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No agronegócio, transformação deve ser rotina
Estamos em um momento agudo do momento atual e grande incerteza sobre sua evolução

Artigo escrito por Robinson Cannaval, diretor e sócio-fundador da Innovatech Consultoria
O contexto que estamos passando é diferente para todos. Independente da área de atuação, tamanho do negócio, tempo de mercado, todas as empresas sofreram algum impacto com a pandemia. Em um momento como o atual, o dilema enfrentado por empresários é: devo focar em sobreviver no presente (execução) ou em planejar o futuro (estratégia)? Afinal, uma certeza é que o tempo é um recurso limitado e cada escolha, representa uma renúncia.
Contudo, gostaria de trazer uma visão diferente sobre o momento atual para a gestão de negócios. Estamos, sim, vivendo grandes transformações e uma situação difícil para diversas pessoas. A pandemia possui um grande impacto social e deve ser levado à sério por todas as consequências que já ocorreram e que ainda virão. Do ponto de vista de negócios, porém, transformação é a rotina. Quando os consumidores não estão alterando hábitos de compra porque estão passando mais tempo em casa, um concorrente está lançando um novo produto que ameaça seu principal mercado. Ou, um colaborador essencial para um processo pede demissão. Ou, a equipe está desmotivada. Enfim, na rotina de gerenciamento de um negócio, sempre teremos uma razão válida para criar um dilema: devo focar em sobreviver no presente ou em planejar o futuro?
O lado difícil da resposta a esta pergunta é que, para um negócio de sucesso, não há espaço para encarar o presente e o futuro como coisas separadas. As ações tomadas agora moldam o futuro da organização. E, certamente, a visão de futuro construída para a empresa determina as ações que devem ser tomadas no presente. Não há, portanto, uma distinção clara entre execução e estratégia. São conceitos que, apesar de tentarmos separar em disciplinas, são altamente interdependentes entre si. O desafio é conseguir estar preparado para as adaptações necessárias.
Para ilustrar, vamos considerar o setor de ovos de galinha. Este setor apresentou, novamente, crescimento na produção no primeiro trimestre. Comparado ao primeiro trimestre de 2019, a produção trimestral cresceu 3,4% em 2020, com 961 milhões de dúzias. Entre 2019 e 2018, também foi observado aumento, de 7,9%.

Para o segundo trimestre de 2020, recentes conversas com produtores de ovos de galinha apontam para crescimento da produção pelo aumento da demanda no mercado interno.
Dois anos consecutivos de crescimento de mercado geram oportunidades para as empresas. É um ambiente para consolidação de clientes atuais, ganhar novos clientes, reduzir custos com escala, decidir sobre projetos de expansão. Empresas com execução mais eficientes largam na frente. O crescimento de produção e da força de venda é menos turbulento, com processos, indicadores e metas bem definidos. A questão que fica, porém, é quais oportunidades devo investir? Novamente, execução e estratégia se misturam. Quais os processos críticos para o meu negócio? Melhor crescer vendas em clientes atuais ou explorar novos mercados? Qual o posicionamento a ser adotado nos novos mercados? Não possuir as repostas de perguntas estratégicas, então, se torna um gargalo para as decisões do presente e o elo entre execução e estratégia fica mais evidente e essencial.
Ter uma visão abrangente do setor de atuação, entender as mudanças do ambiente de negócios, definir os investimentos com maior retorno, monitorar a operação, lidar com clientes e realizar tarefas diárias essenciais para o gerenciamento do negócio ocupam mais tempo que o disponível. Uma alternativa para auxiliar na visão do elo entre execução e estratégia é a contratação de consultoria de planejamento.
Estamos em um momento agudo do momento atual e grande incerteza sobre sua evolução. Porém, quando tudo isso passar, será possível identificar as empresas mais resilientes e preparadas para mudanças. Essas empresas terão conciliado execução e estratégia com disciplina.
Podemos não conhecer as repostas com relação ao futuro, contudo é fundamental compreender agora as perguntas a serem feitas.
Não há como fazer omelete sem quebrar ovos.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



