Suínos
No Paraná, 8 em cada 10 suinocultores estão em modelos integrados
Integração e cooperativismo tornaram-se importantes e complementares na suinocultura, proporcionando mais segurança e estabilidade aos produtores.

Nesta entrevista com Jacir Dariva, presidente da Associação Paranaense dos Produtores de Suínos (APS), o jornal O Presente Rural discute a evolução dos modelos de produção de suínos no Paraná. Suinocultor desde criança, Dariva conta que no início dos anos 2000, a ampla maioria da suinocultura comercial do Estado era independente, mas hoje 80% da produção é feita por integração com agroindústrias ou cooperativas. Essa mudança foi causada por grandes investimentos das empresas e pela necessidade de rebanhos maiores por conta do aumento na demanda por carne suína, principalmente a partir de 2010, tanto no mercado interno quanto para exportações. Além disso, a adoção de padrões mais rígidos de biossegurança, saúde e bem-estar animal aumentou os custos de produção, dificultando a permanência dos produtores independentes no negócio. Os modelos de integração e cooperativismo tornaram-se importantes e complementares na suinocultura, proporcionando mais segurança e estabilidade aos produtores. Dariva também destaca a importância das relações sociais e históricas da região, que tornam esses modelos de produção mais prevalentes, principalmente do Sul do Brasil.
O Presente Rural – Qual a relação entre produtores independentes e integrados ou cooperados no Paraná?
Jacir Dariva – O Estado do Paraná, assim como em outras regiões produtoras de suínos do Brasil, exceto onde a atividade ainda está em expansão, tem vivenciado uma migração de produtores do sistema independente, que atuam no mercado spot, para a atividade nos modelos de negócios da integração e das cooperativas. Atualmente, os produtores independentes significam 20% do total da atividade comercial de produção de suínos no Paraná, enquanto os produtores integrados às agroindústrias que atuam no estado e os produtores cooperados representam os outros 80%.
O Presente Rural – Como eram esses números no início dos anos 2000?
Jacir Dariva – No início dos anos 2000, praticamente toda a suinocultura comercial no Paraná era independente. Antes da instalação das grandes plantas frigoríficas das agroindústrias e cooperativas que atualmente mantêm unidades no Estado, a produção de suínos era destinada aos frigoríficos de pequeno e médio portes, incluindo pequenos negócios de embutidos e açougues.
O Presente Rural – Como o senhor avalia o movimento que a suinocultura apresentou em relação aos modelos de produção nos últimos anos no Paraná?
Jacir Dariva – O cenário existente no início do século 21 acabou evoluindo rapidamente, com grandes investimentos feitos por várias empresas, inclusive decorrentes da fusão de dois grandes grupos nacionais. Também surgiram novas agroindústrias, além dos investimentos efetuados pelas cooperativas, com foco na criação e abate comercial de suínos e na transformação da matéria-prima obtida junto aos seus cooperados, para a fabricação de embutidos. Na sequência, as marcas desses grupos foram ganhando espaços, tanto no mercado interno, com o aumento do consumo per capita da carne suína e de seus derivados, quanto nas exportações, especialmente desde 2015, com grande representatividade no mercado de proteína animal. E com o incremento do marketing da carne suína, desde 2010, orquestrado pelo sistema nacional da suinocultura e entidades afiliadas nos estados produtores, no caso do Paraná, a Associação Paranaense de Suinocultores, o aumento per capita foi uma consequência. Dessa forma, com maior demanda, o modelo de produção de suínos precisou priorizar os grandes planteis, com mais matrizes a campo, o que exigiu investimentos nem sempre possíveis aos produtores que atuam de forma independente. Daí a migração de muitos deles para o sistema da integração ou mesmo para as cooperativas.
O Presente Rural – Há outros motivos que levaram a suinocultura integrada ganhar espaço?
Jacir Dariva – A suinocultura, como atividade comercial no mercado de carnes, vem passando por uma melhoria técnica procedimental e estrutural com vistas a atender as novas exigências de biosseguridade, sanidade e bem-estar animal, e os investimentos nesse sentido são altos e muitas vezes somente possíveis de serem feitos por grandes produtores ou grupos do setor, o que levou muitos produtores independentes a deixar a atividade ao longo dos últimos anos. Já os que permaneceram na atividade passaram a contar com maior segurança administrativa, técnica, institucional e reserva de liquidez periódica ao se adotar os modelos da integração ou das cooperativas.
O Presente Rural – Como o senhor avalia os dois modelos?
Jacir Dariva – Ambos os modelos, da integração às agroindústrias, que investiram grandemente em seus próprios modais de criação, para garantir seus lotes de abates em suas plantas frigoríficas, assim como o das cooperativas, se tornaram importantíssimos e complementares na maioria das vezes, até devido ao incremento da produção em razão da exigência do mercado quanto aos tipos de produtos ofertados no varejo. Isso incluiu a necessidade da rastreabilidade da carne que chegava aos frigoríficos, como ocorre até hoje. Houve também maior segurança por parte dos produtores, no que diz respeito ao capital investido em suas granjas, ao estarem ligados às agroindústrias ou cooperativas. Ganha-se menos, mas os riscos são menores também. Ainda sobre os dois modelos de produção, é importante destacar que a tendência segue a demanda de mercado e que há uma relação social, especialmente na região Sul, na qual esse modelo de integração e de cooperativismo apresenta maior adesão, justamente pela relação histórica e de povos que colonizaram a região.
O Presente Rural – Como deve ser o futuro da produção de suínos em relação aos modelos de produção no Paraná?
Jacir Dariva – Majoritariamente de integrações e cooperativas, como se verifica no apontamento atual, em razão dos altos investimentos para manter os planteis, a partir da aquisição de matrizes e implantação das unidades de produção de leitões, instalação de novas tecnologias que visam atender o rol de exigências que vão desde a sanidade animal até as manifestadas pelo consumidor, cada dia mais exigente. Nesses modelos, o resultado é uma maior proteção aos produtores quanto ao capital investido em suas propriedades, mesmo que a margem deles seja menor do que a dos independentes, que estão sempre correndo grandes riscos.
O Presente Rural – Como o senhor avalia o cenário futuro da suinocultura?
Jacir Dariva – O cenário para a suinocultura comercial do Paraná é promissor, já que os novos status sanitário do Estado e as perspectivas mundiais e capacidade produtiva do Paraná tendem a crescer ainda mais e conseguir abertura de mercado, com aumento das exportações e acesso a mercados mais exigentes quanto a sanidade animal, mas que também são melhores pagadores. E os players que atuam no mercado de carnes estão bem preparados e já fizeram grandes investimentos, o que deverá trazer mais ganhos também para quem está no início da cadeia.
O Presente Rural – E como esses dois modelos, tanto de integrados quanto de independentes, podem fazer para ter seu espaço no mercado de proteína animal?
Jacir Dariva – Entendo que ainda devemos avançar com o marketing da carne suína e com a divulgação institucional da forma como se dá a atuação do setor, além de buscar conscientizar e lutar contra preconceitos antigos e novos em relação à carne suína, muito embora se comprove a cada dia a saudabilidade dessa fonte de proteína animal. Também acreditamos ser crucial a cadeia trabalhar no marketing positivo e no estímulo do consumo interno da carne suína, bem como na conscientização massificada da população, em especial contra fake news de maus tratos na produção e nos falsos paradigmas veganos utilizados pelos ativistas de plantão. Independentes e integrados têm que lutar enormemente visando aumentar o consumo interno da carne suína e de seus derivados, o que refletirá, positivamente, no ganho do produtor.
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Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



