela
Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.
Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.
O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.
Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.
“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.
Exportações
Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.
Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.
Perspectivas
Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.
Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.
Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.
Segurança do trabalho
Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.
Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.